O Destino do Príncipe escrita por Miahwe


Capítulo 11
Lembranças




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716498/chapter/11

            Foi algo impulsivo e quase irracional.     

            Quando chegou no riacho a primeira coisa que viu foi Sasuke, a cabeça abaixada para as mãos que trabalhavam firmemente em amarrar o calção na cintura; os cabeços molhados caiam no rosto e quase tocavam os ombros. Então os olhos do príncipe o fuzilaram; depois disto Naruto sentiu vontade de beijá-lo, apenas queria e pronto.

            Sasuke quebrou a troca de olhares e abaixou-se, os músculos tensionados, para pegar o manto com nuvens vermelhas estendido no chão junto aos pedregulhos da margem. Naruto foi até ele, sem nem ao menos pensar duas vezes. Esperou-o levantar e instintivamente puxou-o para si e o beijou.

            O Uchiha não reagiu em nenhum momento, manteve os lábios parados. Naquele curto instante Naruto sentiu algumas coisas: sentiu algo ser saciado; sentiu as gotas gélidas dos cabelos molhados de Sasuke molharem sua face um pouco suada; sentiu o calor da boca do outro na sua. O corpo molhado do príncipe umedecia a túnica rota que usava, esta que começa a grudar no tórax.

            Afastou-se quebrando o beijo e o observou. Os olhos manchados estavam levemente arregalados, as bochechas adquiriam um pouco rubor e os lábios estavam entreabertos, Naruto sentiu a mudança na respiração do rapaz e deixou um mínimo sorriso fantasma passar pelos lábios.

            — Não foi ruim — disse casualmente e soltou a cintura do outro.

            Sasuke abriu a boca para falar algo, Naruto esperou, porém Sasuke a fechou e puxou-o pela túnica sem muita força, beijando-o, novamente, em seguida.

            Não resistiu, era bom, não tinha porquê negar aquilo.

            As mãos do Uchiha estavam pousadas em seus quadris e os lábios se movimentavam de forma moderada, Naruto o acompanhava vagante em pensamentos. Depois de todos aqueles dias perdidos naquele final de mundo, de trocas de socos, de discussões e de tapas, de risos descontraídos ao redor da fogueira, aquele momento era o que sentia mais paz e menos estresse. Sentia a raiva de estar perdido sendo apagada da mente, trocada por algo mais prazeroso.

            Não imaginou que Sasuke fosse corresponder ao beijo, não da forma como ele agia geralmente, metódico e sensato, o que de certa forma deixou Naruto um tanto surpreso.

            Afastaram-se, os lábios avermelhados e tiritantes. Os olhos negros com marcas da cor do sangue fixaram-se nos seus, não soube dizer o que expressavam, talvez algo entre a confusão e outra coisa que não conseguiu distinguir. Sasuke soltou seus quadris e Naruto deixou os braços caírem ao lado do corpo.

            — Não pensei que fosse retribuir — Naruto falou por fim enquanto o Uchiha se abaixava para pegar o manto que havia caído no chão.

            — Eu também não.

            Naruto sorriu, sincero e descontraído. Não gostava quando o clima ficava tenso daquela forma. — Vou... preparar os coelhos.

            — Vou acender a fogueira.

            ― Aliás, ― Naruto começou ― eu avistei um vilarejo enquanto corria atrás da comida, não fica muito longe, podemos chegar em uma hora e meia de caminhada ou menos.

            Sasuke, que friccionava duas pedras de fogo, uma contra a outra, parou e o encarou. ― Então nosso acordo de paz está quase para se acabar.

            ― Isso ― Naruto falou arrancando a cabeça do coelho.

            ― Então vamos terminar logo nossa última refeição juntos ― Sasuke falou simplesmente e o fogo estralou das pedras para a simplória fogueira.

                                                           ***

— Vossa Alteza está muito distraída ultimamente — a tutora falou enquanto bordavam — Olhe só para esses pontos que falta de capricho! Tortos e errados. Ora, pelos deuses, princesa.

            Hinata pousou a agulha no colo e examinou o dedo furado. Tinha levado um susto quando a mulher abriu a boca diante do silêncio da sala e acabara por furar o dedo. Realmente, ela estava muito distraída, nunca tinha errado tanto um bordado simples como ele, que dizer, não era exatamente simples, mas ela sabia a ordem que a agulha seguiria e as curvas que faria, assim como os nós que teria que dar.

