Soulmates escrita por June


Capítulo 3
Test


Notas iniciais do capítulo

Olá gente. Aqui estou novamente. To animada com o que a historia está se tornando, amei escrever esse capítulo. Espero que vocês gostem também.;)



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A cada aula que se passava Albus ficava mais nervoso. Durante todo o dia não conseguiu focar sua atenção em nada. Julie teve de perguntar três vezes se ele estava bem, mas só pela cara dele ela sabia que a resposta era não. Ela foi a que mais ficou preocupada, mas foi Rose que o impediu de fugir.

Os três estavam indo em direção a última aula e haviam acabado de se despedir de Scorpius que como capitão do time, ajudava o técnico a preparar o teste. Albus começou a se sentir exatamente como no ano passado. Sentia vontade de vomitar de tanta ansiedade e parte dele queria dar meia volta e correr para casa o mais rápido possível. Ao seu lado Rose e Julie conversavam em código, ele e Scorpius viviam dizendo que elas têm um mundo somente delas. Parecia a oportunidade perfeita para fugir, estavam tão concentradas na conversa que nem perceberiam ele mudar de caminho. Pensando nisso ele parou e deu meia volta sem dizer uma palavra. Achava que tinha se dado bem até que ouviu a voz tão familiar de Rose:

— Ei Al, aonde você pensa que está indo? – Rose disse autoritária. – Você vai se atrasar para a aula de filosofia.

Rose sempre fora a mãe do grupo. Se preocupava com todos, era a que mandava mensagem perguntando se havia chegado bem em casa depois das festas. Era a que os impedia de fazer as piores besteiras. Ela possuía até sua pose de mãe. Ela parava cruzava os braços, levantava as sobrancelhas e jogava um pouco sua cabeça para o lado, fazendo seus cabelos ruivos tombarem para o lado. Albus sabia muito bem que depois da pose sempre via um conselho ou uma bronca. Lá estava a pose de mãe e ele tinha certeza de que receberia uma bronca.

— Eu só vou ao banheiro, a filosofia pode esperar um pouco. – Ele disse, tentando parecer convincente.

— Ata. – Rose disse. Albus por um instante se sentiu aliviado, mas então percebeu que ela estava sendo irônica.

— Então a gente vai com você. – Julie complementou indo na direção dele junto com Rose.

— Estou lisonjeado meninas, mas não preciso da companhia de vocês para ir ao banheiro. – Ele disse se sentindo completamente indignado.

— Aí, Albus, é claro que você precisa. – Julie respondeu. – Você nem sabe que o banheiro fica para o outro lado da escola.

— Para lá é a saída. – Ela continuou apontando para o lado em que Albus estava indo. –E para cá é o banheiro masculino.

Eles então se viraram para o caminho de antes, Albus se sentiu um pouco frustrado, mas depois ele as agradeceria por aquilo. Os três acabaram chegando atrasados na aula de filosofia, porém isso não fez com que a aula passasse mais rápido. Aquela aula parecia ter durado horas. Nem seu passatempo preferido, brincar com os cachinhos de Julie, fez o tempo passar mais depressa. Foram horas de ansiedade interminável.

Quando a aula acabou Julie e Rose ainda ficaram em sua cola para certificar que ele não fugiria, mas Albus não iria mais fugir. Ele pensou durante toda a aula de filosofia e decidiu que teria de fazer aquilo. Se desse certo ou desse errado ele pelo menos teria tentado. Saiu da aula determinado indo direto para o campo de futebol.

— Vocês vão ver o teste? – Albus perguntou as duas meninas quando eles saíram da sala.

— Claro que sim. – Rose respondeu. – A gente não perderia esse momento por nada.

— O Thomas vai? – Albus perguntou a Julie, tentando esconder seu desprezo.

A amiga namorava Thomas Wright já fazia 2 meses e ele nunca conseguiu gostar do cara. Ele era só um retardado, ela merecia coisa muito melhor. Albus acreditava que Julie já não gostava tanto dele como antes, mas isto ainda era só uma teoria.

