Calor escrita por Half Fallen


Capítulo 1
Capítulo Único - Seu Calor


Notas iniciais do capítulo

Oi lá!! Obrigada por virem ler essa fic, me desculpem qualquer erro, faz muito tempo que eu não escrevo Fairy Tail !! Espero que gostem ;w;



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Hoje a guilda amanheceu um tanto... Ah, a quem estou querendo enganar? Após tanto tempo, a guilda amanheceu numa farra. Fazia-me lembrar dos tempos onde a única coisa que nos preocupávamos era farrear todo o tempo, brigar e beber e era só isso que importava.

Entretanto, tanta coisa acontecendo fez Fairy Tail ficar um tanto melancólica. Preocupava-me com isso, imensamente, mas, pior ainda era chegar neste lar e perceber o olhar de todos virados para o chão.

Então, quando Fairy Tail amanheceu em festa, deixei um suspiro escapar e um peso que eu nem sabia da existência sair das minhas costas. Não entrei nesse clima de festa imediatamente, não, permiti-me apreciar o lugar com aquela luz que há muito perdera. Sentei-me ao balcão, a frente de Mirajane e lancei-lhe um sorriso amargo.

Ela devolveu-me o sorriso, de uma forma melancólica e gentil ao mesmo tempo. Sem que eu pedisse, despejou em uma caneca hidromel recentemente produzido e pôs a minha frente.

— São tempos difíceis, não é mesmo?

Concordei, sem nada responder. Segurei a caneca, mas não tomei um gole dela. Encarei o conteúdo como se minha vida dependesse dele. E parece que encarei por tanto tempo que Mirajane tocou a minha mão.

— Gray, você não precisa esconder o que sente. Você pode conversar com alguém da guilda. Esse fardo não é só seu para levar.

Sábias palavras de uma gentil mulher. Entretanto, como eu iria falar para alguém tudo o que eu sentia se nem mesmo eu sabia o que era? Soltei a caneca de hidromel ao perceber que estava a apertando demais. Mirajane mais uma vez tomou a minha mão e a acariciou com o polegar.

— Estou aqui se precisar conversar. 

Lancei-lhe um sorriso grato, dessa vez sem amargues, mas imitando o dela: cheio de melancolia. Seus olhos, tão gentis, levantaram-se para um lugar além de mim e ela sorriu grande. Parecia que toda a melancolia havia fugido de si.

— Olha só quem chegou!

E eu olhei para trás e o vi. Arregalei meus olhos àquela visão, não ao fato de ele estar mais esquisito do que já era, mas pelo simples motivo de que ele brilhava mais que toda a guilda junta. 

Ou seria apenas eu a estar vendo assim?

Tomei um gole do hidromel e foi o suficiente para que ele olhasse para mim. Abriu um sorriso tão grande que meu coração falhou uma batida e logo tomou a feição arteira. Isso ele não perdia.

— GRAAAAAAAAAY!

O seu grito fora mais alto que o necessário e me fez recuar. Droga, eu estou aqui pensando na boa e ele quer logo vir me interromper? Veio correndo em minha direção, parando a poucos metros de mim e disse com a animação de sempre:

— Vamos lutar!

— Não.

— Mas você quer!

— Quero não.

— Quer sim, você tava me olhando.

— Eu não posso te olhar agora?

— Apreciando a vista?

— Vai cagar, Natsu.

— Já fiz, vamos lutar!

— Não!

Ele olhou para mim, fez um bico antes de gritar bem alto:

— VAMOS LUTAR GRAY!

— EU TO DO SEU LADO, MONGOL.

Desferi um soco nele ao ter meus preciosos ouvidos machucados por aquele infeliz. E lá veio ele com outro soco. Dei outro e ele outro, mas, quando ele veio para me socar de novo parou com o punho a centímetros de meu rosto.

— Gray... o que aconteceu?

Arregalei os olhos. O que aconteceu?

— Nós, estamos lutando, ué, não era isso que você queria?