            Ao ver o corte a tutora criou um alarde chamando criados para que cuidassem do ferimento. Hinata quase os dispensou, mas não o fez para não deixar a mulher preocupada, sem jeito. A senhora Marnet era uma substituta vinda do reino da Terra e, claramente, não estava acostumada com a cultura dos Hyuuga.

Certo dia, enquanto faziam bordado na varanda do quarto de Hinata, a mulher a confidenciou que achava um disparato a princesa ter que aprender a lutar, a suar e a ficar suscetível aos machucados.

            — É tradição de família, senhora Marnet — Hinata explicara pacientemente enquanto observava os guerreiros do pai treinado no pátio logo abaixo. — Não apenas para as mulheres, mas todos os Hyuuga precisavam ser fortes, independentes e preparados para tudo. Lutar não é ruim, tutora, quando eu treino sinto que tudo de ruim vai embora, é apenas eu e a adrenalina do combate...

            — Minha princesa, não fale essas coisas — censurara a tutora, pousando as meais que tricotava no colo. — Está falando como um desses soldados brigões com sede de sangue e, deuses, a senhorita deveria focar-se em estudos, dança e canto. Essa coisa de se proteger, não, não, isso é dever de seu futuro marido. E tenho certeza que o príncipe Itachi é bastante forte para isso.

            Itachi...

            O nome ressoou em sua mente. Fazia um ano que o tinha visto. Ele sempre a convidava para caminhar por uma trilha em uma campina próximo a uma plantação de laranjeiras. Conversavam, apenas isso. Hinata não tinha nada contra ele, mas não conseguia se apaixonar como tinham lhe prometido que aconteceria. “Você vai se apaixonar à primeira vista”; “Ele é lindo”, comentavam algumas ladys, e realmente era bonito com cabelos tão escuros quanto os olhos manchados que sustentavam um olhar sério e ao mesmo tempo descontraído. Tinha o maxilar bem acentuado e um sorriso agradável, mas nada daquilo tinha mexido com seus sentimentos e, Hinata duvidava dos sentimentos dele também.

            Este ano, era ela quem iria visitá-lo no reino do Fogo, aquilo a deixava ansiosa e preocupada. Era um lugar onde não conhecia ninguém, onde nunca andou. Iria com seus dois guardas, Kou e Neji, mais dezoito soldados de confiança do pai, este último dissera que como não poderia deixar o reino para uma viajem e, fazer uma desfeita com o rei Uchiha não seria nada agradável para os negócios, então ela mesma poderia ir junto com guardas de honra, todos cavalheiros juramentados a Coroa do Ar.  — Você estará em segurança durante toda a viajem — prometera o pai beijando-a na testa antes dar as costas e seguir para a torre do Rei com Hanabi ao seu encalço.

            — Ah, não... Princesa? — a tutora chamou tirando-a do devaneio. — Quer parar por hoje?

            Hinata olhou para o bordado incrédula. Tinha destruído o desenho, havia linha cruzando em lugares errados e havia alguns fios soltos ou mal puxados. — Sim, por favor — falou enquanto levantava, pousando os instrumentos na mesa. Caminhou até o baú e pegou uma adaga de caça que descansava na bainha de couro decorada com fios de ouro. — Vou procurar por Sir Neji — avisou antes de sair do quarto.

***

            — Preparar flechas! — Shisui gritou enquanto andava por trás da linha de arqueiros. — Apontar à meio sol — esperou até que todas as cordas fossem devidamente esticadas. Um garoto, novato, se encontrava em uma das extremidade, postura torta e braço baixo. Shisui caminhou até ele se posicionando logo atrás. — Estique sua coluna e levante o braço da corda até a altura dos ombros — falou colocando a mão, coberta pela luva de três dedos, sobre a do garoto e puxando a corda junto a ele, os dedos do garoto estavam brancos sub os seus por conta da força que fazia para puxar a corda tensa. — A força para puxar o arco está em suas costas e não apenas nos braços. Quando puxar o flecha tente encostar a corda em seu nariz; aí, sim, isso, então você poderá soltá-la. — Desencostou o corpo do menino e voltou a andar observando os outros homens. — Atirar!

