Nunca antes Sirius tinha ficado tão bêbado.

Era a festa de comemoração de mais um jogo de quidditch vencido pela Gryffindor, o fato de ter sido contra a Slytherin só tornava a vitória mais gostosa de se celebrar.

— Foi bem, Potter — Lily disse, sorrindo levemente para James, que quase derrubou sua caneca de cerveja amanteigada, assustado com o repentino som de sua voz suave e gentil.

— O-Obrigado, Li... Evans — ele respondeu, atrapalhado.

Quando a ruiva afastou-se para ficar junto com suas amigas, segurando um riso, Sirius bateu desajeitadamente nas costas do melhor amigo, quase fazendo-o engasgar pela força mal calculada.

— Você já foi melhor nisso, veado — disse Sirius.

— Lembrarei-me disso quando alguém estiver necessitado de uma poção para a ressaca — James lançou-lhe um olhar mal humorado.

— Quem sempre dá um jeito de conseguir é o Remus... — ele deu de ombros, voltando à sua bebida batizada.

— Aliás, onde ele está? Não o vi desde o jogo — refletiu James, tomando um gole do que restava de sua cerveja amanteigada, passando os olhos por entre os cantos do salão comunal.

— Peter também não deu o ar da graça.

— Bem... Wormtail já é normal.

Mas Sirius já estava distraído com uma garota loira, que estava evidentemente interessada em chamar a sua atenção.

James voltou os olhos, procurando mais uma vez pelos amigos desaparecidos, perguntando-se se devia ficar preocupado. Peter já era normal de sumir para ir à cozinha após os jogos. Na verdade, após qualquer coisa. Mas Remus sempre os acompanhava, principalmente para notar a hora em que eles já estavam bêbados o suficiente. Se duvidasse, o marauder tinha uma caderneta com a conta de quantas garrafas cada um deles bebia por festa.

Ele não demorou muito a descobrir onde o amigo estava, pouco depois que a porta do salão comunal abriu, mas não foi apenas ele, como todos, que viu Dorcas Meadowes puxando-o para um beijo, e ele correspondendo.

Urrou, junto com o restante dos estudantes, comemorando como o seu amigo se deixava viver um pouco, mesmo Lily permitiu-se soltar um “Finalmente!”. James olhou para trás, um sorriso de orelha a orelha, procurando por Sirius, que olhava sério para a cena que se desenrolava em frente à todas aquelas pessoas.

— Padfoot, olhe só! — ele gritou, por cima de toda a algazarra generalizada.

A garota loira olhou-o sem entender quando ele, simplesmente, afastou-se dos dois, indo em direção ao dormitório, acompanhado somente por uma garrafa de hidromel.

— O que deu nele? — ela perguntou a James, como se eles fossem velhos amigos, mesmo que ele sequer soubesse o seu nome.

O garoto estava mais preocupado olhando na direção em que o amigo tinha sumido, sentindo como algo parecia escapar de sua compreensão.

Eles tinham brigado?

Era um assunto particular, mas o seu lado egoísta não podia evitar sentir medo pela amizade construída entre os quatro sextanistas, que poderia estar por um fio. Sirius tinha um temperamento terrível de suportar às vezes.

O que ele não sabia era que, naquela noite, algo mudou em Sirius.