Presa no Tempo escrita por Menina Improvável


Capítulo 10
Capítulo 10: Como eu posso acreditar em você quando você não pode confiar?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Ficou mais longo que os outros! Kkkk
Link da música do título nas notas finais.
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"Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir." ~ Steve Jobs
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#MeninaImprovavel



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~ 9:32, Segunda-Feira, Junho, Ano: 2140

 

Estava pensando em Rafael e como fui dura com ele Sábado. Acabamos não nos vendo Domingo, isso me deixou triste. Para me tirar dos pensamentos atuais, Minx se esfregou na minha perna.

— O que foi, Minx? - disse para o gato que me olhava enquanto eu comia omelete - Quer um pouco? Você sabe que da última vez que você comeu omelete você passou mal.

O gato me olhava fixamente com seus olhinhos grandes e brilhantes.

— Tem razão, eu também passei mal! - dei risada - Mas esse eu prometo, ele está leve e muito bom.

Peguei um pedacinho e dei pra ele que comeu rapidamente.

— Seu guloso! - comentei.

De repente, bateram na porta. Levantei da mesa e encostei na porta.

— Quem é? - perguntei.

— Eu!

Abri a porta rapidamente.

— Rafa! - o abracei bem forte.

— U...é?

— Ah! Desculpe. - o soltei.

— Tudo bem?

— Tudo bem, o que você est... - olhei direito pro rosto dele - O que que houve?

Peguei o rosto dele em minhas mãos e acariciei a bochecha dele que tinha um curativo.

— Não foi nada foi só um cortinho...

— ... - não falei nada olhando para aquela ferida, passei a mão e olhei em seus olhos verdes - Tudo bem...

— Eu queria saber se você quer uma carona pro trabalho. - ele disse entrando e comendo meu omelete.

— HEY! Esse omelete é meu!! - disse pegando a comida da ponta do garfo que ele estava segurando.

Fiquei na altura de seu rosto e dei um beijo em sua bochecha machucada.

— Toma cuidado por favor...

— Eu to bem, gata.

— Sei.

Como que eu ia acreditar? De uns dias pra cá ele só apareceu machucado, aquele dia que ele quase desmaiou em minha porta com feridas e hematomas, e hoje que ele apareceu com um curativo no rosto.

Fui para meu quarto pegar minha bolsa, voltei pra sala e Rafael estava pondo comida pro meu gato.

— Você age como se morasse aqui.

— Eu não tenho culpa, sei onde você guarda tudo, quando você se mudou pra cá pediu pra eu dormir aqui a semana inteira!

— Eu nunca tinha morado sozinha, ta bom? E era assustador!

— Tudo bem eu não ligo! - ele disse rindo – A cada barulho estranho que você ouvia, você se desesperava, era engraçado!

— Ah, cala a boca! - disse ficando vermelha.

Ele riu de mim, se aproximou e me deu um beijo na testa.

— SAAAAAI DE MIM! - disse quando ele começou a bagunçar meu cabelo.

Ele deu risada e saiu do apartamento, fechei a porta e puis minha mão no leitor de digitais para trancar. Apertei o botão do elevador e ficamos em um silêncio constrangedor esperando o mesmo.

— Bom... Algo a dizer sobre aquele dia? - ele perguntou.

— Que dia?

— Quando chegamos aqui e você "brigou" comigo por que abandonei você.

— Ah, - suspirei - esse dia.

— Sim, algo que queira me pedir?

O elevador chegou e entramos.

— Como assim?

As portas se fecharam.

— Tipo, "desculpa Rafael por ter te magoado".

Dei uma risada forçada.

— Ha ha ha, não.

— Aaah é, muito formal pra você, teria que ser: - ele começou a fazer gestos femininos e tentando imitar minha voz - "Desculpa, Rafael minha perdição, eu fui muito rude com um ser maravilhoso como você, eu mereço ser punida, aqui dentro desse elevador excitante para receber seu perdão!"

Dei risada e um soco no braço dele, que riu.

— Rafael e seus fetiches por elevadores.

— Não tenho culpa e tem que apertar o botão para descer. - ele disse pra mim.

— Ah! Por isso o elevador não chegava nunca.