— Sei lá. Acho que sim. – Ela respondeu dando de ombros.

— Vocês brigaram de novo? – Rose perguntou apreensiva.

— Não, eu só decidi que vou parar de insistir. Chamei ele uma vez e ele disse que iria, só não perguntei de novo. Não tenho certeza se ele vai. – Julie disse com indiferença.

Qualquer um que a ouvisse falando isso pensaria que ela realmente não se importava, mas Albus e Rose sabiam que sim.

— Bem, eu vou ficando por aqui. – Julie disse quando eles passaram em frente a sala da diretora. – Tenho que ver se Mcgonagall precisa de minha ajuda. Daqui a pouco eu apareço.

— Tchau, Julie. – Albus disse, antes dela desaparecer.

Albus e Rose andaram em conjunto até a frente do campo. Albus teria de ir para o vestiário e Rose para as arquibancadas.

— Tchau, Rose. – Albus disse já se encaminhando para o vestiário.

Ele já havia se afastado um pouco quando Rose gritou:

— Al, espera.

Ele parou a observando caminhar até ele. Ela colocou a mão em seu ombro e olhou bem nos olhos dele quando disse:

— Eu só queria dizer que vai dar tudo certo. Sei que você tá nervoso, mas você é a pessoa que mais merece estar nesse time. Além de talento você tem algo mais importante, dedicação. É por isso que você vai entrar lá e mostrar para todo mundo o quão bom você é.

Por fim ela sorriu e o abraçou.

— Saiba que você sempre foi a minha prima preferida. – Albus disse sorrindo também.

Rose disse boa sorte antes de ir para as arquibancadas aonde Lily e Roxy já estavam sentadas.

Os boatos espalhados pela escola era de que Albus era o único com uma vaga garantida. Diziam que ele sendo o melhor amigo de Scorpius conseguiria com certeza. Outros diziam que por ser um Potter o treinador teria medo de reprová-lo. Tinha até quem dizia que ele iria subornar o treinador. Quem quer que espalhou esses boatos calou a boca. O garoto acabou detonando no teste. Sem dúvida foi o melhor jogador daquele campo e também o único que possuía uma torcida organizada. Os boatos depois daquilo acabaram mudando. Agora eles diziam sobre como ele era tão bom. Diziam que era a herança de família. Outros até afirmavam que ele teve aulas com sua mãe. Tinha até quem dizia que ele usava doping, o que não fazia o menor sentido.

            Mesmo arrasando, depois do teste Albus só conseguia pensar nos seus erros. Dos gols que não conseguiu realizar e dos passes que nem pensou em dar. Se odiava por ser tão pessimistas por sempre pensar no pior.

Ele acabou sendo o último a entrar no vestiário, parou antes para ouvir os parabéns de Lily. A irmã admitiu que ele foi muito bem, um milagre considerando o quanto Lily era exigente. Ela era muito perfeccionista quando o assunto era futebol, não poderia haver nenhum erro de nenhuma forma. Um dia ela se tornaria uma jogadora tão boa quanto foi sua mãe, provavelmente até melhor levando em conta sua obsessão.

Uma das poucas certezas de que Albus tinha na vida era: ele odiava vestiários masculinos. Assim que entrou no vestiário se deparou com a cena. Um monte de caras suados, seminus, zoando uns com a cara dos outros. Eles estavam fazendo uma guerra de água. Naquele momento ele ficou impressionado com duas coisas. Um: todos eles entraram na brincadeira, o gordinho Derek estava zoando com o Lysander Scamander, o autor de muitas maldades contra o próprio. Dois: eles eram estupidamente bonitos. Claro que alguns mais que outros, Noah Zabini era no máximo ajeitado, agora Alex Young, nossa que “homão da porra". Albus não contou quanto tempo ele ficara parado na porta boquiaberto observando a briga. Só parou quando percebeu que a guerrinha perdeu o fôlego e logo alguém repararia ele observando. Andou até seu armário tentando não focar sua visão em qualquer um dos garotos seminus. Que provação. Scorpius reparou no movimento sorrateiro do amigo, pensou que ele só estava tentando não se envolver na brincadeira. Por isso pegou a última garrafa de água e a derramou sobre o Potter.

