Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 8
O Remédio


Notas iniciais do capítulo

Oláá! Sentiram minha falta? ♥ Desculpem pela demorinha básica nesse capítulo, mas passei muito tempo pensando em como fazer esse daqui. Tem uma parte em que as coisas ficam um pouquinho mais obscuras, e como queria que fosse a peça mais central do capítulo, deixei-o um pouco mais curtinho que o habitual. Espero as opiniões de vocês nos comentários!



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 - Hermione, posso entrar? – Dra. Minnington chamou por trás da madeira.

 - Pode, sim.

  Hermione estava sentada em sua cama, já se acostumando com a completa falta de maciez do colchão, ponderando sobre as sensações estranhas que sentiu perto de Fred no jardim.

 - Hoje vamos testar uma poção medicinal, tudo bem? – Lacey prosseguiu com cautela.

 - Certo, qual é o nome? E os efeitos? – A garota indagou, nada tentada a enfiar algo desconhecido goela abaixo.

 - Ainda não foi nomeada. É um tratamento experimental, mas já demonstrou diversos resultados promissores.

 - O que ela faz?

 - Bem, a poção me mostrará a raiz de seus problemas, para que eu possa direcionar o tratamento. – Lacey retorceu as mãos em seu colo, sentando-se na cadeira que colocara em frente à Hermione. – Podemos?

 - Não há efeitos colaterais? – Hermione ergueu uma sobrancelha, segurando com a ponta dos dedos o frasco que lhe foi entregue. Não conseguia identificar a poção por trás do frasco preto fosco, muito menos do que era feita. Abriu a tampa, tentando vislumbrar o que espreitava no fundo do recipiente, e nada. Aproximou o nariz do gargalo, frustrada ao sentir que um cheiro extremamente doce mascarava qualquer outro aroma dos ingredientes.

 - Não.

  Hermione tomou um gole do líquido, sentindo o gosto artificialmente doce de morango acariciar sua garganta. Aguardou alguns segundos, esperando algum efeito, mas nada aconteceu.

 - Lacey? Quanto tempo devemos esperar até o remédio surtir efeito?

 - É diferente para cada paciente, Hermione. – Lacey franziu as sobrancelhas, ainda apertando as mãos até que os nós de seus dedos ficassem brancos.

 A luz piscou uma, duas, três vezes, parecendo diminuir sua intensidade gradativamente.

 - O que...? Eu não fiz nada! Será que cortei a mão? – Hermione olhou para suas mãos, completamente cobertas em sangue quente e escuro.

 - O que você vê, Hermione? – Lacey perguntou, puxando sua prancheta e pena rapidamente.

 - Minhas mãos... Você não vê? Estão cobertas de sangue! – Hermione disse, arfante, até que a verdade a atingiu. – É o remédio, não é? Nada disso é real.

 - Só preciso que me conte o que está acontecendo, Hermione. Eu estou aqui.

 - Não é real, não é real... – Hermione murmurou, piscando com força para tentar voltar ao normal. Mesmo com esse pensamento, não conteve um berro desesperado ao ver inúmeros corpos espalhados no chão, mortos. Era o sangue deles que cobria suas mãos. Sirius, Lupin, Tonks, Colin Creevey, Crabbe... E Harry. Ao olhar novamente, viu que todos que amava estavam mortos. Hermione estava sozinha no quarto, até mesmo Lacey sumira. As paredes encolhiam, aproximando-se cada vez mais.

 - Sozinha, Hermione... – Era um sussurro de Lacey em sua cabeça. – Sozinha... Não conseguiu salvá-los.

 - Pare! Isso não... Não é real! – Hermione berrou com toda a força de seus pulmões, desesperada. Podia não ser real, mas ainda estava ali. O sangue continuava cobrindo em suas mãos, o aroma pungente da morte invadia suas narinas e a visão dos corpos daqueles que amava ainda estava ali.

 - Mas você ainda vê... – O mesmo sussurro sombrio de Lacey invadia sua mente novamente. – Sozinha... Todos os seus amigos sairão daqui e você ficará presa... Louca.... Sozinha. Sozinha. Sozinha.

 - Não! – Ela agarrava seus cabelos, como se tentasse tirar a voz de Lacey de sua cabeça.

 - A imundinha ficará só! – Dessa vez, era Bellatrix Lestrange que gritava, rindo escandalosamente. – Pensou que tinha se livrado de mim, é?

 - Pare... Pare, por favor! – Hermione tentou, murmurando todos os feitiços que conhecia capazes de anular os efeitos da poção. Suava abertamente, com lágrimas desesperadas rolando por suas bochechas. Sua visão escurecia com pontos vermelhos, e logo o quarto inteiro estava banhado em sangue. – Chega! Chega!

 Um grito gutural saiu dos lábios de Hermione. Viu Bellatrix aproximando-se, com aparência decrépita. Sua pele apodrecia, seus olhos eram somente brancos.

