Sem Necessidade de Mega Sagas. escrita por Abraxas


Capítulo 9
Capítulo final: Sem necessidade de finais felizes.


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior, os nossos heróis tiveram um confronto direto com os seus maiores inimigos, Yugui e Kagato. Com a ajuda da caçadora de recompensas, Nagi, os vilões foram derrotados, mas o sacerdote do poder Antijurai conseguiu o seu intento. Evocar um dos seres mais poderosos do Universo, K. A. I. N.



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A escuridão envolve o nosso herói. Diante dele, uma garota com uma aparência dos seus quinze anos e com um uniforme colegial. Idêntica a sua falecida mãe, mas que alega que é o mais monstruoso ser de todo Universo, K. A. I. N.

           O jovem Tenchi Masaki a olha com incredulidade, mas as evidências são explicitas. O inimigo está maculando o que é mais sagrado para o nosso herói, a memória de sua querida mãe.

           -           Gosto dessa aparência... - diz a criatura. Traz lembranças, não é verdade? - e sorri.

           Irritado, Tenchi responde.

           -           Desgraçado! Onde está aquela forma horrenda que tinha? Mostrava quem realmente é, um monstro degenerado!

           Com segurança, o ser responde ao herdeiro do clã Masaki:

           -           Amadureci. Durante o meu "exílio", tive tempo para pensar. Sabe, senhor Masaki... Não imagina o quando é capaz um ser que pensa. O verdadeiro poder não é a força, mas a imaginação. Tecer um plano com detalhes requer tempo e paciência, uma típica característica feminina. Se não pude derrota-los pela violência, por que não pela inteligência?

           Furioso, Tenchi exibe a espada de Luz contra a criatura.

           -           Vou derrota-lo, custe que custar! 

           Com um risinho no canto da boca, K. A. I. N. diz ao rapaz:

           -           O seu avô não te ensinou nada neste tempo todo? "O verdadeiro vitorioso é aquele que domina a si próprio e não os outros." Palavras de seu avô, lembra? Eu aprendi isso. Fiquei preso naquela dimensão durante trinta anos, mas observei os meus erros e descobri os motivos de minha derrota. Não foi a falta de minha moral, porém a ausência de inteligência.

           Tenchi treme diante a idéia que o monstro tenha visto, de alguma forma, os seus treinamentos com o seu avô.

           -           Creio que esteja preocupado pelo fato que tenha visto os seus cansativos e tediosos treinamentos, não é? Senhor Masaki... Acho melhor rever as suas idéias ao meu respeito. Acha mesmo que naquela época que era um monstro destrutivo e sanguinário, as suas ridículas técnicas marciais iram me deter?

           Com desprezo, a criatura responde a sua própria pergunta:

           -           Nunca! Sabe, por quê? Porque o meu poder, ou força, são infinitamente mais poderosas que as suas. A sua mãe, que era um poder considerável, pagou um preço muito alto para me deter. E não destruir! A sua recompensa foi uma vida muito mais curta, sem ver o seu filho crescer e desenvolver como homem. É uma pena, não acha? Tudo isso, por nada! Pois eu estou aqui! - e diz estas palavras com ódio. Infelizmente, não existe nenhuma Achika para me deter, que azar...

           O jovem herdeiro do clã Masaki sente o poder do Mal lambendo o seu rosto.

           -           Nos filmes do seu planeta, os vilões costumam contar os seus planos aos mocinhos antes de matá-los, mas na realidade é uma maneira que o escritor tem para que o mocinho tenha tempo à um coadjuvante possa salva-lo. A ficção é muito divertida, mas não vai ser aplicada aqui. E sabe por quê? Todos os seus aliados estão dentro de mim. Todos! Estamos sozinhos, Tenchi Masaki...

           O rapaz sente um enjôo, um nojo muito grande, mas ainda consegue articular algumas palavras:

            -          Se tem tanto poder assim, por que não acaba logo comigo de uma vez?

            A garota sorri e responde:

            -          Tenho planos para você, meu querido. - e aproxima do rapaz.

