Soulmates escrita por June


Capítulo 4
Penélope


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Era o primeiro dia da detenção de James e Julie já queria que ela acabasse. O castigo dele era limpar o máximo de troféus que conseguisse. Com mais de 1000 anos de idade e considerada a melhor escola da Inglaterra, Hogwarts possuía inúmeros troféus. James sabia que mesmo trabalhando incansavelmente durante os dez dias, ele não conseguiria limpar nem metade dos troféus.

Haviam se passado apenas vinte minutos quando Julie começou a se sentir entediada. Ela não tinha muita coisa com o que se entreter naquela sala. Havia trago os cadernos, mas a mesma já completou todos os deveres da semana. Ela se odiou um instante por ser tão responsável.

Pensou em abrir o caderno e desenhar, porém, ela nem gostava daquilo. Queria ter trago um livro ou pelo menos um carregador para o seu celular. Seu único passatempo naquele momento era observar James limpando objetos enquanto cantarolava uma canção.

Olhando o limpar Julie mal podia imaginar seus pensamentos. James se esforçava ao máximo naquele momento para não demonstrar medo. Por mais que a garota estivesse sempre por perto junto de seu irmão, James não a conhecia muito bem.

 Como todos que a não conheciam ele a considerava arrogante, cínica e incapaz de possuir sentimentos. Tinha mais medo dela do que tinha de todos os seus professores juntos. Julie não aparentava ser tão assustadora, mas ele conhecia um pouco do seu lado mau.

Na época em que ele era um babaca e vivia implicando com seu irmão. Ela e Rose eram sempre as que o defendiam, porém enquanto Rose partia para agressão, Julie feria as pessoas com palavras. O último discurso dela o convenceu a mudar de comportamento mesmo que ele nunca admitisse isto para ninguém.

James tinha medo do coração de gelo dela, pior tinha medo do que ela era capaz.

Mal sabia ele que a menina não poderia ferir nem uma mosca. Ao contrário do que ele pensava Julie não era do mal. Inclusive era a monitora mais boazinha da escola. Era a que aplicava menos detenções e quando aplicava eram as menos severas.

 Agora que era monitora chefe ela teria de ser mais severa, mas ela já estava começando a achar que ser chefe não mudava muita coisa. Só duas coisas na verdade, ela teria de vigiar para que os novos monitores não abusassem do poder e passaria horas sentada observando alguém cumprir a detenção. Parecia tudo muito cansativo. No momento tudo que ela queria era seu joguinho de cirurgia ou os episódios de uma série. Ela precisava se livrar do tédio, por isso sem pensar no quanto estranho aquilo soaria e perguntou:

― Potter. – Ele que estava se preparando para ela se transformar num monstro, se virou imediatamente. – Você tem algum joguinho no celular?

Ele ficou um pouco surpreso com a pergunta dela, se perguntou se ela falava sério. Parecia que sim.

― Infelizmente não, Greengrass. – Ele respondeu voltando sua atenção para os troféus.

Ela enfim se rendeu ao caderno e o abriu começando a desenhar. Começou desenhando unicórnios no final do arco-íris e quando viu eles se tornaram cavalos demoníacos vivendo perto de um abismo. James observou a evolução do desenho achando engraçado.

Aquela foi a primeira vez que ela o fez sorrir.

xxx

Quarta-feira era o dia em que saíam os resultados do futebol. Albus e Scorpius deviam ter ficado ansiosos, mas os dois não podiam estar mais tranquilos. Foram os últimos a ver a lista no mural. Scorpius olhou para lista e sem desviar os olhos da mesma levantou a mão. Albus imediatamente bateu nela, e os dois sorriram.

 Estavam felizes, mas o fato de o terceiro nome da lista ser Lysander Scamander, os deixaram um pouco enojados. Ele era o cara mais odiável da escola, vivia fazendo bullying e arrumando brigas com qualquer um que visse pela frente. Ninguém imaginaria que o garoto era filho de Luna Lovegood.

Durante o almoço foi a primeira vez em que Albus tocou no assunto da festa de Mateo. Ele não mencionou o vizinho, na verdade nunca falou para os amigos que ele existia. Albus não tinha medo da reação deles se soubessem que ele gostava de um menino.

Scorpius havia se assumido bi, dois anos atrás, a reação dos amigos foi boa. Nem chegaram a ficar surpresos. Ele sabia que os amigos o aceitariam, mas mesmo assim não se sentia pronto para falar sobre aquilo.

