A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 52
Boréades, os deuses mais frios que já conheci


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey Batatinhas Ambulantes o/

Primeiramente eu gostaria de agradecer e dedicar o capítulo a "lorenaalab" por ter recomendado a fanfic essa semana e.e sério, muito obrigada pela recomendação ^^

E bem, pessoinhas, vocês estão lembrados de que essa é a ÚLTIMA semana do concurso, certo? Então corre lá que ainda dá tempo de participar u-u sério, depois do dia 1 de dezembro, acabou, hein u-u

No capítulo de hoje - Os irmãos frios de Quione u-u

Tenham uma boa leitura o/



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Um nó começou a se formar na minha cabeça tão rápido quanto a armadura de ferro que substituía o vestido branco esvoaçante da deusa Quione, minha mãe. O que diabos ela tá fazendo aqui?, era a pergunta mais frequente na minha cabeça.

Olhei para o lado por um segundo, vendo que os garotos estavam tão confusos quanto eu. Utae me lançou um olhar que praticamente dizia: ela é sua mãe, cuide desse problema. Comprimi os lábios em resposta e olhei para a deusa. Sua armadura era um prata meio esbranquiçado, combinando com a neve. As partes de couro eram brancas e haviam alguns detalhes azuis como se fossem feitos realmente de gelo — e eu não duvidava.

— Mãe, o que você tá fazendo aqui?

— Cuidando das minhas tarefas de deusa. — Sua expressão se manteve impenetrável.

Até mesmo a lâmina de gelo estava pronta para ser usada em suas mãos.

— Podemos passar? — questionei calmamente.

Quione não teve tempo de responder pois uma luz dourada e forte me obrigou a fechar os olhos para não acabar cega. Até que uma mulher com os traços muito semelhantes a ela estava bem ao seu lado, com uma armadura semelhante. Sua pele era pálida como a de Quione e os olhos igualmente frios e azulados. Porém, seus cabelos além de brancos, havia um tom mais azulado nas pontas, lembrando até o meu cabelo.

— Por que não os matou ainda, irmã? — sua voz saiu tão fria quanto seu olhar.

Irmã?, foi o primeiro pensamento que correu pela minha cabeça. Percebi o olhar de Imma sobre mim, como se perguntasse se eu conhecia a outra mulher. Se eram irmãs... ela também só poderia ser uma deusa.

— Estou dando uma chance. — O olhar de Quione alcançou o meu. — Vão embora.

— Por que está nos mandando embora? — questionei, cruzando os braços.

— Porque o que há aqui não é para mortais como vocês.

— Você já deu a chance — a mulher ao lado disse, puxando um machado de gelo das costas. — Mate-os.

Senti Utae segurar meu braço. Ele assentiu como se dissesse: melhor irmos. Simplesmente neguei com a cabeça. Não passei quatro dias andando pra voltar quando estávamos tão perto...

— Karysha, leve seus amigos daqui — pediu Quione, mantendo tanto a voz quanto o olhar impassíveis.

— Vou te dar dez segundos, irmã.

Era estranho como a mulher ao seu lado não se dirigia diretamente a nós. Não devemos ser dignos, pensei em ironia, quase revirando os olhos.

— Karysha, sai daqui! — ordenou minha mãe com a voz mais firme do que eu estava acostumada.

— Por quê? — reforcei minha antiga pergunta.

Utae pegou meu braço com mais força.

— Kary, vamos.

— Não! — Bufei ao responder Utae.

— Acabou o tempo — a voz da sua irmã foi a última coisa que ouvi antes do meu coração quase sair pela boca.

A cena foi tão rápida que levei alguns segundos para digerir o que tinha acontecido. A irmã da minha mãe havia tentado atacar tanto a mim quanto Utae com seu machado de gelo, porém, Quione defendeu usando sua espada para bloquear o golpe. A deusa da neve ergueu a espada com força, afastando finalmente o machado gélido de nós dois.

— Esse problema é meu Aura — respondeu Quione entredentes.

Aura..., comecei a tentar lembrar quem era essa mulher na mitologia. Aos poucos fui me lembrando que ela tinha algo a ver com os ventos frios do inverno.

