Castelobruxo escrita por Vilela


Capítulo 24
Capítulo vinte e três - Um pedido final




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            O teto do quarto era todo manchado. De todos os tamanhos, se alguém olhasse da maneira certa, dava a impressão de que estava vendo algum tipo de representação do espaço. Aquela mancha maior que tinha linhas saindo nas laterais podia ser uma estrela, e ao redor inúmeros corpos orbitando-a. Havia outras como aquela, e o teto inteiro poderia ser considerado uma galáxia. As paredes também eram curiosas, pois tinham tamanhos diferentes e os ângulos que formavam eram curiosos. A única coisa realmente simétrica ali era a porta, pesada e escura. Alex nunca tinha reparado nisso antes, mas naquela manhã ele ficou deitado por quase uma hora, o que o deu tempo para analisar todo o quarto. Mateus estava deitado na cama ao lado, profundamente, e ele não queria acordá-lo.

            O sonho da noite passada tinha sido estranho, como de costume. Quando fechada os olhos via principalmente o fogo, o clarão verde e ouvia voz da diretora claramente. Foi quando se lembrou. Tirou o lençol de cima do corpo e sentou na cama com um salto. Abriu e fechou a mão direta várias vezes, seu anel de poder ainda colocado no dedo indicador. Não tinha sido um sonho. Ele realmente estivera lá, do lado de fora do castelo, no meio de toda aquela confusão. Viu el Tunchi com seus próprios olhos, em todo seu poder; viu-o também explodir em chamas, mas por algum motivo não tinha certeza se o monstro tinha morrido ou não.

            Levantou da cama e ignorou o amigo dormindo, saindo do dormitório. Não havia sinal de Nicolás ali, e Alex achou estranha a forma como as pessoas o olharam quando ele passou. Queria encontrar Sofia, ou a diretora, perguntar o que tinha acontecido, se informar. Sentiu um desespero ao reparar que o castelo estava quase vazio. Talvez muitas pessoas tinham morrido e ele ia ter de lidar com isso. Não encontrou os escombros ao redor do jardim principal, as colunas foram restauradas para seus lugares e o vidro do refeitório fora recolocado. Sem sinal da luta, ficava difícil acreditar que ela tinha mesmo acontecido. Alex andou apressadamente pelo corredor de entrada, passou pela porta norte do castelo e saiu para o dia ensolarado lá fora. Seus olhos doeram de início, mas então ele pôde focalizar: havia uma árvore caída perto do fim da clareira.

            Alex se aproximou devagar, mesmo tendo percebido que havia outros alunos ali. Alguns deles estavam sorrindo, brincando, nada que justificasse o sentimento de terror de Alex. Quando parou ao lado das raízes retorcidas que outrora fora a perna esquerda del Tunchi, o garoto respirou aliviado: não tinha como negar, ele estava morto. Pelo menos era que isso que o imenso corpo inerte sugeria, com uma mancha negra no peito. Alex circulou-o e parou próximo onde ele tinha sido queimado. Um buraco tinha sido aberto na madeira e lá dentro podia-se ver... carne. “Deve ter sido aqui que a diretora o acertou com a maldição da morte”, pensou Alex.

            — Ei, você acordou! — disse alguém atrás dele.

            Alex virou-se para ver Bruno, o veracosta do quinto ano que os tratara hostilmente lá no interior da biblioteca. À luz do sol, entretanto, ele tinha um olhar amigável, e sorria. Deu dois tapas nos ombros de Alex, parabenizando-o.

            — Todo mundo tá dizendo que você ajudou a matar esse aqui — Bruno disse, dando um chute nas costelas pontudas da criatura tombada. — Se é verdade, obrigado.

            — Eu... — Alex não sabia o que dizer. Ele tinha tido um papel importante naquilo, isso era fato, mas nunca tinha pensado que estava salvando alguém.

            Quando retornou para o castelo, outras pessoas foram agradecê-lo. Mateus acordou muitas horas mais tarde e ele também recebeu os cumprimentos. Ele os aceitou com mais facilidade do que Alex, sempre sorrindo e dizendo que tinha sido uma luta e tanto.

            — Qual é? — ele disse quando percebeu o olhar do amigo. — A maioria não se lembra do que aconteceu de verdade. Não tem problema a gente ser herói pelo menos uma vez.

            Os dois foram informados que o castelo acordou em ruínas na manhã seguinte, mas os professores o concertaram prontamente. Foi difícil para muitos deles entenderem por que motivo tinham acordado uns em cima dos outros no refeitório, mas Ruben tratara de fazer um comunicado explicando tudo. Os casos mais graves tinham sido encaminhados para a enfermaria (era lá que o garoto que quebrou o braço ficou durante a madrugada), e os outros que estavam desacordados foram levados para seus quartos. Nicolás não tinha perdido a consciência, então ele ficou encarregado de muita coisa.

