Anomalia escrita por CleanLee


Capítulo 3
Capítulo 2 - Eu devia ter continuado onde tudo começou.




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Não posso te prometer uma vida sem dor ou perdas, porque a dor é parte da vida. Torna-nos quem somos. É o que faz de você uma heroína.

— Alex Danvers.

*****

— Está demitido! — gritou o seu padrasto, tirando o avental de Jonas. — Você nunca vai aprender garoto!

— Quantas vezes eu tenho que te falar que não fui eu? — Jonas gritou de volta, também impaciente. — Não fui eu que deixei as pizzas queimarem!

— Eu te deixei cuidando do fogão e da cozinha. Eu estava no escritório e os seus irmãos atendendo aos pedidos — seu padrasto, Edward Chase, indicou os dois. Hannah e Christhoper ouviam as discussão do outro lado do balcão. Hannah arrumava os fios pretos em uma trança e Christhoper guardava o número de uma garota no bolso. Jonas olhou para eles e depois para Edward — A não ser que um fantasma tenha deixado queimar as pizzas.

— Foram eles! — acusou Jonas — Você sabe disso e põe a culpa em mim!

— Crie juízo garoto! — mandou ele — Você já me irritou muito hoje. Além de ter chegado atrasado na escola ontem, ainda chega atrasado no trabalho. Por que não aprende a ser um garoto normal?

— Quer saber? — Jonas se encaminhou para a saída — Agora sou eu que não quero este emprego!

Edward jogou o avental no chão.

— Sua mãe devia ter te deixado naquele orfanato! — gritou — Devia ter levado o mesmo destino que os seus pais.

Jonas bateu a porta violentamente. Hannah e Chris se aproximaram dele.

— Está de cabeça quente, Jonas? — perguntou Hannah, o provocando.

Jonas a empurrou e seguiu em frente.

— Você ouviu o papai! Você devia continuar naquele hospital...

Ele bateu a porta da pizzaria, nem um pouco afim de ouvir Christopher o provocando.

Jonas já bateu em Chris antes, mas sabia que se entrasse em uma briga corporal perderia facilmente e o seu padrasto te daria o dobro do castigo. Seu padrasto estava irritado com o que aconteceu ontem. Ele se atrasou, assim como Rae e Kim. Ele brigou desde ontem com Jonas por causa daquilo.

Andou pela calçada com os pensamentos na lua. Apesar de Chris e Hannah terem armado aquilo tudo, eles e Edward estão certos. Não era para Jonas ter sobrevivido. Ficou em coma por quatro anos. Graças a um acidente. Ele nem sabe que acidente foi e nem o que matou os seus pais. Se é que estavam mortos, pois nem sabia quem eles eram. Talvez, Jonas nem era para ter sido salvo. Não é a primeira vez que ele sente isso.

Pegou o seu relógio de bolso, marcando sempre o mesmo horário. Ele podia jogar o relógio na lixeira próxima a ele, mas não o fez. Ele nunca faz. Parece até que algo convence Jonas a permanecer com ele, como se fosse de grande utilidade um dia...

***

Sempre que ouvia o sinal tocando naquele horário, Kimberlly suspira de alívio.

Ela não é muito de matar aulas. Mas sempre que a professora de educação física juntava os alunos do segundo ano com a turma de Kimberlly para fazerem um jogo de queimado ou de vôlei, Kim se via na opção de ou ser motivo de piada de todo mundo ou de matar aula embaixo da arquibancada.

Quando tudo terminou, Kim pegou a sua mochila e, sem ninguém no ginásio, saiu sorrateiramente. Agora ela tinha que enfrentar outro pesadelo ao chegar em casa: os seus pais. Mas ela preferia eles do que a educação física. Saiu do ginásio e caminhou pelos corredores tranquilamente, feliz por finalmente se ver livre de mais um dia de escola. Mas ainda era quarta-feira. Suspirou ao se lembrar disso.

Um puxão vindo atrás dela a fez sair de seus devaneios. Kim foi puxada pelo seu bornal e parou na frente de um garoto.

— Como foi que você conseguiu? — perguntou Christopher, sem o seu tom autoritário de sempre. E sim, duvidoso.

— Conseguir o quê? — Kim também elevou o tom de voz, confusa. Apesar da surpresa de alguém como Christopher falar com ela, sabia do porquê.

Ele estendeu a sua mao, segurando algumas fotos.
— Isso! — afirmou ele, amostrando as fotos tiradas por ele — Você tirou o primeiro lugar!

— Sim — ela queria que ele continuasse.

— Eu fiquei em segundo lugar — conta ele. — Eu nunca te vi participando de nada na escola, e quando você participar, ganha o primeiro lugar!

Kimberlly deu de ombros, ainda se recordando-seda conquista que recebeu. Foi uma surpresa para todo mundo.

— E o tem de demais? Ficou entre os três primeiros!

— O que tem de demais é que eu trabalhei duro para ganhar! O vencedor ganha um ponto extra e eu preciso desse ponto!

