Às vezes, o que imaginamos ser verdade é a mais pura mentira. Podemos ter certeza do que vemos, e mesmo assim ser apenas uma ilusão.

“Ei, Ichigo!” Um homem gritou, acenando para o jovem protagonista de cabelo laranja. “Tem uma coisa aqui que você deveria ver!”

“Se for mais um vestido que você quer pôr no Kon, eu juro que acabo com a linhagem Quincy.” Ichigo respondeu, olhando para Ishida.

“Não, não. Dessa vez, é algo mais... Legal.” Ishida respondeu, jogando um pequeno livro de capa preta nele. Havia algo escrito com letras douradas na capa, e um bom numero de paginas.

“Você tá de brincadeira? Um livro? Você não acha que eu tenho algo melhor pra fazer?”

“Sinceramente? Não. Mas dê uma olhada, esse livro é legal.” Ishida sorriu, se virando para ir embora. “Tenho certeza que você irá gostar.”

“Ah, que seja. Se for algum hentai ou algo do gênero, vou contar pra Nemu que você lê essas coisas!”

Telefone tocando.

“Você sabe o que fazer. Bip.”

“Change nabikanai nagasarenaiyo ima kanjiru...”

“Alô, Rukia? Aleluia, achei que você nunca...”

“Aqui é o Renji, imbecil. Ela tá na casa da Inoue, ela esqueceu sei lá o quê lá. Fala, o que você quer, oxigenado?”

“Ah, é a bichinha ruiva. Eu sei que você nunca serviu pra nada, mas já foi da Gotei 13. Me fala, alguma vez alguém comentou sobre um livro chamado ‘Bíblia’ ?”

“Tua vó que nunca serviu pra nada. Hum... Bíblia? Cara, se for outro conto hentai, vou fazer você engolir.”

“Cala a boca, o negócio é sério. Nunca ouviu falar?”

“Hã... Não. Pergunta pro cerejeira, ele que é o sabe tudo. Se algum dia alguém mencionou isso, ele vai saber.”

“Tá, depois eu dou uma passada lá. Hã... Ele sabe o que você anda fazendo com a irmãzinha caçula dele?”

“Me lembra da próxima vez que a gente se ver, de eu cortar suas bolas fora?”

“Ei, tio da flor! Como vai?”

“...”

“Vai me ignorar mesmo?”

“...”

“O Renji deu uns pegas na Rukia.”

“...O QUÊ?”

“Mais fácil que culpar o Urahara.¹ Agora, falando sério. Cê já ouviu falar de um livro chamado Bíblia? É um tipo de compilação com outros 50 e poucos livros, divididos em dois testamentos. Sério, eu realmente preciso saber.”

“Bíblia, Bíblia... Não, nunca ouvi falar. Talvez seja algo daqueles americanos, ou qualquer coisa assim. Mas agora, o que você disse sobre a Rukia e aquele rapaz Renji?”

“Ah, eu acho que ela tem dormido na casa dele há umas... 3 semanas. Acho que você tem que tomar alguma providência quanto a isso.”

“Eu irei. Eu e minha irmã iremos bater um LONGO papo.”

“Ah, e se ela perguntar quem foi que dedurou ela, avisa que foi o ‘Tarado por peitos’. Acho que ela vai aprender depois dessa.”

“Não tenho tempo para essas suas bricandeiras infantis, Kurosaki.”

“Hã... Mas eu ouvi falar que você tem bastante tempo pras brincadeiras da Soifon...²”

“Chire, Senbonzakura.”

“Desculpa de novo por vir te perturbar tão tarde, Orihime”

“Ah, não é nada. Eu não tinha nada pra fazer, de qualquer jeito.” Orihime não parava de sorrir. “Um pouco de compania nunca faz mal, não é?”

“É... Eu realmente precisava conversar com alguém, além de dar um jeito nesses cortes que o Byakuya fez em mim. Não precisava ficar tão bravo só porque eu falei da Soifon!”

“Você sabe que não pode falar das paixões dos outros. Eu acho que essa é a 5ª ou 6ª vez que eu tenho que te curar, depois que você fala algo assim. Você ficaria feliz se alguém dissesse algo assim pra você?”

“Sei lá. Não tenho namorada nem nada por enquanto, então não corro riscos.”

“Você tem que arrumar uma logo. Todas as melhores estão indo embora, e daqui a pouco você vai ficar sem.”

“Ah, se eu ficar, é o jeito. Sabe, tem uma pessoa que eu gostaria de namorar, mas tenho medo de não dar certo.”

“Sério? E quem seria essa pessoa?”

“Você realmente quer saber?”

Orihime se aproximou de Ichigo, olhando direto em seus olhos.

“Conte.”

“Me mate primeiro.”

“Ah, seu chato!” Orihime deu um tapa em Ichigo, logo voltando a curar seus ferimentos. “Sabe, um dia, você vai chegar na porta de casa quase morrendo e vai pedir pra eu te curar, e eu vou falar não.”

“Você realmente vai me deixar morrer na porta da sua casa?”

“Ah, vou sim.”

“Gin, prepare-se. O tempo está próximo de seu fim, e só teremos uma única chance. Se a perdermos, está tudo acabado.”

“Sim, Aizen-Sama. Devo chamar os 5?”

“Sim, sim. Eles serão nescessários.”

“Quanto tempo temos, senhor?”

Era noite. A lua brilhava no céu, sua luz lutando contra a escuridão que encobria a Terra. Ichigo estava em seu quarto, com o pequeno livro em sua mão, toda sua atenção nas páginas que iam e vinham enquanto ele as folheava. A cada página, a expressão em seu rosto mudava – às vezes feliz, outras vezes triste, até mesmo surpreso às vezes – mas ele não conseguia parar de ler por um segundo. No começo, ele interpretara tudo como um conto, uma estória, uma ficção. Mas cada vez mais, ele percebia que muita coisa a seu redor estava lá. Em pouco tempo ele associava os personagens às pessoas ao seu redor. Desde Matusalém, que viveu por 300 anos na terra, à Leviatã, o demônio que encontrara nas páginas adjacentes no fim do livro. Inclusive, as páginas no fim do livro o intrigavam. Eram escritas a mão, com uma letra caprichada, no que parecia um belo esforço. Eram quase 50 páginas com informações sobre personagens do próprio livro e de outros, que não eram citados.

Ichigo fechou a Bíblia, recostando-se na cadeira. Era informação demais para ser absorvida, como se toda sua vida já tivesse sido escrita antes mesmo dele nascer. Mas uma coisa o intrigava. No último livro, havia uma citação sobre um cordeiro. Todo o livro se encaixava na sua ultima luta com Aizen, menos o cordeiro. Era algo estranho, considerando a precisão que o livro aparentava ter. Era como se... Era como se não tivesse acabado ainda. A cidade dourada não havia descido dos céus. O Fim não havia chegado.