            O rapaz dá alguns passos para trás.

            -          Que planos?

            A garota diz de um modo sensual:

            -          Use a imaginação... - em seguida volta em seu discurso. Creio que não tenha este tipo de recurso intelectual, por isso vou ajudá-lo a compreender o que aconteceu para aí sim entender o que quero com você. - diz ironia. Típica nos filmes da Terra. Vem comigo!

            As trevas começaram a modificar diante dos olhos do jovem e surge a residência do clã Masaki.

            -          Acho que conhece este belo bangalô? - diz a garota sorrindo. Lembra da história do fungo fantasma? A sua limitada imaginação deve ter ligado o atentado ao sacerdote Kagato. Bem... A verdade é que não foi ele, que elaborou o plano, mas sim eu. O seu fanatismo facilitou que o usasse para que vocês libertassem a Yugui e, por conseqüência, a mesma os prendessem o seu mundo. O legal dessa história é que usando os sentimentos de afeto e carinho da Yugui, causasse tanto transtornos.

            O rapaz lembra-se dos fatos ocorridos e fica apreensivo.

            -          O seu avô foi perfeito! Exatamente como previ! Como também a Kiyone. A minha maior surpresa foi à paixão inesperada da Ryoko e Ayeka...

            Tenchi fica indignado.

            -          Que história é essa? Elas se odeiam!

            -          Não era o que parecia... - diz com ironia. Elas me pareciam bem apaixonadas. Quer ver?

            E a garota mostra a cena que a Ayeka se declara a Ryoko que fica abalada.

            -          Sabe, senhor Masaki, ela podia teleportar ou desmaterializar, mas não! Ficou lá, aceitando os avanços da sapatona da princesa. Lésbicas! Isso que são! Elas não te amam! Desfaçam a paixão que sentem uma pela outra. Brigam e disputam a sua atenção, mas na realidade escondem o seu Amor. Quer uma prova? Por que não pergunta a Kiyone? Ela foi testemunha da confissão da Ayeka na nave.

            Envergonhado, Tenchi diz que não precisa.

            -          Que isso?! Eu insisto! - e um gesto e surge a policial. Então, senhorita Kiyone?  O que foi dito pela princesa Ayeka para você?

            A policial cabisbaixa, responde:

            -           É verdade, Tenchi... Ayeka confessou que sentia atraída pela Ryoko. Lembro também que disse não deveria ter confessado isso para mim, pois poderia usar isto contra ela mais tarde. Mas ela não se importou...              

            -           Quer ver a cena da confissão, senhor Masaki? - pergunta a garota.

            O rapaz diz que não, mas a criatura mostra assim mesmo.

            -           Obrigada, senhorita Kiyone! Foi muito útil.

            A policial desaparece nas trevas.

            -           Quer mais provas? Ou quer ver a própria princesa Ayeka repetir a cena de Amor com a sua "apaixonada" Ryoko?

            -           Não! - grita o rapaz. Chega! Eu não quero que humilhe mais as minhas amigas! Se elas estão apaixonadas uma pela outra não cabe eu julgar. Eu as amo e respeito a decisão delas seja qual for.

            A criatura fica surpresa, mas o olha com pena.

            -           Abalei a sua alta estima. Sinto muito. - diz com ironia. Mas o espetáculo deve continuar... Creio que depois o seu avô os libertou e a Kiyone resolveu aceitar a vida com ela é, as coisas começaram a melhorar, não é mesmo?

Acho que não. Prova disso foi o seqüestro do corpo da Ryoko. Bem... Uma denúncia anônima permitiu que a caçadora de recompensas, Nagi, a levasse longe de sua mente. E antes disso houve também a partida da Yugui do planeta Terra. Curioso... Ela poderia aproveitar que os nossos amigos estavam impossibilitados e dominar o seu planeta. A questão é essa. Por quê? 

            O jovem herdeiro do trono de Jurai fica apreensivo. Agora sabe que o monstro quer, destruir a sua confiança em si mesmo. Nesta luta, o que está em jogo é a sua vida e sua alma.

