Desista de Mim escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 3
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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— É um prazer conhece-la – estendeu sua mão direita fingindo que não a conhecera, ela olhou para as mãos dele por alguns segundos, mas cedeu e esticou para apertá-la.

Angeline sentiu a mão que antes haviam tocado todo seu corpo gelada, mas ignorou e se manteve estável por mais surpresa que estivesse.

— É um prazer conhece-la – estendeu sua mão direita fingindo

— Nosso brinde amor – Adrien sussurrou em seu ouvido e ela assentiu com um olhar ladeado para o noivo.

Damien observou enquanto eles subiam um degrau da escada chamando atenção de todos, ela soltando o braço do dele e pegando duas taças com champanhe.

— Primeiro quero agradecer a presença e atenção de todos – começou enquanto todos pegavam suas taças ou enchiam as que estavam vazias – É com muita felicidade que este dia a qual eu almejava tanto chegou, mas antes de começarmos as semanas de festas, tenho algo a dizer a alguém muito especial – todos olharam para a noiva – Eu estou ainda mais feliz por você estar fazendo parte do momento mais importante da minha vida, Damien.

Os olhares foram em direção ao jovem no fundo da sala desatento.

— Você sabe o quanto sempre foi e vai ser importante na minha vida, em todos os meus anos você foi quem esteve ao meu lado, só tivemos um ao outro, por mais que o tempo tenha passado e nossas vidas tomado rumos diferentes, você é a pessoa mais importante da minha vida e estou verdadeiramente impressionado por você ter vindo, lisonjeado é a palavra – ele respirou fundo e esperou a lágrima que queria transbordar sumir – Eu te amo irmão e gostaria que se tornasse meu padrinho, não teria presente melhor, você...Aceita?

Aquilo havia pegado Damien de surpresa, não tinha se preparado para aquele momento, ele ficou um tempo calado, todos com a atenção no jovem que era tido como um mal exemplo para Adrien, e com a pressão dos olhares.

— Sim! – afirmou, sem muitos rodeios.

Ele sorriu para Damien e continuou seu discurso.

— Obrigado a todos e a minha adorável noiva, que comecem a festa.

Soltaram o lança confete e todos aplaudiram, Adrien abraçou o irmão com força e ele retribuiu, seu coração estava acelerado.

— Tinha medo do que você fosse dizer – Adrien falou enquanto se afastava do abraço.

— Você está muito mole irmão – brincou Damien.

Ele sorriu e deu dois tapinhas nos ombros do Irmão.

Durante algum tempo o clima da festa para todos estava muito agradável, mas para Angeline e Damien não era a mesma situação, enquanto todos bebiam e sentavam juntos contando histórias e sorrindo, os dois as vezes se olhavam, não conseguiam acreditar que aquilo estava acontecendo, ainda mais depois de Veneza.

— Adrien sempre foi muito tímido ao contrário de Damien que sempre foi mais descontraído – Francine falava mostrando seu amor pelo irmão quieto – Mais eram tão unidos que fazia qualquer mãe se apaixonar.

Todos sorriram, menos Damien que estava bebendo mais que o necessário.

— Fico imaginando meus netos, queria eu ter vários correndo pela casa, Damien nunca trouxe namorada alguma para casa.

— Mais ele ia apresentar uma, eu queria tê-la conhecido, nunca imaginei meu irmão daquela maneira.

— É verdade, ela era especial para ele ter planejado tudo detalhado.

— Isso não é assunto para um momento como este – tentou não ser grosseiro.

Angeline estava apenas observando até onde iria a conversa, sabia como Damien era, um conquistador, nunca saberia quem foi a mulher que faria seu coração derreter, era impossível alguém fazer isso com ele. Angeline servia Spritz.

— A conheceu em Veneza, não é mesmo? – Adrien comentou.

Ao ouvir aquilo Angeline quase deixou derramar na mesa.

— Sim – fechou a cara e serviu Belline, fechou os olhos e lembrou daquela noite em que sua amada aluna tornou-se sua e logo seu sorriso saiu ao lembrar-se da despedida.