Fui pra frente pra apertar o botão e quando voltei pra trás bati as costas no peito dele, que me agarrou pela cintura.

— Rafael! - disse mexendo os ombros para sair.

— Espera um pouco... - ele disse passando os lábios no meu ombro que estavam a mostra - Essa cicatriz é sexy.

Senti meu rosto esquentar de vergonha, a maneira que ele me toca, fazia tempo que eu não sentia isso, eu tentei segurar o arrepio de minha pele. Ele deu um sorriso de lado vendo minha reação. A mão dele subiu ao meu cabelo que acariciou com muito cuidado.

— Fica comigo, Helena. - ele deu um beijo em meu pescoço.

— Rafael...

— Gata, eu...

De repente o elevador parou em algum andar, eu me soltei dele rapidamente e recuperamos nossa postura. Dois homens altos de terno preto entraram no elevador.

"O que ele ia dizer? 'Eu te odeio', 'eu te adoro'... 'eu te amo'?", pensei.

Segurei no braço dele e apertei minhas unhas em sua pele com toda força que conseguia no momento, me aproximei do ouvido dele e disse sussurrando:

— Não faz isso, Rafael Morris...

Senti ele fechar os punhos, foi uma simples reação a dor que eu o fazia sentir.

 

**

 

Depois que descemos do elevador eu soltei do braço dele, onde já estava vermelho e marcado.

— Filha da puta! – Rafael passou a mão no braço - Doeu!

Sorri inocentemente e subi na moto dele que estava parada do lado do meu carro, saímos da garagem. Ele acelerou pela rua cheia de carros e parou no farol mais a frente.

— Odeio faróis! - ele disse.

— Então acelera! - comentei.

— Ta fechado!

— Como se você parasse em todos os faróis quando está sozinho.

— Tem razão. - ele riu - Gata, sonhei com você.

— O que você sonhou?

O farol abriu e ele acelerou a moto o mais rápido que pode.

— Hã... Eu não lembro.

— Claro que lembra, Rafael!

— Por que tem tanta certeza? - ele perguntou.

— Porque todo mundo é assim! Sonha com a pessoa que gosta, ai fala pra ela, ai ela pergunta: "o que?", ai você: "não lembro" - ele fez uma curva rapidamente que me deu um frio na barriga - Mas na verdade você não quer dizer que transou com ela.

— Se você já sabe o que eu sonhei, por que perguntou? - ele disse.

— E se você sabe que eu vou perguntar por que contou que sonhou?

Ficamos em silêncio por um instante, depois caímos na risada. Chegamos na frente do prédio da Empresa Spies. Ele passou na minha frente ajeitando a jaqueta.

— Não controlo meus sonhos. - ao dizer isso ele deu uma piscadela e foi em direção a porta.

"O que deu nele?", pensei.

— Gata! Anda, vamos entrar! - ele me chamou.

Eu entrei.

 

**

 

~ 11:38, ano: 2140.

 

— Suzana, o chefe ta livre agora? - disse segurando meu tablet com um holograma saindo dele - Queria passar um pedido para ele que recebi hoje de manhã.

— Claro, pode entrar ele ta sozinho agora. - ela me respondeu digitando rapidamente num holograma de teclado em sua mesa.

Bati na porta.

— Entra. - ouvi a voz do Sr. Spies lá de dentro.

Entrei e fui em direção da mesa, seu monitor estava um pouco virado para mim e pude ler:

"Gabriel Spies."

E embaixo uma foto dele com a esposa, na frente do último prédio construído por sua empresa.

— O que quer? - arrumou o monitor direcionando novamente a ele.

— Sr. Davis mandou uma mensagem para você pelo meu tablet.

— Não conheço nenhum Davis. - ele disse com desprezo batendo sua caneta mais cara no monitor embutido em sua mesa.

— Esse é o sobrenome dele. O nome dele é Rick Davis pelo que eu vi.

— O que? - ele pegou o tablet da minha mão sem permissão e abriu uma foto dele.

Um homem de barba longa, cabelos compridos e pretos apareceu.

— Saia daqui, Renon. - ele disse para mim enquanto procurava desesperadamente alguma coisa em seu computador.

— Mas, eu preciso do meu tablet pra continuar meu trabalho, Senhor... - respondi.

