A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 6
Nunca confie numa cobra


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeey, Batatinhas Ambulantes o/

Eu sei que estavam com saudades de mim, não nos vemos desde o ano passado, né? e.e ~desculpa, não resisti ashsuahsuhasuhas

Enfim, hoje eu queria agradecer a uma garota chamada "Hiiyorin" ~não preciso citar nome verdadeiro, né? Ela deve saber que é ela e.e~ por ter feito uma fanart da fanfic M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A, sério, eu não consigo não mostrar aquilo pro mundo *3* deem uma olhada:

https://www.facebook.com/1659619447584382/photos/a.1699731870239806.1073741829.1659619447584382/1892827087596949/?type=3&theater

Sério, eu me apaixonei por esse desenho o.o ~e se tiver mais gente disposta a fazer um trabalho incrível assim também, prometo criar um lugarzinho no meu site só pra isso ♥ é só me mandar uma mensagem que eu passo meu e-mail ^^

No capítulo de hoje — Uma cobra, um leão e uma captura u-u

Tenham uma boa leitura o/



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Os dias se seguiam e não tínhamos nenhuma notícia de Utae. Ele realmente tinha desaparecido e não fazíamos ideia pra onde sequer ele tinha ido. A única pessoa que podia nos guiar era Imma, mas ele insistia em esperar a nevasca passar pra poder irmos. O problema é que a nevasca nunca passava — ela começara poucas horas depois de Malek ter curado Kameel.

Era manhã e eu estava sentada na porta de entrada, observando a luz do sol clarear a floresta, embora as nuvens da nevasca absorvessem a maior parte da luz para si.

— A essa hora ele já deve estar morto — me vi dizendo assim que ouço alguns passos atrás de mim.

— Devia ser mais otimista — era a voz de Kameel.

Ele se sentou do meu lado e passou a observar o céu nublado e a neve caindo, sendo levada pelo vento e enfeitando as árvores.

— Fala isso só porque teve sua perna curada — digo com um meio-sorriso.

— Aquilo foi um milagre! Como não ser otimista depois de ter renascido?

Acabei soltando uma risadinha.

— Tem razão, mas... — Suspirei. — Qualquer que seja a coisa que tenha pegado ele, não acho que foi com intenção de devolver.

Kameel não me respondeu. Parecia mais pensativo do que eu.

— Por isso acho que quanto mais ficarmos enrolando — digo —, mais aumenta a possibilidade dele estar morto.

— Pensei que odiasse ele.

Arqueei uma sobrancelha e o encarei, numa pergunta silenciosa.

— Imma me contou.

Depois os homens falam que as mulheres é que são fofoqueiras, pensei.

— Estou começando a achar que só odeio Malek mesmo.

— O quê? Logo o milagreiro? Tem algum problema, garota? — seu falso tom de espanto me fez rir.

— Fogo e gelo. Eles não costumam dar muito certo.

— Ah, então é filinha de Quione? Oras, se fosse assim não nos daríamos bem. Eu sou filho de Apolo, famoso deus do sol. Calor e frio também não combinam.

Dei de ombros com um pequeno sorriso.

— É porque Malek é mais insuportável que você. Não conseguiu perceber isso?

Ele riu e eu acabei concordando num aceno de cabeça.

— Vou conversar com Imma. Talvez você tenha razão. É achar Utae agora ou nunca.

Assenti assim que ele se levantou e fiquei por ali mesmo esperando.

Achar ele agora ou nunca, mentalmente, eu estava rezando pra que conseguíssemos pelo menos achá-lo. Vivo ou morto.

Após o almoço — que não foi nada mais do que os restos do jantar anterior que eram uma escassez de carne já que Imma se recusava ir caçar sozinho ou com o Malek —, nos reunimos na frente da cabana, decididos a ir atrás de Utae, onde quer que ele tivesse se metido.

— Imma pega a frente, Malek a dianteira. Eu e Kary ficamos no meio, tudo bem? — liderou Kameel.

Nós três confirmamos com a cabeça e começamos nossa jornada em busca de Utae.

Estava nevando muito naquela tarde — ou seria noite? Estava tão escuro por causa das nuvens e das árvores que era meio difícil saber o horário aproximado —, dificultando nossa caminhada. A neve estava batendo no joelho, fazendo nossos passos ficarem lentos e pesados.