            O argentino tinha ajudado os veracostas a limparem o dormitório e tinha arrumado a cama dos dois amigos quando eles chegaram flutuando no quarto. Ele ficou feliz em ver Alex e Mateus caminharem para a mesa dele no refeitório durante o almoço. Alex, no entanto, estava levemente incomodado, pois Sofia já estava lá. Pela primeira vez em meses ele viu a garota sorrir espontaneamente, o que era um tanto reconfortante. Os quatro almoçaram juntos num clima um tanto divertido. Alex sentiu que podia desfrutar da companhia deles sem ter de se preocupar com uma criatura lendária tentando se alimentar de suas almas. A vida podia finalmente voltar ao normal na escola. Pelo menos até certo ponto.

            As aulas recomeçaram na quarta-feira, porém Mervir escolhera não retornar às suas atividades naquele ano. Por isso todos ganharam notas totais em sua disciplina. Poções continuava difícil para eles, mesmo com Sofia, e Feitiços era um martírio. Margarida se tornara ainda mais rígida, principalmente com os quatro. Leonino evitou entrar na floresta pelos meses que se seguiram, e espanhol continuava a mesma monotonia de sempre. O legal naquilo tudo é que os quatro receberam suas devidas condecorações. Alex e Mateus ganharam suas insígnias terrestres, e Nicolás, que indevidamente tinha recebido a insígnia em uma aula básica, ganhou o direito de ficar com ela.

            Quando a temporada dos esportes chegou, descobriram que nenhum time tinha de fato treinado durante todo aquele período de medo. Não quiseram cancelar o campeonato, mas os jogos foram amistosos. Não houve um ganhador das copas no primeiro ano em que Mateus jogou em um time. Mateus inclusive descobriu que seu irmão estava entre os alunos que abandonaram o castelo quando tiveram a chance. Ele, num ato até nobre, resolveu ir embora para sua casa em São Paulo sem avisar o irmão mais novo. Dessa forma, quando seus pais perguntassem o motivo de Mateus não ter ido, a culpa seria somente de Amadeus. O sumiço de Ronan não foi tão fácil de explicar, pois ele mesmo não sabia por onde estivera. Decidiram que era obra del Tunchi e ninguém questionou. João também se tornou um caso estranho.

            Acreditava-se que o garoto tinha saído do refeitório antes que Raira o colocasse para dormir como os demais, mas não encontraram mais nenhum traço do português. Alex lembrava-se perfeitamente bem dele dizendo que ele era um servo por vontade própria. Era arrepiante só de pensar, mas nos meses finais eles esqueceram completamente do loiro de Beauxbatons. Os alunos da escola francesa disseram adeus à escola no final de agosto, retornando para a Europa em sua carruagem alada. Quase tudo tinha retornado ao normal, a não ser Ruben, que recebera novamente a posição de diretor interino de Castelobruxo. Isso porque Raira estava desacordada.

            Ninguém tinha a visto nesse estado, claro, mas sabia-se que ela estava em seus aposentos, recuperando-se da luta. Alex sabia o verdadeiro motivo da diretora estar de cama: o veneno mortal que ela tinha encontrado durante sua viagem ao Peru. Os quatro tentaram visitar a diretora numa tarde, mas Ruben os enxotou do escritório rapidamente. Ficaram apreensivos, mas só de saber que ela estava bem já era o bastante.

            Setembro chegou e trouxe a primavera, o que queria dizer que os as vespas róseas estavam maduras para poderem abandonar o ninho e irem acasalar. O barulho era realmente estressante. Pelo menos os alunos se divertiam com a caçada aos insetos, percorrendo os corretores fazendo chover faíscas. Sofia tinha finalmente aprendido a segurar a varinha da forma correta e agora seus feitiços estavam um pouco melhores. Ela podia ainda não ser capaz de matar uma vespa rósea, mas pelo menos não as atiçava em sua direção como fizera da primeira vez.

            Em outubro houve outra temporada de chuvas e raios, e novembro caminhou até a metade com o mesmo clima. A lama era constante e chata. No dia 15 Alex teve uma surpresa. Ao descer para o café da manhã naquele dia, encontrou um pequeno bolo em cima da mesa com uma única vela no topo. Seus três amigos cantaram parabéns para ele e ele soprou a vela.

            — Não se faz quinze anos no dia quinze todos os dias — comentou Mateus, comendo um pedaço generoso do bolo.