Então outras duas luzes douradas me obrigaram a fechar os olhos. Só abri ao ouvir uma voz masculina:

— Ainda não resolveram isso? — o homem que disse tinha os cabelos brancos como os de Quione e os mesmos olhos azuis. Ele não parecia contente.

O outro homem que também apareceu tinha características mais semelhantes a Aura. Pareciam dois pares de gêmeos. Bem, essa é realmente uma parte da história da mitologia que foi bem pouco explorada.

— Quione não está seguindo as regras — Aura também não parecia feliz.

Nenhum dos quatro tinha uma expressão amigável.

Vamos enfrenta-los ou fugirmos?, era Malek invadindo meus pensamentos como de costume.

Eu: em qual delas nós ficamos vivos?

Ele: nenhuma pelo jeito.

Eu: então diga para Utae que lutaremos. Vou morrer lutando se precisar.

Ele: parece que o tempo longe da gente deu um jeitinho em você.

Eu: vai logo falar com Utae.

 

Não demorou muito até Utae me lançar um olhar, confirmando com a cabeça. Por isso que as vezes amava esse cara. Acabei me lembrando do dia em que as Fúrias vieram nos atacar e eu tive que falar pra ele lutar; que o melhor de um herói é morrer lutando.

— Quione, você sabe muito bem das ordens que nosso pai nos deu. Devemos proteger essa área contra qualquer invasor, mesmo que um deles seja seu descendente — o jeito como ele pronunciou “seu” fez parecer que eu era uma praga.

— Zetes tem completa razão — Aura o apoiou. — Deveria estar de acordo com seu gêmeo, irmã.

— Vou te dar uma última chance, Karysha — o olhar gélido de Quione alcançou o meu. — Vá embora.

— Desculpe, mãe. Mas eu quero ganhar. — Puxei a minha própria espada da bainha.

Só então percebi o quanto ela era parecida com o da própria Quione. Se o clima não tivesse tão tenso, podia jurar que havia visto um rápido meio-sorriso dado a mim por ela.

— Perdeu três chances muito valiosas, filhinha de Quione — respondeu Aura num sarcasmo maldoso. Seu primeiro sorriso apareceu e não era nada amigável ao erguer o machado de gelo.

Felizmente os deuses estavam de um tamanho humano comum — não que isso fosse uma completa vantagem já que os dois homens também ergueram um o mesmo machado de gelo e o outro uma espada quase idêntica a de Quione.

O primeiro golpe veio de Malek ao lançar uma rajada de fogo em direção a Aura. Essa não hesitou em usar seu poder para defender e atacar com seu machado gigantesco de guerra. Num movimento rápido Malek puxou das costas sua glaive, defendendo-se do golpe do pesado machado.

Quem me atacou foi Zetes, claramente o irmão gêmeo de Quione. A espada dele entrou em contato com a minha — e pelos deuses, a força dele era tanta que meus músculos reclamaram ao defender o golpe. O impacto havia sido tão forte que lascas de gelo haviam sido derramadas na neve ao nosso redor.

Calais — lembrei o nome do outro homem — usou da sua magia para fazer uma incubadora de gelo enorme, coisa que evitaria que fugíssemos agora que a guerra estava declarada. Ele foi diretamente em direção a Utae que juntamente de Imma, defendiam-se de um deus bastante irritadiço.

— Sobrinha, eu tenho acompanhado sua caminhada juntamente com minha irmã. — O sorriso maldoso e gélido que habitava seus lábios tornavam as palavras tão frias quanto sua magia. — E a admirava antes de se suicidar.

Eu não me suicidei, seu bocó. Ainda posso ganhar, a esperança permanecia viva dentro de mim.

 

A neve começara a ficar rígida sob meus pés. Aos poucos era difícil pisar naquele chão já que espinhos de gelo começaram a pinicar a sola de metal da minha bota.

— Humanos não lutam contra deuses. — Seu sorriso já tinha sumido do seu rosto. — Que graça tem? Humanos sempre são os perdedores.

Enquanto a luta se desenrolava, eu recuava passos, ainda tentando me defender de cada golpe grotesco que vinha da sua parte. Um dos meus passos recuados teve que ser desajeitadamente para o lado quando um espinho de gelo cresceu repentinamente, arrancando uma lasca de pele do meu braço.