— Mas que po... – Albus começou até ele se virar e ver Scorpius com um sorriso maroto e uma garrafa na mão.

Aquele garoto era sua maior perdição. Scorpius estava apenas de cueca, com o corpo todo molhado e Albus não saberia dizer se era suor ou águas, talvez os dois. O cabelo loiro dele também estava molhado então o topete que ele sempre usava estava desformado. Tinha um sorriso lindo, todos os dentes perfeitamente alinhados e o cara nunca precisou usar aparelho. O sorriso combinava perfeitamente com seus olhos azuis quase escuros, a única herança genética de sua mãe. Além disso Scorpius tinha o corpo definido, não muito malhado, mas o suficiente para ser possível ter um tanquinho. Albus encarou o corpo de Scorpius por um tempo maior do que o aceitável antes de acrescentar:

— Porra, Scorpius. – O Malfoy achou que o palavrão foi por causa da garrafa d’água, mas na verdade foi uma referência a beleza do garoto.

— Você é um de nós agora, Potter, tem que se enturmar. – Scorpius disse dando um tapinha nas costas dele e se dirigindo a um dos chuveiros. Albus pegou sua toalha e foi para o único box vazio do vestiário.

Todos os garotos já tinham ido embora quando ele saiu do banheiro. Exceto um. Scorpius estava sentado no banco do vestiário com o cabelo todo molhado, usando uma bermuda e uma blusa do Twenty One Pilots, sua banda favorita. Ele mexia no celular distraído, provavelmente conversando com uma das meninas com quem ele estava saindo.

— Vamos embora, escorpião. – Albus falou quando passou perto dele.

Scorpius se levantou e sem desviar a atenção do celular o seguiu e disse:

— Estou logo atrás de você, cobra.

Seguiram para a saída da escola sem dizer nada, o loiro estava muito ocupado para ele tentar iniciar qualquer tipo de conversa. Chegando no portão da escola Albus já pensava na hora dos trens que saiam de Hogwarts para voltar para casa, quando Scorpius bloqueou o celular, o colocou no bolso e pronunciou:

— Sua mãe te ligou, enquanto você estava tomando banho. Ela vai passar aqui para buscar a gente.

Ele se sentou em um dos bancos que ficavam na entrada da escola e o moreno logo o seguiu. Scorpius ainda tirou do bolso o celular de Albus e o entregou. Quando o sonserino fez uma cara de confusão ele simplesmente disse:

— Tava no banco do vestiário. – Ele simplesmente deu de ombros e mudou de assunto. – Cara, eu sabia que você era bom, mas não tanto. Você é o único que tenho certeza que entrou, além de mim é claro.

Albus sorriu amarelo, mas continuou a conversa. Começaram conversando sobre futebol por um tempo, mas quando Julie chegou para interromper eles já estavam discutindo sobre qual era melhor: Arctic Monkeys ou Twenty One Pilots. Ela chegou acompanhada do namorado, eles se beijaram mais uma vez antes dele sair correndo para poder pegar o trem para a cidade que estava quase saindo. Percebeu que os garotos estavam brigando e então ela se sentou entre os dois. Obviamente ela nunca foi boa em separar brigas, também nunca foi de brigar estava mais para a pessoa que era a causa da briga. Dessa vez ela não era a causa da briga mas poderia ser de uma nova.

—Julie, diz para o Malfoy que os Arctic Monkeys são muito melhores que os Twenty One Pilots. – Albus esbravejou, assim que ela se sentou.

Os dois sonserinos a encaravam esperando como se sua resposta pudesse salvar o mundo.

— Gente. – Ela começou calmamente – Eles tocam o mesmo tipo de música. Se existissem gêmeos no mundo da música seriam eles.

