Crianças Noturnas escrita por Lilac Kane


Capítulo 4
Capítulo 3




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Olhamos para ela, que se mantinha com o olhar assustado que eu tinha presenciado na carruagem, mas ela não falou nada. Deixou a vela em cima da cômoda e chamou-nos para que sentássemos na cama.

—Algo aconteceu no baile. Algo que eu não tinha imaginado que fosse acontecer. – Ela começa e logo olha para o colchão, como se criasse coragem para falar o que tinha acontecido.

Perguntei-me mentalmente se ela teria violado o Tratado e logo mais percebi que Thyia tinha feito esta pergunta à Callidora, que respondeu em um sonoro “não”.

—Eu estava com raiva pelo que aqueles imundos tentaram fazer à Thyia, então pensei que se conseguisse matar um deles em uma situação onde eu não fosse inteiramente culpada, eu conseguiria mostrar para eles que deveriam nos respeitar mais, nos temer mais. – Ela continuou e eu fui formando uma imagem mental da situação e percebi que ela tinha planejado fazer o que eu havia falado com Thyia que eu não faria.

—Você ia trepar com um deles e depois matá-lo? – Kora perguntou, quase como se ofendida, mas era exatamente isso; por mais que eu soubesse que Callidora não chegaria a transar com ele para depois matá-lo. Repreendi Kora com o olhar e pedi que a outra continuasse.

—Vocês sabem que existem lendas que uma vampira poderia gestar uma criança vampira, e que essa criança cresceria mais lentamente que uma criança normal e teria mais força e agilidade também, certo?

Assentimos com a cabeça e percebemos onde isso levaria, só esperava que o pior não tivesse acontecido. Olhei lentamente para Callidora e percebi o quanto ela parecia fraca, então levantei da cama e fui até o seu vestido e enfiei a mão no seu bolso secreto e o joguei o frasquinho de sangue para Thyia, que obrigou Callidora a beber.

— Bem, descobri que o nome do moreno era Edmond, e fui até ele. Inventei mentiras para convencê-lo a ir para um dos quartos comigo. Nos beijamos por bastante tempo quando eu decidi que iria matá-lo, então ele começou a dizer que seria maravilhoso ter uma criança poderosa, que iria mostrar a todos que poderia existir paz entre nossos povos mais uma vez. E ele começou a tirar as calças e eu pedi para não irmos tão rápido e ele recolocou as calças e saiu do quarto sem falar nada. Eu tinha até desistido do meu plano quando ele voltou e me empurrou para a cama. Eu estava tão chocada que não consegui parar ele... Além do fato que alguns amigos dele o ajudaram a me segurar.

—Callidora você pode estar grávida? – Perguntou Kora e ela assentiu. Enquanto elas discutiam como proceder e o que poderíamos fazer, eu só conseguia pensar o quanto eu estava feliz pelo fato que o iluminado que estava falando comigo não ter ajudado o colega, mas também me perguntava se ele só queria se aproveitar de mim como o Edmond.

—Precisamos contar para Ambrosia, ela deve saber o que fazer! – Falou Thyia e seguimos para o quarto de Gaspare e Ambrosia, que dormiam calmamente.

Uso a minha velocidade para tirar Ambrosia da cama, sem que Gaspare percebesse o que tinha acontecido. Ela se debatia em meus braços e tentava gritar ou morder as mãos de Kora que tapava a sua boca.

—Acalme-se Ambrosia! – Fala Thyia, apertando suas mãos em volta da cabeça dela e Ambrosia para de se debater. A medida que soltamos a vampira, a mesma nos olha confusa, não foram muitas vezes que tivemos que tira-la da cama no meio da noite.

—Precisamos da sua ajuda. – Falo olhando nervosamente para Thyia que estava levemente tremula; e naquele momento percebi que não havia um forma sutil de abordar o assunto em que necessitávamos da ajuda de Ambrosia. – Callidora pode estar grávida de um humano.

—Selene! – Grita Kora com os olhos arregalados e as mãos na boca, mas de nada adiantava a sua repreensão, pois Ambrosia já estava muito longe de nós.

—O quê? Ela ia descobrir de qualquer jeito... – Respondo ainda encarando Ambrosia que permanecia com a boca aberta em choque, sem saber o que pensar sobre essa situação.

—Meninas, parem... Eu só quero... Quero saber o que aconteceu... – Gagueja Ambrosia segurando o braço de Callidora e a conduzindo para o segundo andar. Kora começa e explicar o ocorrido e Ambrosia assente levemente, ora encarando o chão, ora encarando Callidora. – Esse é um ambiente perigoso, não sabemos com o que estamos lidando aqui. Nem sabemos se isso é uma violação ao Tratado.

Respirei fundo e segurei a mão de Thyia. Ambas sabíamos bem o que aconteceria se aquilo realmente fosse uma violação ao Tratado, uma guerra. A minha única certeza naquele momento era que tinha que achar as escrituras da profecia e tentar prever o que aconteceria.

—Temos que falar com o Governo. – Ouço uma voz forte e um vulto passa em minha frente, bloqueando o caminho de todas nós. Era Gaspare com uma expressão dura que encarava diretamente o ventre de Callidora.

—Não podemos. – Contradiz Ambrosia, olhando desesperada para o amado. Arfei. Tirei todas da frente de Gaspare e Ambrosia, levando-as para o quarto de Orfeo.

—Ora, ora, se não é que minha irmãzinha tentou aprontar. E conseguiu. – Disse Orfeo com a voz arrastada. – Imagino que Gaspare e Ambrosia estejam discutindo.

Thyia assentiu e eu puxei Orfeo para um canto, como se dissesse que queria uma conversa a sós. De nada adiantou, pois sabia muito bem que elas usariam sua audição aguçada para nos ouvir.

Guiei Orfeo até o meu quarto, longe o suficiente de nossas irmãs.

—Precisamos achar a profecia. – Disse, sem mais nem menos e ele me olhou com interesse. Perguntou se eu sabia que levaríamos alguns dias a cavalo até Florc Covert e eu assenti.

—Você pelo menos sabe as coordenadas até a árvore? – Perguntou e eu assenti. Olhou-me e balançou a cabeça. – Partimos pela manhã.


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