Anomalia escrita por CleanLee


Capítulo 5
Capítulo 4 - Ouvi os últimos suspiros de um vampiro.




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O raio não me deu apenas velocidade, também me deu amigos.

*******

Jonas permanecia com a bolsa de gelo na sua testa.

Por mais que ela esteja na casa de um lobisomem que acabou de salvar a sua vida, ela precisava tratar daquele ferimento. Já Kim, ela ficava calada, mas mostrava o seu nervosismo. Olhou para Jonas, que se mantinha também sentado no sofá, mexendo no seu relógio.

Os dois conseguiram se acalmarem mais, mas o receio de que algo os atacasse ainda era muito maior. Jonas podia até se considerar nervoso e medroso às vezes, mas qualquer um não ficaria bem depois de quase ser morto por um vampiro. Nos filmes parece ser diferente. Porque tudo é encenação. E Jonas gostaria que aquilo fosse uma encenação. Preferia que fosse uma pegadinha de mal gosto e acabar virando piada do que ter vampiros de verdade, que não brilham à luz do sol, atrás deles. Jonas já sia ser um azarento e de sempre cair de cara no chão, mas agora ele está no fundo do poço. Olhou para Kim. Bebia um pouco de água, conseguindo se acalmar. Ela nem sequer olhava para ele. Não sabia o porquê e não a culpava. Depois da situação que acabaram de presenciar, tão pouco Rae e Kim falariam com ele, por mais que a culpa não fosse sua. Devia ser por causa do vampiro ou de que Jonas praticamente havia se teletransportado.

Ainda havia a questão do relógio. Jonas não largava aquele relógio, apesar de estar com muito medo dele. Iriam zombar de Jonas por ele sentir medo de um relógio de bolso quebrado, mas quando esse relógio de bolso quebrado o faz parar o tempo dando a impressão de ter se teleportado, qualquer um ficaria com medo. Tentou diversas vezes fazer aquilo de novo, mas não ia. O relógio voltou a sua forma original. Velho e quebrado. Sabia perfeitamente bem que não era uma ilusão sua. Rae discutia algo com Joel em outro cômodo, até que o mesmo se aproximou de Kim e a mesma não pode esconder o seu medo.

— Calma, calma. Eu não vou machucar você — disse Joel, tentando tranquiliza-la.

— Eu sei que não. Mas eu tenho medo de lobisomens — disse ela, fazendo Joel dar um meio-sorriso.

— Rae — a voz assustada de Jonas se fez presente no local — O que está acontecendo?

Rae e Joel se entreolharam.

— Quem é ele? E quem era aquele cara que nos atacou? — Jonas se levantou — Vocês dois sabem de alguma coisa!

— O que era aquilo? Um vampiro? — perguntou Kim, confusa. Os dois olharam para ela.

— Exatamente — respondeu Joel. Ele suspirou, encostando na mesa. Jonas já vira Joel algumas vezes pela cidade. Ele não era de se dar bem com as pessoas e tão pouco era simpático. Jonas viu que ele tinha mesmo uma cara de alguém que era mal-humorado. Mal falava com ninguém. Te surpreende que ele seja o tio da Rae. — Por onde vocês querem que eu comece?

— Que tal com o fato de você ser metade humano e metade... Metade outra coisa? — Kim disse.

Joel suspirou, se vendo sem saída.

— Eu sou um lobisomem — revelou Joel — E a coisa que atacou vocês era um vampiro. Eu não faço a mínima ideia do porquê ele estar aqui e ter atacado logo vocês, então antes que perguntem, eu não vou devorar vocês...

Rae bateu no seu braço discretamente. Ela lhe dirigiu um olhar e Joel a entendeu. Jonas interpretou aquilo como uma forma de Rae impedir que Joel seja grosseiro. Ele sabia que ele e Kim eram um grande problema, pois sabiam sobre o vampiro e sobre Joel.

— E por que você nos salvou? — perguntou Kim, se levantando — Digo, sei que você é o tio dela. Mas como sabia que estávamos em perigo?

— A madrasta dela ligou para mim perguntando se Rae estava na minha casa, porque ela está de castigo — explicou Joel — Eu estranhei porque Rae não foi para minha casa então eu ia visitá-la. Até que ouço os gritos dos três de longe!