Os três estranharam o fato dele querer ir em uma festa, entretanto não disseram nada. Scorpius inclusive já tinha sido convidado para festa. Nenhum deles tentava entender a vida social de Scorpius, ele estava sempre saindo com pessoas diferentes. Nem o próprio sabia direito como ele tinha tanto amigos diferentes.

Nenhum dos três se mostrou animado com a festa. Rose tinha planejado uma maratona de série e Julie odiava festas. Ela pensou em uma desculpa para não ir, quando finalmente achou uma aceitável. Scorpius a desmascarou:

― Como você vai ajudar o papai se ele nem vai estar em casa? Sábado, é dia de plantão.

― Tá bom, vou ser mais simples, não quero ir. – Ela revelou. Aquilo não chocou a ninguém, eles estavam acostumados.

― Ah, mas você devia ir. - Scorpius respondeu brincando. – Vai que você encontra lá, um cara melhor do que o Wright.

Julie pensou em defender o namorado, porém ela também já estava cansada dele. Não sabia se eles durariam até sábado.

― Quem me dera. – Como se tivesse comido algo estragado, ela fez uma careta. Quando alguém fazia aquela cara ao mencionar o namorado significava que era hora de terminar.

Os três amigos notaram aquilo e trocaram olhares preocupados. Não era a primeira vez que Julie parecia frustrada com o relacionamento. Scorpius se arrependeu de ter tocado no assunto. Na maioria das vezes, ela encarava aquilo como uma piada. Nesta vez ela parecia falar sério.

― Ele fez merda de novo, Julie? – Rose perguntou preocupada.

― E quando que ele não faz, Rose? – Julie respondeu frustrada.

Ela colocou as mãos no rosto e soltou um argh, alto demais. Rose trocou outro olhar com Scorpius e Albus, para ter certeza se eles pensavam a mesma coisa.

― Fala sério, você ainda gosta dele? - Albus perguntou, calmamente.

― Gosto, quer dizer, não. Aí eu não sei. – Ela disse muito rápido. – Ele tá diferente desde que começou as aulas. Não sei se ainda gosto dele.

O silencio ficou por um tempo, enquanto eles tentavam pensar em algo para dizer. Julie tirou a chance deles de tentar quando pediu para mudar de assunto. Sua mente ao contrário de seus amigos se recusou. Pensou sobre aquilo durante muito tempo.

Precisava urgentemente conversar com Thomas.

Deu sorte de sua última aula ser junto com a Lufa Lufa. Em geral, ela odiava as aulas que não eram junto com a da Grifinória, pois ela tinha de se separar de Rose, e Albus e Scorpius sempre se sentavam juntos. Ela ficou muito feliz quando recebeu o horário do ano. Ela só teria duas aulas com a Corvinal, duas com a Lufa Lufa e o resto seria com a Grifinória.

Pela primeira vez ela estava feliz em não estar na mesma sala de aula que Rose. Pensando em tudo que ela queria conversar, Julie se sentou na última carteira e reservou a do lado para Thomas, porém ele não apareceu.

Ela achou muito estranho, por isso ligou para o garoto três vezes e nas três caiu na caixa postal. Desistiu, portanto, mandou uma mensagem para ele. Assim que terminou de digitar notou que estava atrasada e saiu correndo para chegar na sala de troféus.

Quando virou no corredor trombou diretamente com James, que já estava esperando para poder entrar na sala. Bateu a cabeça no ombro dele, bem no osso. Ela gritou e começou a massagear o lugar aonde havia batido fazendo um terrível careta.

― Você tá bem? – James perguntou.

― Tô. – Ela simplesmente disse enquanto pegava a chave em sua bolsa para poder abrir a sala.

― Tá atrasada, Greengrass.

― Eu sei, Potter.

Ela abriu a porta, e em seguida o armário de troféus. Ainda massageando a área afetada, colocou a cadeira perto de onde tinha uma tomada. Dessa vez ela havia se lembrado de trazer seu kit anti-tédio. Se sentou se perguntando como aquilo poderia estar doendo tanto. Parou de massagear e tentou ignorar a dor. Achou graça quando percebeu que não era só sua cabeça que doía, mas também seu coração.

