Presa no Tempo escrita por Menina Improvável
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem! :D
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"Aquele que não luta pelo futuro que quer, deve aceitar o futuro que vier."
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#MeninaImprovavel
~ 03:46, sábado, junho, ano: 2140.
A semana passou rápido. Era o começo do fim de semana e foi quando eu acordei e percebi que estava no sofá. A televisão continuava ligada passando um programa que nunca nem tinha ouvido falar. Levantei do sofa e murmurei:
— Desligar tv.
A TV desligou e se guardou na parede atrás dela. Bocejei.
— Vamos pra cama... Vem Minx... Já ta tarde... - peguei o bichano no colo.
Fui pelo corredor parecendo um zumbi.
De repente um estrondo super alto veio da porta de entrada do meu apartamento. Eu tomei um susto, o Minx pulou do meu colo arranhando meus braços e correu para o quarto.
Ouvi um ruído de trás da porta e uma voz que chamava meu nome. Quando me aproximei mais da porta percebi que quem estava me chamando era o Rafael.
— Rafael?
— Helena... Abre a porta... Por favor.
— RAFAEL!!
Abri a porta rapidamente e ele caiu no chão.
— RAFA! Rafa!! - ajoelhei ao lado dele - O que aconteceu?
— Primeiro me ajude! Depois...
— Fez besteira de novo, caralho Rafael!!!
**
Levei ele até o meu quarto em que Minx estava escondido embaixo da cama assustado, ele se deitou na cama. Na verdade ele não se deitou ele praticamente caiu de cara.
— O que você fez de errado...?
Eu ajudei ele a se endireitar na cama com um movimento rápido fiz ele subir mais pra cima até a cabeceira, porém esse movimento fez ele soltar um gemido fraco de dor. Puis uma almofada confortável atrás da cabeça dele.
— Desculpe... - ele disse para mim.
— Pelo que? - sentei ao lado dele e passei a mão em seus cabelos castanhos.
— Por ter vindo aqui a essa hora.
— Você fez certo em vir aqui... - puis a mão em seu rosto e a lavei até o pescoço - Vou buscar algo quente para você. Você está gelado.
— Obrigado...
Fui até a cozinha e depois de uns minutos voltei com uma xícara cheia de leite com chocolate e uns três marshmallows boiando no líquido. Quando entrei no quarto ele estava tentando tirar a camisa. Eu fiquei paralisada com aquela cena por uns segundos mas logo me recuperei.
— Eu te ajudo a tirar a roupa. - disse.
Porra Helena! Você tinha que ter dito isso? Por que não diz logo: "eu te ajudo a ver seu corpo maravilhoso nu" ou "eu te ajudo a se despir por inteiro". Depois de uns segundos percebi o que tinha dito e percebi também que ele ficou perplexo com minha atitude.
— Digo... No bom sentido... Claro... A blusa... Você não ta bem ai eu achei que se eu te ajudasse você não ia precisar fazer tanto esforço é que se você fizer muito esforço você pode ficar mais machucado e...
— Eu aceito a ajuda... - ele disse.
Eu devo ter ficado azul de tanta vergonha.
Coloquei a xícara com leite e chocolate em cima da cômoda ao lado e subi em cima da cama ficando de frente a ele. Peguei na bainha de sua blusa da cor branca com algumas manchas vermelhas e a tirei bagunçando ainda mais seus cabelos castanhos e mostrando seu tronco nu. Dei uma respirada funda, depois de tantos anos e alguns namoros, seu corpo ainda é o único que me deixa assim.
— Me sinto assediado assim... - ele disse dando uma risadinha.
— HÃ? - vi que ele percebeu para onde estava olhando.
Foi quando percebi que ele estava com um corte em seu antebraço e algumas marcas roxas e vermelhas nas costelas.
Ele pegou em minha mão e na hora eu acordei do meu transe e sentei direito na cama.
— Eu vou pegar um kit. - disse soltando a mão dele e deixando ele lá.
**
— Ai! - ele disse conforme eu passava remédio no ferimento em seu antebraço.
— Fique quietinho para que eu possa acabar mais rápido!
