Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 15
Chapter #15


Notas iniciais do capítulo

Oii.
Bom não teve quatro comentários, por isso não postei ontem, mas tô postando hj.
Eu juro que não queria tocar nisso, mas vamos lá. Eu to tento muito pouco retorno, parece que estou escrevendo e postando para ninguém e isso me deixa muito triste. Ontem eu fiz um teste para ver se alguém ainda lia a história, tive 3 comentários e fiquei feliz, mas consegui esses 3 comentários pq disse que postaria o cap 15 e não é sempre q vou poder fazer isso. Então eu peço. cometem, pq estou bastante desanimada e pensando em excluir a fic.



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Carolina não quis me dizer onde o cretino do seu filho estava, mas eu deduzi que estivesse no escritório, e, se caso não o encontrasse lá, ia atrás dele até no inferno se fosse preciso. Está certo que é um dia triste para ele, mas porra, é o aniversário do seu filho. Que se foda. Já foi um trabalho danado fazer Bruno aceitar essa festa e agora seu próprio pai não aparece. 

Acredito que Maria Fernanda não gostaria de saber que Eduardo prefere se trancar no escritório do que participar de um dia importante da vida do filho. Acho sim, que ela deseja que eles sejam felizes e que deixem a tristeza para trás e sigam em frente sem ela. 

Posso perder meu emprego hoje. Mas o babaca do meu chefe vai ouvir umas verdades. 

Empurrei a porta do escritório. Estava silencioso e as cortinas fechadas tampavam toda luz que podia vir do lado de fora, está um breu total, mas eu escuto um gemido vindo de trás da mesa de carvalho que Eduardo trabalha. Ando até o interruptor e acendo a luz. 

— Porra, mãe, eu falei que.

— Sou eu. — interrompo-o. — A Alana. — completei andando até a mesa e dando a volta nela. A situação de Eduardo era deplorável, ele cheirava bebida alcoólica e parecia ter chorado um bocado. E a prova de que havia bebido estava na sua mão, um copo de whisky pela metade e bem ao lado do seu corpo estava a garrafa.

— O que está fazendo aqui? 

— Eu é que pergunto. O quê você está fazendo trancada na merda desse escritório enquanto seu filho pergunta por você lá em baixo? 

Eduardo me olhou sério.

— Saí daqui, Alana. Eu quero ficar sozinho. 

— O caralho que vai ficar. — eu me agacho e tomo o copo de whisky da sua mão, ele tenta pegar de volta, mas não consegue. — Você vai tomar um banho gelado, escovar os dentes e descer. Vai se divertir com seus filhos. Ser aquele pai que eu admiro. 

— Eu não posso. 

— Pode sim.

Tento puxá-lo pelos ombros, mas ele é tão pesado que acabo não conseguindo. 

— Eu não consigo, Alana. 

— Consegue sim. — digo, tentando novamente fazê-lo ficar em pé. — Vamos lá você consegue. Eu sei disso. 

Eduardo continua parecendo uma rocha, daquelas que a gente tem certeza que não consegue erguer, mas mesmo assim tenta arduamente conseguir levanta-la. Eu acabo insistindo, mas não consigo movê-lo.

— Não dá porra. Não consigo. O rosto dela está aqui. — diz, apontando para a cabeça. — Não consigo tirar o rosto dela da minha cabeça.

Eu desisto. Eduardo acaba vencendo. Derrotada me sento ao lado dele e respiro fundo. 

— Eu achei que ia conseguir. Mas quando acordei hoje só conseguia me lembrar dela, do sorriso dela, do quanto ela me fazia bem. Eu juro que tentei, mas não consegui botar os pés no jardim. E sei que sou um péssimo pai por não estar com meus filhos. Um cretino egocêntrico. Mas eu não consigo. 

— Ela se foi Eduardo. — ele me olha perplexo. — Sinto muito, mas ela se foi. — acrescento, lhe arrancando um olhar gélido e incrédulo. — É difícil aceitar. Eu sei. Mas é a verdade. Maria Fernanda se foi, ficou no passado e por mais que seja doloroso não ter o amor da sua vida aqui, junto a ti, você precisa seguir em frente. Ela deixou dois pedaços dela para você amar e cuidar. E tenho certeza que ela não gostaria de vê-lo assim. Seus filhos precisam de você, Eduardo. Mais do que tudo.