Juliette Greengrass sofrendo por causa de um garoto, aquilo só poderia ser uma piada.

xxx

Logo na manhã seguinte, Julie recebeu uma ligação do namorado. Ele pediu desculpas umas trinta vezes e disse que havia viajado com a mãe para o outro lado da Inglaterra. Ela apenas disse por que, ele afirmou que a mãe não queria deixar ele e a irmã sozinhos e ela não havia achado ninguém que pudesse ficar de babá. Prometeu que já estaria lá no dia seguinte.

 Se ele tivesse uns catorze anos Julie até acreditaria, mas ele havia acabado de completar dezessete, já estava muito velho para aquilo. Ela o ouviu falar sobre onde estava e o que estava acontecendo por um bom tempo, não disse absolutamente nada durante a ligação. Quando ele finalmente disse tchau, ela desligou o telefone sem nem ao menos responder.

Botou na cabeça de que tudo que ele disse era mentira. Estava tão acostumada com elas. Pensou o dia inteiro sobre Thomas, a pergunta de Albus repetindo em sua cabeça. Você ainda gosta dele?

Naquele dia, ela foi a primeira a chegar a sala de troféus. Antes até que James chegasse, ela colocou os fones de ouvido e se sentou perto da janela. Encarando o entardecer, vendo o céu mudar de cor, ela pensava no seu relacionamento. Tudo passava por sua mente. A primeira conversa, o primeiro beijo, a primeira vez e até o primeiro encontro com a sogra. Parecia tudo muito bonito, muito feliz, porém olhando as nuvens e o sol desaparecer Julie percebeu que nunca houve um primeiro eu te amo. Aquele pensamento a atingiu profundamente.

Ela nunca o amou realmente.

James reparou o quanto Julie estava triste. Olhando para janela, parecendo desolada. Queria poder abraçá-la ou dizer algo que a fizesse se sentir melhor. Se sentiu mal por não poder fazer nada por ela, eles não tinham intimidade o suficiente para ele poder consolá-la. Lembrou-se de que a três dias atrás estava pensando que ela era uma rainha do mal e agora estava pensando em como consolá-la. Parecia até uma piada. Ele passou muito tempo encarando Julie.

A pele dela era morena e sua perna era cheia marcas de machucados feitos na infância. No rosto ela não tinha nem uma espinha, era perfeitamente liso, porém ela ainda tinha olheiras que mudavam de acordo com sua quantidade de horas de sono. O nariz era achatado, seus olhos grandes e pretos. Pretos como seu cabelo que era o mais lindo que James já vira. Ele era todo cacheado e longo, como uma Rapunzel negra. Julie também era fofinha. As pernas dela eram gordinhas e suas mãos também, não parecia nada com uma capa de modelo. Ela tinha curvas sensacionais, mas naquele momento estavam escondidas pelo uniforme comprado de um tamanho maior.

Julie era linda de seu próprio jeito e aquela foi a primeira vez em que James percebeu isso.

xxx

Julie nunca quis brigar, ou gritar. Ela acordou na sexta-feira pronta para ter uma conversa civilizada com Thomas. Pronta para dizer que acabou. Planejou exatamente como faria, como falaria e ainda fez Rose aprovar o monólogo. Sexta feira, era o dia em que o tempo da tarde era livre para os alunos escolherem suas atividades. Rose e Julie faziam parte do jornal da escola, o que significava que elas passavam mais tempo fazendo nada do que trabalhando.

O jornal não demandava muito trabalho, ninguém esperava uma boa noticia ou um bom texto. Por isso eles sempre deixavam tudo para última hora. Era trimestral, poderiam fazer vários nadas por muito tempo. Além delas, a equipe do jornal tinha mais dois integrantes: Roxanne Weasley e Jim Montgomery.

Juntos os quatros decidiram que a tarefa do dia era assistir um bom filme. Quer dizer, não era um bom filme. Pelo menos, não para Julie, foi muito fácil para ela sair faltando dez minutos para o filme acabar. Havia marcado um encontro com Thomas, quer dizer uma reunião de emergência.

Caminhando pelos corredores de Hogwarts, Julie avistou Ashley Martin. A lufana estava no mesmo ano que ela e parecia que alguém havia socado a cara dela. Os olhos dela estavam vermelhos, como se ela tivesse acabado de chorar e ela usava um moletom azul masculino.

