Meu nome é Lorelay, tenho 18 anos e estou passando por algo que, provavelmente, nenhuma garota da minha idade já passou.

Em uma caminhada pela floresta da minha cidade acabei por encontrar um círculo de cogumelos mágicos. Pisei no centro dele, uma luz tomou conta da minha visão e apareci nesse mundo de loucos.

Eldarya, mundo de fadas. 

No começo, quando pensava em fadas, eu imaginava moças lindas e brilhantes com asas, gentis e carinhosas. Mas ao chegar aqui notei quão errada eu estava.

Fui jogada numa prisão, tratada com pouco caso, me deixaram passando fome, fugi graças a um desconhecido e tive que aturar diversas ignorâncias das pessoas do local. Eu havia acabado de chegar num mundo novo e, o mínimo que eu esperava era um pouco de compreensão.

O único que de fato me ajudou foi Keroshane, o rapaz com chifre de unicórnio. Ele convenceu Miiko, a chefona do lugar, a me deixar fora das celas, me explicou sobre as coisas do local e até me colocou em uma das guardas de Eel e me deu um mascote.

Tudo poderia ser sempre bom e perfeito assim, mas nem tudo era rosas ali para mim.

Com meu pequeno Sabali nos braços, me aproximei da despensa e ouvi a conversa de todos os membros, Miiko, Kero, Nevra, o vampiro que me apoia uma vez ou outra, Valkyon, Jamon e Ezarel. De onde eu estava pude ouvir claramente coisas nada agradáveis sobre mim. Falando que eu era inútil, que eu não poderia ajudar, que eu só traria problemas, o que me fez lembrar de Valkyon falando que eu seria uma boa isca na floresta e de Ezarel falando para me abandonar por lá.

A cada palavra de desprezo do elfo de cabelos azuis, fazia meu coração e meu humor afundarem cada vez mais em meu peito. Quando me dei conta já havia lágrimas rolando pelo meu rosto.

Já estava mais do que claro que ninguém me queria ali. Eu também não queria estar ali, queria apenas ir para casa. Mas depois de tanto desprezo, decidi finalmente tomar uma atitude.

Enquanto eles discutiam na despensa, eu saí correndo para fora daquele lugar, passando por lojas e casas até chegar aos portões que davam acesso ao lado de fora. Respirei fundo e voltei a correr rapido na direção da primeira coisa que vi, a floresta.

Corria o mais rápido que conseguia, como se quisesse sumir logo para que não me achassem mais. Adentrei a floresta e continuei correndo, desviando das árvores e saindo da trilha. Não fazia ideia de para onde eu iria ou do que eu faria, porém qualquer lugar seria melhor do que com aquelas pessoas.

Durante minha corrida acabei por escorregar em uma poça de lama que estava no caminho, caindo e rolando por um pequeno barranco cheio de pedras. Observei meu mascote que havia ficado no lugar, sem cair comigo. Ele me observava, chorando alto como se pedisse ajuda e, ao ver que não iria adiantar, ele saiu correndo na direção em que eu havia vindo. Tentei chama-lo de volta, porém o cansado e as dores do meu corpo acabaram me vencendo e desmaiei naquele buraco na floresta.