Take me to Neverland escrita por Sweet dreams


Capítulo 5
Nostalgia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716725/chapter/5

Pov Elizabeth

—Pronto, lar doce lar-Peter disse com um largo sorriso assim que pusemos o pé no acampamento. 

Os meninos perdidos pararam o que estavam fazendo para nos encarar, e os olhares duros que me lançavam me fez questionar o uso de "doce" usado por Pan para qualificar o lugar. Nota-se que as pessoas guardam mágoa por aqui.

—Eles parecem animados com meu retorno-Brinquei baixinho, mas Peter escutou, pois estava bem ao meu lado. Ele tirou os olhos de mim para observar os meninos, e, então, deu uma risada curta.

—Alguma hora eles superam-Balançou a mão direita em sinal de "não tem importância"-Vamos, está quase na hora da música. 

O segui para perto da fogueira. Antigamente, gostava muito dessa parte do dia, era divertido ver os meninos perdidos dançando tão livremente em volta da fogueira, as vezes até me juntava a eles. Entretanto, não vim até aqui para passar férias, tinha que encontrar Henry, levar de volta pra sua família e ir embora desse lugar pra nunca mais voltar. 

Sentei no chão ao lado de Pan. Observava cada menino próximo, encontrei alguns poucos rostos novos, mas não achei o motivo de estar de volta nessa ilha.

—Procurando alguém?-Pan sussurou no meu ouvido, sobressaltando-me.

—Adivinha-Respondi seca. Ele não é nem um pouco idiota, óbvio que sabe exatamente o motivo da minha vinda acompanhada daquelas pessoas. Pan apenas deu seu típico sorrisinho.

—Ele está bem ali-Apontou para um lugar mais afastado, onde um garoto menor conversava com um menino bem alto e rosto coberto, Félix- Mas é claro que não queremos que haja interação entre vocês, não é?

Olhei para ele descrente.

—Então por que nos trouxe para o mesmo lugar?

Peter aproximou seu rosto do meu, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. O toque fez com que me afastasse um pouco dele.

—Porque é mais fácil te vigiar aqui-Falou em tom sério- E porque esse é o seu lugar.

—Acho que eu posso decidir qual lugar é melhor pra mim-Murmurei emburrada, virando o rosto para o lado.

Ficamos em silêncio, mas ainda sentia os olhos dele me observando. 

Pensei que nossa conversa havia terminado, então, me levantei. Entretanto, assim que me pus de pé, ele voltou a falar.

—Sabe o que eu acho?- Me virei para encarar Peter.

—Infelizmente ainda não consigo ler mentes.-Disse irônica, mas ele ignorou.

—Você está mentindo para si mesma.

—Como é?-Cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.

—Está tentando se convencer que seu lugar não é aqui, mas sabe que está errada.-Respondeu calmamente.

—E você está certo, não é?-Me irritei-Afinal, você está sempre certo. Peter Pan sempre sabe tudo, né? Peter Pan Pan nunca falha!

O cretino teve a audácia de rir, me deixando com mais raiva.

—Não posso discordar das suas palavras-Abriu um sorriso largo. 

Bati o pé no chão e virei para sair de perto dele. Tinha esquecido como ele era convencido.

Dei apenas dois passos antes de escutar uma música atrás de mim, isso me fez parar e encarar Pan novamente. Como suspeitava, ele estava tocando sua famosa flauta. 

Aquela triste melodia que há tanto tempo não escutava fez a raiva dentro de mim se dissipar rapidamente, ela foi substituída por uma mistura de nostalgia e melancolia. 

Peter não tirou os olhos dos meus nem por um segundo durante todo tempo. Naquela hora, esqueci tudo a minha volta, minha concentração estava voltada para aquela música, e todas as sensações que ela causava.

No final, Peter abaixou a flauta lentamente, ainda sem desviar os olhos.

—Ainda consegue escutar, não é?-Sua voz era serena. Não apresentava nenhum tipo de sarcasmo ou maldade, para variar. 

—Sabe que sim-Respondi com tristeza. Não tinha motivo para mentir, ele viu minha reação com a música. Mesmo assim, foi difícil dizer a verdade, porque aquilo era admitir que ele estava certo, eu continuava sendo uma menina perdida.

                                                  ***

Observava de longe Peter falando com Henry. Vi ele tentar tocar a flauta para ele, mas não deu certo, bom sinal. 

Os meninos perdidos estavam dançando alegremente em volta da fogueira, enquanto eu continuava sentada no mesmo lugar de antes. Não podia ver, mas tinha certeza que alguns garotos estavam escondidos perto de mim, me vigiando.

 Minha confirmação veio quando me levantei e o som do farfalhar das folhas se fez presente, denunciando que eles estavam prontos para me seguir onde fosse. Revirei os olhos.

—Estou cansada-Falei em voz alta, sabendo que estavam me escutando- Será que algum de vocês pode me levar para o lugar que dormirei?

Felix saiu de trás da árvore a minha direita no mesmo instante. Sem dizer uma palavra, andou em frente, fazendo sinal para que o seguisse.

Paramos em frente a uma casa na árvore, a reconheci no mesmo instante.

—É a casa do Pan.

—Estou ciente disso-Felix falou entediado.

—Não pode me levar para dormir em outro lugar?

—Essas foram as ordens.

—Continua um homem de poucas palavras, hein?-Disse em tom brincalhão. Felix, como esperado, continuou com o mesmo semblante inexpressivo.

—Faço o que Pan manda, mas isso não quer dizer que preciso conversar com você, ou fingir que estou feliz com a sua presença.

Essa doeu. Devia esperar que algo assim viesse dele.

—Então talvez essa não seja uma hora oportuna pra dizer que é bom te ver-Dei um sorriso amarelo para ele. 

Felix nem se deu ao trabalho de me responder, deu as costas e foi em direção da fogueira. Soltei um longo suspiro vendo meu ex melhor amigo saindo de perto de mim.

Em seguida, vendo que não tinha escolha, subi as escadas da casa na árvore. 

Por dentro, ela continuava do jeito que me lembrava: uma cama encostada na parede, a mesinha de cabeceira ao lado, onde estava a vela acesa, um pequeno armário na outra parede, e uma estante de livros. Pequeno, mas, surpreendentemente, aconchegante. 

Sentei na cama, tirei primeiro o casaco, e o taquei no chão ao meu lado, em seguida tirei as botas. Depois me joguei no travesseiro, me enfiando em baixo das cobertas logo em seguida, fechei os olhos, e sabia que o sono não demoraria para chegar, estava realmente cansada. 

No entanto, meu momento de paz não durou muito, porque o dono do quarto apareceu, em toda sua infinita inconveniência.

—Já está dormindo? Tão cedo?-Mesmo sem abrir os olhos, tinha certeza que ele estava sorrindo. Não falei nada, apenas virei de barriga para baixo e soltei um resmungo com a cara enfiada no travesseiro, o gesto fez o babaca rir.

Peter tinha passos silenciosos, então não escutei ele se aproximar da cama, mas senti quando se sentou nela, e ouvi suas botas sendo jogadas no chão.

—Podiamos usar esse tempo para fazer coisas melhores, relembrar os velhos tempos-O som da voz dele tão próximo ao meu ouvido fez meu corpo enrijecer. Nem tive tempo de reagir antes de sentir os lábios dele no meu pescoço, Peter foi descendo os beijos pelas minhas costas. Então, lembrei que ele era um monstro, e chutei ele para longe de mim, fazendo com que ele caisse da cama.

—Vai pro caralho, Pan.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam do cap!
Até mais.