Ficamos em silêncio. Eduardo abaixa a cabeça e permanece imóvel. Não sei o que se passa por sua cabeça no momento. Eu me aproximo dele e acaricio seus cabelos, dou um beijo em sua bochecha e levanto. Por mais que tenha me incomodado ouvi-lo falando que ainda pensa em Nanda, eu consigo entender seu lado.

 Caminho em direção á saída. 

— Alana. — eu paro. — Eu não sei o que fazer. Não posso simplesmente descer. Eu nem comprei um presente para ele. 

Caminho até Eduardo e lhe estendo a mão, ele segura e eu o puxo. 

— Precisa de um banho antes, e escova os dentes também. E sua presença vai ser o melhor presente que pode dar para ele. 

— De onde você veio? 

Dou um sorriso. 

— De uma cidade bem pequena do interior. — falo e me retiro. 

(...)

Já faz quase duas horas da minha conversa com Eduardo. Ele ainda não apareceu. Carolina foi atrás dele e não o encontrou em lugar algum. Eu estou com raiva, muita raiva de verdade. Seria capaz de dar uma surra em Eduardo. Bruno perguntou centenas de vezes por que o pai não estava ali e eu mentia toda vez. Eu não acredito que ele simplesmente deu as costas. 

Não sei o que serei capaz de fazer quando vê-lo. Mas é melhor que ele não apareça na minha frente agora. 

— Alana. — Diego puxa minha saia. — A.a.a ti.tia Beatriz, es.tá aqui. — fala gaguejando. 

Mas que tia? Beatriz? Sim, sim, a tia malvada dos garotos. Aquela que falou coisas horríveis para Bruno. 

Ai meu Deus, não pode ser. Não, ela não seria capaz de aparecer na festa do Bruno depois de tudo que fez para ele. 

— Aquela vaca. — escuto a voz de Carolina. Então, tenho certeza, a cretina está aqui. 

Olho para onde Diego aponta. Beatriz está se aproximando de Bruno. Ela é muito bonita, corpo esguio, pernas longas, pele branca, cabelos loiros e compridos. É parecida com a irmã, mas há algo nela, que não consigo explicar que a deixa muito diferente de Nanda. Ela não tem aquele sorriso doce que Nanda esboçava nas fotos e sim um olhar e de puro ódio que chegou a me causar calafrios. 

— Olá Bruno. — fala Beatriz com um sorriso sínico nos lábios. Tenho a impressão de que está bêbada, então me apresso para tirar Bruno de perto dela antes que fale alguma besteira para ele. — Você está se divertindo meu amor? — Bruno fica em silêncio. Ele olha para os lados, a procura de alguém. Parece apavorado. Eu estou perto, ando mais rápido, quase correndo. — Mas você sabe que é erra...

Ela não termina a frase. Eu seguro seu braço e a puxo com força. Ser gorda tem um lado bom, é que temos força suficiente para arrastar uma pessoa não tão pesada. Arrasto Beatriz e ela grita, me xinga e esperneia, tentando se soltar.  

— Quem é você? 

— Sou a babá deles e não vou deixar uma dissimulada como você estragar esse dia. 

Quando estamos longe das pessoas jogo Beatriz no chão com força. Já estou com muita raiva, então, que essa louca não me teste porque sou capaz de descer do salto, interpretar uma Melissa Cadore e dar uma bela surra nessa vadia. 

— É melhor você ir embora antes que eu chame os seguranças.

Ela começa a rir descontroladamente.

— Pensei que você fosse o segurança com esse tamanho todo.

A minha vontade é dar um soco na cara dela, mas aprendi que não se resolve nada com violência. Por mais que ela mereça uns tapas, eu respiro fundo. Sou melhor que ela e seus ataques não me abalam nenhum pouco.

— Eu exijo ver meus sobrinhos. 

Me agacho e seguro seu braço, com tanta força que ela faz uma carranca de dor e tenta se livrar do meu aperto.

— Se depender de mim você nunca vai vê-los. E se tentar chegar perto eu juro que mostro o que meu tamanho é capaz de fazer.

Eu a solto e ela solta um gemido com o impacto das costas contra o chão.

— Alana. — olho para o lado e um dos seguranças esta em pé me olhando. — A Dona Carolina me mandou, disse que uma louca invadiu a festa. 

— Sim. — eu olho para Beatriz. — Nunca mais se meta com meus meninos. — sussurro e encaro o segurança. — É essa aqui. Pode levá-la.