            Uma saraiva de quinze flechas disparou no ar, caindo no chão de grama baixa em fileiras. Algumas, que foram mal miradas desapareceram entre as árvores ou fincaram nas mesmas, tremendo pelo impacto, felizmente os erros foram menores do que o Comandante Shisui esperava.

            — Vamos de novo! Última vez! — gritou pondo-se ao lado dos arqueiros. — Prepararem as flechas!  Puxar cordas a meio sol! Atirar! — Desta vez a quantidade de erros pouca. — Podem descansar. Depois vamos fazer uma corrida até o lago sul e lá treinaram esgrima. — Quando terminou de falar os arqueiros desabaram no chão soltando uivos de cansaço.

            Todos os dias Shisui treinava quinze ou vinte de seus homens, ensinava-os arco e flecha e esgrima, afinal, se algo ocorresse seus homens deveriam estar preparados para tudo. Não gostava do tabu que muitos empunhavam nos arqueiros, de que eram covardes e lutavam a distância. Quando conseguiu o cargo de Comandante da Floresta, tendo assim, todos os arqueiros do reino ao seu mando, decidiu que não seriam covardes, iriam lutar tanto com arco e flecha como com espadas e facas. Shisui tinha orgulho de ter os arqueiros mais temidos dos três grandes reinos.

            — Hayashi, — chamou — traga-me cerveja — pediu sentando-se junto aos homens. — Vocês foram muito bem — parabenizou. — E você rapaz... — O comandante da floresta olhou para o menino que tinha orientado a poucos minutos. — Qual seu nome?

            — Kiba, senhor. Kiba Inuzuka.

            — Procure um arco menor e com menos polegadas, este que usa é muito pesado por isso não consegue mirar direito ou mesmo puxar a corda.

            — Sim, senhor! — o rapaz falou e voltou a conversa com um homem ao lado.

                                                           ***

            O quarto do irmão ficava no mesmo corredor que o seu. A porta tinha um risco profundo que fora entalhado por uma machadinha.

            Sorriu enquanto lembrava daquele dia.

            Sasuke havia furtado a machadinha de um dos soldados de Kisame e fugia pelos corredores do castelo rindo e balançando a arma, fazendo as criadas e qualquer pessoa sair do caminho temendo serem atingidas. Itachi havia saído do próprio quarto no mesmo instante que Sasuke tropeçou e a machadinha voou direto na porta. — Mano! — havia gritado antes de estatelar-se no chão de pedra cinza. Itachi lembrava que depois Sasuke tinha ficado com os joelhos e cotovelos esfolados por causa da queda, a testa tinha marcado com uma pequena cicatriz que acabou por ser escondida pelo cabelo com o tempo.

Lembrou-se então do dia em que Sasuke cortara o próprio cabelo com sua faca de caça. Naquele dia Itachi havia tirado a faca e a colocado em cima da mesa no salão onde eram feitas as refeições diárias. Então, foi apenas se distrair um instante para a faca desaparecer, claro que ele sabia quem tinha pego, olhou embaixo da mesa com uma vela nas mãos, e viu Sasuke sentado de pernas cruzadas, o vermelho dos olhos cintilava a luz da vela e ao lado dos quadris havia um punhado negro de cabelo. — Sasuke! — exclamou, colocando a vela de volta na mesa e abaixando-se novamente para pegar o irmão, colocando-o sentado em cima da mesa. — O que você fez com seu cabelo? — perguntou analisando o corte mal feito do irmão, antes os cabelos eram longo como o seu, passando dos ombros, agora estava repicado e curto acima dos ombros.

            — Eu vi papai fazendo um dia — falou com inocência estampada nos olhos e no tom da voz infântil.

            Itachi balançara a cabeça divertido sem saber o que fazer com aquele piralho. Depois daquele dia o cabelo de Sasuke nunca mais cresceu como antes, acabou por ficar meio arrebitado atrás onde a lâmina pegará e liso na frente.

            Suspirou com as lembranças e sentou-se no peitoril da janela que ficava no corredor em frente à porta dos quartos, a parede entre eles era coberta por uma grande pintura dele e de Sasuke, lado a lado, na época Itachi tinha doze anos e Sasuke oito. Enquanto observava o quadro lembrou-se de um evento ocorrido naquele mesmo ano.

            Estava treinando esgrima no pátio com os demais cavalheiros do pai quando seu oponente parou e apontou para cima. Itachi, suado e resfolegando, olhou para a direção indicada e franziu o cenho sem acreditar. — Mais o que...