            Era a primeira vez que ele passava seu aniversário sem o costumeiro ritual dos errantes, que envolvia uma fogueira, metal derretido e muitos, mas muitos incensos. Os quinze anos eram os mais importantes para um bruxo na sua comunidade, e ele nem imaginou o que significava para seus pais terem seu filho único longe nessa data importante.

            Novembro também era o mês dos exames do fim do ano, que compreendiam todos os meses anteriores. Como eram alunos do primeiro ano, eles tinham de fazer uma mistura entre prova teórica e prática, mas já foram logo avisados que isso não duraria para sempre. Em Castelobruxo era comum mostrar que sabia, e respostas no papel não eram boas provas. Quando enfim a última prova acabou, Alex percebeu que estava de férias.

            — Uma semana! — disse Mateus no dormitório naquela noite. — Temos uma semana para fazer o que quisermos no castelo, depois casa.

            — No hay mucho o que se fazer — disse Nicolás.  

            — Como não? A gente vai treinar Dorteaqua!

            E foi exatamente isso que fizeram. Alex estava melhorando suas habilidades com os sapatos que flutuavam, mas não estava nem perto de ser comparado a Mateus. Ele aprendeu os movimentos básicos dos saltos, contudo não subia mais do que alguns centímetros da superfície da água. Nicolás a mesma coisa. As quedas, entretanto, aumentaram sua capacidade no nado.

            No final daquela semana a maioria dos alunos já tinha pegado os barcos para o porto, alguns felizes com as notas, outros nem tanto. Sofia tinha partido na quarta-feira, o que não fora uma coisa muito boa de se ver. Ela abraçou os três garotos, mas Alex sentiu que o que ela deu em Nicolás fora demorado em demasia. Sem a presença dela, entretanto, a amizade dos três ficou mais leve de se levar.

            Alex estava no jardim principal, jogando conversa fora com Mateus e Nicolás, quando Ruben apareceu no topo da arquibancada. Ele tinha a cara séria de sempre, vestido com tons de marrom. Ele procurou por Alex no meio dos alunos sentados e, quando o achou, fez um gesto para que ele subisse.

            — A diretora quer vê-lo — disse o professor de venenologia assim que Alex chegou ao último degrau.

            — Ela acordou?

            Ruben não respondeu. Andaram lado a lado e em silêncio pelo castelo, subindo para a área nobre. Não viraram para a esquerda, para a área onde ficava o escritório da diretora, mas seguiram em frente. Alex não disse uma palavra, pois já imaginava para onde iriam. Eles subiram uma majestosa escada de vários patamares e chegaram num corredor amplo e verdadeiramente iluminado por janelas reais. No final dele uma porta dupla abriu-se para os aposentos da diretora. Dizia a lenda que na antiguidade, o bruxo que chegasse ao cargo de diretor da escola era também considerado um rei ou rainha dos bruxos latinos. Era por isso que aquele quarto, mesmo séculos após o último rei bruxo, era luxuosamente decorado.

            Havia quadros nas paredes, assim como tapeçarias, e muitos tapetes de peles no chão. Ao lado direito havia um arco que dava para uma varanda, e dali podia-se ver a floresta até onde os olhos permitiam. A cama ficava mais ao fundo do aposento, com dossel e cortinas de renda. Foi para lá que eles foram ao encontro da diretora.

            Raira tinha uma aparência abatida, mas ainda se via a elegância da mulher. Estava recostada nos travesseiros, sentada, e ao lado dela estava uma bandeja com uma comida pouco tocada. Seu coque estava desfeito e seu cabelo era tão volumoso que seu rosto pareceu diminuto entre os fios. Apesar do sexo, Alex achava que ela tinha as feições de um leão, forte e temível. Ela sorriu para Alex assim que o viu chegar, batendo na beirada da cama para que ele se sentasse.

            — Diretora — ele cumprimentou. — Está melhorando?

            — Ah, sim — ela respondeu. — Lentamente, mas não corro riscos. Aquela entidade era mais forte do que eu imaginei.

            — Sim — Alex concordou.

            — Eu pedi para que preparassem uma redoma de vidro, vou preservar seus restos mortais no castelo.

            Alex ficou surpreso. Alguns dias depois do acontecido, quando todos os curiosos já tinham dado uma olhada, o corpo do monstro desaparecera da clareira. Ninguém sabia exatamente para onde, mas agora Alex tinha uma ideia. Tinham-no guardado e provavelmente estaria aberto para visitações muito em breve.

            — A comunidade bruxa vai querer ver isso — disse Alex.

            — Sim, e muitos estudiosos também. Não vou permitir a dissecação, entretanto.

            Ruben fungou. Dava para ver em seus olhos que ele estava sendo contrariado.