Depois de passar o remédio peguei um pequeno esparadrapo.
— Não sabia que você sabia como fazer curativos. - ele disse sem tirar os olhos de mim, eu não o via me olhando, mas eu sentia.
— Eu aprendi com sua mãe. - sorri para ele.
Ele deu um riso abafado.
— É! Ela era boa nisso. - ele disse com um sorriso no rosto.
A mãe do Rafa se chamava Marília, quando eu cheguei aqui ela cuidou de mim como se eu fosse uma filha dela. Mas, a 6 anos atrás ela foi morta. E até hoje não foi descoberto o motivo.
Os punhos dele fecharam fortemente e ele olhou para baixo. Seu sorriso desapareceu.
— Hey... - disse pegando na mão dele que estava fortemente fechada - Calma... Ela não iria querer que você ficasse assim.
Com meu toque ele relaxou, incrível como tenho efeito sobre ele.
— Me diz, o que aconteceu com você?
Ele inspirou fortemente se sentindo culpado.
— Você vai me bater... - ele disse
— Você já tá todo acabado não tem por que te bater. - peguei uma das pequenas bolsas de água quente e coloquei no roxo em sua costela.
— Eu fui lá naquela loja que você foi aquele dia... Fui para saber mais sobre aquele robô esquisito.
— O QUE?! - disse empurrando forte a bolsa de água quente contra suas costelas.
— AI! - ele resmungou de dor.
— AI MEU DEUS ME DESCULPE! - tirei rapidamente a mão do machucado - Mas por que você fez isso Rafael?! Eu falei para você deixar eles em paz foi só um mal entendido!
— Eu não acredito que tenha sido isso! Aquele robô poderia ter te atacado da mesma forma que fez comigo! - ele disse subindo mais em direção a cabeceira da cama.
— Esses robôs nunca atacariam um humano... Não foram programados para isso... Você o ameaçou?
— Ameacei? Helena, eu tenho cara de quem ameaça alguém?
— ... - olhei de um jeito zombador para ele - Sim.
Nós dois rimos.
**
— Obrigado. - ele disse levantando da cama e me deixando sentada sozinha na mesma - Eu vou pra casa agora minha gata.
— Não! Você ainda não ta melhor Rafa!
— Eu tô ótimo porque você cuidou de mim! - ele sorriu.
— Mas... - segurei no braço dele - Você pode se machucar mais... Por favor... fica aqui e me conta o que aconteceu... Detalhadamente...
Ele me olhou de forma carinhosa.
— Ta bom, gatinha.
~ FLASH BACK NARRADO POR RAFAEL ~
(são apenas memórias de Rafael, algumas coisas narradas aqui não foram realmente ditas para Helena)
— Você acha seguro? É invasão de propriedade, Rafael.
Olhei no meu relógio, era 02:01 e a rua estava vazia.
— Raridade ver essa rua vazia. - disse para Hector que estava estacionado com sua moto preta ao lado da minha.
— Podemos ser presos por isso... Você se quer se importa?
— Não. Aquela porra de máquina ameaçou minha garota. - respondi com raiva.
— Aquela garota que nem namora você? - Hector disse virando o rosto pro outro lado da rua - Não sei o que vocês estão esperando é um fogo que rola entre vocês dois que acho que no primeiro beijo vocês já vão cair transando.
— Pra sua informação a gente já deu um primeiro beijo... Tem alguns anos.
— Transaram?
— NÃO!! - gritei e minha voz ecoou pela rua vazia.
— Fica quieto, imbecil. Vai acordar todo mundo.
— Fica quieto você Hector. Eu quero respeito aqui.
— Tudo bem, tudo bem, desculpa ter te ofendido com sua AMIGA.
Em um movimento rápido agarrei o braço dele.
— Para com isso e vai avisar os outros que está tudo bem se não eles vão ficar reclamando. - soltei com força.
— Eu prefiro ficar aqui pra limpar a merda que você vai fazer.
~ CORTE NO FLASH BACK ~
— Pode me dizer quem é Hector? - perguntei para ele que estava deitado na cama novamente.