— Não é isso... Você fez uma cara agora. Vamos... lutar depois, tá?

 

Peguei-me desprevenido e assisti com medo o virar de costas para mim.

Não, não vá. Fique mais um pouco. A gente pode lutar, vamos-

— Gray?

Sem que eu percebesse havia tomado-lhe pelo pulso. Seus olhos, confusos, inocentes, interligaram-se com os meus e eu me perguntei tanto o que ele estava pensando. Havia tanta coisa de uma vez só... Natsu e seus problemas, o fato de que ele tornaria-se um monstro, o fato de que eu- Era tanta coisa ao mesmo tempo e eu não havia tido nenhum tempo para...

— Não é nada, desculpe.

Soltei-lhe o pulso e virei-me para a porta da guilda, indo para fora, querendo pensar. Sentei-me ao lado dos portões, na parede e suspirei alto. Olhei para o Céu, o sol tão forte que cegava. Mesmo assim, não me incomodava.

Afinal, parecia muito com ele, não é?

E como eu o agradecia por isso. Ele emana calor, calor de carinho e amizade. Calor de persistência. Calor de proteção. Calor de felicidade. E tudo isso me atingia e me fazia crescer. Entretanto, havia um calor diferente em mim, calor provocado por ele.

Era um calor abrasador, queimava meu peito e espalhava por todo o corpo. Nublava a minha mente quando ele estava perto, me fazia atento ao passo de sua respiração. Me fazia tremer se me tocava, fazia-me suspirar ao pensar nele. Me faz paralisar, desesperar ao mero pensamento de perdê-lo.

Era um calor que não tinha nome.

— Gray.

Falando na peste.

— O que aconteceu?

Sentou-se ao meu lado sem cerimônias, olhando-me atento como se tentasse desvendar todos os meus pensamentos. Encarei-o de volta por pouco tempo, antes de suspirar e massagear o rosto.

O que eu deveria dizer? Toda essa baboseira sobre 'calor' iria confundi-lo ainda mais, até porque, para Natsu não se precisa de muito para confundir. Ele já era uma confusão.

Olhei para o Céu.

—  Você é muito explosivo. - comecei, sem perceber - Não sabe ficar quieto, incomoda com esse seu otimismo desenfreado, incomoda quando grita no meu ouvido mesmo eu estando ao seu lado.

— Ora, não é por isso que lutam-

— Você me incomoda por tantas coisas e mesmo assim, mesmo que nós briguemos mais do que conversamos, percebo cada vez mais o quão você trás luz na minha vida. Sempre foi assim, não é?

Natsu ficou quieto. Não arregalou os olhos, nada fez. Só me observou. Eu sentia seu olhar em mim e senti-me obrigado a olhá-lo de volta. Estava nervoso, mastigando meu lábio inferior.

— O que você quer dizer com isso? - Natsu perguntou, genuinamente confuso

—... Deixa pra lá. - suspirei e passei a mão no rosto. - Nós devemos voltar para lá, lutar e, sei lá, voltar ao normal.

— Não. - interveio ele, pondo a mão no meu braço - Me explica.

Olhei para a mão em meu braço, forte, segurando ali com tudo o que tinha. Sem pensar duas vezes, pus minha mão em cima da dele e isso o fez se surpreender um pouco embora não tenha recuado.

— Eu... não sei, Natsu. Você só tem essa coisa. Olha, você ilumina a guilda toda, isso é óbvio. E você não gosta de mim, isso também é óbvio. Mas, sei lá, eu só... - inspirei fundo - Você emana calor. E esse calor em mim tem um efeito que não tem nos outros. É abrasador, me queima - Natsu preocupou-se ao termo -, mas, não, você não me machuca. O que me machuca é não poder acordar e ver você... O que me machuca é o pensamento de-

Olhei para Natsu nos olhos e ele estava preocupado, ouvindo com atenção tudo o que eu dizia. Minha voz ameaçou embargar e eu engoli para que nada embaraçoso acontecesse:

— O pensamento de acordar e você não estar mais aqui.