            — Não importa o quanto isso contribuiria para a academia... não foi por isso que o matamos. — Raira pegou a xícara da bandeja ao seu lado, bebericou o café e voltou-a para lá. — Agora, o motivo real de tê-lo chamado: sua habilidade especial.

            O garoto franziu o cenho. Pensou naquele dia escovando os dentes em que descobriu que podia dobrar a língua de várias maneiras, algo que sua mãe dizia ser raro. Mas não conseguiu fazer a ligação daquilo com o que Raira acabara de dizer.

            — Sua atemporalidade mágica — ela explicou.

            Com a luta, depois a perda de memória e por fim os testes finais da escola, Alex se esquecera completamente daquele assunto. A conversa que tivera com a diretora na sua antiga casa parecia uma coisa distante, ele não achava que isso pudesse voltar à tona daquela forma. Principalmente ali, no quarto dela.

            — Eu não entendi — ele disse sinceramente.

            — Como sua família vem reagindo aos seus estudos, Alex? — Ruben perguntou. — Eles são tradicionais, não é mesmo?

            — Muito mal — Alex admitiu. — Não queriam me deixar entrar, só os convenci quando disse que herbologia seria necessária na nossa comunidade. Mas então fui designado um veracosta...

            — Naturalmente — Raira sorriu. — Bom, você não deve saber disso, nem muitos dos outros alunos, mas Castelobruxo costumava a ter três totens. Um para os estudantes da natureza vegetal, outro para a natureza animal e um para a espiritualidade, como os antigos chamavam.

            — Atualmente chamamos de atemporalidade — Ruben continuou. — O terceiro totem foi removido do jardim principal quando o número de alunos atemporais chegou a zero. Ninguém mais demonstrou qualquer habilidade nessa matéria.

            — Até conhecermos você.

            — Mas... — Alex ficou confuso. — Vocês acreditam mesmo que eu consigo fazer magia do tempo?

            — Sim — a diretora respondeu prontamente.

            — Não — Ruben colocou. — Mas testes precisam ser feitos. É por isso que o chamamos aqui. No próximo ano, se for do seu interesse, eu estarei ofertando Atemporalidade I, apenas para você. Caso opte por essa matéria, e caso tenha realmente a magia que Raira acredita que tenha, sua vida jamais tornará a ser a mesma.

            — Você acha que seus pais gostarão mais de saber que você está estudando atemporalidade do que as feras? — Raira quis saber.

            — Não. Nem um nem outro.

            — Você vai ter que convencê-los.

            — Sim — Alex sentiu um frio no estômago.

            — Muito bem — a diretora sorriu. — Conseguimos seu aluno, Ruben. Você devia estar feliz.

            — Ele ainda não disse que sim. Bom, você terá as férias para pensar, não é mesmo? Eu recomento que recuse.

            Quando retornou para o jardim principal, Alex não contou para os amigos os detalhes da conversa que teve com Raira e Ruben. Tinha que considerar o pedido antes que pudesse conversar abertamente sobre isso. De fato, ainda pensava nisso quando arrumou suas malas e empacotou seus pertences. Os três desceram a escadaria circular do dormitório pela última vez naquele ano e saíram pela porta do castelo juntos dos últimos alunos a irem embora. Nicolás despediu-se dos dois ali, pois ele tinha de pegar o caminho para Coromândia, como todos os alunos dos outros países. Era de lá que as chaves dos portais saíam e onde as vassouras eram permitidas pousar.

            Alex e Mateus entraram na floresta juntos e andaram até os barcos. Os dois primeiros já estavam levantando voo, mas o terceiro e último só fez isso quando todos os alunos estavam perfeitamente acomodados nele. Os dois amigos dividiram um banco e ficaram olhando a paisagem enquanto o barco deslizava pelas folhas, fazendo os pássaros fugirem. Alex tinha a impressão de que a viagem de vinda demorara muito mais. Num piscar de olhos já estavam descendo para o Rio Negro, pegando a correnteza e acompanhando o fluxo em direção a Manaus. O porto apareceu lá na frente e os trouxas falsos subiram do chão como fantasmas, fazendo seus papeis perfeitamente.

            Os pais de Mateus estavam esperando-o no porto, como era de costume fazerem com Amadeus desde que o garoto entrara na escola. Alex, entretanto, estava sozinho. Ele disse “olá” para os pais do amigo, tão altos quanto os filhos, e então percebeu que teria de voltar para Belo Horizonte por conta própria. Isso era o de menos. Quando saiu do porto e entrou nas ruas do centro de Manaus em busca do Reduto local, ele não fazia ideia de como explicaria para os pais o que ele estudaria no ano seguinte. Mas já estava decidido: faria as aulas com Ruben, seria seu teste para saber se realmente tinha alguma magia atemporal.


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