— É um amigo meu nós meio que... "trabalhamos" juntos.
— Nunca o vi na empresa.
— Ele não é da empresa.
— Ah ta... E como ele é?
— Alto, cabelos castanhos, magro, olhos castanhos, usa óculos, tem barba.
— Hmm entendi! Continue a história!
— Ok! - ele deu uma piscadinha para mim.
~ FLASH BACK DE RAFAEL ~
— Eu vou entrar. Fica aqui e avise se acontecer qualquer coisa.
— Ok. - ele revirou os olhos para mim.
Olhei para a porta da frente. Não poderia entrar por lá ia ser muito óbvio e o sistema de alarme poderia me denunciar.
Olhei na lateral da loja e avistei uma porta, fui em direção a ela. Olhei para o sistema de digital, não é de última geração então pode ser facilmente enganado. Peguei meu canivete vermelho de dentro da minha jaqueta de couro, tem muitas funções e nenhuma delas era a porra de uma chave de fenda ou o que quer que seja... Usei então minha faca.
Coloquei a faca na lateral do sistema de digitais e enfiei dentro de uma pequena fenda lateral, puxei tão forte que o canivete escapou e fez um pequeno corte e minha mão mas que fez cair umas pequenas gotas de sangue no chão.
— Caralho...
Coloquei na fenda de novo e fiquei puxando até que a tampa do sistema saiu e ficou pendurada por 3 fios.
"Preciso me concentrar... Se eu fizer alguma coisa errada todos os alarmes vão disparar", pensei.
Entre os 3 fios peguei o primeiro, o azul e o cortei. Dei uma falha no sistema da loja, desativei os alarmes.
"Agora é só eu cortar o outro fio certo", pensei.
Peguei um dos outros fios, desta vez um branco e o cortei. A luz no visor do sistema desativou.
— Adeus câmeras de segurança. - falei baixo - Agora só preciso entrar.
Fechei a caixa do sistema.
"Eu não consigo abrir a porta por aqui... É ligado a parte de dentro da porta, vou precisar usar métodos quase pré-históricos", peguei em mãos meu canivete e coloquei na fechadura da porta.
Com paciência e habilidade, a porta se destrancou facilmente apenas com alguns movimentos.
~ CORTE NO FLASH BACK ~
— Onde você aprendeu isso?
— O que?
— Isso tudo! - eu perguntei - Antigamente você não sabia abrir nem um baú direito, agora...!
— Gata, eu sou um baú com muitos segredos a serem descobertos. - sua mão deslizou para meu queixo.
Isso para mim soou de uma maneira tão... Sexy?
~ FLASH BACK DE RAFAEL ~
Entrei na loja.
Estava tão escuro, não tinha nada para iluminar. Levantei a manga da minha jaqueta de couro e apertei um botão na lateral da pulseira que fez um pequeno feixe de luz surgir, porém a escuridão era tão pesada que essa pequena luz iluminou quase que a sala inteira.
Era um deposito de bugigangas. Não tinha nada de interessante, umas tralhas aqui, tralhas ali.
— Quanto lixo inútil. Quanta tralha. - sussurrei para mim mesmo.
"Droga, eu to falando que nem a Helena", pensei.
Quando pensei no nome dela logo a imagem dela veio em minha mente e um sorriso idiota veio ao meu rosto.
~ CORTE NO FLASH BACK ~
— Nessa merda toda você pensou em mim? - disse.
— Claro, por que não pensaria?
— Bom, você podia ter pensado em não ser pego.
— ...
Ele abaixou o rosto, envergonhado. Raramente o vejo assim. Peguei seu rosto com minhas duas mãos e o levantei.
— Fico lisonjeada, Sir Rafael.
Ele deu risada.
— Eu penso por que gosto de ti, bela donzela!
Eu dei risada também, deitei na cama e ele deitou ao meu lado.
Virei de lado apoiando meu rosto sobre as mãos e continuei ouvindo a história que ele narrava detalhe por detalhe.