Não demorou muito até os golpes dele serem pesados demais para as minhas forças, então acabei começando a depositar a ponta da cimitarra no chão pois nem erguê-la direito estava conseguindo com êxito.

Olhei rapidamente para o lado, vendo que meus amigos não estavam numa situação melhor do que a minha. Meu coração retumbou mais forte no peito ao pensar que mais uma vez os colocava numa missão suicida por minha causa. Por minhas ambições.

Você precisa ser for..., não tive tempo de concluir o pensamento porque senti minhas costas tocaram a barreira de gelo da incubadora feita por Calais. Estava finalmente encurralada e o sorriso maldoso de Zetes confirmava isso.

— É tão irônico eu ser responsável por sua morte...

Alguém bateu no gelo bem atrás de mim. Só consegui saber que era Quione quando ouvir sua voz vinda do outro lado:

— Zetes para com isso! — rosnou ela, batendo forte no gelo.

 

Não acredito que a mantiveram do lado de fora por ter me defendido, aquilo com certeza deve ter significado traição entre eles.

Por Quione não conseguir entrar, só podia significar que o vidro de gelo era encantado. A magia devia ser mesmo forte para conter uma deusa do lado de fora enquanto a matança ocorria do lado de dentro.

— A escolha foi sua, querida irmã.

Engoli em seco, sem saber mais o que fazer. Estendi levemente a mão livre e tentei usar meu poder, porém, o nível 2 não me permitia ter tanta força quanto eu gostaria. O gelo não teve nem tempo de ser formado pois Zetes simplesmente me deu uma cotovelada na bochecha, fazendo minha cabeça acertar com tudo no gelo atrás de mim.

Minha visão escureceu por um segundo e ele acertou mais um golpe no meu rosto, fazendo com que eu caísse no chão de neve, sentindo sangue escorrer da boca e colorindo a neve abaixo de mim.

— Prometo te dar uma morte rápida, filhinha de Quione.

Sabia que provavelmente ele estaria erguendo a própria espada para desferir o último golpe fatal contra minha cabeça. Espinhos de gelo ainda cresciam por entre a neve, começando a incomodar minha pele pálida. Meu rosto se mantinha virado para barreira de gelo, esperando que ele acabasse com aquilo de uma vez.

Tão longe..., o pensamento correu pela mente. Cheguei tão longe para nem ao menos conseguir ver a primeira pedra Elemental, não conseguia evitar de estar decepcionada comigo mesma. Se eu conseguisse dar um jeito de quebrar essa barreira... Pelo menos uma brechinha...

O primeiro espinho atravessou a pele do outro braço que até então não tinha derramado sangue. Xinguei baixinho. Ele não me deixaria morrer assim tão rápido e esse era o problema.

Nem força para cuspir o sangue que se acumulava na minha boca eu possuía.

Assim que ele começou a escorrer pela minha bochecha, levei fracamente meu outro braço — o que não tinha sido atravessado com o espinho — até o sangue que escorria, sentindo uma última ideia correr pela minha cabeça como um veneno.

Uma última tentativa, era a única esperança que podia me agarrar no momento.

Ao molhar o dedo com o sangue, estendi o dedo para a parede de gelo, começando a escrever um breve feitiço. Quebre, pelos deuses, quebre, pensei quase em desespero quando outro espinho alcançou a pele agora da cintura. Meu dedo fraquejou, borrando um pouco a palavra escrita em aulin. Lágrimas escorriam quentes dos meus olhos, turvando a visão. Mesmo assim não desisti de tentar uma última vez. Não podia deixar meus amigos na mão.

Erbeuq, dessa vez o feitiço correu pela minha mente na antiga língua. Era mais do que um simples feitiço; era um desejo.

Quando terminei de escrever a palavra, outro espinho atravessou, dessa vez uma das minhas coxas. Então a energia foi sugada de mim de uma vez assim que o feitiço brilhou em azul claro. Ar faltou em meus pulmões, juntamente com a visão que se apagou.

Pelo menos meu último feitiço havia dado certo.

Assim espero.


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Notas finais do capítulo

E agora? Novamente a Kary está cara a cara com a morte ;-; será que finalmente vamos perder nossa protagonista? ;-;

No próximo capítulo - a "morte" de Quione T-T

Até o próximo capítulo o/



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