Julie primeiramente ficou curiosa com a situação, mas aquele moletom ela conhecia muito bem. Como se um balde de água fria caísse sobre sua cabeça, ela percebeu que aquela roupa era de Thomas. Sabia porque bem perto de onde estava escrito uma marca, tinha um pequeno J dentro de um coração. Ela o havia desenhado. Quando viu aquilo era parou de andar e subitamente se dirigiu a Ashley:

― Você tá usando a blusa do meu namorado? – Direta e seca, as palavras pegaram a menina de surpresa.

Ashley ficou muito vermelha, e gaguejou quando disse não. Ela não precisava responder Julie sabia que sim. A raiva tomou conta dela, a tornando um furacão. Tudo fazia sentido agora, ele estava agindo estranho porque estava a traindo. Os punhos das mãos se fecharam e sem nem ao menos olhar novamente para a lufana, Julie começou a andar mais depressa para aonde Thomas a esperava. Queria gritar, espernear e bater na cara dele o mais forte possível.

Thomas havia preparado um picnic para sua namorada. Preparou o sanduiche e o suco preferido dela. Tinha a playlist perfeita pronta para tocar e pronto para pedir desculpas por todas as recentes burradas. Não planejou contar para ela o que fez com Ashley, prometeu a si mesmo e a lufana de que nada mais aconteceria.

Olhou para tudo que havia preparado e se sentia orgulhoso. Tinha um sorriso no rosto só de pensar que tudo ficaria bem, porém ele logo desapareceu quando viu a namorada caminhando furiosa até ele. Antes mesmo dela começar a falar, ele já sabia o motivo. Ele sabia que havia pisado na bola.

― Não diz nada, me deixa explicar primeiro. – Ele disse assim que ela chegou perto o suficiente.

― Não. - Julie olhou com desprezo para o picnic preparado por ele. Sentiu o cheiro do suco de manga, fruta muito rara de encontrar na Inglaterra, mas ainda sim sua preferida.

Ela olhou do picnic para ele. Sua cabeça girava de confusão, se sentia uma idiota, uma palhaça. Como ela poderia tê-lo deixado fazer ela de trouxa? Tinha tantas perguntas, porém não queria respostas, não queria nada que viesse dele.

Ele começou a falar tinha algum tempo, mas ela não prestou atenção. Via ele falar e sua raiva aumentava, queria fazê-lo calar a boca. Deu um tapa forte no rosto dele, fazendo um barulho terrivelmente alto. Foi quando Ashley, que já os observava a algum tempo resolveu intervir. Julie estava preparada para descarregar todo o remorso nele quando ela chamou atenção para si.

― Você não fez isso. - Ashley disse. – Você não tem o direito nenhum de julgá-lo. Foi você que destruiu o relacionamento. Não pode culpa-lo por ter te traído quando você não foi mulher o suficiente para agradar. Todas as vezes que você recusou fazer algo que ele gosta, mesmo ele tendo feito tudo por você. Ele me procurou, porque você não estava disponível para ele. – Ela gritava. – Ele dizia que você era diferente, mas você não passa de uma sonserina má, fria e sem coração. Não tem o direito de bater nele quando a culpa é toda sua.

Ashley por fim respirou fundo se sentindo satisfeita, mesmo só tendo olhares de ódio sendo direcionados a ela. Julie queria contestar, mas naquele momento as palavras dela pareciam fazer sentido. Imediatamente, toda a raiva que ela sentia se transformou em tristeza.

Tudo se tornou embaçado quando ela disse acabou, saindo correndo para bem longe. Correu até ver um lugar aonde poderia chorar sem ser incomodada. Sentou-se embaixo do velho Salgueiro da escola, juntou seus joelhos e enterrou sua cabeça neles. Chorando por ter sido tão trouxa, por saber que poderia ter feito diferente.

Fazia vinte minutos que James esperava por Julie em frente a sala de troféus. Naquele ponto ele começou a ficar estressado, queria chegar em casa o mais rápido possível. Sabia que se Julie chegasse ali e não o visse, sua detenção seria muito pior. Decidiu pôr fim procurá-la e prometeu a si mesmo que se não a encontrasse daria o fora dali.

Saiu para fora do castelo procurando em todos os cantos. Estava prestes a desistir quando chegando perto do Salgueiro Lutador começou a ouvir um choro. Não era alto era mais como um sussurro com alguns soluços entre eles. Primeiro, ele achou de fosse a árvore, havia ouvido historias estranhas sobre ela.