— E eu vou resolver os seus problemas? — Kim desafiou.

A mesma seguiu em frente, pois já te avisaram quando ganhou que Chris era muito competitivo. Mas ele pegou no seu braço, impedindo da loira prosseguir o seu caminho. Kimberlly o empurrou brutalmente. Chris se aproximou dela, pronto para entrar em uma briga. Kim também estava, até que dois professores entravam naquele corredor. Ambos se afastaram discretamente. Kim admite ter um pouco de medo de Chris, mas sabe que ele não vai bater nela.

— Isso não acabou, Barton! — avisou Chris, saindo da vista dela.

Kimberlly suspirou, prevendo outro problema a seguir. Quando se inscreve um naquele concurso, pensava se nada de demais. Claro que ficaria mais conhecida, mas não fazia ideia de que liberaria a fúria e o espírito competitivo e arrogante de Christopher. Mas sabe que cask a ataquem, ela revida. E não, Kimberlly não é uma nerd que quando debocham dela e apenas abaixa a cabeça e sente pena de si mesma. Todos acham que ela é assim, mas tem a si o que mostrar.

Ao virar o corredor para a direita, viu o faxineiro conversando com dois irmãos. O faxineiro olhou para ela.

— Com licença, pode levar esses dois para a coordenação? Eles são novatos — pediu o faxineiro, não querendo parar de trabalhar.

— Sim — assentiu Kim, olhando paramos dois gêmeos.

Eles a seguiram até a coordenação. A garota tinha cabelos loiros, assim como os do irmãos, e ambos tinham olhos azuis. Seu cabelo encaracolado vergava até a sua cintura de tão grande que é, que fez Kim questionar como será que ele ficaria liso. Guardava o seu celular no bolso de sua calça jeans, enquanto o garoto ajoelhava a sua toca azul escura.

O que Kim notou estranho dos dois é que, quando olharam para ela, eles lhe lançavam um olhar observador, como se ela fosse bem familiar.

— Meu nome é Katie — se apresentou ela, animada. Kim percebeu depois de segundos que ela falava com ela. — E o seu?

— Kimberlly — disse ela, tentando parecer mais confiante e decidida, esperando não pagar uma de idiota na frente deles. Os dois se entreolharam.

— E o seu sobrenome? — a sua irmã o bateu. Kim arqueou uma sobrancelha.

— Por que querem saber o meu sobrenome?

— É que ele tem um terrível hábito de ser metido — respondeu Katie. — Esse é meu irmão, Luke.

— Prazer — cumprimentou Kim. — É está aqui.

— Obrigada — agradeceu ela.

Kim resolveu ignorar isso, mas antes, quando ambos entraram, pode ouvir a coordenadora falando "Nomes?" e eles respondendo "Katie e Luke Smoak. Saiu da escola e se deparou com o carro do seu padrasto. Suspirou e entrou.

— Quantas vezes já te falei para não chegar atrasada? — disse ele, depois de alguns minutos discutindo com Kim.

— Ela levou advertência! — afirmou Mack. Kim suspirou.

— Já falamos disso ontem?

Seu padrasto suspirou. Ao parar o carro em um sinal vermelho, olhou para Kim e a viu com a câmera fotográfica em mãos.

— Se eu ver você com essa câmera de novo eu a tiro de suas mãos — ameaçou ele.

— Para tirar foto, você faz bem. Mas para entrar em um concurso de beleza, você fecha a cara! — disse a sua mãe.

— Que se dane o concurso de beleza! — murmurou Kim.

O carro parou brutalmente.

— Escuta aqui, garota! Você teve sorte de querermos adotar você! Agora, vai viver sob as regras da família, me entendeu? — gritou o seu padrasto — Se for para ter Barton no seu nome, que seja para fazer coisa que preste.

— Prestar para você ou para mim?

Ele voltou a dirigir.

— Próximo ano você vai para esse concurso de beleza e a sua mãe vai cuidar de sua aparência. — Kim bufou de frustação — Se não vai entrar para o time de futebol, você vai fazer isso!

—Contra a minha vontade!

— Você está pedindo para voltar para casa à pé, Kimberlly!

— Ótimo. Pare o carro!

Ele fez o que lhe pediu e Kim saiu do carro.

Preferia andar sozinha de volta para casa do que com o seu padrasto em um carro.

***

Rae bufou de frustação, enquanto ouvia a sua madrasta reclamando.

— Rae fez coisa errada de novo, mamãe? — perguntou Emilly, fingindo doçura e inocência. Tanto a senhora Amanda Wood quanto Rae sabiam que ela estava fingindo, mas Amanda deixou aquilo passar.

— Ela sempre faz coisa errada, Em. Não aprenda isso com ela! — aconselhou Amanda.

Ela voltou-se para Rae com fúria nos olhos.

— Se receber mais uma advertência, vai para a detenção e ficará de castigo — ameaçou Amanda.

Rae revirou os olhos, suspirando e cruzando os braços.

— Rae é má.