Observo o segurança arrastar Beatriz para frente da casa. Essa louca que nem pense em tentar machucar ou sequer chegar perto de Bruno e Diego, posso virar uma fera. Volto para a festa e fico aliviada quando vejo que Bruno está feliz brincando com Diego e alguns meninos. Olho ao redor e não vejo Eduardo em nenhum lugar. Onde diabos ele se meteu?

— Obrigada por tira-la daqui. — diz Carolina, parando ao meu lado. — Aliás, obrigada por tudo.

Olho para ela e dou um sorrisinho. Carolina retribui e se afasta. Caminha até os netos. Fico parada, admirando a felicidade dos três. Está tudo quase perfeito, só falta Eduardo ali, com os filhos, se divertindo. Mas pelo jeito, sua crise o fez fugir de uma data que é importante e nada do que eu falei adiantou.

O tempo passa cada vez mais rápido. Bruno perguntou do pai, eu disse que logo ele estaria aqui. Mas não foi o suficiente, o caçula acabou ficando triste e ninguém conseguiu fazê-lo ficar feliz, nem eu. Porra Eduardo, como você foi capaz de fazer isso com seu filho? Eu juro que vou matá-lo.

Escurece rápido. Quase todos os convidados já foram embora. Resta apenas Aline e sua família, Cecília e a pequena Ana e a Carolina. As crianças se divertem com os últimos brigadeiros que restaram. Diego acabou deixando Bruno mais alegre, mas mesmo assim posso notar que o pequeno sente falta de Eduardo.

Cecília até tentou ligar para o amigo, mas ele não atendeu. Carolina estava muito brava com o filho, não quero nem imaginar a bronca que ela vai dar nele e espero que seja daquelas bem grandes, do tipo que o deixe com bastante peso na consciência para aprender. O nome dele está na minha lista negra e pelo jeito não é só a minha.

Depois que o restante dos convidados foi embora, só restou Carolina, os meninos, eu e a equipe que foi contratada para fazer a limpeza do jardim. Nós acabamos entrando. Os meninos estavam suados e sujos, precisavam de um bom banho. Bruno quis tomar banho sozinho, alegou que já estava com 6 anos e podia fazer aquilo sozinho. Acabei deixando e o resultado foi que ele não ficou tão limpo assim. Então tivemos que voltar para o chuveiro.

— Naná? — falou o pequeno.

— Sim, Bruno.

— Por que o papai não foi na minha festa?

Ponderei. E comecei a criar uma história mirabolante na minha cabeça. Quando tinha a resposta perfeita fiz Bruno sentar no sofá e eu me sentei a sua frente, no tapete.

— Você lembra aquele filme que assistimos que tinha uns carinhas vestidos de branco chamados Stormtrooper? — ele assentiu com os olhos brilhando. — Então, seu pai foi atrás do seu presente. Mas para isso ele teria que lutar com um exercito de Stormtrooper.

— E ele conseguiu?

Antes que eu respondesse a voz grave e imponente de Eduardo irrompeu o cômodo.

— Sim. Eu consegui. — olhei para trás e Eduardo estava de pé no batente da porta.

Eu estava com raiva, mas vê-lo me fez perder o ar completamente. Ele estava lindo, usando uma jaqueta preta, por baixo uma camisa branca e um jeans escuro. Eduardo sorriu e sussurrou um obrigado. Droga; nem conseguir ficar com raiva dele eu consigo.

— Você lutou com eles, papai?

Eduardo olhou para o filho e se aproximou, pegou-o no colo e abraçou o menino forte. Tão forte que tive medo que machucasse Bruno. Mas eu sabia que ele não seria capaz, era apenas carinho de pai e filho. Eduardo beijou a testa de Bruno.

— Feliz aniversário. — falou, baixinho para apenas o filho escutar. — E sim, eu lutei com eles e acabei com cada um deles.

— E o meu presente? — Eduardo sorriu e colocou o filho no chão.

— Por que você não vai chamar o Diego enquanto eu pego o seu presente?

— Tá bom. — Bruno saiu correndo. Encarei Eduardo sem entender nada.  De que lugar ele vai tirar um presente? Já está tarde, a não ser que ele tenha dois padrinhos mágicos para atender seus desejos, ao contrário, ele está ferrado.

— Desculpe. — sua voz mansa tira-me dos meus pensamentos. — Você está brava comigo?

— Você não sabe o quanto. — respondo. — Eduardo — cruzei os braços s respirei fundo. — você sumiu o dia inteiro. O Bruno perguntou várias vezes de você e eu precisei mentir. A tia louca dele apareceu aqui do nada, como mágica e eu precisei tirá-la da festa a força antes que ela falasse alguma merda para o Bruno.

