Dark Side escrita por TheBlueWitchOfTheNorth


Capítulo 7
Thinking


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :3



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Shamelf havia me deixado sozinha no quarto para pensar. Encontrava-me apoiada na janela aberta, observando a grande e densa floresta na minha frente, cujo alguns raios de sol conseguiam atravessar pequenos espaços entre as folhas e chegar até minha face. Pensei no que Elalren havia contado e senti um aperto no coração por ela e seus súditos não poderem aproveitar aqueles fracos raios de sol na qual eu estava tomando.

Olhei para minhas próprias mãos por um momento e me aprofundei mais em meus pensamentos. Eu era uma faery. Talvez 100% Faery? Talvez híbrida de faery e humana? Ninguém sabia responder. Tentei buscar em minha mente qualquer coisa mágica ou sobrenatural na minha família, mas nada me veio, para mim sempre foi tudo bem... Normal.

A novidade de eu não ser humana se misturava com a história que Elalren contou. Será que era meu destino ficar ao lado deles por ser.... Diferente? Eles me trataram tão bem desde que me trouxeram para cá, enquanto a Guarda de Eel...

Soltei um baixo suspiro, relembrando os poucos momentos bons que passei no QG, que foram quando estava procurando o mascote de Mery com Nevra. Havia sido tão rápido, porém senti que Nevra era um dos que estavam a meu favor, mas depois de ter ouvido Ezarel falando mal mim e não ouvir Nevra se manifestar para me defender me fazia rever minha opinião sobre o chefe da guarda da Sombra.

Lorelay: Talvez ele tente ser agradável e sedutor com qualquer moça, não importa o que...

Murmurei baixinho para mim mesma, e aquele pensamento, por algum motivo, me deixara triste e ainda mais confusa sobre o que estava sentindo. Fechei as cortinas e me sentei na beira da cama. Apesar de tudo aquilo, o "inútil" na qual fui constantemente chamada no QG ecoava na minha mente de forma torturante.

Já estava mais do que óbvio que era impossível minha volta para o mundo humano. Não precisava perguntar para Elalren e os outros para saber a resposta. Então, já que iria morar naquele mundo, iria fazer tudo ao meu alcance para não ser uma inútil. Um peso morto.

Enquanto flutuava em meus pensamentos, ouvi a porta se abrir de forma gentil atrás de mim. Olhei para trás e vi uma mulher, aparentava ser adulta, mas não tão velha, tinha pele escura e os cabelos crespos presos em um coque, mesmo com a escuridão do quarto pude notar os olhos castanho mel da mulher. Ela usava um simples vestido de cor lilás e carregava roupas dobradas nos braços. Não apresentava nenhum sinal estranho, como orelhas e rabos de animais, orelhas pontudas de elfo ou asas. Ela entrou no quarto e só aí percebeu que eu estava ali:

???: Oh, perdão! Eu pensei que você estivesse com os outros, por isso não bati!

Lorelay: Está tudo bem, não precisa se desculpar... Eu estava precisando pensar um pouco, por isso estou aqui...

???: Pensar sobre o que? Os rumores ainda não chegaram aos meus ouvidos. -A simpática mulher colocou as roupas dobradas sobre a cômoda e se sentou ao meu lado na cama. -Aliás, onde estão meus modos? Eu me chamo Anneli, querida.

Lorelay: Prazer... Eu me chamo Lorelay... Você não parece uma faery... Eu sei que nem todos possuem traços de fada ou elfos, mas...

Anneli: É porque não sou uma faery, minha flor.

Lorelay: Hein? Não?!

Anneli: Não, eu sou humana. -Ela sorriu. -Me conte sua história e sobre o que estava pensando primeiro e depois vou contar a minha.

Lorelay: Certo... Eu cheguei a pouco tempo aqui e acabei não tendo experiências boas com a Guarda de Eel e tudo o mais, talvez você já tenha ouvido falar sobre... Eu acabei fugindo depois disso e Shamelf me encontrou e me trouxe para cá... Onde me trataram bem melhor do que lá... Elalren acabou de me contar a história sobre as pessoas daqui e o motivo de quererem metade do cristal mágico e.... Eu descobri não ser humana... É muita informação.

Anneli: Eu imagino... Deve ser difícil ter passado todos os seus anos de vida até agora acreditando ser uma coisa quando, na verdade, não era... Mesmo assim, você não se sente feliz?

Lorelay: Feliz? Por que?

Anneli: Muitas pessoas sonhadoras tem o desejo de sair do mundo humano e viver em um mundo mágico, em SER algo mágico, como uma faery... Eu mesma já tive esse sonho, porém não tive a sorte de ser uma faery também...

Lorelay: Eu nunca pensei nesse ponto de vista... Parece que estou em um conto de fadas...

Anneli: Exatamente! Eu sei que é difícil esquecer sobre sua família e amigos humanos, mas... Pense como se fosse um intercâmbio, sabe? Em que você viaja para outro lugar para viver um pouco e aprender como é a experiência! A diferença é que será um intercâmbio pra sempre, mas... É.