Todos os outros três membros do grupo estavam mortos de frio, o que me fez ter certa pena — menos do Malek, francamente — e juro que usei meu poder pra tentar tirar um pouco do frio do corpo deles, mas usar aquilo em três pessoas me esgotava mais do que eu gostaria e como Malek começou a encher o saco por ver que eu estava diminuindo o passo, fui obrigada a deixar eles com frio — só tive dó do Imma e Kameel.

Veja que ironia. Agora é o gelo que está ganhando do fogo, pensei convencidamente satisfeita por ver Malek tremendo, minutos depois de eu parar de usar meu poder.

A floresta fica mais escura e quando a neve chega a bater apenas nos nossos tornozelos — sim, nós andamos muito até chegarmos nesse ponto —, decidimos parar para descansar um pouco. Malek derreteu a neve ao nosso redor e sentamos todos. Imma e Kameel jogaram alguns gravetos pra terem alguma fogueira e Malek jogou o fogo. Aquela era a única luz que tínhamos além da lua.

— Onde foi o último local que você viu ele, Imma? — perguntei depois de só ficarmos ouvindo o crepitar do fogo por algum tempo.

— Um pouco mais a frente. Marcamos as árvores. — Ele apontou pra um corte na árvore ali por perto.

Depois dele responder, ouvi um sibilo bem baixinho. Talvez a alguns metros da gente, mas eu ouvi. Mordi o lábio inferior. Eu só posso estar maluca, pensei pressionando os olhos por alguns instantes, tentando ver além da escuridão.

— O que foi, Kary? O calor te incomoda? — Malek tentou implicar comigo.

— Não sou eu pelo menos que está tremendo de frio — rebati.

Então mais uma vez eu ouvi aquele sibilo, levemente mais alto. Kameel deve ter ouvido também porque ouvi-o dizer:

— Ouviram isso?

— Sim — respondi de maneira quase inaudível.

— O quê...?

— SHHHH! — pediu Kameel quando Malek estava prestes a perguntar.

Mais alto um pouquinho lá estava aquele sibilo aos fundos, indo e vindo junto com o vento que nos cercava. Fiquei de pé porque aquela sensação ruim não queria me deixar em paz.

— Um aviso — arrisquei.

Kameel levantou também e em seguida Imma.

— Não deve ser um bom sinal — comentou Imma.

— Ah, qual é, gente... — Malek (como sempre) não parecia lá muito preocupado com o que poderia acontecer se continuássemos a chamar tanta atenção.

— Malek, apague a fogueira — pedi baixo, mas o suficiente audível.

— Sério que vocês acham mesmo que tem alguma coisa por aqui?

— Eu não sou uma "coisa" — uma voz feminina respondeu.

Tá aí uma coisa bizarra de se ver durante a noite: uma mulher com tronco de uma humana e no lugar das pernas, uma cauda gigantesca de cobra, montada num leão gigante.

Eu vou ter sérios pesadelos mais tarde, acabei pensando no momento de desespero.

O leão tirou a cobra/humana de cima de si com a cauda, colocando-a delicadamente sobre o fino chão de neve. Malek se levantou sobressaltado e pelo jeito se recusou a apagar a fogueira — e pela primeira vez esse retardado fez algo que presta porque eu é que não gostaria de ficar no escuro com a cobra/humana.

Tirando a cauda de serpente, a mulher era linda com seus cabelos volumosos e lisos negros, presos num rabo-de-cavalo enfeitado com vários cordões de prata com pedras preciosas coloridas. Os olhos dela eram de uma coloração verde vibrante com a pupila numa linha estreita como as de uma verdadeira cobra. Seus seios eram volumosos e cobertos por um “sutiã” de metal prateado e verde com um cordão que se estendia até seu umbigo e se abria num pedaço de tecido decorado com pedras, preso também em sua cintura. Seus braços estavam cheios de braceletes prateados, combinando com a decoração em seu cabelo.

Já a sua cauda era algo escamoso e uma mistura de verde e marrom, com uma decoração única — tá, digamos que a cauda dela era até bonitinha.

— NÃO OLHEM PRA ELA! — gritou Imma em desespero, tapando o rosto. — É A MEDUSA!

