POV ROSS

DUAS SEMANAS DEPOIS

Fazia duas semanas desde que vi a Laura. Fiquei sabendo esses dias que as meninas foram embora. Fiquei um pouco triste, convivi com elas uma boa parte da minha vida. Vou sentir a falta delas. Quero muito que um dia eu veja elas novamente. Espero que eu consiga! O dia de hoje estava bem tranqüilo, por ser domingo. Normalmente as pessoas ficam em casa. Ainda mais hoje que está bem frio. Lembram que eu falei que essa semana choveria? Então choveu e muito. Sorte a minha que eu consegui um lugar que não pegava chuva! Eu já havia comido. Depois do almoço eu resolvi dar uma volta pelas ruas. Quando era umas 15:30 eu parei um pouco pra descansar e acabei dormindo.

(...) 

Nesse exato momento eu estava andando pelas ruas de novo. Já era tarde. Acho que já passava da meia noite. Não tinha absolutamente ninguém na rua. Estava tudo escuro. Eu já estava caindo de sono. Acho que andei de mais hoje. Bocejei. Continuei andando calmamente. Estava quase chegando ao beco onde eu ficava quando alguém me segurou por trás me assustando.

— PASSA A GRANA! – Um cara gritou. Senti algo gelado em meu rosto. Olhei pra ver o que era e me arrependi. O cara estava todo de preto e em meu rosto havia uma faca. Senti meu coração acelerar.

— Ca-calma, p-por fa-favor! – Pedi. Desde quando comecei a morar na rua, pensei que eu poderia ser assaltado, mesmo não tendo nada. Na minha cabeça eu tentaria não ficar nervoso e que no fim ia ficar tudo bem. Mas agora todo esse pensamento foi embora!

— CALMA? VOCE ESTA BRINCANDO COMIGO NÉ? – Ele estava muito zangado. Ele me apertou ainda mais contra si. Eu já estava ficando sem ar.

— E-eu n-não tenho... dinheiro! – Tentei responde-lo.

— Tudo bem, não quer dar... – Ele me soltou. Voltei a respirar. Quando pensei que eu poderia ir em paz, o cara pegou meu braço e me fez virar, logo dando um soco em meu rosto. Na mesma hora eu cai no chão. Coloquei a mão em meu rosto e senti algo quente descendo. Tirei a mão do rosto e olhei pra ela vendo sangue. Olhei para o cara assustado. O homem era bem alto, ele era magro, mas era forte. Mesmo usando uma máscara que cobria o rosto inteiro, percebi que ele estava bem bravo.

— VOCE VAI SE ARREPENDER DO QUE FEZ! – Ele disse. Me levantei e corri. Eu não tinha pra onde ir. Apenas segui o caminho a minha frente. Tentei despistá-lo, mas ele era mais rápido que eu e me alcançou. Logo o cara me jogou pra dentro de um beco. Ele me chutou umas 5 vezes.

— Po-por f-favor pa-para! – Implorei. O cara tirou alguma coisa de dentro de sua camisa. Não consegui ver o que era. Minha visão estava embaçada por conta das minhas lágrimas. Ele me deu um sorriso maldoso. Respirei fundo me preparando para o que estava vinha.  

Do nada senti ele enfiar alguma coisa na minha perna e depois puxá-la um pouco mais pra baixo. Gritei de dor. Olhei pra onde a dor vinha e vi que tinha uma faca cravada na minha perna. Lágrimas caiam dos meus olhos sem parar. A dor era insuportável. Coloquei a mão na boca impedindo que um soluço escapasse. Olhei para o cara a minha frente, ele riu.

— Te falei pra me dar o dinheiro! Doeria menos! – Ele disse. Sua voz era grave e assustadora.  Logo depois dele ter dito isso saiu correndo. Me arrastei até a parede e encostei minhas costas lá. Fiquei olhando pra minha perna. Mais lágrimas desciam. Olhei pro chão e mesmo com a visão embaçada consegui ver uma poça de sangue. Respirei fundo. Levei a minha mão até a faca. Foi ai que percebi que eu estava tremendo. Fechei os olhos com força. Eu estava com dificuldade pra respirar. Depois de me acalmar um pouco abri os olhos. Voltei a levar minha mão até a faca. Segurei o cabo. Fechei os olhos e comecei a puxar a faca. Aquilo doía tanto que eu não consegui continuar, a dor era muito forte. Coloquei a mão na boca de novo. Olhei pro meu lado, onde dava na rua, não tinha ninguém passando naquele momento. E mais lágrimas caiam. Voltei a olhar pra faca. Respirei fundo e voltei a puxá-la. Eu já não agüentava mais. Estava quase acabando. Resolvi puxar de vez, o que foi um erro. Não consegui controlar e acabei gritando de dor. Joguei a faca no chão e coloquei a mão na minha perna. Doía muito. Nunca pensei que uma facada na perna fosse doer tanto. Senti minha visão escurecer e comecei a ficar meio tonto. Me deitei no chão. Outro erro, pois doeu e muito. Olhei pro céu, ainda estava nublado. Senti aquele vento frio bater em mim. Não pude fazer nada pra me aquecer, a dor era muita. Já não conseguia ouvir e nem sentir nada do que estava acontecendo a minha volta. Comecei a perder os sentidos. Tentei ficar acordado. Mas pra que? Pra continuar sentindo essa dor? Não pensei em mais nada, logo apaguei.

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Acordei ouvindo alguns barulhos de carros. Senti um vento frio passar por mim. Abri calmamente meus olhos, me acostumando com a claridade, mesmo não tendo sol. Me sentei e encostei na parede atrás de mim. Olhei em volta, percebendo que eu estava no beco. Logo uma forte dor me atingiu. Olhei pra minha perna me lembrando de tudo o que aconteceu na noite passada. Senti as lágrimas voltando aos meus olhos. Olhei pro lado vendo a rua. Suspirei. Me agarrei a parede e com muito esforço me levantei. Fui mancando até a calçada. Olhei pra minha perna vendo que havia começado a sangrar de novo. Respirei fundo. Assim que cheguei a calçada praticamente me joguei no chão. Pessoas passavam por mim e nem me olhavam. Meu corpo todo estava dolorido, mas minha perna ganhava. Eu me sentia tonto e um pouco enjoado. Minha visão estava embaçada. Me deitei no chão. Não consegui permanecer acordado, então apaguei de novo.