— Beatriz esteve aqui? — faço que sim com a cabeça. — Eu mandei aquela maluca ficar longe deles. Ah mais ela vai ser ver comigo. Juro que vou tomar providencias.

— Você sabia que ela estava por perto?

Eduardo me encara, mas os meninos acabam invadindo o quarto antes de eu ganhar uma resposta.

— Pronto papai! — exclama Bruno.

— A gente conversa sobre isso depois. Okay? — assinto. — Tudo bem, eu vou pegar seu presente.

Eduardo se retirou. Fiquei pensando se ele já havia comprando um presente antes. Mas cheguei a conclusão que não, porque quando estávamos no seu escritório ele acabou mencionando que não tinha presente. Que tamanha irresponsabilidade. Talvez ele pegue um dos que Bruno ainda não abriu e simplesmente diga que foi ele que comprou. Seria muita cara de pau da parte dele.

Eduardo passou pelo batente da porta e eu o encarei. Segurava uma caixa grande, branca e com tampa. Me perguntei o que tinha lá dentro, mas não encontrei respostas. Ele caminhou até os filhos e colocou a caixa sobre o colo de Bruno.

— Abra. — Rapidamente Bruno tirou a tampa e arregalou os olhos azuis. Diego deu um grito de surpresa e eu quase soltei outro quando vi o que Bruno tirara da caixa.

— Aí meu Deus. — gritou Bruninho, com uma voz de choro. — É um cachorrinho. — ele abraçou o filhote de cachorro e algumas lágrimas escorreram pelo seu rosto. — Eu sempre quis um cachorro.

Eu me derreti com a imagem. Bruno abraçava o cachorro com tanta alegria, e quando ele soltou o filhote deu ele para Diego fazer um cafuné. Olhei para Eduardo que sorria vendo a cena dos filhos. É realmente bem difícil ficar irritada com ele. Mas eu preciso de uma explicação, ele não pode sumir o dia todo e aparecer com um cachorrinho fofinho achando que tudo vai ficar resolvido.

Minha nossa, eu pareço à namorada desconfiada e ciumenta.

Os meninos acabaram chamando o cachorro de Amendoim. Amendoim era bastante brincalhão e adorou os meninos logo de cara, ele era branco com pintas pretas, não era um dálmata, parecia mais um vira-lata. Os três brincaram bastante, até Bruno e Eduardo pegarem no sono e dormirem no chão mesmo, em cima do tapete.

— É, eles dormiram. — comentou Eduardo, se agachando ao lado de Diego e o pegando no colo. — Você me ajuda?

— Claro. — me agachei perto de Bruno e o peguei no colo, sem dificuldade o levei para a cama. Joguei o edredom em cima do seu corpo e dei um beijo na sua testa. — Boa noite, pequeno.

Depois de um beijo em Diego, sussurrei um boa noite em seu ouvido. Quando levantei e me virei Eduardo estava parado me encarando, de braços cruzados, parecendo uma estátua, ele fitou meus olhos. Mas eu abaixei a cabeça e juntei a caixa onde o Amendoim estava antes.

— Eu vou para casa agora. Os meninos estão bem e eu preciso descansar. — falei, passando por ele. Saí do quarto dos meninos e virei o corredor.

— Alana. — escuto sua voz e minhas pernas travam. — Precisamos conversar.

Fechei os olhos e suspirei. Eu não queria conversar, porque uma conversa me faria ficar perto dele e ainda estou com muita raiva pelo que aprontou.

— Por favor, Alana.

Permaneci de costas, respirando fundo. Travando uma batalha contra meus sentimentos. Escutei seus passos, estavam cada vez mais perto de mim. Queria correr, me esconder em um lugar onde ele nunca me encontrasse, mas minhas pernas pareciam duas rochas pesadas que não conseguia mover.

— Eu preciso te explicar o que aconteceu. — ele disse, e sua voz fazia cócegas no meu pescoço. — Há um tempo Bruno me pediu um cachorro. Eu disse que ainda não era a hora para ele ter um. E hoje depois que você me trouxe de volta para a realidade eu lembrei do pedido dele. Acabei lembrando de uma fazenda que acolhe cachorros de rua, cuida e depois doa, só que é em outra cidade, foram 4 horas de viagem. Eu tinha o presente perfeito, sabia que Bruno ia amar e que eu conseguiria limpar minha barra por ter ficado o dia inteiro longe deles.