— Angeline fez intercambio lá, voltou alcóolatra – brincou segurando a mão da noiva.

— Não sou alcóolatra, sou apreciadora das obras – ela respondeu com postura.

— Meu irmão diz a mesma coisa – riu enquanto Ange e Damien se entreolharam.

Damien deu um sorriso.

— Acho que ninguém quer saber da minha estadia na Italia – disse sem jeito.

Damien se levantou.

— Está tarde, tive um dia cansativo, teria algum problema de ir deitar?

— Nenhum, se precisar de alguma coisa é só descer.

Ele olhou para Ange e depois subiu, seus pensamentos estavam a mil, assim que subiu olhou a porta do quarto em frente ao seu com uma plaquinha escrito Angeline Hardy, respirou fundo e entrou em seu quarto, se jogando na cama logo em seguida. Não acredito que isso esteja acontecendo, Só pode ser um pesadelo, pensou enquanto levava as mãos na cabeça.

Levantou pela madrugada pois não conseguia se concentrar em seu sono, estava apenas com uma calça de moletom, sem camisa, seus músculos maravilhosos estavam a mostra, foi em direção a janela e observou a vista na qual só ele tinha o direito de ter da janela do quarto, até que ouviu sua porta ranger, quando olhou para trás viu Angeline com a metade do corpo para dentro.

— Posso ajudar? – ele perguntou enquanto ela o olhava.

— Eu estava passando e vi que aqui estava aberto – ela olhou para a escuridão e soltou um sorriso nervoso – nunca tinha entrado aqui, Adrien não deixa ninguém vir no terceiro andar.

— Entre – sua voz era firme, pelo menos achava que era.

Ela foi andando na direção dele, a luz do luar batia em seu belo rosto, ele a olhou de cima a baixo, estava com seu roupão um pouco aberto na parte de cima, ela olhou para ele e seu peitoral exposto, tentou manter o foco.

— Porque não disse que me conhecia?

— Porque Adrien é meu irmão, ele é especial para mim, não posso contar que eu e a noiva dele tivemos momentos alguns anos atrás, por mais que tenha sido bom – ele respirou fundo – Espero que você veja que isso poderia estragar seu casamento.

— Eu nunca mantive segredos de Adrien.

— Se você nunca manteve segredos, então porque não contou sobre a ele na mesma hora?

— Porque fiquei muito surpresa em saber que você é irmão gêmeo dele, achei que nunca mais fosse...

Ela se interrompeu e olhou para a vista da janela.

— É, mas agora já era, me reencontrou e agora você decide, se conta a ele sobre nós dois ou faz o que eu falei – ao ver o quão rígidas foram suas palavras ele tentou amaciar – Olha ele é tudo o que eu tenho e se...

— Se?

— Nada só faz o que acha ser melhor para os dois.

O modo como as palavras soaram não era as mais meigas e sim grosseiras, ele não sabia como explicar, ela olhou para ele e engoliu seco, já era ruim demais reencontrá-lo, não queria ouvir palavras ditas daquela forma.

— Okay – apenas disse sem expressão e foi em direção a porta.

—Tudo o que ele sempre quis foi que eu achasse alguém que eu gostasse realmente – a morena parou diante da porta e não se virou totalmente, apenas olhou por cima dos ombros com expectativas que ela ao menos sabia o que eram – E se ele achasse que você é a pessoa de Veneza, ele desistiria de tudo, inclusive do casamento.

Ela segurou a esperança e por fim se desfez, respirou fundo recolhendo forças para dizer algo sem demonstrar sua tristeza em reconhecer que realmente estava certa por ter ido embora, ela nunca foi e nunca seria a pessoa que fizesse seu coração bater mais forte.

— Não direi nada, então finja que nunca me viu – ela se virou e suas palavras saíram amargas – Até porque você era apenas alguém que eu conhecia e hoje não é mais nada.