— Ah, - ele puxou o holograma do meu tablet para sua mesa - toma, toma, toma.

Peguei o tablet que ele me entregava rapidamente quase que deixando cair.

— Desculpa. - ele disse.

"O QUE?!", pensei arregalando os olhos o máximo que pude.

"Quem é você e o que fez com o embuste do meu chefe?", pensei saindo da sala.

— Suzana, - cheguei na mesa dela - acho que o Sr. Spies não ta bem.

Ela entrou na sala dele rapidamente. E eu fui para minha mesa abrindo novamente o holograma do misterioso Rick Davis.

— O que foi? - perguntou Rafael enquanto eu sentava na minha mesa.

— Nada. - disse pondo o tablet de lado.

Ele, por sentar na mesa de frente para a minha, esticou o braço e pegou meu tablet.

— Hey! - exclamei.

— Rick Davis? Ele é... - ele parou sua frase na metade - Ele foi... No caso... Não interessa. O que ele quer com você?

— Nada, ele queria falar com o Spies. Aliás, - disse me debruçando em cima da mesa - ele se chama Gabriel. - peguei o tablet de volta.

— Porra. - ele disse encostando na cadeira - Perdi.

Eu dei risada, quando começamos a trabalhar juntos apostamos qual seria o primeiro nome do nosso chefe. Ele não conta pra ninguém, nem no contrato está. Em todos os lugares consta como: Spies ou Sr. Spies.

— Tudo bem eu também! - eu dei risada voltando pra minha cadeira.

 

**

 

~ 13:11, Ano: 2140

 

— Helena! Para de brisar. - ele disse pra mim pondo arroz na boca.

— Eu tava pensando, quem é Rick Davis? Como você o conhece? - disse pegando o guardanapo e limpando o canto da boca.

— Eu não conheço ele, não pessoalmente... Ouvi sobre ele.

Ele disse pra mim, mas não fazendo nenhum contato visual comigo. Estou cansada.

— Eu quero falar com você. Nos fundos da empresa, depois do trabalho.

Joguei o guardanapo na mesa e levantei indo em direção a saída. Dei uma leve olhada para trás e vi ele passar a mão no rosto.

 

**

 

~ NARRAÇÃO DE RAFAEL ~

 

Passei a mão no rosto ao ver ela sair.

"O que eu fiz agora?", pensei.

Levantei e voltei para a empresa.

 

**

 

Depois do trabalho e de um dia inteiro sendo ignorado por ela, fui para os fundos, onde Helena já estava. De braços cruzados, encostada na parede e com cara de brava. Se era pra eu ficar com medo daquela cara, eu não fiquei, eu a achei linda.

— O que foi, gata? - eu disse encostando de lado na parede junto com ela.

— O que você está escondendo de mim?

"Porra, de novo isso?", pensei.

— Nada. - respondi rapidamente.

— O que você está escondendo de mim?

— Nada!

— PARA DE MENTIR PRA MIM, RAFAEL! - ela gritou.

— Eu não to mentindo! - disse em tom alto.

— Por que você não conta mais nada para mim? Você não confia mais em mim?

— Eu não sou obrigado a te contar as coisas. - respondi sem pensar.

— ... Mas... Eu achei que a gente contasse tudo um pro outro.

— Você também tem seus segredos.

— Nada tão sério. - ela disse revirando os olhos - E se eu não te conto é por algum motivo.

— Eu também tenho motivo, te proteger. - falei.

— Me proteger?

"Porra, eu não devia ter dito isso."

— Me proteger do que? De alguém?

— Não te interessa. - virei para ir embora.

Senti as mãos pequenas dela me segurarem pelo braço e me puxar brutalmente de volta pro lugar.

— Não de as costas para mim! - ela me disse entre dentes.

— Eu faço o que eu quiser.

— Para de falar assim, você não é assim, eu só me preocupo.

— Você não deveria!

— Mas eu fico!

— Para de querer se meter em tudo, Helena!

— Não! Eu não paro! A gente jurou quando nos conhecemos! PROTEGER UM AO OUTRO! - ela disse me empurrando para longe.

 

~ FLASH BACK DE RAFAEL ~

 

**

 

Ano: 2130 (semana do acidente com a máquina do tempo.)

