Eu sempre vou te achar. escrita por Louise Isabelly


Capítulo 6
A calmaria


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de flashback



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Aos 7 anos nas ferias de verão eu tinha uma rotina, acordava com mamãe aos berros com os meus irmãos no andar de baixo, as vezes porque eles não haviam limpado o jardim como ela pediu ou porque eles não havia levado o Cheddar para dar uma volta no dia anterior, assim eu descia correndo as escadas e pulava os três últimos degraus pois na minha mente era extremamente radical e ouvia a voz de Gina dizendo que se eu quebrasse a cabeça na queda ela iria gargalhar na minha cara, encontrava a minha mãe na cozinha fazendo o café e o meus irmãos arrumando a mesa, meu pai passava por nos dando um beijo na minha mãe, advertendo Fred e Jorge, bagunçando o meu cabelo e o de Gina e completava dizendo que estava atrasado mas voltaria a tempo para o jantar.

 

 

 

Após arrumar a cozinha do café os gêmeos pegavam a bicicleta e pedalavam rumo a pracinha para encontrar com os amigos e eu e Gina ficávamos no jardim brincando com o Cheddar até começar a ouvir os gritos de Harry que era meu vizinho, nos chamando para brincar na sua casinha da árvore, da sua casinha podíamos ver a casa da frente onde morava o senhor Remo Lupin, um professor do ensino médio que sempre estava acompanhado de livros.

 

 

 

Ate que um dia eu a vi enquanto ia ate a casa de Harry, ela estava de mãos dadas com o senhor Lupin e gargalhava com vontade de algo que ele havia dito, hoje sei o que senti naquele momento mas na época não sabia exatamente o porque de estar fazendo aquela cara de abobalhado enquanto a olhava andar saltitante pelo quarteirão, também não sabia que aquela não seria a ultima vez que a olharia assim. A partir dai eu vivia na casa da arvore de Harry, ficava olhando para ela correndo pelo jardim, virando estrelinhas tortas e deitada na grama lendo seus livros, minha perseguição acabou quando fui ate a padaria com Gui e a encontrei lá, na mesma hora ela veio em minha direção com seus olhos grandes e curiosos, estendeu sua mão e disse:

 

 

 

— Prazer, me chamo Hermione, qual é seu nome?

 

 

 

— Me chamo Rony. - respondi sem apertar sua mão e morrendo de vergonha porém ela não se abalou, colocou os braços para trás e continuou.

 

 

 

— Pronto, nos conhecemos e somos amigos, agora você pode descer da casinha da arvore e brincar comigo. - ela disse com um sorriso tão grande que eu podia jurar que sua boca ia rasgar.

 

 

 

— Como você descobriu? - eu perguntei assustado, como ela me viu? eu fui tão cuidadoso, sempre me escondi quando ela olhava para o meu lado.

 

 

 

— Bem, eu te vi lá em cima tentando se esconder, acho que você não é bom nisso então quando a gente for brincar de esconde esconde é melhor você contar e eu esconder... - ela disse com o dedo nos lábios pensando sobre o assunto.

 

 

 

— E você não sabe virar estrelinhas e quem disse que eu vou brincar com você?- eu disse emburrado, ela tá dizendo que eu sou ruim no esconde esconde e ainda quer brincar comigo.

 

 

 

— Olha eu estou aprendendo ok? e eu tô de ferias na casa do tio e lá não tem crianças pra brincar, aí eu pensei que eu poderia brincar com você. - pela primeira vez na conversa eu vi seu rosto vermelho e pelo modo seus sapatos ficaram extremamente interessantes pois ela não desviava os olhos deles.

 

 

 

— Bem, se você quiser pode ir lá em casa e você pode brincar comigo, com o Harry, com a minha irmã Gina e com o meu cachorro, eu te mostro a minha coleção de cartinhas de pokémon e se quiser eu te ajudo a fazer estrelinhas. - não nego que fiquei com dó, brincar sozinha na casa do velho Remo em plenas ferias de verão? eu não aguentaria.

 

 

 

A partir daí não nos desgrudamos mais, Hermione e Gina viraram melhores amigas e o Harry vivia falando que já que eu era irmão da Gina, ele era irmão da Hermione pois assim tudo ficava equilibrado, brincávamos todos os dias, principalmente de esconde esconde (e sim, eu consegui ensinar a Hermione a fazer estrelinhas perfeitas), as vezes íamos na minha casa, as vezes no Naruto e as vezes íamos para a casa do senhor Remo.