~ FLASH BACK DE RAFAEL ~
Estava olhando algumas caixas, quando viro de costas sinto frio, iluminando o meu caminho era o robô. Parado na minha frente. Grandes olhos vermelhos maldosos me encaravam fixamente, seu corpo frio continha detalhes vermelhos muito bem feitos.
— Intruso. - ele disse com uma voz metálica.
— Foi você.
— Quem... Você...?
— Está com problema na voz. Nada menos esperado vindo de um robô velho.
Ele colocou suas mãos frias em meus ombros. No princípio não senti o frio, minha jaqueta impediu, mas algo neste robô fez o material dele ficar mais gelado do que já era e foi possível sentir seu frio em minha pele quente.
— Energia.
— O que você quer dizer com isso?
— Energia. Energia. Energia.
Ele me empurrou com toda força que tinha, tentei me segurar nas prateleiras, porém não consegui me segurar direito. Minha mão escapou e cai sobre as caixas provocando um barulho super alto. Senti um incômodo foi que percebi que fiz um corte no meu antebraço. Levantei do chão com dificuldade.
— Filho da p...
O robô avançou rapidamente em minha direção batendo seus braços de aço em minhas costelas me jogando na parede.
— Matar.
Ele segurou meu pescoço fortemente com uma de suas mãos e me levantou do chão. Com um gesto rápido, levantei meu canivete e finquei em um de seus olhos. Faíscas saíram.
— Dor!
Ele afrouxou sua mão do meu pescoço. Colocando os pés em seu peito segurei em sua mão e empurrei com minhas pernas seu peito, sua mão começou a sair.
— VOCÊ NÃO PODE ME FERIR! - gritei.
— Mentira!
Ele deu um golpe em meu lado. Eu cai no chão com dor, porém escapando de seu enforcamento. A queda me foi útil, peguei uma placa de metal pesado que tinha na minha frente.
— Desculpa.
Levantei com dificuldade e enfiei em seu pescoço arrancando sua cabeça do resto do corpo.
— Passado.
— QUEM ESTÁ AI? - uma voz gritou de dentro da loja.
Peguei meu canivete do olho do robô, puis em meu bolso.
— Futuro.
— Ah cala a boca.
— Fonte... de... Energia.
— ... - fiquei em silêncio esperando mais respostas.
— Via... no te...
— QUEM É?
A porta estava se abrindo rapidamente e muitas luzes entraram na sala. Havia mais do que uma pessoa.
Mancando, fui o mais rápido que pude a minha moto.
— CORRE! - gritei para Hector que
estava ouvindo música.
— CARALHO! - ele olhou para a loja e viu várias pessoas vindo correndo em nossa direção.
Ele tirou rapidamente o fone.
Com dificuldade, dei partida na moto e fomos embora.
— Vai pra lá! Eu encontro você amanhã. - gritei enquanto acelerávamos.
— Precisa cuidar de você! - ele gritou de volta.
— Eu vou cuidar! Vai embora!
— Se vira então! - Hector gritou indo para o lado oposto.
— Por favor... Acorde quando eu te chamar.
Senti meu corpo pesar em minha moto que acelerava sem parar.
— Só mais um pouco...
Olhei para o corte em meu braço. Ele foi fundo e eu estava perdendo sangue até de mais.
~ FIM DO FLASH BACK DE RAFAEL ~
— Eu queria aventuras que nem as suas! - dei risada. - Queria conhecer esses seus amigos.
— Eu não acho que você gostaria deles.
— Por que?
Ele, que estava deitado ao meu lado, passou a mão em meus cabelos.
— Você é muito delicada para esse tipo de gente.
— Colega... Você não sabe pelo que eu passei.
— Pelo que você passou? - ele me perguntou intrigado.
— Você não iria acreditar em mim.
— ... Por ...?
— É muita viagem Rafa.
Ele pegou a coberta do pé da cama e colocou sobre nossos pés que estavam gelados.
— Obrigada. - agradeci.
De repente uma bolinha de pelos pulou em cima da cama e se aconchegou entre a gente.
— Fica aqui até amanhã. Por favor. - pedi.
— Claro. Com esse pedido não tem como negar.
Ele pegou devolveu a xícara de leite na cômoda ao lado da cama.
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