            A colegial, que se diz que é K. A. I. N., percebe que o adversário está muito mais maduro que imaginava. Neste xadrez emocional, o estresse é um aliado poderoso, mas deve ser aplicado em doses cavalares. Porém, durante a luta com Kagato, o garoto suportou muito bem. Afinal, ele foi treinado pelo pai de sua maior inimiga.

            A garota pensa em outra estratégia para destruir a barreira emocional do jovem membro do clã Masaki e descobre como, a diabólica arte da intriga.

            -           Creio que não encontrou uma resposta para a minha pergunta. - diz a criatura. Talvez possa responder. Eu a induzi a sair daquele mundo. Para que possa dominar este mundo que estava vendo. Enquanto vocês sonhavam, Yugui dominou e destruiu o povo deste planeta. Acho que posso mostrar como eram os habitantes deste, outrora, pacifico mundo. Quer?

            Irritado, Tenchi responde:

            -           Olhe, K. A. I. N.! Suas tentativas de me sentir culpado estão sendo infrutíferas. Eu não tive culpa pelo fato que você induziu a Yugui a destruir um povo maravilhoso. O único culpado foi você! Com a sua sede de vingança, pode me dizer as tolices que quiser que não vou acreditar. Talvez, diga que todos os acontecimentos que ocorreram conosco foi um plano extraordinário tecido por incrível sapiência. Faça-me um favor, me poupe.

            Quem ficou surpreso foi o monstro. Será que hoje em dia não se leva um demônio extradimensional e com poderes quase infinitos a sério?

            Desapontada, a criatura fala em um tom melancólico:

            -           Que chato! Descobriu todo o meu plano... Então, deve saber que matou o seu pai?

            Chocado, Tenchi Masaki pergunta:

            -           Que história idiota é essa? Está maluca?

            -           Por que a surpresa? - diz a garota. Sou uma criatura que viaja na linha espaço-tempo como atravessa do quarto à cozinha, como vocês humanos costumam dizer. Posso fazer este tipo de coisa.

            -           Está mentindo! - diz o jovem irredutível.

            Das sombras, surge um homem que é um velho conhecido nosso, o seu nome é Kagato.

            -           Olá, garoto! Bela luta. Espero repeti-la novamente. - diz o clérigo sorrindo.

            -           Como pode ver... - diz a garota tocando o abdome do sacerdote. Ele não tem qualquer tipo de ferimento. Já o seu pai...

            -           O meu pai está na Terra! Como...?

            -           Acredite, filho. - diz a garota. O seu pai já era! Morreu, foi-se, partiu, deixou de existir, comprou a sua grama, está comendo capim pela raiz! E o mais irônico que foi morto pelo próprio filho, que triste...

            O herdeiro do trono de Jurai começa a pensar e conclui que a criatura pode estar dizendo a verdade. Uma lágrima escorre no seu rosto.

            -           E... Parece que o atingi. - diz a colegial ao clérigo. Humanos são muito emotivos quando se trata dos membros de sua família.

            Ao ouvir estas palavras, o rapaz grita à criatura:

            -           Maldito, monstro! - e saca a espada de Luz. Vou cortá-lo ao meio!

            -           Venha, garoto. - diz a colegial. Tente... Agora, uma pergunta? Quem vai morrer em meu lugar? Vovô? Ryoko? Ayeka? Sasami? Fure-me! Vamos! Quero ver o seu potencial sanguinário e vingativo.

            O jovem desaba em lágrimas e cai de joelhos.

            -           Isto é culpa, garoto! Antes de você existir, destrui mundos e vidas.

            A criatura pede que Kagato parta e, em seguida, se aproxima do rapaz:

            -           Sua mãe, foi uma mulher extraordinária. Verdade! Eu a invejo! Tanto que assumi a sua forma e aparência. Quando gerou a ti, percebi que a Vida é um Dom fantástico. Sabe... Quero contar um segredo, me apaixonei por ela. Tanto, que quis ser mulher. Em todos os sentidos. É tão bonito gerar a Vida em seu ventre e dar a Luz a uma criança. Acho que todas as mulheres sonham conhecer um homem que possam compartilhar a beleza do crescimento de um ser, uma mescla de ambos, e dizer; é o nosso filho! - uma lágrima escorre no rosto da garota.