Albus e Scorpius tinham todos os argumentos já preparados para contestar o absurdo que ela havia falado. Felizmente para Julie naquele exato momento Ginny estacionou na frente deles. Ela foi a primeira a se levantar e sentar no banco de trás. Scorpius fez questão de ir no banco do carona. Ele era o queridinho de Ginny, o amigo inclusive vivia insinuando que a mãe o considerava mais como filho do que ele. Não era verdade, Albus era muito exagerado.

— Então como foi o teste? – Ginny perguntou ansiosa. Ela deu partida no carro e começou a dirigir pela estrada praticamente deserta.

— Bem, mãe, foi...– Albus tentou dizer.

— Ele foi ótimo, Tia Ginny, melhor impossível. Tem que ter orgulho de nosso bebê. – Scorpius o interrompeu.

Ginny sorriu e perguntou sobre os erros e acertos do filho. Então ela e Scorpius passaram um tempão conversando sobre o garoto, enquanto Albus se afundava de vergonha e Julie tentava afastar o tédio com um joguinho no celular.

No caminho eles passaram em frente a uma loja de discos, muito frequentada por James Sirius. O que fez a mãe se lembrar do primogênito e perguntar:

— Lily me contou que James está de detenção. Me pergunto se algum de vocês sabe como ele conseguiu esse feito tendo tão pouco tempo que as aulas voltaram.

Os meninos olharam diretamente para Julie. Se alguém pudesse responder a pergunta era ela. A menina sabia de tudo o que acontecia na escola, além de ser monitora e participar do jornal da escola.

— O que? – Julie disse indignada – Só porque eu sou monitora, eu preciso saber das detenções de todo mundo?

— É– Eles disseram ao mesmo tempo.

Julie respirou fundo, sabendo que eles estavam certos. Ela sabia, obviamente, foi sobre isso que ela e a diretora conversaram mais cedo. A diretora a nomeará monitora–chefe, precisamente a primeira monitora-chefe a não estar no último ano. Sendo assim ela agora poderia aplicar detenções, logo teria de passar mais tempo na escola. Todo o esforço dela só parecia valer a pena quando no início do mês recebia as míseras 350 libras vindas da bolsa. Pouca gente sabia mas os monitores ganhavam dinheiro e créditos para a faculdade. A combinação perfeita para ela que queria passar para Oxford, a melhor faculdade da Inglaterra. Só as vezes ela sentia que o trabalho não valia a pena como agora quando teria de permanecer duas horas a mais na escola todos os dias da semana, aplicando uma detenção a James Potter.

— Não sei o que aconteceu, acho que foi na aula de francês ou espanhol. – Ela se rendeu informando o mínimo possível.

Sabia o que tinha acontecido. James havia discutido com o sr. Turner no meio da aula em francês. Além de desobediente, o menino era sarcástico, foram as palavras do professor. A briga havia começado quando James parecia desatento, o professor chamou sua atenção falando com ele em francês. O garoto nunca foi de aceitar desaforo, olhou para o professor e falou que a aula dele era perda de tempo, que nunca aprendeu uma palavra de francês naquela aula e se não fosse os anos de cursinho ele jamais haveria aprendido. Sr. Turner ficou vermelho de raiva e o expulsou aplicando duas semanas de detenção a ele. Assim que saiu da sala James se sentiu mal, havia acabado de brigar com Dominique e descontou no professor.

Ginny pensou em tentar extrair mais informações da garota, mas virando na esquina da rua da casa dela desistiu. Pediria explicações a James quando chegasse em casa. Parou o carro e Scorpius e Julie se despediram, ela observou eles entrando dentro de casa enquanto Albus passava para o banco da frente. Ela dirigiu até sua casa enquanto o filho escutava o rádio tentando cantar as músicas que ele mal conhecia.