            — É o pequeno Sasuke? — alguém perguntou se aproximando.

            Itachi assentiu lentamente enquanto distinguia túnica vermelha que o irmão usou durante o desjejum. Ele estava andando no telhado do celeiro da fortaleza. Um gato estava logo à frente, caminhando com uma segurança contrastante enquanto o irmão balançava de um lado para o outro. Não ficou muito tempo observando e correu até o celeiro. — Sasuke! Desça daí! — gritara fazendo uma concha ao redor dos lábios.

O irmão o encarou do alto. — Vou pegar o gato, eu estou bem, irmão.

Itachi não precisou esperar muito para Sasuke pisar em falto em uma telha mal colocada e ficar pendurado na beirada do telhado, os pés balançando e gritos de socorro.

Uma lágrima rolou em sua face e o coração apertou um pouco. Sentia falta de Sasuke correndo, se machucando e gritando por seu nome. Tinha saudades do irmão abraçando-o e furtando suas armas de maneira inconveniente, das perguntas estranhas de criança, de ser seguido por todo lugar. Mas agora, se Sasuke volta-se seria um homem quase adulto e não seu irmãozinho casula que tanto adorava perturbar. Depois de todos esses anos, Itachi se perguntava o quanto Sasuke teria mudado.

Uma brisa entrou pela janela. — O que você anda fazendo, irmãozinho?

***

                Chegaram a entrada do vilarejo dois jovens rapazes, maltratados pela floresta. Um deles usava um manto cinza aberto que possuía alguns rasgos, assim como a calça e a túnica preta, haviam resquícios de ferimentos no rosto e a grande espada nas costas parecia cansa-lo. O outro vestia uma túnica preta e vermelha, totalmente fechada, não possuía armas à vista e a postura transmitia um ar de seriedade, apesar do andar lento e inclinado.

            Gare, de onze anos, que os observava correu de trás da árvore e encontrou no vilarejo para notificar à todos dos forasteiros.

            ― Fique quieto, Gare, são só pessoas, devem estar em viagem ― a irmã mais velha falou enquanto equilibrava um cesto de roupas na cabeça. ― Vá brincar com seus amigos e deixe as pessoas com as vidas delas.

                                                           ***

            ― Você tem certeza de que vai entrar nesse vilarejo com essa roupa? ― Naruto perguntou a Sasuke olhando negativamente para o manto da Akatsuki do Oeste.

            ― Não faz diferença para mim.

            Naruto deu ombros.

            ― Então é isso... Adeus.

            ― Adeus... hum... e obrigada por ter-me ajudado com os ferimentos ― Sasuke agradeceu.

            ― De nada.

            Depois disso acenaram um para o outro. O acordo de paz desfeito, finalmente estavam livres um do outro.

            Entraram no vilarejo como estranhos e tomaram caminhos diferentes. Naruto continuou em frente, iria procurar um estaleiro onde pudesse passar a noite e Sasuke curvou a direita, entrando em um rua pouco movimentada, a partir dali perdera-o de vista.

            ― Com licença, ― pediu a um senhor ― poderia me dizer onde fica um estaleiro mais próximo?

            O velho olhou-o com olhos cansados. ― Fica na segunda rua, andando em frente, a direita.

            Naruto assentiu agradecido e foi na direção indicada. Ao chegar na porta do local, tocou o cinto onde ficava a bolsa com suas poucas moedas e surpreendeu-se ao notar que ela não estava ali.

            ― Maldito seja ― murmurou pensando em Sasuke. Mesmo assim encontrou no estaleiro, iria precisar apenas de uma noite e comida, poderia barganhar sua breve estadia com alguma troca.

            ― O que deseja? ― um homem velho perguntou descendo as escadas.

          ― É o dono daqui? ― Naruto indagou. O velho balançou a cabeça em afirmação. ― Eu quero fazer uma troca para pagar uma noite e um jantar.

            O velho tossiu brevemente e fungou. ― E o que tem para barganhar?

           ― Um corrente de prata? ― Naruto perguntou indo em direção ao balcão junto do velho.

            ― Que tal esse anel? ― o senhor indagou apontando para o anel que Naruto tinha no dedo. A última herança de seu pai.

            ― Não estou muito inclinado em ceder o anel.

            ― Nem eu em lhe oferecer um quarto.