            A colegial agacha e fica ao lado do rapaz.

           -            Sabia que toda mulher idealiza o homem perfeito como um herói? - diz a garota. Sim! O arquétipo do herói é superior a do provedor como ideal feminino. Por isso que a jovens mulheres apaixonam-se por tipos rebeldes e idealistas, o que lutam por um ideal de tornar um mundo melhor do que é. Elas chegam a sonhar juntamente com os seus amados e deixando adormecer os seus próprios sonhos. Mulher, seu nome é Lua, o reflexo do Sol!  

           A garota abraça o rapaz.

           -            Gosto de você, sabia? Suas lágrimas lembram as da sua mãe. É tão bonito... Entendo o porquê da briga daquelas duas idiotas por você. É um garoto tão carinhoso e gentil. Puxa o nosso instinto materno e o desejo de proteção.

           Tenchi olha para a garota.

           -            Não sou bonita, como sua mãe? Os meus lábios são tão doces quanto os dela... - e o beija.

           O rapaz leva um susto e tenta se livrar dos lábios macios da garota. Depois de muita luta, ele consegue. Ofegante, o rapaz grita à garota e limpando a boca com as costas das mãos.

           -            Isto é doente! Que nojo! O que pretende, desgraçada?

           E lambendo os lábios, a colegial responde:

           -            Um filho! Nosso.

           Tenchi Masaki, que estava sentado, se levanta e começa a correr.

           O rapaz não vai muito longe, pois a criatura o agarra e o derruba. Ambos rolam no chão empoeirado. Só param de rolar quando a colegial fica por cima do garoto.

           -           Gosto de ficar por cima! Tenchi... - tira a blusa revelando os belos seios. Não sou bonita? Sou perfeita, pronta para amar. Vou consolá-lo pela morte de seu pai. Prometo colocar um sorriso bobo no seu rosto...

           -           Me larga, desgraçada! - estrebucha. Eu não transar com você, seu monstro!

           -           Não é o que estou sentindo... - diz irônica. Isto tudo é uma caneta, ou um charuto? Uma bela mulher sobre um homem num local deserto... É tempo de Amar... - e o beija.

           O rapaz tenta libertar-se, mas a volúpia é algo poderoso. Tenchi começa se entregar ao prazer. Quando percebe, nota que está completamente sem roupa e, digamos, fazendo o que tem que fazer com ela...

           -           Sabe, Tenchi... - diz sentindo muito prazer. Este corpo é um clone da sua mãe... Sabia? Ahn... Gostei... Humm... De uma história de seu planeta... ahh... Conta a saga de um herói que mata... Ui... O seu pai e transa com a mãe... Vai... Uma tragédia grega! Ahhh!!! Édipo!

           O rapaz sente o peso da mulher e tenta pensar em outras coisas que não aquele ato. Lembra de sua espada e a sente em sua mão direita. Para distrair a criatura, ele abraça a mulher e diz:

           -           Eu não agüento mais!!! Eu vou... Ahn...

           -           Vai... Sim... Meu amor... Me imunda de prazer...

           Tenchi pega a espada e enfia na anca da criatura.

           -           ...matar você, piranha!!! - diz com ódio.

           A criatura se desvencilha do rapaz, pois, sentiu muita dor pelo golpe deferido. O sangue escorre em sua perna esquerda até tocar o chão e o olhar de ódio e surpresa da criatura foi como um prêmio para o jovem herdeiro de Jurai.

           -           Te feri... Finalmente... - diz o garoto ofegante. Dói, não é?

           A criatura toca na ferida e questiona:

           -           Se eu... Livrei-te das roupas e da espada... Como você me feriu com essa arma?