A ansiedade de Albus foi desaparecendo aos poucos. Agora no final do dia se sentia aliviado e extremamente cansado. Durante o jantar bocejou três vezes, nem consegui se sentir nervoso pelo clima que estava na mesa. Lily mal falou, colocou três garfos dentro da boca e subiu sem falar nada. Aquilo só feria o coração da mãe ainda maisNão bastava a preocupação com o Harrytinha de aguentar Lily brava com ela. O maior problema era que nem tinha um porquê, talvez a caçula só precisava de alguém para descontar a saudade. Assim que acabaram de jantar James e Albus se dividiram para fazer as tarefas da Lily.

— Eu tiro a mesa e você tira o lixo? – James perguntou.

Albus balançou a cabeça positivamente. Estavam acostumados com Lily não ajudar em absolutamente nada. Na maioria das vezes, algum dos três gritavam com ela mas ninguém tinha a paciência necessária naquele momento. Sem reclamar ele se dirigiu a cozinha, pegou a sacola do lixo e a fechou num instante. Se arrastando de tanta preguiça ele se dirigiu a entrada da casa, observou a casa dos vizinhos. Todas grandes casas como a dele, a da esquerda onde morava o casal de velhinhos mais adorável do bairro tinha as luzes apagadas. A da direita pertencia a sua tia Hermione e dali ele conseguia ouvir o heavy metal que provavelmente vinha do quarto de Hugo. A casa da frente parecia pacata e arrumada, mas Albus não tinha certeza pois era a que estava mais longe. A casa na verdade não havia o chamado atenção, mas o morador dela vindo em sua direção com um sorriso no rosto.

— Hey, Albus! – Mateo Santigo disse o abraçando.

Albus ficou meio sem saber o que fazer, a sacola ainda estava em sua mão e bem, ele nunca imaginou que veria o vizinho novamente.

A família Santiago havia se mudado para o outro lado da rua no final de junho. Vieram direto da Argentina, aparentemente a mãe de Mateo conseguiu um emprego na cidade irrecusável e o resto da família decidiu acompanhá-la. Alguns vizinhos não gostaram da ideia de ter imigrantes morando tão perto, tratavam eles da pior maneira possível. Isso fez com que Ginny sentisse a necessidade de mostrar o quanto eles eram bem-vindos. Preparou um belo jantar e obrigou os filhos a se comportarem. Os adolescentes mal falaram durante ele enquanto Ginny e os Santiago conversavam sobre todos os assuntos. Lily foi a que mais se mostrou interessada fazendo um milhão de perguntas sobre a América Latina. Ela adorava ver programas de viagens que se passavam por ela, um de seus maiores sonhos era fazer um mochilão pelo continente.

Eles tinham um sotaque forte e acentuado. A mulher era a que falava mais fluentemente, já o marido falava algumas frases quase incompreensíveis, mas era possível entendê-lo bem. Albus sentou-se bem na frente de Mateo e percebeu que o garoto não abriu a boca. Nem para falar, nem para comer. Não podia julgá-lo a comida de sua mãe nunca foi boa. Ginny não demorou muito tempo para fazer perguntas sobre o filho dos Santiago, fazendo comparações com os próprios filhos. Albus se perdeu um pouco no assunto, mas não pode deixar de perceber quando Mateo finalmente falou.

— Gosta mesmo de The Walking Dead? – O latino perguntou olhando diretamente para ele. Nem percebeu que a mãe falava sobre ele.

 — É, gosto. – Ele respondeu, estranhando o tom de surpresa na voz do menino. Todo mundo gostava daquela série.

— Ele está é obcecado por aquilo. – James se intrometeu. – Me obrigou a aprender a tocar a abertura da série.

— Eu não te obriguei a nada. – Albus se defendeu. Entretanto era verdade, Albus passara três semanas enchendo o saco dele por causa da música. Quando James finalmente tocou, ele quase chorara.

— Ele tem até bonecos dos personagens. – Lily complementou, ignorando Albus. – Tem um com um machado e sangue na cabeça.

— Lily, você não pode falar nada ainda dorme com ursinhos de pelúcia. – Albus revelou como se este fosse seu maior segredo.

Lily deu uma risadinha e acrescentou:

— Pelo menos eu não passei dez horas numa fila para comprar eles.