— Há mais deles? — indaga Jonas.

— Bem, isso eu não sei. Ninguém por aqui sabe que esta cidade é um tremendo de um ímã de coisas sobrenaturais — dizia Joel. — A sorte de vocês é que eu estava lá para perguntar a Rae o porquê de ela não ter ido para a minha casa.

Kim olhou para Rae.

— Você também é? Um lobisomem?

Rae negou com a cabeça.

— Quem dera eu fosse — suspirou ela.

— Espera aí... — diz Jonas — O que você é então? Na hora que você pegou nele teve...

Rae tirou as suas luvas e as estendeu para os dois.

— Peguem. — os dois se entreolharam apreensivos.

— Vocês não vão morrer. Apenas peguem. — falou Joel com desdém.

Kim e Jonas, receosos, pegaram na mão de Rae. Era fria, os dois tinham que admitir isso. Mas parecia que a cada segundo que se passava ficava cada vez mais fria e começavam a sentir calafrios pelo corpo. Jonas e Kim se perguntavam como podia fazer frio ali se as janelas estavam fechadas com fechaduras. A frieza aumentou mais e os dois ouviam vozes. Eram sussurros.

Rae soltou a mão de ambos. Eles se afastaram, assustados. Rae pôs as luvas de novo.

— O que foi isso? — perguntou Kim, surpresa. — Mais alguém sentiu isso?

— Você é fria — Jonas falou o óbvio.

— Não brinca, garoto... — ironizou Joel, revirando os olhos.

— Por isso tiveram esse boatos...

— Boatos de quê? — indaga Kim.

— Lá na escola dizem que você é fria, literalmente. — explicou Jonas — Quando toquei em você, eu senti frio e comecei a ouvir vozes... Por isso que você vive agasalhada. 

— E quando você tocou no vampiro — murmura Kim, com uma cara pensativa — Saiu um vapor frio.

— Em vampiros, a minha radiação é pior — conta Rae, sentando-se no sofá.

— O que você é então? — Jonas fez a pergunta que Rae fazia há muito tempo. Ela deu de ombros e deu um sorriso sincero.

— Eu também queria saber — ela continuou — Talvez seja uma mutação ou algo assim.

— E você sempre foi assim?

— Não. Começou há alguns anos atrás — respondeu — Ainda não sabemos do porquê isso. Por isso as roupas grossas e pretas.

— Porque preto absorve a radiação solar — teorizou Kim, mais para si mesma do que para eles — As coisas pretas abaixo do sol são as que ficam mais quentes.

— Exatamente.

— E por que aquele vampiro nos atacou? — perguntou Kim — Ele disse que eu era especial.

— Você? — perguntou Jonas — Por que logo você? Não que eu não diga que você não é especial... Mas...

— Nós já entendemos — cortou Joel, vendo que a situação deixava Jonas mais confuso — Até onde eu sei, nenhum monstro consegue rastrear a radiação de Rae. Muito menos vampiros. Eles são guiados pelo sangue e sempre atacam cidades não tão populares.

— Então, se ele me disse que eu era especial, então o meu sangue é especial?

— Deve ser — supôs Joel. — A não ser que seja uma criatura sobrenatural.

— Espera aí! — Rae já previa que Jonas ainda tinha mais dúvidas — Você disse agora há pouco que essa cidade é um ímã de monstros e de criaturas sobrenaturais. — Jonas se levantou — Logo aqui?

— A sua paixão por coisas sobrenaturais não é em vão — Rae disse, bebendo um pouco de água.

— Então, há mais de vampiros, lobisomens... — falou Kim — Há monstros por aqui?

— Talvez — Jonas e Kim arregalaram os olhos — Bem, não sei ao certo. Alguns monstros e criaturas sobrenaturais vêm sempre aqui. Vocês devem terem ouvido muitos relatos dessa cidade. — continuou Joel.

— Sim. Fantasmas assombrando a ponte da cidade. Casas abandonadas... — dizia Kim.

E de fato, Kim gostaria de saber se alguma outra cidade não teria tantas histórias de terror como aquela tinha. Toda cidade tem, mas em Westerville o número é grande.

Um gemido fez os quatro se assustarem. Veio de um cômodo da casa. Joel caminhou apressadamente para um dos quartos. Jonas, Rae e Kimberlly não seguraram a sua curiosidade e o seguiram. Ao entrarem no quarto, avistaram o vampiro que teria acabado de fazer uma tentativa de homicídio com o trio.