           Outra voz feminina ecoa no deserto do céu negro.

           -           Porque ajudei, K. A. I. N.

           A colegial vira-se em direção da voz:

           -           Quem é você?

           -           Não sabe? Você enganou o meu servo usando o meu nome e não sabe quem é?

           -           Eu não acredito... Você não, Lady Tokimi! - diz a criatura.

           A mulher, ou melhor, Deusa aproxima-se do jovem herdeiro de Jurai e diz:

           -           Vou te dar umas roupas novas. Não se preocupe, nós vamos cuidar dela agora. Fique tranqüilo. - e com um gesto as roupas brancas cobrem a nudez do rapaz.

           A criatura, nua, olha a mulher com desdém.

           -            A primeira do trio... A anciã.

           Ao contraio do que a criatura disse, Lady Tokimi tem uma aparência de uma mulher de meia-idade muito bonita, com um vestido branco e com ornamentos de metais e pedras preciosas espalhadas em todo o corpo dando um valor maior as suas formas. O seu cabelo prateado curto, na altura dos ombros, estava coberto por uma renda dourada.

           -            Tenho pena de você, criatura... - diz a Deusa. Sei que não tens culpa por sua existência. Apenas obedece a ordem de destruição de sua mestra, a imperatriz Inazi.

           -            Quem? - pergunta Tenchi.

           Outra voz feminina ecoa no deserto para responder o rapaz.

           -            Imperatriz Inazi foi à mulher que criou o império de Jurai que conhecemos. Uma sacerdotisa muito poderosa e cruel. Destruiu mundos e reinos para estender o seu império, usou e abusou do poder de Jurai e o criou monstros para espalhar o terror em seus súditos. K. A. I. N. e Yugui foram suas criações mais famosas porque foram aqueles que fugiram do seu controle e causaram mais danos e mortes.

           A criatura reconhece a garota que surge das trevas.

           -            Tsumani. A terceira do trio... A donzela.

           Tenchi conhece a Deusa. A sua aparência é de uma alta e jovem, de cabelos azuis e longos, na testa há dois pequenos círculos azuis, uma beleza estonteante, um vestido longo e imponente.

           -            Sasami... - balbucia o jovem herói.

           -            Ela terá a minha aparência, mas no momento certo. - diz a Deusa. Agora é hora de julgar a criatura das trevas...

           A colegial se volta diante a donzela.

           -            Onde está mãe? A tal Washu? Sabe muito bem que o poderes de vocês não têm efeito se uma estiver em meu poder.

           Uma terceira voz ecoa no deserto.

           -            Imaginei que diria isso, K. A. I. N.

           A criatura sente um arrepio ao escutar a voz.

           -            Washu não é mais a mãe há muitos séculos, a pedido dela mesma. Renunciou o posto de Deusa e tornou-se uma mortal genial. Agora o posto de Deusa foi dado para mim, com muito gosto. É um prazer e uma honra, mesmo para uma morta, não é, K. A. I. N.?

           A criatura reconhece a voz e treme diante a sua maior inimiga tenha voltado como uma Deusa da Suprema Trindade Universal. Como as trevas temem a Luz do Sol no amanhecer, o monstro treme a idéia que ELA tenha voltado dos mortos para enfrentá-la. Para aumentar o horror, a criatura se vira em direção da voz e a Deusa se revela diante de todos os presentes.

           A Deusa tem os cabelos dourados e muito longos, veste um kimono azulado, uma brisa de Luz a envolve tornando muito mais linda. Na cintura, a Deusa traz uma katana brilhante envolta de flores como bainha.

           -            Mãe?! - balbucia Tenchi. É você?

           Com um sorriso nos lábios, a Deusa responde:

           -            Sou a Mãe de todos os seres, mas em minha existência anterior fui a sua progenitora. Fico feliz em vê-lo de novo, filho. - e a Deusa alisa o rosto do rapaz.      

           O monstro vomita o seu nome:

           -            Achika!!!

           A Deusa olha à criatura com pena e pergunta depois de se juntar a suas colegas:

           -            Irmãs, o que faremos com este ser?