            Naruto encarou o senhor por uns segundos. Então suspirou imaginando o que iria fazer e esperando que a sorte estivesse ao seu favor.

            ― Pois bem, que seja ― disse tirando o anel do bolso e entregando ao velho que o pegou com as mãos enrugadas e o guardou em uma gaveta por trás do balcão, onde também retirou uma chave que estendeu para o rapaz.

            ― Segundo quarto a esquerda, o jantar sai daqui a quatro horas.

                                                           ***

            A primeira coisa que Sasuke fez ao entrar no vilarejo foi procurar uma taberna. O local era tão pequeno que só tinha uma taberna.

            Havia pedido um pouco de vinho com o dinheiro que surrupiara de Menma logo pela manhã antes dele acordar.

            — Então, saberia me dizer onde fica esse vilarejo? — inquiriu ao homem quando o mesmo trouxe o corno com vinho.

            — Estamos nas florestas do reino da Terra, mais próximos do reino do Fogo do que do castelo da Terra.

            Não é possível, vim tão longe para quase pisar os pés no reino do Fogo... se estou perto da fronteira o melhor a fazer é afastar-me rápido. Ainda mais se este vilarejo é tão perto do reino do Fogo é possível que exista mais cartazes de procura-se por aqui... isso tudo é uma grande merda.

            Sasuke já não sabia dizer se agradecia por ter saído da floresta ou se amaldiçoava a localização do local. Se fosse pego pelos guardar do pai, a sua procura pelo assassino da mãe iria por água a baixo.

            Terminou o vinho, pagou e saiu da taberna. A ferida na cintura ainda incomodava-o a andar e Sasuke nem queria imaginar precisar de correr caso tivesse que fugir. Necessitava de um cavalo o mais rápido possível.

            O sol estava se pondo, todavia a lua já se mostrava alta no céu em sua forma branca e redonda. Iria passar a noite ali no vilarejo, pois voltar a floresta não era nenhuma boa opção; pela manhã pegaria um cavalo emprestado permanentemente e procuraria um caminho de caçadores no qual pudesse seguir até chegar à cidade da Estrela, de lá saberia o caminho para a caverna da Akatsuki e tudo se resolveria.

            Enquanto procurava um lugar para passar a noite encontrou um muro com dois cartazes seus, rasgou-os sem pensar duas vezes. Quando deu uma última olhada no muro, para ter certeza de que não havia mais nenhuma caricatura sua viu um cartaz que chamou-lhe a atenção, o rosto tinha um esboço parecidíssimo com o de Menma e a recompensa era bastante agradável. Tirou o do cartaz da parede, enrolou-o e guardou-o cheio de questionamentos em mente.

            Com a caminhada, viu uma carroça repousada ao lado de uma casa. Sorriu de canto e se aproximou. Subiu na carroça equilibrando-se para que ela não inclinasse e o leva-se ao chão. A casa vizinha era de andar e possuía uma pequena varanda. Sasuke equilibrou-se melhor na carroça, pegou impulso e conseguiu segurar beirada da varanda com as mãos entre a madeiras da balaustrada, a carroça deslizou para trás deixando o rapaz sem nenhum apoio para os pés. Dali não daria mais para desistir, com força nos braços impulsionou-se para cima e em instantes tinha pulado dentro da estreita varanda.

            Ajeitou-se ali mesmo e fechou os olhos, antes do nascer do sol estaria acordado e ninguém o condenaria por dormir na varanda alheia.

                                                           ***

            Pela manhã, quando o sol brilhava intensamente, Naruto acordou resmungão, perguntando-se como a maldita janela havia aberto. Rolou da cama e levantou-se bocejando alto e longamente. Apesar da cama não ter sido a mais confortável, não deixava de ser uma cama e só aquilo era o suficiente.

            Bocejou novamente enquanto espreguiçava os braços. Coçou os olhos e suspirou ao sentir o estômago doer de fome, infelizmente o anel Namikaze não havia sido trocado por um café da manhã e Naruto se arrependeu fortemente de não tê-lo feito.

            Todavia, não podia ficar ali para sempre. Vestiu os calções, as botas e afivelou o cinto transversal da espada no peito. Molhou um pouco o rosto e os cabelos com a água fria que tinha disponível em uma pequena bacia e desceu as velhas e ranhetas escadas do estaleiro. Surpreendeu-se por não haver ninguém ali na entrada, provavelmente estavam atrás da casa, onde uma grande mesa era disposta para as refeições.