Ginny se meteu bem na hora em que Albus ia invocar o discurso do é uma edição limitada. Um clássico da coleção argumentos muito bons, mas que tenho que parar de usá–los. As visitas acharam apenas graça da briga deles, era o que a maioria das pessoas pensavam. Dominique vivia dizendo que elas pareciam ter vindos do jardim de infância e que suas brigas com os irmãos eram muito mais pesadas.

— Posso ver? – Mateo perguntou o encarando. Os olhos dele estavam um pouco arregalados e Albus percebeu o quanto eram pretos. Quase não dava para ver a pupila dele.

Albus apenas fez uma cara de confuso e então ele acrescentou dizendo que se referia aos bonecos. O garoto balançou a cabeça em afirmativa. Enquanto Lily e Ginny serviam a sobremesa, os dois fugiram para ver os famosos bonecos. Albus tinha uma prateleira cheia deles, tinha um de cada personagem. Tinha alguns da versãocomo o funko mencionado pela irmã. Mateo ficara impressionado com este e com o sangue que jorrava de sua cabeça. Ele puxou assunto com garoto sem saber que se metera numa armadilha. Quando Albus começava a falar sobre zumbis ele nunca parava. Ele não pareceu se importar, adorou a animação do Potter com o assunto, sabia muita coisa que ele não sabia. Poderiam ter ficado horas conversando se a mãe de Albus não os tivesse gritado do andar de baixo.

Enquanto desciam as escadas Albus na maior impulsividade disse:

— Cara podia ter te mostrado minha coleção de hqs. Elas estão a maior bagunça todas desorganizadas e enfiadas no meu guarda roupa. Tenho de organizá–las o mais rápido possível. — Ele suspirou, percebendo que falou tudo aquilo mais para si mesmo.

— Posso te ajudar arrumar se você quiser. — Mateo se ofereceu, um pouco ansioso. — Aí você pode terminar de me contar sobre suas teorias.

— Amanhã? – Albus simplesmente disse, contrariando as forças internas de sempre rejeitar interações sociais. — Às duas?

— Parece perfeito para mim. – Ele sorrira para ele enquanto Lily o entregava um pedaço de cheesecake.

No dia seguinte, eles perceberam que era quase impossível arrumar as revistas de Albus. Ele não tinha só as de The Walking Dead como também tinha diversas da DC e algumas da Marvel. Mateo quase se arrependeu de ter se oferecido para ajudar, mas valeu a pena. Demoraram três dias para conseguir deixar tudo em ordem e no final do terceiro eles já eram melhores amigos. Albus achou que passaria o verão sozinho já que todos os seus amigos iriam viajar, mas Mateo passou julho inteiro com ele. Ele o adorava, de verdade. Sentia–se muito bem ao lado dele, era como se um anjo tivesse decido do céu. Mateo também se parecia com um anjo, ele era moreno, a pele dele parecia feita de caramelo. O cabelo muito preto combinando perfeitamente com seus olhos. Seu rosto parecia ter sido esculpido por artistas gregos, perfeitamente simétrico. Era ridículo o fato de Albus estar sempre cercado de homens bonitos. No início do mês ele não repara naquilo, mas depois de passarem tanto tempo juntos era inevitável. Porém o que Albus mais gostava nele era sua personalidade, parecia sempre ver o lado bom e ruim das coisas e falava sempre tudo que pensava. Se estudasse em Hogwarts ele com certeza seria da Lufa Lufa. Sem contar que ele parecia encantar todos que passavam em seu caminho. Ele se enganou, Mateo não era nada como ele.

Julho foi chegando ao fim e logo Rose estaria de volta à cidade. Ela passara o mês com os avós maternos na Austrália, e voltaria logo na primeira semana de agosto. Quando ela chegasse, toda a família iria para a Toca onde passariam o resto do verão. Albus pediu a mãe para chamar o novo amigo e ela adorou a ideia. Mateo a havia encantado também. Quando Albus o perguntou se gostaria de ir ele não pareceu gostar muito da ideia. Disse que veria com seus pais, mas que achava difícil eles deixarem. Ouviu muitas histórias sobre a Toca, mas nenhuma o convenceu. Aquela fora a última vez que Albus vira Mateo. No dia seguinte Albus apareceu na casa dele, mas a sra Santiago disse que ele havia voltado para terminar o ano letivo da Argentina.