 

— Rafael, aqueles pontos que ela levou no ombro podem abrir de repente. Pode ver se ela está bem? - minha mãe disse para mim - Se ela acordar, pergunte seu nome.

— Está bem, mãe.

Corri para o andar de cima, eu nunca a tinha visto direito, aquela seria a primeira vez, eu estava ansioso para saber mais sobre aquela garota.

Abri a porta devagar, ela estava deitada na cama, a janela estava aberta com uma forte brisa gelada entrando. Peguei a coberta do pé da cama e a cobri, para que não ficasse com frio.

Olhei para seu rosto.

— ...

Aproximei minha mão de seu rosto e tirei uma mecha de cabelo que cobria seu olhos.

— Gata... - murmurei.

O cabelo castanho dela era destacado em sua pele.

"Como será seus olhos?", pensei, "Quero conhece-la".

Olhei para seu pescoço e uma das fitas que segurava a bandagem estava presa lá.

"O que aconteceu com você?", pensei olhando para aquela fita, "Te bateram?".

Segui a fita indo em direção ao seu ombro esquerdo e vi a bandagem, era grande, cobria praticamente seu ombro inteiro.

"Meu Deus..."

Do nada uma das fitas saiu. Estava sem adesivo, precisava trocar. Sai do quarto e gritei do corredor do andar de cima.

— MÃE! TEM QUE TROCAR O CURATIVO DELA! TA SAINDO!

— Troca pra mim Rafael! - ela disse no quarto ao lado, não sabia que ela estava lá - Eu estou ocupada!

— Ta bem.

Voltei para o quarto e fechei a porta.

“Eu nunca fiz isso, espero que eu faça direito", pensei pegando algodões.

Virei ela um pouco de lado e tirei a bandagem que já estava velha, era uma ferida enorme. Estava vermelha e saltada da pele, estava perfeitamente costurada com uma linha especial que sumia automaticamente quando o machucado melhorava.

"Espero que melhore logo.", pensei.

Peguei o algodão, bem molhado em remédio e encostei no machucado.

"Queria saber o que aconteceu com você, gata... Será que se ela acordar vamos ser amigos? Será que você vai gostar desse apelido 'gata'?".

Eu detestava em acreditar em amor a primeira vista. Isso não existe. Deve ser mentira, eu só devo estar com hormônios só tenho 16 anos.

"A puberdade começa aos 14!"

Parei por um instante de passar o remédio no machucado.

— Rafael, seu retardado para de pensar coisas assim! - bati em minha própria testa.

— Hm... - ouvi um ruído.

— Hã? - olhei em volta.

— Hm... - ouvi de novo só que mais alto.

Olhei para ela. Estava se mexendo e tentava abrir os olhos, mas o quarto estava muito claro para isso.

"Ela dormiu durante dias, deve ser difícil de abrir os olhos assim".

— Cortinas, fechar só um pouco.

As cortinas fecharam por inteiro, mas ficaram posicionadas de uma maneira que pudesse deixar entrar alguns raios de sol.

Ela levantou a mão e passou nos olhos, tentando abri-los.

— Ai eu tive um sonho... Horrível. - ela disse com o braço tampando os olhos - Sonhei que cai no meio da rua, com uma coisa que parecia um carro e rasguei a pele do meu ombro.

Ela tirou o braço da frente dos olhos e arregalou os mesmos.

— O... que...? - olhou em volta.

Ela sentou rapidamente na cama.

— Ai... - colocou a mão sobre o ferimento e o alisou.

— Por favor, deita... Você não está boa ainda. - disse para ela segurando em seu braço.

A garota desconhecida olhou para mim e puxou o braço com força se livrando da minha mão.

— Quem é você? - ela perguntou.

Olhei para seu rosto, eu estava fascinado. Ela é bonita aos meus olhos. Olhos cor de mel, cabelos castanhos da cor que gosto. Voz gostosa de ouvir e uma boca linda de se olhar.

"Não sei o que deu em mim! Não posso ficar com ela, eu nem a conheço!", pensei.

O que é essa "coisa" que apareceu em minha vida?

— Quem é você? Onde estou? Que lugar é... - ela foi pra trás na cama e bateu com as costas na parede, onde bateu o machucado e gemeu de dor.