Ele fez uma demorada pausa. Mas eu não mexi um músculo.

— Dá para você olhar para mim?

Mordi o lábio inferior e ainda receosa me virei e encarei os olhos de Eduardo. — Você não me deve explicações. — disse, mesmo achando que ele devia.

— Sim, eu devo. — rebateu. Ele olhou profundamente dentro dos meus olhos e continuou. — Eu estava certo, Bruno amou o presente e não ficou triste comigo. — continuou, passando a mão pelos cabelos. — Mas você ficou, eu posso ver o quanto você está triste e irritada comigo.

Eu soltei todo o ar dos meus pulmões. Sim, ele estava certo. Estou triste e muito irritada. E acho que ele merece a verdade.

— Você está certo. — soltei. — Eu realmente estou muito irritada pelo que você fez com o Bruno. Ficou o dia inteiro fora.

Fitei seus olhos que pareciam preocupados. Eu sei que sou apenas sua empregada e que não posso falar o que vem na minha cabeça, mas ele quer a verdade.

— Porra! — exclamei. — Eduardo, era o aniversário dele e você se trancou no escritório para encher a cara enquanto ele perguntava por você. Dar um cachorro de presente funcionou, para eles. Porque eu continuo irritada. Agora se você me der licença, eu preciso ir.

Virei e saí pisando duro.

— Eu não terminei.

— Mas eu sim.

Continuei andando. E ele me seguiu, seus passos estavam rápidos e deduzi que ele me alcançaria em breve. Apertei o passo, porém, não cheguei nem no topo da escada. Eduardo agarrou meu pulso e me puxou, fazendo-me girar e ficar de frente para ele. Senti a pressão dos seus dedos sobre minha pele e foi suficiente para me arrepiar inteira.

— Me desculpa? Por favor? — implorou. — Eu fui um completo babaca, Alana. Me perdoa, por favor?

Ele me olhou tão intensamente, com os olhos suplicando meu perdão. Sabia que não ia conseguir continuar irritada com ele depois de tudo isso. E a nossa proximidade estava mexendo tanto comigo que pensei que não era capaz de raciocinar direito. Meu olhar desceu para seus lábios e senti tanto desejo naquele momento que pude sentir uma pontada no ventre.

— Tá. Tudo bem. — ele sorriu e ergueu a mão. Eu não fazia a mínima ideia do que ele pretendia fazer, mas quando seus dedos tocaram minha bochecha eu estremeci e o choque tomou conta de mim, ao mesmo tempo o toque era tão familiar.

— Eu preciso que você saiba que foi a melhor coisa que aconteceu na vida dos meus filhos. — fechei os olhos e apreciei seu toque e suas palavras. — E na minha também.

Senti o toque suave dos seus lábios sobre os meus. Aquilo me pegou totalmente de surpresa. Eduardo estava me beijando? Tive que abrir os olhos para ter certeza de que era ele mesmo. E quando tive a certeza tudo que fiz foi abrir minha boca e segurar a gola da sua camisa, trazendo-o mais para perto. O beijo começou suave. Suas mãos seguravam meu rosto com certa delicadeza e fascínio. Eduardo parecia fazer tudo com muito cuidado e calma.    

Mas eu não queria cuidado, e muito menos calma, não agora que ele me beijava lentamente, deixando sua língua conhecer cada canto da minha boca. Segurei sua nuca e pressionei nossos lábios, tornei o beijo mais urgente e lascivo. Eduardo suspirou e segurou minha cintura, empurrou-me contra a parede e seu corpo apertou o meu. Eu sentia a eletricidade dos nossos corpos tão pertos, a sincronia dos nossos lábios e suas mãos percorrendo meu corpo. Era incrível e delicioso. Porém tudo que é incrível acaba.

Empurrei seu peito, fazendo-o se afastar.

— Céus. — murmurei, enquanto observava Eduardo sorrir e fitar meus olhos. — Eu preciso ir.

Saí dessa vez quase correndo. Sentindo meu coração bater contra o peito, ele parecia uma locomotiva. Quando cheguei onde havia estacionado minha picape mais cedo, lembrei que a única coisa que tinha era o chaveiro com a chave do carro, o resto ficou tudo no meu quarto. Não ia voltar e correr o risco de trombar com Eduardo novamente, preciso de um tempo para pensar em tudo isso que aconteceu. Embarquei na picape e parti.


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Notas finais do capítulo

:*