 - Me deixem sair! – Berrou Hermione, esmurrando a porta com os punhos. Tentou o feitiço Alohomora, mas seu pânico já em ponto crítico a impedia de combinar o gesto de mão com as palavras que se embolavam em sua boca. Tentou se virar e encarar Bellatrix. – Não é real. Não pode me machucar. Nada vai acontecer.

 - Vai ficar tudo bem. – Bellatrix riu com seu próprio sarcasmo. – Só precisa tomar esse remédio aqui, querida.

 - Não é real. Não é. – Hermione murmurava desconexamente para si mesma, fechando os olhos.

Mil mãos envolveram Hermione, cobrindo-a de sangue. Ela fechou os olhos, repetindo que nada poderia machucá-la de verdade. Um frasco era empurrado contra seus lábios, forçando um líquido para dentro de sua boca.

 - Hermione? – Era a voz de Lacey, que segurava os braços de Hermione com força, analisando-a com olhos preocupados. – Eu sinto tanto, Hermione, tanto... Não imaginei que os efeitos seriam tão fortes...

 - Você... – Hermione abriu os olhos, aliviada ao ver que tudo havia acabado. Arfou, com o peito pesando em seu corpo e suas entranhas se revirando. Depois de um minuto em silêncio, sentada na cama e tentando recuperar o fôlego, raiva começou a percorrer a mente da garota. – É sua culpa. Você sabia que o remédio me colocaria contra meus piores medos, não sabia?

 - Eu... Eu não imaginei que seriam tão fortes, Hermione. Eu sei que é difícil entender, mas você me afasta, não é sincera quanto aos seus sentimentos. Finge que está tudo bem para sair daqui. Eu precisava agir rápido... – Lacey argumentou com euforia, se recompondo assim que percebeu que estava saindo de sua compostura profissional. – Preciso fazer meu trabalho. Não preciso ser sua amiga, ainda que eu queira que confie em mim; preciso curá-la.

 - Não irá me curar colocando alucinações em minha mente. Isso só me induz ainda mais a loucura, na verdade. – Hermione murmurou com a voz carregada de maldade. – Pode sair, por favor?

 - Até amanhã, Hermione. Eu sinto muito.

 A garota esperou um tempo até que a médica saísse e estivesse longe. Não conseguia acreditar. Logo quando estava começando a confiar em Lacey Minnington, ela fazia uma coisa dessas. Uma ação fria, irresponsável e sem consideração.

  Não conseguia encarar as paredes de seu quarto, que só traziam à tona as alucinações. Corpos, sangue, terrores rodopiavam em sua mente. Hermione sentia sua racionalidade lentamente fugir de seu alcance, deixando-a com as loucuras de suas visões. Sem conseguir mais aguentar um segundo sequer em seu quarto, correu para o de Fred. Não podia colocar mais preocupações na cabeça já cheia de seu melhor amigo.

 - Fred? – Hermione chamou, abrindo a porta e odiando como sua voz soou trêmula. – Posso entrar?

 - Calma aí.... Se bem que, pensando bem, pode entrar. – Ele disse, divertido.

  - Fred! – Ela exclamou, virando de costas. O tinha encontrado somente com de calças, esperando-a com um ar sorrateiro.

 - Ué, achei que você ia gostar! – Ele riu. – Pode virar agora.

 Hermione se virou, e Fred se sobressaltou com preocupação ao ver seu estado. Cabelos desgrenhados, olhos inchados, rosto vermelho, suor...

 - Hermione...? Caramba, o que aconteceu? – Fred aninhou o rosto da garota em suas mãos, analisando cada pedaço dela cautelosamente. Quando chegou nos olhos, abraçou-a com força, logo sentindo algumas lágrimas teimosas lutarem para sair dos olhos de Hermione e molharem sua camiseta. Ouviu os soluços, mas não soltaria até que ela o fizesse. Convivera com Gina por tempo o suficiente para saber que não era hora de brincar.

 - Minha médica.... – Ela murmurou quando o soltou depois de um tempo.

 - Ela te bateu? Te tocou? – Fred perguntou, afobado.

 - Não, não... Ela me deu uma poção, dizendo que ia ajudá-la a saber as causas dos meus problemas. Tentei descobrir mais, mas ela não respondia minhas perguntas. – Hermione continuou, olhando para suas mãos tentando apagar a imagem do sangue pingando de seus dedos. – Era um alucinógeno. Me fez ver meus piores medos.

 - Merlin... – Fred suspirou, chocado. Não sabia o que dizer sem soar como o maior clichê do mundo. – Vamos pedir para você trocar de médico.

 - Como?

 - Vamos explicar a situação e pedir para o vovô nos ajudar.