— Ora, mas eu sempre vou estar aqui, Gray. Eu sou invencível. - suas palavras tinham otimismo, mas eu ouvia a verdade atrás delas. Ele sabia que não. 

— É... eu espero.

Caímos num silêncio carregado de tristeza e solidão. Soltei a sua mão e ele a tirou do meu braço, encostando-se na parede e olhando para o Céu também. 

— Você é frio. - disse Natsu e eu senti uma pontada de dor - Você é capaz de desanimar tão rápido, você também grita quando eu estou do seu lado. Você me congela quando me olha e eu fico nervoso de soar frio quando a gente tá assim, próximo, sabe? Inclusive agora subiu um calafrio. Você me acalma. Não sei se isso pode ser relacionado ao que você sente, mas, espero ter ajudado...

Olhei-o com os olhos arregalados. Ele não fazia ideia do que havia acabado de falar. Não que fosse uma declaração, mas, Céus, era só o que eu precisava. Tomei seu rosto em minha mão e o virei para mim, a ponto de selar meus lábios nos seus.

Senti-o se assustar e arrepiar, sem saber o que estava acontecendo. Senti-o tremer também quando tentou levar sua mão para o meu ombro, desajeitado. Arfei e olha que nem beijando nós estávamos, mas estava sentindo-me quente.

Então comecei a beijá-lo, simples, devagar. Nós não combinávamos nem no beijo. Foi desajeitado, não sabíamos o que fazer. Mas, aí ele mordeu meu lábio e puxou-me, abraçando e beijando-me fervorosamente. Devolvi na mesma intensidade, abraçando-o de volta. E aí nós encaixamos. 

O beijo foi intenso, eletrizante e sugava todo o nosso ar. O suficiente para termos que separar. Estávamos sugando o ar fortemente, olhando-nos, rostos quentes e corados.

— Você tá sugando o meu ar. - reclamei

— E daí? Vai me bater por isso?

— Talvez.

Nossas respirações encontraram um passo mais lento à medida que nos acalmávamos. E então, fechei os olhos.

— Isso está mesmo acontecendo?

— Não sei... tá?

— Acho que sim.

— Você beija mal.

— Você também.

Levei uma mão para os seus cabelos e acariciei gentilmente. Senti-o reprimir um som que eu julgava ser um ronronar. Inspirei fundo.

— Não morra.

— Não vou.

— Como você pode saber?

— Porque eu te prometo que eu não vou. E eu não quebro promessas.

— Natsu, se eu perder-

— Você não vai. Para de ficar me matando, caramba! Eu to aqui.

Abri os olhos e o vi com otimismo nos olhos. Otimismo honesto. Sorriu mais ainda quando o olhei e então, ele estendeu a mão.

— Eu prometo, Gray, eu vou te perturbar até o fim dos meus infinitos dias.

Olhei para a mão dele e a tomei na minha, apertando-a como fazíamos. Rimos um pouco e arrisquei outro beijo em seus lábios e fui recebido com felicidade, reciprocidade. 

Então, quando nos separamos, ele olhou para mim e levantou.

— Eu tô com fome. Vou ir pegar algo com a Mirajane.

— Tá bom.

— Você... quer vir?

— Daqui a pouco.

Ele encarou-me com um sorriso tímido. E aí percebi que o que sentia por ele era forte. Mesmo assim, tão gentil. Era como se tudo fosse dele e por ele. Como se tudo o que eu fizesse tivesse apenas um significado: ele. Era como se tudo... Como pude ser tão burro? Estava tão óbvio, a resposta estava a minha frente!

Levantei-me e acariciei seu rosto mais uma vez. Ele sorriu.

— Okay, já volto, então.

E deu-me as costas. O observei ir adentro de Fairy Tail e com um sorriso que há muito eu não dava, um sorriso puro de felicidade, disse:

— Eu te amo, Natsu.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Por favor, deixem um comentário e me perdoem qualquer coisa ;A;
Obrigada por lerem ♥