Saiu antes que se arrependesse das suas palavras, mas ao sair e fechar a porta não conseguiu esconder o arrependimento e foi para o seu quarto. Damien ficou olhando a porta, parado e sem reação, imaginando se ela pensava assim naquela noite, o que faria ter tamanho ódio, mas lembrou de seu passado, Não posso culpa-la, cometi pecados terríveis. Pensou.

*

Na manhã seguinte a claridade batia na metade do quarto, Damien levou as mãos nos olhos e os esfregou, levantou da cama e se espreguiçou exibindo seus músculos para os raios do sol da manhã, coçou atrás da orelha e foi tomar um banho quente para dispersar seus pensamentos ruins. Ainda é o primeiro dia, espero que ele não estenda ainda mais.

Assim que chegou na sala de jantar viu que todos já estavam tomando o café da manhã, o único lugar sobrando era em frente a Angeline, que não o olhava.

— Bom dia filho, sente-se – ela olhou para a cadeira vazia com um sorriso gentil.

— Vou tomar café no quarto.

— Sem essa, estou esperando alguém hoje e quero a família reunida até o almoço, depende de como tudo vai rolar – Adrien disse encarando o irmão e erguendo a sobrancelha.

Por sua expressão Damien sentou-se, Angeline lançou um olhar para ele, ele não expressou nada apenas a encarou enquanto ela mexia em seus ovos. Após o café terminado, foram para a sala, menos Francine que preparava o chá.

A campainha soou e Adrien abriu um largo sorriso.

— É acho que vão se livrar de mim antes do Almoço.

Adrien correu a grande porta de madeira, Damien estava sentado na poltrona com um livro de bolso de poemas, enquanto Angeline estava sentada no sofá sofisticado com um tom rosa bem claro, Angeline estava com uma pose de dama, como todos na família se portava, uma voz de mulher vinha da porta, mas Damien estava ocupado demais lendo para se virar e Angeline estava perdida em seus pensamentos.

— Angeline – Adrien disse e ela logo se pôs de pé – Essa é Tiffany, uma grande amiga da família.

Ange esticou suas frágeis mãos para a jovem loira com cabelos ondulados, com os lábios carnudos vermelhos e a loira pegou e segurou firme.

— Prazer em finalmente conhece-la – sorriu gentilmente, mas não curvou a cabeça como a maioria faria.

Damien se levantou e colocou seu livro na mesinha redonda, ele sorriu e ela o abraçou, Angeline observou enquanto seu corpo perfeito se encaixava ao dele, a boca dela tocava seu pescoço, e as mãos dele aproximava os corpos.

— Bom te ver amigo.

— O mesmo Querida.

— Eu vou pedir para que traguem o chá, sentem-se.

Angeline se sentou e olhou para eles, tão próximos Damien também se sentou e a loira sentou-se em seu colo, as pernas torneadas dela estavam a mostra com seu vestido justo e curto, o olhar de Angeline ia ao chão e ao que parecia ser um casal, estava inquieta, um sentimento tomava conta dela e ela fazia de tudo para não demonstrar.

— Angeline vai acabar achando que entre vocês há algo – Adrien disse enquanto colocava a bandeja.

— E se tivéssemos? Qual o problema – ela o encarou e lambeu o lábio superior.

— Nenhum – seus olhos estavam semicerrados.

Ela se levantou e se sentou ao lado de Angeline, enquanto o assunto rolava, Damien fingiu não se importar coma presença de Angeline.

— Como Vocês se conheceram? – a loira perguntou olhando para a pobre moça ao seu lado.

— Bem – olhou para o noivo e ele apenas sorriu – Foi em uma palestra da Universidade, nada em especial.

— Angeline estava dando uma palestra incrível, a voz dela me conquistou, esse é o segredo, a voz, determinação, o jeito meiga de ser – Adrien após dizer aquelas palavras encarou a loira, Damien estava percebendo o que estava rolando, não totalmente, mas estava pescando pouco a pouco.

— E você senhorita... – a morena não tinha ouvido o seu sobrenome e não faltaria com respeito em chama-la pelo nome.

— Mendes.

— Como conheceu meu noivo?