 Hermione ponderou. Era possível, principalmente se os superiores de Lacey soubessem do método “experimental” que ela usara. Mas ainda assim... Estaria presa no hospital. Hermione precisava ver seus pais e sair dali, Luna precisava desesperadamente de ajuda, Harry precisava rever todos e Fred precisava da cirurgia. Tudo se encaixava em uma solução.

 - Não. Nós vamos fugir. – Hermione disse com determinação, secando seu rosto úmido com as mangas de seu cardigã.

 - Bom... Então você escolheu a pessoa certa para te ajudar. – Fred concordou com uma risada, surpreso de ouvir uma sugestão tão rebelde vindo de Hermione.

 - Nunca pensei que trabalharia em conjunto para fugir com você. – Ela riu.

 - Tá brincando? Eu sempre soube que formaríamos uma bela dupla.

 Ele passou um braço ao redor dos ombros de Hermione com humor conquistador. A tristeza permanecia espreitando no fundo do olhar da garota, e Fred sabia que havia pouco que ele podia fazer para tirá-la de lá. Mas também tinha consciência que ela precisava de apoio, mais do que tudo.

  - Então, quer ir no jardim? – Fred sugeriu com um sorriso caloroso.

 - Só se você não me derrubar no chão de novo. – Ela brincou em voz baixa, com um sorriso discreto.

 - Perto de você, não prometo nada.

 Fred estendeu uma mão para Hermione, que a pegou. Andaram até a familiar porta que levava aos jardins, Fred tentando decorar o caminho e Hermione analisando algumas cicatrizes na mão que segurava para se distrair da recorrente lembrança de sangue.

 - Onde você as conseguiu? – Ela perguntou, levantando a mão de Fred sem desentrelaçar seus dedos.

 - Inventar as coisas mais geniais do mundo tem seu preço. – Riu ele, correndo sua mão livre por seu cabelo. – Ah, e fazer a melhor desgnomização do mundo também me rendeu algumas.

 - Então os testes dos produtos ficam meio intensos?

 - Só quando as coisas resolvem explodir sem motivo. Ou quando testamos fogos de artifício. Ah, e também quando estávamos tentando adicionar cortes mágicos no Kit Mata-Aula.... – Fred começou a listar, percebendo logo que haviam vários motivos por trás das pequenas cicatrizes. – Enfim, eu só deixei as mais legais ficarem. Você sabe, para dar um ar de badass.

 - E funciona com as garotas? – Ela sorriu, brincando.

 - Você que me diga.

  Hermione revirou os olhos, finalmente chegando na porta. O ar fresco a acariciou como plumas, levando para longe, mesmo que por um ínfimo momento, as lembranças. Fred a observou fechar os olhos com ternura, sem conseguir conter um sorriso.

 - Espere. E se aqui tiver uma saída? – Hermione indagou, abrindo os olhos de súbito. – Seria bem mais fácil fugirmos despercebidamente, não?

 - É mais discreto que correr para um letreiro gigante escrito Saída...

 - Você vê daquele lado e eu vejo desse.

 Soltando as mãos, ambos se dispersaram. Vasculharam por todas as extremidades do jardim retangular, achando somente concreto por trás de todos os arbustos que formavam uma cerca viva. Hermione pensou com cautela, empurrando os sussurros para o fundo de sua mente.

 - Hermione, sinto informar que não encontrei saídas. – Fred disse com humor.

 - Está esquecendo que somos bruxos? – Hermione lembrou do que Ron lhe dissera no primeiro ano, sorrindo com nostalgia ao se lembrar de como as coisas eram mais simples.

 - Agora sim! O que você tem em mente? Feitiço de explosão? – O ruivo se empolgou, começando a pensar em sugestões.

 - Muito barulhento... E se usássemos um feitiço de levitação para passar cada um por cima do muro?

 - E a última pessoa? Quem ia passá-la?

 - Deixe-me pensar... – Ela tamborilou dois dedos no queixo rapidamente, visualizando possibilidades e estalando os dedos quando uma ideia finalmente apareceu em sua mente. – A última pessoa pode conjurar o feitiço em algum objeto, como um tapete ou algo assim, se segurar nele, e atravessar.

 - Só conheço uma pessoa capaz de fazer as duas coisas ao mesmo tempo... – Fred sorriu para ela sugestivamente. – Além disso, como faremos o feitiço sem as varinhas?

 - É difícil, mas possível.

 - Ou... Podemos roubar nossas varinhas. Provavelmente vamos precisar delas lá fora.

 - Você está sugerindo como parte do plano ou para aumentar a emoção? – Hermione perguntou com um sorriso.

 - Um pouco de cada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem opiniões, sugestões, críticas ou previsões nos comentários, por favorzinho? ♥ Se quiserem, favoritem, acompanhem e recomendem, ajuda muito a fic! Muito obrigada, e até o próximo capítulo!



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