— Você não matou o vampiro? — perguntou Jonas.

— Ele perdeu muito sangue... Mas ainda está vivo, só que na beira da morte — respondeu Joel. — Se eu fosse vocês, eu fechava os olhos.

Jonas, Kim e até mesmo Rae ficaram afastados dele, por mais que o mesmo mal conseguisse se mexer. Rae já se acostumou com lobisomens, mas vampiros ela admite que tem muito medo.

— Eu vou te matar... — murmurou ele, com a voz embargada — Ela vai matar todos vocês.

— Quem? — indaga Rae.

Joel tirou de sua cintura uma estaca de chumbo. Kim se assustou ao vê-lo pegando aquilo e se aproximando do vampiro.

— Já que suas serão as suas últimas palavras.

— Se prepara lobo! Ela vai pega-los.

— Quem vai pegar?

— Mikaela vai pegar vocês por terem me matado — ele sorriu, amostrando a boca na parte de dentro cheia de sangue — Minha irmã vai pegar vocês!

Ele amostrou as suas presas, mas Joel já tinha fincado a estaca no seu coração. Jonas, Rae e Kim fecharam os olhos, e quanto ouviam o som da estava o perfurando e os grunhidos do vampiro.

— É melhor vocês três irem para casa — aconselhou Joel — Estão lembrados que tem escola amanhã, não é?

O trio não o questionou.

— Se acontecer algo, vocês já sabem para quem pedir ajuda! — disse Joel. Ele olhou para Jonas e o viu muito apreensivo com o seu relógio. — Mais alguma dúvida, garoto?

— Aconteceu algo muito estranho comigo!

— Pode ser mais específico? — pede Joel, enquanto eles se encaminhavam pela sala.

Jonas contou o que aconteceu quando o vampiro o pegou e o lance todo com o relógio de bolso. Assim que terminou, Rae acrescentou.:

— Você tinha se teleportado — avisa Rae.

— Como assim se teleportado? — indaga Joel.

— Sim. Jonas estava em um lugar e de repente, está em outro.

— E você diz que o seu relógio de bolso congelou o tempo? — Joel agora examinava o relógio em suas mãos. — Essa coisa foi feita antes de seu avô nascer — ele achou o nome gravado atrás do relógio. — Seu nome é Rip Hunter ou essa é a marca de relógio mais estranha que eu já vi?

— Eu não sei. Eu acho que é do meu pai — teorizou Jonas.

— Um nome gravado em um relógio de bolso velho e você acha ser o nome do seu pai? — perguntou Joel.

— Eu fui encontrado com o ele quando estava em coma — explica Jonas — Tenho absoluta certeza de que meu nome é Jonas.

Joel devolve o relógio para Jonas.

— Olha, eu já vi muita coisa na minha vida para eu acreditar no impossível — Joel dizia — Mas um relógio?

Jonas olhou para o rosto de todos.

— Vocês não acreditam em mim?

— Jonas, eu e Kim vimos você se teleportado. Alguma coisa aconteceu.

— Olha, garoto! Se essa coisa aí brilhar de novo e você parar o tempo magicamente — Joel foi sarcástico — Você avisa a Rae. Agora me escutem bem o que foi dizer — ele os olhou fundo nos olhos. — Eu salvei a vida de vocês. E vocês vão me retribuir o favor mantendo a boca fechada. Que fiquem sabendo que sou um lobo solitário e não como carne. Não contem para ninguém o que viram hoje. Nem para a sua família, nem para algum amigo seu. Nem que seja a pessoa que você tem mais confiança, não fale nada! — Jonas e Kim se encolheram — Se abrirem a boca, haverão mais monstrous que irão atras de vocês e não vou estar do lado de vocês para ajudar!

— Há mais deles por aqui? — pergunta Kim.

— Sim. Muitos deles! — enfatizou Joel. — Vocês entenderam o recado?

Ambos assentiram com a cabeça bem rápido.

— Já podem irem para casa — permiti Joel, já sabendo que Jonas e Kim não teriam coragem de voltarem para casa com ele.

— Então... Nos vemos por aí? — supôs Jonas. Rae assentiu.