           Com frieza, Lady Tokimi responde:

           -            Devolve-lo de onde jamais deveria ter saído.

           -            Concordo. - diz Tsumani. Vamos fazer o círculo.

           As três Deusas se dão as mãos forma de uma roda entorno do monstro enquanto flutuam.

           -            Malditas! Nunca poderão me deter para sempre, um dia irei voltar e destruirei todos os eleitos do poder de Jurai.

           Uma energia brilhante surge no céu negro e atinge a criatura. Um buraco surge sob os pés do monstro que cai. Ouvem-se algumas últimas pragas, mas o silêncio dá a sua palavra final.

           -            Está consumado! - dizem as três ao mesmo tempo.       

           Tenchi Masaki vai em direção do trio de Deusas que se viram para o jovem.

           -            Saudações, majestade! - dizem as sorridentes Deusas. Perdoe-nos pelo atraso, mas o poder de concentração da sombra impedia a nossa entrada. Ficamos felizes que tenha ferido K. A. I. N., pois assim tivemos a chance de dete-la.

           -            Eu já não agüentava mais... - diz encabulado. É primeira vez que presencio um estupro feito por uma mulher contra um homem...

           -            Tu tiveste muita força de vontade, monarca. - diz Lady Tokimi. Um estupro é um estupro não importa quem o faça. Seja homem ou mulher, é um ato de violência.

           O jovem herdeiro fica vermelho, mas concorda.

           -            Sabemos que tem inúmeras perguntas. Faça! - determina Tsumani.

           O rapaz abaixa a cabeça e pergunta as Deusas:

           -            O meu pai morreu? K. A. I. N. disse a verdade? 

           As entidades ficaram sérias e uma delas responde:

           -            Sim, mas sem o poder da sombra podemos revivê-lo. A sua atitude salvou o Universo, é o mínimo que podemos fazer por você. - responde Tsumani.

           Tenchi fica curioso e pergunta:

           -            Quer dizer se engravidasse a "coisa", o Universo corria perigo?

           -            Tu não fazes idéia do perigo, filho. - responde Achika. O que monstro queria era que os genes da família real Jurai e a sua se fundissem. Para que o ser criado, certamente, seria a entidade mais poderosa do Universo. E na hora do nascimento, a alma que habitaria o corpo seria expulsa e K. A. I. N. ocuparia o seu lugar. Creio que nem nós seriamos capazes de dete-lo.

           Só aí que o rapaz percebe o perigo e importância que foi resistir a volúpia daquele ato que seu pai certamente não resistiria.

           -            Qualquer homem não iria resistir, somente aqueles que sabem o valor e a responsabilidade de ter um filho são capazes de resistir. E garanto que são poucos. - diz Lady Tokimi. 

           O jovem ficou feliz de entender o porquê do agradecimento das Deusas e o favor e a boa vontade em salvar a vida de seu pai.

           -            Posso fazer outra pergunta?

           -            Faça, monarca. - respondem as três.

           -            Por que me chamam de monarca?

           -            Porque és o herdeiro legítimo do trono de Jurai. Se quiser assumir o seu império, será feita a sua vontade com o apoio do poder Jurai. - respondem as Deusas.

           O rapaz faz uma exclamação de surpresa.

           -            Bem... Ouvi dizer que a doutora Washu era uma Deusa. Por que ela deixou de ser?

           As deusas olham entre si e Achika diz:

           -            Por que não pergunta para ela? Somente ela pode responder.

           O rapaz olha tudo em sua volta, o céu continua negro e tudo em volta está desértico. Curioso, pergunta as Deusas:

           -            Por que depois que o monstro foi aprisionado o céu e tudo está como ele deixou? Onde estão as garotas?

           As Deusas sorriem e levantam as suas mãos aos céus. Um turbilhão de Luz envolve a todos e as mulheres dizem ao rapaz:

           -            Estamos devolvendo todos em sua dimensão original. - dizem ao mesmo tempo. Vamos embora, mas lembre que estaremos sempre com você, monarca. - e desaparecem.