 

 

 

Mas sem percebermos as ferias acabaram, e quando vi, os pais de Hermione estavam com o carro parado em frente ao portão de Remo para busca lá, eu fiquei muito triste e pedi para que ela ficasse, a gente poderia brincar todos os dias e ela poderia ir pra escola comigo pois o Fred e Jorge já levava a Gina, o Harry e eu, ele não ia se importar de levar mais um, mas não funcionou e tiver que vê-la ir embora e ficar com a promessa que ela voltaria e que ligariamos todos os dias e assim foi, telefonávamos após a escola e ela vinha dois finais de semana por mês visitar o tio e em todos os recessos escolares e férias, e assim brincávamos para compensar o tempo que ela não esteve presente, isso durou 1 ano e quatro meses ate que o pior aconteceu.

 

 

 

Um dia minha mãe me acordou se sentou ao meu lado na cama e começou a falar.

 

 

 

— Querido, eu preciso te contar uma coisa.- ela dizia alisando as minhas mãos e olhando em meus olhos - O senhor Lupin veio aqui cedo e me contou que Hermione estava andando de carro junto com os pais, estava chovendo muito forte e a pista estava molhada e um carro acabou derrapando e entrando na contra mão, ele bateu de frente com o carro dos pais de Hermione, ela ficou com alguns machucados mas nada grave. - nessa hora ela parou para respirar e limpar as lagrimas que escorriam sem permissão se seus olhos - porém seus pais estavam muito machucados, você entende meu bem? o impacto maior foi neles e.... eles não conseguiram sobreviver.- nessa hora eu entrei em choque, eu só conseguia imaginar a Hermione aos prantos - Querido, o senhor Lupin perguntou se você quer ir com ele, parece que a Hermione esta desolada e não fala com ninguém...

 

 

 

Antes que ela terminasse eu já tinha levantado e estava trocando de roupa para ir, eu não a deixaria sozinha, não agora. Estava tão nervoso que nem percebi ter entrado no carro, nem me importei com o silencio, só acordei do transe quando Remo parou o carro em frente a uma casa de dois andares, desci e percebi varias pessoas com roupas pretas entrando e saindo da casa, me senti deslocado e pensei comigo mesmo o porque de não ter chamado o Harry para vir junto, ela provavelmente estaria triste e o Harry era tão tapado que faria ela rir rapidinho, meus pensamentos foram interrompidos por Remo.

 

 

 

—Entre, ela esta no andar de cima na segunda porta, ela não abre a porta para ninguém mas para você ela vai abrir, faça companhia para ela por favor. - ele disse olhando para a casa.

 

 

 

Sem pensar duas vezes eu vou, algumas pessoas prestam atenção em mim mas não me importo, vejo os caixões em uma sala cheia de flores mas continuo meu caminho e encontro a porta, ela é verde e em cima há uma placa escrito "Quarto da princesa", bato na porta e não escuto nada, bato de novo e escuto um grito abafado lá de dentro.

 

 

 

— EU JÁ DISSE PARA ME DEIXAR EM PAZ.

 

 

 

—Sou eu, abre a porta Mione, por favor.- ao terminar a minha frase a porta se abre e eu a vejo, ela esta de pijama e os cabelos bagunçados, seu rosto esta inchado por causa do choro e tem um curativo na bochecha e a mão esta enfaixada além de alguns arranhões espalhados pelo corpo. Mal tenho tempo de falar quando sinto ela se jogar um mim aos prantos e dando soluços tão altos que provavelmente dá para escutar lá de baixo, apenas a abracei e a puxei para dentro do quarto, nos sentamos no tapete, me escorei na cama e ela ficou abraçada comigo apenas chorando, não falamos nada um com o outro, apenas ficamos ali.

 

 

 

Não sei quantas horas se passaram, só sei que Remo apareceu dizendo que estava na hora, sai do quarto para Hermione se trocar e a esperei no corredor, ela apareceu após uns minutos com um vestido simples preto, casaco, meias e sapatilhas, demos as mão e descemos as escadas, ao chegar no cemitério senti Hermione tremer.

 

 

 

—Por favor, não solta a minha mão - ela disse com os olhos vermelhos.

 

 

 

— Eu não vou - eu disse balançando a cabeça, e assim passamos o enterro inteiro de mãos dadas, na hora de descer os caixões a Hermione começou a soluçar tentando segurar o choro e eu a abracei e assim ficamos ate a hora de ir embora.


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