— É. Eu acho...— concordou ela.

Após saírem, Joel suspirou longamente.

— Mais essa agora!

— Eles não vão contar!

— Como você tem tanta certeza? Conheceu eles só hoje. — discorda Joel, indicando para Jonas e Kim — Aliás, que ideia é essa a sua de conversar com alguém? — as feições de Joel mudaram para surpresa — Decidiu deixar de ser fechada?

— Eu estava de cabeça quente por causa de Amanda e Emilly...

— Quando você não está?

— E eles também estavam com um dia ruim. Ficamos conversando e até que foi legal — Rae olhou para a janela — Até isso acontecer!

Ela suspirou.

— Kimberlly não conversa com ninguém na escola e Jonas é zoado por todos. Dificilmente alguém vai acreditar neles se contarem.

— Sabe... Você até que se deu bem com eles — Joel ainda estava surpreso — Fique de olho neles amanhã na escola. Tente conversar com eles... — Rae o olhou confusa — Rae... Eu sei que você precisa tomar cuidado com a sua radiação mas... Não custa nada conversar de vez em quando com Kim...

— O.k., quem é você? — perguntou Rae — Do que você está falando, Joel? — ele suspirou — Desde que eu descobrir a radiação você me diz para ficar na minha e agora quer que eu me abra com alguém que acabou de descobrir o nosso maior segredo?

— Nisso você tem razão... — ele teve que concordar com ela — Mas eu vejo, Rae, como você se sente solitária!

— Pare de ler as minhas emoções! — afirmou Rae.

— Seria legal você ter uma companhia feminina do que eu. Sabe... Fazer coisas de menina...

— Quer tanto se livrar de mim assim? — Rae se encostou na mesa, ao lado de Joel.

— Eu quero me livrar de você há muito tempo — Rae sorriu — Aliás, eu não vou conversar com você sobre garotos!

Rae abafou um riso.

— Vai ligando o carro. Eu já vou indo! — dizia Joel.

***

As presas daquele vampiro sempre lhe surgiam quando fechava os olhos.

Kimberlly mal conseguira dormir naquele noite. Tudo o que aconteceu ainda a assombrava. Ao fechar os olhos e deitar a cabeça no travesseiro, pensava haver alguém no quarto. Pensou em fechar a janela, mas se fechasse, alguém poderia estar no seu quarto e aproveitar a oportunidade enquanto ela estava praticamente presa e ataca-la. Seja lá o que fosse. Mas algo poderia entrar pela janela. E até levantando-se para percorrer o caminho e o tempo que demora para Kim fechar a janela algo poderia ataca-la. Kim ficava com esse pensamento até agora. Olhava para os lados. Se assustava ao ouvir qualquer barulho ou um som estranho. Durante a noite, ouvia ruídos pela casa que atravessavam as paredes, lhe provocando arrepios.

Ela agora estava com olheiras abaixo dos olhos. Esse era o segundo intervalo do dia e acabara de começar. Avistou Jonas e Rae diversas vezes pelos corredores e notou que eles tinham o mesmo pensamento que ela na noite passada. Eles também estavam com olheiras. Nenhum deles falou com ninguém. Era natural ninguém deles falar com ninguém. Apenas trocavam olhares.

Kimberlly levou um baque e olhou para a garota vestida de preto ao lado dela, a retirando dos seus devaneios de seu medo. A mesma se assustou com o baque gigantesco que Kim deu.

— Você está bem? — perguntou Rae, incerta. Kim continuou a olhá-la e se ajeitou no campo que dava vista para o pátio, no qual muitos alunos e colegas deus se mantinham sentados e deitados na grama, conversando entre si.

— Não! — Kim preferiu ser honesta — Você sabe o porquê.

Rae suspirou, sentando-se ao seu lado. Kim queria se afastar um pouco dela, pois recordou-se de sua radiação. Mas notou estar agasalhada e se segurou. Mas Rae notou aquilo.

— É que Joel pediu para ver se vocês estavam bem.

— Não fomos mordidos, até onde sei!

— Se estão bem, tipo, sem medo! — esclarece Rae — O.k., eu sei que não estão bem e que estão com medo. Isso já é óbvio.

— Por que será? — ironiza Kim.