— Cala a boca, menina!

Rae reconheceu o olhar de Emilly e soube que ela faria mais uma de suas atuações. Fingiu uma cara de choro, fazendo a mãe se aproximar dela.

— Não chore, querida! — pediu a mãe com pena.

— Castiga ela, mãe!

— Isso já é demais. Não vê que ela está fingindo? — indagou Rae, irritada, indicando Emilly.

Amanda a olhou com um olhar severo.

— Eu não sei o que Samuel viu em você — Rae cerrou os punhos, brava e indignada por Amanda falar o nome do seu pai adotivo — Eu, honestamente, não sei o porque de ser tão apegado a você mais do que com Emilly.

— Ele não mima tanto quanto você mima ela — acusou Rae.

— Você sempre foi o ponto fraco dele — admitiu ela — Não conseguia entender isso. Ele sempre pegava leve com você. Eu sabia desde o começo que você era a preferida dele e que amava mais uma garota fria e ignorante como você do que a doce e inocente filha biológica.

— Ele sabia que ela fazia teatrinho e você nem ouvia ele...

— Não me responda mais, Rae! — interrompeu Amanda, impaciente — Eu não pego leve com você como Samuel fazia e como Joel está fazendo agora!

Rae continua cerrando os punhos, indignada.

— Vai ficar sem jantar de noite — concluiu Amanda, levando a filha biológica de 10 anos para a cozinha. — Vem, Emilly. Não seja influenciada pela sua irmã bagunçeira.

Emilly lançou um olhar para Rae com um sorriso e seguiu para a cozinha.

Rae queria quebrar aquela casa inteira, mas preferiu bater a porta da frente violentamente e sair pela mesma.

Ela sentia falta de Samuel, o seu pai adotivo. Ele, além de Joel, era o único que a entedia e que deu mais força ao descobrir a radiação fria na sua pele. Desde que ele morreu, Amanda e Joel podem confirmar que a sua pele ficou mais fria e sensível. Talvez seja por causa da perda e do luto. Era ele quem conseguia fazer Rae sobreviver naquela casa, pois era ele quem fazia dali um lar para ela. Samuel sabia bem que Amanda mimava muito Emilly mais do Rae, pois ela era a sua filha biológica e não queria que pegasse as influências de Rae, como ser fria e fechada.

Rae fazia isso para o bem dela e para o de todos, além de já ter se acostumado com isso. Achava que devia ter ficado onde tudo começou. O píer.

Ela, assim como Jonas e Kimberlly, precisavam esfriar a cabeça. E, por isso, foram para uma sorveteria. Rae entrou pela sorveteira e se dirigiu para o balcão, ao lado de um garoto. Depois de alguns segundos, outra garota se aproximou deles e parou do lado esquerdo do garoto mexendo em seu relógio de bolso. Kim foi curiosa e olhou para ele e depois para o relógio. Jonas passava os dedos no nome gravado atrás, escrito o nome do seu pai. Ele notou o olhar de Kim sobre o relógio.

— Oi. — cumprimentou Jonas. Kim percebeu que ele falava com ela e sorriu.

— Oi. — disse ela, tímida. Ela notou também o semblante cansado de Jonas — Está tudo bem?

— Sim — Rae ouviu a conversa dos dois e, sem perceber, olhava para ambos — É só... Uma discussão entre mim e o meu padrasto.

— Ah... Eu também tive uma discussão com o me padrasto.

— Somos três — murmurou Rae para si mesma, desviando o olhar. Mas a sua voz se tornou audível para ambos e ela notou isso depois.

— Teve uma briga com o seu padrasto? — perguntou Jonas, antes que Rae pudesse se explicar. Ela não queria ter se intrometido naquilo.

— Madrasta — Rae segurou as suas lágrimas ao se lembrar dela citando o nome do seu pai — Ela ainda ousa falar o nome dele...

— De quem?

— Do meu pai — Rae respondeu a Kim. Ela estava irritada demais para saber do que estava falando. — Se não me quer, então me devolva para o orfanato.

— Você também é adotada? — Kim logo percebeu o que disse e se arrependeu amargamente. — Me desculpa, é que...

— Não. Está tudo bem.

— É que eu também sou adotada...

— Somos três — Jonas brincou com a fala de Rae, sorrindo.

Eles ficaram em silêncio.

— O que aconteceu na casa de vocês? — perguntou Kim, vendo que Jonas estava mesmo muito mal, o mesmo valia para Rae. Ela logo ficou vermelha — Bem, se vocês quiserem falar. Eu não quero obrigar ninguém a...

— É bem capaz de eu escrever um livro com o que acontece na minha casa — avisou Jonas.

O garçom entregou uma banana-split grande para Rae.

— Eu tenho a tarde toda — disse Rae com prazer. Ela não é de puxar conversa com ninguém, mas a sua mente estava cheia naquele dia.

Kim olhou para o garçom.

— Pode trazer uma banana-split?

— Duas, por favor. — corrigiu Jonas.


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