Numa escola com mais de 1000 anos de idade é isso que acontece, uns babacas inventam uma história patética que depois de um tempo passam a ser consideradas verdade. Ele se aproximou fez carinho na árvore e colocou o ouvido nela para ter certeza de que era ela que fazia o som.

― Vai ficar tudo bem. - Ele disse fazendo carinho na planta.

De repente o choro para, ele sorri achando que resolveu o problema da arvore. Não era a árvore que estava chorando.

― James? O que você está fazendo? – Julie disse entre risos.

Ele conhecia muito bem a voz dela, ela passava mais tempo em sua casa do que na dele. Se conheciam desde os onze ou doze anos e ainda sim nunca havia visto ela chorar. Na verdade, ele ainda acreditava na teoria de Dominique e Fred sobre a garota não ter a possibilidade de sentir qualquer coisa. Com os últimos dias ele estava começando a achar que eles estavam errados. Julie chorou e riu em menos de 15 minutos. Sem contar as horas na detenção em que a garota parecia sentir até demais.

― Estou consolando a árvore, olha, ela está muito triste. - James disse sem olhar nos olhos dela.

Já havia cometido o mico, a única coisa que ele podia fazer era torná-lo uma grande piada. A garota apenas riu mais.

― Uma boa ação, não sabia que era capaz disso. - Julie disse parando de rir.

A barriga doía de tanto rir, de nervoso ou por graça, ela não sabia, talvez os dois ao mesmo tempo. Ela parou de rir quando a lembrança do motivo de estar chorando a atingiu como um meteoro. Ela queria que aquilo fosse deletado de sua mente, porém ela não conseguia. Sem pensar muito, ela fez o que nunca faria, abraçou a árvore também.

― Vai ficar tudo bem árvore. Vai dar tudo certo. - Ela disse enquanto abraçava a árvore.

James não esperava por aquilo, ficou surpreso até. Ela não só tinha sentimentos como também fazia piadas.

― É, perdoa essas pessoas malvadas. Eu e Julie gostamos de você.

― Sim, nós te amamos árvore.

Então, os dois riram. James foi o primeiro a largar a planta e sentar. Julie se sentou bem perto dele. Quer dizer, não perto o suficiente para dizer somos amigos, mas perto o suficiente para dizer você até que é legal. Pelo menos era o que sua mente dizia. O garoto era inteligente, mas ele não achava que aonde ela sentasse pudesse ter um significado. Eles riram de si mesmos até a graça se perder.

― Então, você sabe que árvores não ficam tristes né? – Julie disse quebrando o silencio.

―  Shhh. – Ele colocou o dedo sobre a boca. Um sinal para ela ficar calada. - A Penélope, está te escutando, Greengrass.

― Penélope?

― O nome da árvore, oras. – James deu de ombros e Julie riu mais.

Geralmente ela era fria e calculista. Não pegava um copo d’agua sem pensar em exatamente como faria isso. Sempre tinha um plano, nunca falava sem pensar ou agia por impulso. Mas hoje não era seu melhor dia. Não conseguia formar um plano nem sequer pensar. Só fazia a primeira coisa que passava em sua mente. Na verdade, tudo que ela queria era que James fosse embora para que ela pudesse chorar.

Chorar por que o mundo era um lugar terrível, chorar por que ela não conseguia expressar seus sentimentos, chorar por ela ser tão estupida. Ela era como Penélope, aparentemente sem coração, sem alma, mas ao mesmo tempo cheia de sentimentos e esperanças. Julie queria voltar para antes de ter aceitado namorar com Thomas, melhor ela queria que Wright não fosse um patético traidor.

― Penélope está triste, mas não era ela que estava chorando. - James disse olhando para ela, em uma tentativa de fazê-la desabafar.

James olhou no fundo dos grandes olhos dela e de repente desviou o olhar. Tentava entender aquela garota, achava que a conhecia, mas para ele, Julie Greengrass não era o tipo de pessoa que abraçava árvores. Ela não era só aquela sonserina fria e calculista, ela era mais e agora ele estava determinado a descobrir esse outro lado dela.

Ele só não sabia como.

Ele tentava pensar em algo para dizer. Acabara de descobrir que odiava vê-la triste. Sempre fora um dos palhaços, aquele que fazia todo mundo sorrir, na verdade ele odiava ver qualquer um triste. Ele olhou para onde Julie desviara o olhar, na direção deles vinha Thomas Wright. Ele parou na frente da sonserina e ela não fez nada. Tinha um olhar de ódio e tristeza ao mesmo tempo, agora ela parecia a Greengrass que James conhecia.