Lorelay: Você tem um jeito curioso de ver as coisas...

Anneli: Obrigada! Acho que esse sempre foi meu ponto forte. -Ela riu suavemente. -Acho que estou te devendo sobre minha história, né?

Lorelay: Certamente...

Anneli: Bem, eu também apareci num círculo de cogumelos e conheci a guarda de Eel, a diferença é que eu não apareci diretamente dentro do QG, e sim do lado de fora, na entrada da floresta... Como era a única coisa como ponto de civilazação que vi, decidi ir para lá... E, bem, eles não sabiam o que fazer comigo.

Lorelay: Como assim?

Anneli: Eles não me tratavam como igual, entende? Era como se eu fosse uma criança recém nascida problemática que ninguém sabia como educar... Ao invés de me ensinarem melhor sobre o lugar e me darem opções do que poderia fazer ou coisas do gênero, eles jogavam a responsabilidade de "cuidar" de mim uns para os outros, sendo que já sou uma adulta e não precisava de todo esse drama. Acabei por ser colocada na guarda Absinto, mas o despreparo deles ainda era grande. Eles não sabiam como lidar comigo.

Eu apenas concordei com a cabeça enquanto ouvia. Eu não havia sido a única humana a aparecer por lá e ser maltratada, mas, ao que parecia, ela não havia sido humilhada como eu fui, mas sim foi tratada como uma criança que precisava de cuidados desnecessários.

Anneli: Enfim... Eu fiquei uma semana por lá. Foi quando, num final de tarde, quase de noite, vi alguém trajado de preto entrando furtivamente no QG... Como eu sou curiosa, acabei o seguindo e o flagrei saindo do local com um pedaço do cristal... Eu pensei em gritar e chamar os guardas, mas reagi de outra forma... Eu o cumprimentei e perguntei o que ele tava fazendo... Ele se interessou pela abordagem diferente e disse para que eu o seguisse... Eu o acompanhei até a floresta enquanto ele me contava tudo... E, quando ele estava indo embora, eu decidi que iria com ele... Não por solidariedade a causa, mas por medo de ser condenada por não ter feito nada durante uma invasão. Hoje não me arrependo da decisão. Mesmo depois de treinada, eu preferi ficar aqui sendo costureira da vila e ter uma vida calma do melhor jeito possível.

Lorelay: Oh... Parece uma boa vida.

Anneli: Seria melhor se tivessemos mais maana. Eu não sou tão afetada por isso por ser humana, mas meu marido...

Lorelay: ESPERA! Marido?!

Anneli: Ah, sim! -Ela riu da minha reação. -Eu acabei me apaixonando e me casando com o espião que me trouxe para cá. O mundo dá muitas voltas, não é mesmo?

Lorelay: Com certeza... -Sorri ao ver a felicidade da mulher ao falar de seu marido. Ela estava realmente feliz e não parecia sentir falta do mundo humano. Talvez já tivesse se acostumado.

Anneli: Enfim... Eu não sou muito afetada, mas meu marido... Por ele ser um dos mais adultos daqui, ele se cansa muito rápido pela falta de maana, tem vezes que sequer se levanta da cama sem forças... É triste e preocupante...

Lorelay: Eu imagino... 

Anneli: Não fique assim! Abra um sorriso! Não vim aqui lhe deixar triste, minha flor! -Ela segurou minhas bochechas gentilmente, sorrindo. -Eu tenho fé que, no futuro, tudo vai se resolver, então tento não ficar cabisbaixa!

Ela se levantou e ajeitou a saia do seu vestido, dizendo que tinha trabalho a fazer e se despediu, saindo do meu quarto. Fui até a cômoda e verifiquei as roupas novas que ela trouxera. Havia saias, calças, blusas e casacos, todas em tons escuros e de pano confortável e leve. Umas eu já identificava como roupas de treino.

A vida deles era realmente difícil e, ao ver uma humana tão adaptada e feliz morando ali, até se casando, iluminou uma pequena fagulha dentro de mim. Eu poderia realmente ser feliz naquele lugar, poderia até me casar e formar uma família como ela. Mas havia o assunto do Cristal para ser resolvido.

Ajeitei minha postura, determinada, e mudei minhas roupas, colocando uma calça comprida justa e uma blusa não tão justa, mas o suficiente para não ficar fixa no meu corpo, as calças eram de cor preta enquanto a blusa era de cor vinho. Peguei as botas largadas no chão e as vesti também, sentindo a maciez do calçado, como se estivesse pisando em nuvens. 

Suspirei e amarrei meus cabelos loiros em um forte rabo de cavalo. Novamente arrumei minha postura e, finalmente, saí do quarto. Saí decidida atrás de Shamelf e os outros.

Precisava começar a treinar e ajudar aquela gente.


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Notas finais do capítulo

Comentem! ♥
>Qualquer erro ortografico, podem me avisar!



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