Um sorriso malicioso surgiu nos lábios dela e logo uma resposta.

— Minha mãe era uma amiga da mãe deles, me apeguei demais a eles, quando ela faleceu a mãe dele gentilmente me convidou para morar aqui, então aos nove anos vim morar aqui – ela olhou para Adrien – E eles foram tão generosos que se tornaram especial, Damien é o que eu mais tenho intimidades em relação a segredos.

Ao piscar para o jovem, Ange se arrumou no sofá.

— Damien parece ser ignorante, mas comigo ele sempre foi muito cavaleiro – Ele continuou.

— Bom, se não for grosseiro, gostaria de ir dar uma volta, Adrien poderia me levar na Empresa? – ele logo se levantou para acompanha-la, mas antes de sair deu um beijo na testa de Damien.

A noite depois do banho enrolou uma toalha branca em sua cintura e foi até ao seu bar particular que ficava na sala ao lado. Mas ao chegar no local se deparou com a loira bebendo.

— O que faz aqui? – perguntou surpreso.

— Me desculpe por estar em seu espaço particular, mas precisava de alguma coisa alcóolica.

— Sem problemas, eu também precisava beber e é bom ter companhia.

Quando ele foi para trás do balcão para preparar a bebida notou que ela estava cabisbaixa e havia chorado.

— Vejo que não estamos bem – tentou puxar assunto.

— Vir foi um erro Dam, mas não posso fugir e não vejo a hora disso acabar – sua voz e expressão embriagada, seu coração quebrado, era tudo o que ela estava tendo.

— Quer falar sobre o que aconteceu? – ele serviu a tequila ao seu modo se sentou-se ao seu lado.

— Eu me apaixonei pela pessoa errada, isso que aconteceu.

Ela virou o copo, depois encheu e virou mais três.

— Somos dois – ele fez o mesmo ao revelar.

— Uau, você apaixonado, quem te fisgou?

— Uma menina que conheci em Veneza.

— Isso faz anos, pelo menos você não tem que aturar o casamento dele.

Ele abaixou a cabeça, mas analisou o que ela tinha falado.

— Pensei que havia superado.

— O que ela tem de tão especial Dam? Porque eu dei tudo a ele, mas no fim ele a escolheu, o meu erro foi tê-lo amado – ela bebeu mais uma dose e afundou a cabeça na mesa.

— Ela é linda, boa moça, nunca seria infiel...

— Mas nos momentos de carência ele vinha até a mim, ele dizia me amar e dizia que ia deixa-la, mas ai do nada ele parou de me ligar e decidiu ficar noivo – voltou o seu olhar para o dele – Um mês depois de me deixar ele me mandou um convite belo. Com mensagens lindas de amor.

Ele a abraçou, nunca tinha visto a loira tão amargurada, sempre foi tão forte, até mesmo na morte da mãe.

— É bom que você o esquece, tem tantas homens atrás de você.

— Mas eu só tenho olhos para o careta do seu irmão.

Ela o olhou e ele sorriu gentilmente.

— Quando fiz vinte começamos um romance ele me disse a seguinte frase.

Ela se levantou e ficou de frente para dele, cambaleou até ficar entre suas pernas, enquanto ele estava escorado no banco observando sua encenação.

— Você é a pessoa mais importante para mim, como pode conseguir me conquistar dessa maneira? Tão forte e genial, tudo o que quero fazer é beijar seus lábios.

Ela se aproximou e o beijou, apenas um beijo simples, não quis fazer como no dia em que Adrien a beijou, não sentia a mesma magia e logo se afastou sentando-se novamente e enchendo a cara, mal sabiam eles que Angeline havia visto a cena e o beijo, confirmando sua falsa teoria de que eles haviam algo, ainda espiando por detrás da porta viu quando Damien pegou a loira no colo, se escondeu para que ele n a visse enquanto a levava ao seu quarto. Quando viu que ele tinha fechado a porta, saiu detrás da pilastra e sentou-se ao chão levando a mão em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem e voltem sempre.



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