           O jovem desperta.

           Olha para o belíssimo céu violeta e procura as suas amigas. Para sua alegria, todas estavam entorno dele. O rapaz sente um júbilo tão grande que as lágrimas escorrem em seu rosto. As lágrimas de um herói.

           Horas depois, todos estão próximos da Yagami. Até mesmo, Nagi, Yugui e Kagato. Todos estavam reunidos e conversando animadamente, exceto os vilões.

           Ryoko aproxima-se de Nagi e comenta:

           -             Puxa... Acho que você vai ganhar uma boa grana com esses aí.

           -             Tive algum lucro no final dessa história. - diz a caçadora.

           A pirata respira fundo e pergunta:

           -             Você ainda pensa em me caçar?

           A mulher olha nos olhos de Ryoko e responde:

           -             Tu és o meu sonho de consumo, mas creio pelo que passamos talvez possa mudar as minhas "prioridades". - e sorri.

           Nagi olha para os seus prisioneiros e diz para eles:

           -             Viu, Yugui? Eu não disse que ele é procurado?

           A loira de cabelos escorridos comenta:

          -              Gostaria de voltar a ser criança, mas certas coisas não voltam mais atrás. Fui tola...

          -              Vai ter muito tempo para se arrepender. Vamos subir.

          E uma Luz envolve a caçadora e seus prisioneiros. Em seguida, a Luz desaparece e a nave chamada Ken-ohki parte ao céu violeta.      

          Outro Cabbit choramiga pela partida de seu amado.

          -              Calma, garota! Prometo que o verá em breve. - consola Ryoko.

          Ryo-ohki anima-se e dá uns ruídos de alegria.

          -              Ei, pessoal? - exclama Kiyone. Alguém sabe onde está a Mihoshi?

          Um exclamo geral se fez, exceto...

          -              Bem... Estava bom para ser verdade. - comenta Washu.

          Lá estava o ruído estridente e uma loira descabelada correndo em direção do grupo.

          -              Ei, pessoal! Eu terminei! Eu terminei! - grita à doida.

          Todos perguntam "O que?" e a loira responde:

          -              De contar as folhas daquela árvore que a Washu me pediu. Deu, exatamente, Três milhões, oitocentos e noventa e sete mil e quatrocentos e trinta e sete folhas.

          Todos caem de uma vez e Mihoshi dá o seu simpático sorriso.

          No planeta Terra, Katsuhiro Masaki prepara o funeral de seu genro. Um crematório ao estilo Viking, muita palha e mortalha. O velho sacerdote segura uma tocha acesa e aguarda o termino da cerimônia fúnebre. Os auxiliares do templo fazem as suas últimas homenagens.

          -              Imagino que deve ser muito duro perder uma pessoa tão próxima. - diz um dos auxiliares.

          -              É o preço da vida, meu caro. - diz o avô de Tenchi. Devemos aceitar as perdas como uma parcela para a nossa evolução espiritual.

          O rapaz vê que os sacerdotes terminaram as suas homenagens e pede que o senhor Katsuhiro Masaki comece a cremação. É o que certamente aconteceria, se o morto não tivesse a estrebuchar. Foi uma cena hilária, todos aqueles sacerdotes correndo de um lado de outro como loucos por causa de um cadáver que não queria permanecer morto.

          No meio da turba, o avô de Tenchi saca a sua espada de Luz e de um só golpe liberta o seu genro das mortalhas. Sorridente, o velho sacerdote pergunta ao renascido:

          -              Que achou estar no outro lado, meu filho?

          O arquiteto respira fundo, pois não conseguia respirar, mas, com esforço, consegue dizer as seguintes palavras:

          -              Não tão bom quanto estar neste, pai. - e tosse.

          No espaço, na sala de comando da Yagami, Washu pilota a nave com toda a sua concentração, mas não deixa de notar que alguém entra na sala.

          -              É você, Tenchi!

          Surpreso, o jovem pergunta a cientista:

          -              Como você soube que era eu, Washu?