Não se despediu, nem ao menos se importou em dizer que iria para o outro lado do mundo. Albus sentiu muita raiva dele naquele dia, queria gritar com ele ou brigar, mas nem o telefone dele ele tinha. O pior de tudo era que só percebeu o quanto gostava do argentino quando ele foi embora.

Quando Mateo o abraçou depois de todo aquele tempo, agindo como se nada houvesse acontecido. Albus ficou sem reação nenhuma, ele simplesmente não conseguiu ficar com raiva do menino. Nem ao menos se lembrou dos discursos que havia planejado para volta dele.

— Meu Deus, Mateo. Quanto tempo. – Albus disse depois de sair do abraço. Sem olhar nos olhos dele, ele abriu a lata de lixo e jogou a sacola dentro dela.

— Realmente, te devo um pedido de desculpas. Minha mãe disse que você me procurou. – Ele encarou Albus, mas este ainda se recusava a encará-lo.

Ele encarou Mateo pela primeira vez. Sua cabeça fervilhava, sentira muitas saudades dele. Como poderia sendo que o conhecera a tão pouco tempo? Chega a ser engraçado o quanto uma pessoa que ele conheceu há três meses significava mais do que pessoas que ele conheceu a sua vida toda. Albus queria gritar com ele, mas tudo que saiu foi:

— Está tudo bem. Você só... – Em uma voz calma e serena, porém dava para ver em sua expressão que não estava. – Poderia ter ligado ou sei lá mandado uma mensagem.

— Eu sei. Eu sei. Fui um idiota. Odeio despedidas e às vezes esqueço que elas são necessárias.

Ficaram um tempo em silêncio, até que Mateo percebeu que Albus não iria falar nada.

— Me mudei para cá. Agora definitivamente. Estou estudando na East High.

— É, eu conheço. – Albus respondeu friamente.

— Sabe eles vão dar uma festa de boas-vindas aos calouros no sábado. Você poderia ir se quisesse. Vai ser na casa da Chloe, a menina do fim da rua.

— Talvez, eu vá. – Mateo respirou fundo com a resposta.

— Sabe, Albus, eu quero mesmo ser seu amigo. Pode não parecer, mas eu realmente quero.

Albus o encarou, soube na hora que não adiantaria fazer drama. Isso só o afastaria e ele não queria isso. Então, mudou o tom de voz quando disse:

— Eu vou, de certeza.

— Te espero lá, então. – Mateo sorriu para ele e se afastou, atravessando a rua para sua casa.

Observando o menino se afastar, Albus se lembro de ter mais uma pergunta:

— Hey. – Ele gritou. Mateo se virou imediatamente. – Eu ainda não tenho seu telefone.

— Se você for a festa, eu te passo. – Sorrindo mais uma vez ele entrou dentro de sua casa.

            Todo o sono de Albus havia se perdido no meio daquela conversa. Sua mãe percebeu que ele não estava bem, por isso também o dispensou das tarefas, fazendo James ficar frustrado. Subiu para seu quarto, trocou de roupa e se jogou na cama. As palavras de Mateo circulavam em sua mente. Percebeu o quanto a sua última frase havia sido gay, se James tivesse visto o zoaria até a morte. Porém não se importou tanto com aquilo.

Amigo. Essa era a palavra que o impedia de dormir. Albus não queria ser amigo de Mateo. Ele queria ser muito mais que isso.


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Notas finais do capítulo

Pode não parecer gente, mas no fundo Mateo é uma pessoa boa. Assim o Albus espera né?
Me contem, o que vocês acharam? Acham que Albus vai conquistar o crush? Ou vai ficar pra friendzone?



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