            Não demorou a pensar, apenas agiu. Caminhou até o balcão, abriu a gaveta e pegou o anel Namikaze que havia trocado noite passada, deixou a chave do quarto em cima do balcão e saiu tão inocente quanto havia entrado.

            Durante o jantar, um dos hospedes havia dito que estavam próximos a fronteira do reino do Fogo, o que deixou bastante desanimado, pois o esconderijo da Akatsuki Leste ficava bastante longe e ele estava sem mapa algum. No fim das contas, parecia que iria ficar algum tempo naquele vilarejo, pelo menos era melhor do que se aventurar novamente naquela floresta.

            Por um minuto, enquanto caminhava pelas ruas, indagou-se sobre o paradeiro de Sasuke.

            Talvez ele tenha ido para o castelo do pai, afinal, por que não? Aquele miserável... quando eu o ver novamente o esfolarei pelo dinheiro que me roubou.

            — Ei, rapaz! — escutou uma voz e virou para o lado.

            — Fala comigo?

            — Sim, você parece jovem e bem forte, já que carrega essa grande espada nas costas. Poderia me ajudar com a lenha?

            Naruto observou o homem, tinha cabelos esbranquiçados que rareavam no topo da cabeça, a boca tinha dois buracos onde deveriam ter dentes, tinha a postura um pouco corcunda, mas os braços pareciam fortes e as pernas não fraquejavam. — Se me der um dinheiro em troca... — começou aproveitando-se da situação.

            — Ah, claro, claro, venha, ajude-me — o senhor falou e Naruto o seguiu.

            Chegaram a uma pequena clareira na floresta, bem próxima a cidade.

            — Então vamos fazer assim, você corta a lenha e eu vou levando para a minha morada — o velho falou e Naruto arregalou os olhos, não imaginou que a lenha ainda não tinha sido cortada.

            — Senhor, de quanto dinheiro estamos falando? — o rapaz questionou.

            — Não muito, estamos em um vilarejo bem simples, como pode ver... talvez duas moedas de ouro e quatro de prata devem servir, hein?

            Naruto suspirou olhando para as árvores. Era pouco, mas ainda era dinheiro.

            Assentiu para o senhor e começou a tirar a espada e o manto cinza. Pegou o machado que o velho trouxera e começou a cortar a lenha.

            Quando as primeiras toras foram tiradas, o velho levantou-se de onde estava sentado. — Vou levando, estás aqui — disse, então parou por um momento encarando o jovem suado e resfolegante. — He he, você me lembra alguém, rapaz, já nos vimos em algum lugar?

            Naruto negou com a cabeça e o velho não disse mais nada, pegou as toras e foi-se embora pelo caminho da floresta.

            Não demorou muito tempo respirando e logo começou a cortar outra árvore.
            Com o passar do tempo o sol ficava cada vez mais quente e Naruto ficava cada mais tentando a parar por ali.

            Quando o velho voltou de sua terceira viagem olhou para o rapaz que já tinha mais quatro toras de madeira no chão e disse: — Acho que já basta, garoto, obrigado pela ajuda, só os deuses sabem o quanto minhas costas doem — o homem suspirou colocando a mão em uma bolsinha e tirando o dinheiro prometido. — Aqui está sua recompensa.

            — Obrigado... — começou e então teve uma ideia. — Senhor, invés do dinheiro, poderia me dar um local seco para dormir e comida? Como deve ter percebido sou forasteiro nestas bandas e não pretendo voltar para a floresta tão cedo.

            O velho o observou por poucos segundos, antes de consentir. — Venha, eu e minha queria Zeni iremos ficar contentes em ajuda-lo, por quanto tempo pensa em ficar por aqui?

            — Não sei, senhor, mas não muito, posso ajudá-lo com as tarefas do dia a dia como aluguel em sua casa.

            — Sim, sim, será de grande ajuda, vamos, já passou da hora do almoço — o homem falou. — A propósito me chamo Dió.

            — Menma — disse, mas o velho já tinha começado a caminhar. Naruto pegou a espada e o manto e adiantou-se. O estômago doendo, tinha esquecido que não tinha tomado café da manhã e agora sentia que poderia comer um trabuco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Destino do Príncipe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.