A mulher/cobra sibilou e riu — nisso eu percebi que sua língua era bifurcada. Segundos depois ela assumiu uma expressão séria quando percebeu que Malek (burro) também tinha tapado o rosto.

— Sempre me confundem com ela — a mulher/cobra não parecia feliz. — Se algum de vocês adivinharem quem sou, prometo não devorá-los.

— Edique... — Kameel se embolou todo tentando responder.

Então eu me lembrei:

— Equidna! — exclamei em desespero, com medo de que ela perdesse a paciência. — metade cobra, metade mulher.

O sorriso dela me tranquilizou e percebi que aos poucos Malek e Imma tiravam as mãos do rosto.

— Aqui vemos uma garota inteligente. — O sorriso se manteve enquanto ela andava (rastejava) ao meu redor. — Vou te dar um desafio maior então: quem são meus pais?

Da distância que ela estava, conseguia sentir o cheiro do veneno que era forte e estava começando a me sufocar. O engraçado era que ela não tinha presas.

— Não... Você... Não tem uma origem certa. Pelo menos não nos livros que eu já li — respondi incerta e sabia que a resposta havia desagrado. — M-Mas é chamada de "Mãe dos Monstros" por ter se casado com Tifão.

Ter mudado de assunto funcionou muito bem porque aquele sorriso — que estava começando a me assustar — voltou ao seu rosto.

— Nas histórias que li — interveio Kameel —, você era gigantesca. Por isso se casou com ele.

EU. VOU. MATAR. VOCÊ., quase verbalizei meu pensamento. Parabéns, otário, acabou de estragar tudo.

— Eu sou gigantesca. — Equidna fez uma careta como se aquilo fosse algo ruim e tirou de uma bolsinha presa na cintura, um frasco pequeno de uma bebida esverdeada. — Mas pra conseguir entrar na minha caverna, não posso ser assim tão grande, por isso criei algo pra me ajudar. — Ela meneou a cabeça pro frasco e voltou a guardá-lo.

Equidna falou alguma coisa em alguma língua desconhecida para o Leão de Nemeia e ele com seu rabo, a colocou de volta à suas costas.

— Teriam como se juntar mais? Estão atrapalhando minha passagem. — Ela fez um gesto pra que ficássemos um pouco mais juntos.

Aqui vai uma lição de ouro: nunca confie em cobras, pensei ao sentir aquele leão gigante amarrar nós quatro de uma vez, espremendo-nos. E que maravilha, estou grudada no Malek. Meu dia está lindo hoje, pensei ironicamente. Todos nós estávamos colados um ao outro lateralmente, ou seja, ombro no ombro. Para melhorar um pouquinho meu dia, Kameel é quem estava do lado esquerdo.

— Prometeu que não ia nos devorar — rosnei.

— Mas eu não prometi que não iria manter vocês prisioneiros — argumentou com um sorriso presunçoso.

Um monte de xingamentos invadiram meu cérebro e quase verbalizei, entretanto, preferi ficar quieta e me deixei ser levada para sabe-se lá onde.

O caminho foi muito longo — tanto que até me permiti cochilar — e balançava bastante. No meio do caminho, sei que alguns — inclusive eu — botaram o almoço todinho pra fora, fazendo uma lambança no chão. Balancei a cabeça e senti náuseas ao lembrar de algum dos três vomitando no caminho.

Quando abri os olhos, estávamos dentro de uma caverna iluminada por tochas, só que a iluminação não deixava aquele lugar menos assustador. Fui jogada numa cela de pedra, fechada com grades grossas de ferro. Olhei pro lado e vi que Imma estava na mesma cela que eu.

Ergui o olhar e lá estava alguém que eu não imaginava, na cela da frente.

— Imma, olha. — Apontei pra mesma e ele arregalou os olhos ao ver.

Utae estava na cela da frente, desacordado. Pelos deuses, espero que a morte não tenha chegado primeiro que a gente, porque não quero ter enfrentado tudo isso a toa, me vi pensando antes de bater levemente com a cabeça nas grades de ferro.


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Notas finais do capítulo

AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE, ELE ESTÁ DE VOLTAAAAAAAAA ~morto ou vivo?

No próximo capítulo — Um estranho o.o

Até o próximo capítulo o/



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