          Sorridente, a mulher responde ao rapaz:

          -              Elementar, caro Lorde Tenchi! Eu te vi pelo vídeo que vigia a porta externa. Não é preciso ser um gênio para descobrir isso.            

          O rapaz sorri.

          -              Vejo que você gosta de pilotar esta nave.

          -              Não se trata de gostar, mas sim auto preservação. Não gostaria de ser passageiro de uma nave que tenha uma Mihoshi como co-piloto.

          -              Faz sentido...

          -              Bem, Tenchi... O que foi? Acho que você não veio para cá só por causa da minha habilidade como piloto.

          O jovem herdeiro do trono de Jurai abaixa a cabeça e pergunta a cientista:

          -              Ahn... Bem... Quando estava lutando pela minha alma com o K. A. I. N., as Deusas me disseram que você uma delas e que renunciou o posto. Quando perguntei o porquê, elas pediram para que perguntasse a você.

          A pequena ruiva ficou em silêncio e abaixou a cabeça. Em seguida, ela mesma quebra o silêncio.

          -              Eu era a Mãe. Porém, não fazia sentido se uma entidade que gera a Vida não ter um filho. Por isso, renunciei, mas paguei um preço muito alto pela minha decisão. Atualmente, o meu filho está morto, já essa altura, ou congelado em um banco de clones. Só não estou morta, porque fiquei congelada naquele meteoro que caiu em seu templo e a qual as meninas me libertaram.

          -              Você não está arrependida de ter domado essa decisão?

          A cientista dá uma imensa gargalhada.

          -              De jeito nenhum. Sou a maior cientista do Universo. Sou muito mais útil assim do que como uma Deusa. Um dia vou encontrar as minhas antigas irmãs, quando morrer, e riremos juntas a respeito de minha outrora existência.

          Tenchi fica satisfeito com a resposta e pede desculpas a cientista por incomodá-la. Momentos depois, sozinha, a pequena ruiva começa a chorar.

          Finalmente, a Yagami chega a Terra. Foi uma viagem tranqüila, apesar do que todos passaram nestes últimos tempos. Os nossos heróis saem da nave e correm para os seus quartos e afazeres. Ayeka e Sasami retornam as suas prendas domésticas. Kiyone e Mihoshi retornam a sua busca do apartamento ideal. ( Diga-se, barato.) Ryoko retorna a seu quarto e hiberna. (Afinal, uma pirata espacial tem o seu direito ao descanso.) Washu retorna a seu laboratório. Ryo-ohki para as suas cenouras. Tenchi encontra o seu pai e seu avô. E tudo retorna aos lugares como deve ser o sentido da Vida... ( Porém, sabemos que as coisas não são bem assim.)

         O Universo é imenso e todos sabemos disso. Quantos heróis lutam para salva-lo ou destrui-lo? Será que os Deuses têm a capacidade de modificar ou explicar o sentido da Vida? Quantas vezes os nossos heróis falham e nos mostram que são humanos e por isso deixam de serem heróis? Todos os seres vivos têm sua parcela positiva e negativa não importa o seu tamanho ou poder. Por isso, que sempre existirão aventuras e aventureiros para vivê-las. Pois o Universo é infinito, mas capacidade de compreendê-lo, não. Talvez esteja aí a beleza da humanidade.

                                           F     I     M.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a Grande Mente Cósmica pela minha existência e a oportunidade de escrever este Fanfic. A minha família pelo espaço neste plano físico. Aos meus amigos pelo apoio metafísico e lógico. Aos meus conhecidos pelas experiências e tramas. A você leitor pela paciência de ler tudo isso com carinho e atenção. A própria história que se criou sozinha. A Pioneer pela criação dos personagens que amo tanto. Ao computador que foi um amor comigo e não deu nenhum problema quando escrevia. E a grande tribo cósmica que me aguarda o meu retorno ao plano espiritual. (Talvez um eventual retorno a este plano.)


Para todos, MUITO OBRIGADO!!!



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