— Por favor fique quieta! Eu preciso por o curativo em você!

Ela olhou no ombro e viu o machucado.

— Oh... Não... Não... Isso vai ficar uma cicatriz enorme! Que horas são?

Ela foi pegar o relógio de cima da cômoda ao lado da cama e seus dedos o atravessaram. Ela tentou de novo e atravessou outra vez.

— O que é isso?

— Isso? É um... holograma... ué... - disse olhando ela tentando pegar 20 vezes seguidas.

— Isso eu percebi. Mas aonde que é ligado? - ela perguntou.

— Em lugar nenhum.

— Como assim?

— Por que seria ligado em alguma coisa? - perguntei confuso.

Ela ficou tentando pegar o relógio mais 20 vezes. Até que segurei em pulso e falei sem que ela me cortasse.

— Deita... Por favor. – pedi e soltei seu pulso.

— Não. - ela respondeu.

Olhei para os olhos dela e os perfurei com um olhar de fúria.

Sentei na cama junto com ela e encostei o algodão em sua ferida novamente.

— Ow! - ela bateu na minha mão - Isso dói! O que você tá fazendo?

— Estou querendo te ajudar! Você está ferida.

Ela hesitou. Mas depois que viu que eu só queria ajudar, ela se acalmou. Alguns minutos se passaram em completo e absoluto silêncio.

— Qual seu nome? - perguntei.

— É... Helena Renon... - ela me disse - Ah! Arde!

— Desculpa!

"Helena... Combina perfeitamente com ela, ela tem cara de Helena.

— "Raio de sol" - comentei alto.

— Que?

— Há! O significado de seu nome... Eu pesquisava muito isso para minha mãe. - imitei minha mãe: - "Um nome diz muito sobre uma pessoa.".

— Há. - ela riu - E você?

— Rafael Morris. - respondi.

— Significado?

— "O que ajuda".

— Bom, está me ajudando.

— Sim...

— E é gatinho. - ela disse pegando meu queixo entre seus dedos e me analisando o rosto.

— Que... Hã... - fiquei envergonhado.

Nenhuma outra garota me chamou de gato tão diretamente e sem gaguejar.

— O... brigado...? - eu estava muito envergonhado.

— Por que está me ajudando? - ela perguntou.

"Por que me apaixonei por você em menos de uma semana?"

— Pensei que deveria ajudar.

— Espero poder retribuir o favor.

— Espero não ter que te ajudar mais - respondi.

— Que?

— Digo... Deu para entender mal. Quis dizer que espero poder te proteger pra não ver você mais machucada. - peguei a bandagem e a fita para prender a mesma.

— Você nem me conhece e já quer me proteger? - ela disse me olhando - Ai! Cuidado!

— Desculpa, escorregou da minha mão. Eu acho que muitas pessoas precisam de proteção e cuidados, então quando vejo uma que precisa... Eu ajudo...

"Isso não tava em meus planos, Helena, ainda tenho muitas garotas para ficar na vida, por que você apareceu?"

— Concordo com sua forma de pensar. Como agradecimento a você, também juro te proteger!

Eu sorri.

— Pronto, terminei.

— Obrigada!

Ela me agradeceu dando o sorriso mais bonito que podia, segurou em meus braços como apoio e me deu um beijo dos mais carinhosos na bochecha, depois desceu as mãos de volta aonde estavam, mas raspando pelo meu antebraço, esse simples toque inocente provocou em mim reações que naquele momento poderiam ser notadas, então, tentei esconder o máximo que pude.

— Hã... - eu levantei da cama envergonhado e segurando a blusa um pouco mais baixo - Deita... Eu vou trazer alguma coisa para você comer.

Sai do quarto quase que correndo e praticamente transformando minha blusa em um vestido, pra esconder aquela reação o máximo que eu podia.

 

~ FIM DO FLASH BACK DE RAFAEL ~

 

**

 

~ NARRAÇÃO DE HELENA ~

 

— Me desculpe, Helena. - ele me disse passando a mão no cabelo.

— Não. Eu preciso saber o que você está escondendo!

Puis as mãos no seu peito.

— Eu não vou lhe contar nada. - ele disse.

Fechei minhas mãos e bati nele o mais forte que pude, isso não provocou  reação alguma nele.