―Vai embora! – Ela disse a Wright.

― Ju, você sabe que nada do que ela disse é verdade. Vamos conversar.

Ah, então esse é o cara que fez ela chorar. James pensou.

― Vai embora! - Ela repetiu, desviando o olhar.

 Aquilo havia começado a irritar o Potter de uma maneira profunda.

― A Ashley falaria qualquer coisa para me afastar de você. Ela é maluca.

― Wright, vai embora. - A voz dela estava triste, estava prestes a chorar novamente.

― Julie, me escuta. Não é o que você tá pensando. - Ele começara a se aproximar dela mas aquela era a gota d’água para James. O grifinório se levantou e ficou entre o Wright e a Greengrass.

― Você é surdo, Wright? Não ouviu a garota falando para ir embora.

― Isso não é da sua conta. Por favor, me deixe falar com a minha namorada. – Thomas falou tentando fazer James sair da frente.

― Ex.- Julie falou. - Ex-namorada.

―Julie, vamos conversar.

Por fim, ela se levantou. Cansara daquela ladainha. Limpou as lágrimas que caiam e pronunciou:

― Não, eu não quero conversar, nem agora, nem nunca. Não quero ver sua cara ou ouvir sua voz irritante e muito menos respirar o mesmo ar que você. Eu confiei em você. EU ACREDITEI EM VOCÊ, MERDA. Pensei esse parece ser um cara legal, por que não me apaixonar? E eu cai que nem uma trouxa. Por isso não tem conversa ou segunda chance. Então, pela última vez Wright. VAI EMBORA.

Um silencio se instaurou. As palavras dela foram pesadas e insuportáveis para Wright, mas ele era insistente.

― Não me venha com esse discursinho sonserino...

― Ela não quer te ver, faz um favor a si mesmo e vai embora. - Potter gritou. - Se não vai ser por vontade própria, vai ser forçado.

― Me forçar...- Thomas iria começar a rir, se não fosse o soco que o atingira no rosto.

Ele estava com raiva. Hogwarts inteira sabia que ninguém podia se meter com um Weasley nervoso, foi pensando nisso que Thomas finalmente foi embora. James esperou ele desaparecer para dentro do castelo para voltar sua atenção para ela.

― Você tá bem?

A sonserina estava sentada, olhava para onde o ex-namorado havia ido. Se perguntava se ela havia feito o certo. Uma outra parte de sua mente só pensava em como ela estava agradecida por James estar ali.

Seus cabelos grandes e cacheados tapavam metade de seu rosto. Isso dificultava as tentativas dele de tentar lê-lo. Ela parecia vazia como se aquilo não fosse nada, encarava o céu e tinha uma cara de mal. Ele se sentou ao lado dela e acrescentou:

― É obvio que você não está bem.

Ela não disse nada, no fundo esperava que ele fosse embora. Mas ele não iria. Não poderia de forma nenhuma deixá-la sozinha. Julie ainda encarava o vazio, se xingando mentalmente. Ela limpou as lágrimas que caiam no rosto e começou a pensar claramente.

― Potter, você não tem uma detenção a cumprir? - Ela arqueou uma sobrancelha e um pequeno sorriso apareceu em sua face.

― Acredito que eu deva ser dispensado, já que você sabe. - Ele falou incrivelmente sério. – Penélope precisa de mim.

― Você pode consolá-la outra hora. – Ela se levantou e começou a andar, mas James não saiu do lugar. Percebendo isso, ela se virou e olhou para árvore. – Penélope libere o James, é para o bem dele.

Estranhamente um vento passou naquele momento e as folhas das árvores se mexeram. Assustado, James se levantou imediatamente e a seguiu até a sala de troféus.

Julie pensou que aquele dia seria como todos os outros dias da detenção. Estava enganada. Ele destinou aquele tempo para fazê-la se sentir melhor. Fazia piadas e conversava com ela com a maior naturalidade. Era óbvio que ele não queria que ela pensasse sobre o ex, queria deixá-la feliz. No início, Julie achou tudo aquilo irritante e desnecessário, mas quando ele a deu uma carona para casa, ela o agradeceu por tudo.

Naquela noite ela não foi dormir pensando que perdeu um namorado, ela foi pensando que havia ganhado um amigo.


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Notas finais do capítulo

Olá....








Vocês existem?