— Eu só queria dizer sinto muito por você e Jonas terem se metido nessa — diz Rae — Eu não devia ter conversado tanto com vocês ontem!

— A não ser que seja vidente para saber que isso aconteceria, a culpa é sua — falou Kim — Olha, não tem problema. Eu deveria agradecer por ter conversado com uma garota que graças a Deus tem um tio lobisomem que iria a visitar.

Rae sorriu.

— Lembra de mim que ele disse que eu era especial? — Rae assentiu — Ele viria atrás de mim e estaria agora morta.

— Nisso você tem razão... — Rae teve que concordar com ela — Só espero que você e Jonas fiquem bem e o que não contem sobre isso para ninguém, nem sobre...

— Nem sobre você, Joel e o vampiro. Saquei — continuou Kim, já sabendo o que ela iria falar — Seu tio já deixou bem claro!

Rae abafou um riso.

— Joel parece, mas ele é uma pessoa legal — diz Rae — Em algumas vezes ele é...

Ela se levantou, achando melhor falar com Jonas. Kimberlly respirou fundo e se levantou também, caminhando apressadamente até Rae.

Kim tem que admitir que nunca conversou e desabafou tanto com alguém como ontem com Rae e Jonas. Talvez ela tenha confiado tanto neles porque estava de cabeça quente. Depois do que aconteceu ontem, talvez haja a chance dela ser mais próxima de Rae e Jonas. Por mais que Rae queira ser fechada por causa de sua radiação, Kim sabe sobre tudo então não seria problema as duas serem amigas. Por incrível que pareça, Jonas é o problema. Digamos que Kim não é muito de falar com meninos. A sua falta de não falar tanto com meninos fazia com que ela se lembrasse sempre do sorriso de Jonas.

— Ei! Ar... — as palavras desapareceram da sua cabeça. — Você...

— Eu...?

Kim ficou pálida.

— Está com fome? — Kim queria se matar.

— Err... Estou?!

— Bem, eu sempre me sento nesse banco e como sozinha. Digo, poderíamos nos sentarmos juntas... — Kimberlly diminuiu o seu tom de voz, tímida.

— O quê?

— Você quer sentar comigo? — ela já sabia que Rae não a ouviria naquele tom de voz tão baixo assim.

Rae ficou surpresa.

— Comigo? — ela tinha que revelar que se sentia especial por alguém querer conversar com ela.

Raven estava prestes a dizer que não de forma bem simpática. Kim identificou isso pela sua cara. Mas, por milésimos de segundos, Rae definitivamente se sentiu realizada. Não se recordava de alguém falar aquilo para ela. E sabia que Kim estava sendo sincera.

Rae se recusava a conversar com alguém por causa de sua radiação. Iriam achar isso muito estranho e poderia, denuncia-lá para o resto do mundo. Ela, praticamente, se acostumou a ficar sozinha e na sua. Kim também gostava de ficar na sua. Apenas na sua. Sem entrar em nenhum debate ou briga. Será essa uma oportunidade perfeita de Rae criar uma amizade com alguém? Kimberlly sabe sobre ela, Joel e a cidade. Ela, logicamente, já tomaria cuidado com Rae em relação a sua pele com radiação. Não precisaria se esconder. E seria legal ter alguém para conversar além de Joel. Alguém de sua idade e que seja menina.

Mas já era tarde demais para falar algo, pois Kim reconhece as caras de alguém que te dão um fora.

— O.k., eu entendi — suspirou a mesma, se arrependendo-se amargamente do que havia feito — Apenas ignore. Esqueça. — Kim deu meia-volta, cabisbaixa — Nos vemos por aí.

Por um segundo, Rae pensou que aquela seria a melhor opção. Deixar Kim afastada dela do que ela se meter em mais problemas.

Mas, lembrou-se das palavras de Joel. Para ficar de olho neles. Talvez até ser amiga deles. Até mesmo Joel, o cara conhecido por não se dar bem com pessoas e mal-humorado na maioria das vezes, disse que seria legal para Rae ter uma amiga.

— Espera! — Kim a olhou com um olhar esperançoso — Um intervalo não iria matar ninguém, não é?

Kim deu um meio-sorriso. A mesma já havia teorizado que Rae possa estar perto dela para vigia-la por causa de ontem. Pelo menos, teria uma companhia e poderia transformá-la em uma amiga.


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