— Você é um filho da puta, Rafael! - disse dando diversos socos em seu peito mas dessa vez um pouco mais fraco.

— Helena, para...

— Não! Não vou parar, eu quero te ajudar! Por que não me deixa eu te ajudar? - continuei batendo.

— Helena...

Eu tentei segurar as lágrimas, em vão. A cada soco que eu lhe dava, mais lágrimas caiam.

— Por que você faz isso? Não confia em mim? - disse - Eu não sou capaz? Eu pensei que éramos amigos!

— Helena! PARA! - ele segurou meu punhos.

— Me solta! - eu disse tentando me soltar de seu aperto.

— Me ouve!

— Me solta! Não somos mais amigos, me solta! - eu disse sem pensar e me debatendo.

A raiva e a tristeza tomou conta de mim eu não sabia mais o que eu estava fazendo. Claro que somos amigos! Claro que ele confia em mim! Claro que sou capaz! Mas, meu desejo de mágoa-lo era forte o suficiente para dizer coisas do tipo.

Continuei tentando soltar os pulsos das mãos deles mas ele não queria soltar.

— Me solta!

— Não. - ele me colocou na parede ainda segurando minhas mãos - Me ouve.

— Ta bom, Rafael. O que foi? - disse parando de lutar.

— Qualquer dia... Você vai descobrir, eu sei! Você vai se meter no que não é da sua conta porque é isso que você sempre faz.

— Se não tem nada melhor pra falar comigo, melhor deixar eu ir embora logo.

Puxei meus pulsos pra baixo e soltei dele.

— Não encosta em mim.

— Mas eu gosto de encostar em você!

— Você ficou um ano ou mais, sem encostar em mim quando sua mãe morreu, você aguenta mais um tempo.

Ele pegou minha mão quando eu estava para ir embora.

— Meu Deus, Rafael, o que você QUER?! - gritei.

— Não fala assim comigo.

— Eu falo como eu bem entender! E pode parar de ficar achando que é só você mandar que eu faço.

Disse enfrentando ele com o olhar. Sei que falar da mãe dele é um assunto delicado pra ele, e quando eu pensei que ele ia brigar comigo, ele me puxou pela mão e me beijou a força. Ele agarrou minha cintura enquanto eu empurrava seu peito quente e negava com todas as forças cair em seu encanto. Seus lábios mesmo sendo saborosos e tentadores não podiam me fazer ceder num momento como esse. Mesmo forçado, dava para sentir, que seu beijo era apaixonado e desesperado.

Eu estava brava com ele, irritada... e se ele achou que esse foi o melhor momento para enfrentar minha fúria desse jeito, ele está enganado. Consegui o empurrar pra longe e a mão que usei para o empurrar foi carregada com toda minha raiva e bateu em seu rosto tão forte que o estalo chamaria a atenção se estivéssemos em público. Ele levou a mão a bochecha vermelha que acariciou com cara de dor.

— Ai... - ele murmurou - Fazia tempo que você não me batia assim.

— ... - olhei para ele acariciando sua bochecha esquerda.

Levantei a outra mão e bati novamente, dessa vez do lado direito. Outra vez ele levantou a mão e fez massagem no rosto.

— Para!

— Nunca, NUNCA, MAIS, me beije a força, aliás, não toque em mim.

— Desculpa, Helena.

— E pensar que eu pensei em te dar uma outra chance.

— Helena...

— Eu vou embora. E sozinha. Eu não preciso da sua ajuda. - peguei minha bolsa, que durante nossa briga, caiu no chão sem eu perceber - Tchau.

— Helena! Espera ai! - ele andou rapidamente.

— Fica longe de mim, Rafael. Só se aproxime de novo se você for me contar o que você esconde. Fora isso, não. Você não confia em mim, então eu não confio em você. Só confio em você de novo se você contar sobre sua "vida secreta".

Para evitar que ele viesse atrás de mim novamente eu sai correndo, deixando ele para trás no meio da rua.

— Porra... Minhas mãos estão doendo. - disse.

O céu trovejou, uma chuva se aproxima.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :D
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Arctic Monkeys - Evil Twin
Link: https://www.youtube.com/watch?v=xwir-pg7WiA
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#MeninaImprovável



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