Start Over escrita por MBS


Capítulo 31
Após o caos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716373/chapter/31

Após Carter me garantir que iriamos sair a noite, escondi o celular no meio das minhas coisas que levaria para o banho, para garantir que ninguém encontraria.

Ao pegar minhas roupas, caminhei lentamente até o quarto que pertencia a Carter. Quando entrei me passaram diversas sensações e lembranças do que ele fez comigo durante esses dias, senti a sensação ruim subindo novamente em meu corpo ao olhar para aquela cama. Balancei minha cabeça e entrei no banheiro. Estranhei que Priscila não havia aparecido, então tranquei a porta e liguei o chuveiro, deixei aquela névoa completar o ambiente.

Desenrolei o celular e apertei em um dos botões, havia sinal ali, digitei a mensagem direcionada ao número de Guilherme sobre ficar preparado para encontrar com sua irmã hoje e aguardar uma mensagem com o local. Esperei uma resposta que não veio, mas tinha a esperança que ele acreditasse.

Entrei no banho e garanti que tudo estivesse em perfeita ordem, para que Carter não desconfiasse de nada. Deixei com que a água caísse sobre meus ombros, fui lavando cada marca que havia ali, logo vai terminar Abby, tenha calma, Gui vai acreditar em você e tudo vai passar. A voz de Bianca circundava minha mente ainda, tentando me manter calma.

Escutei a movimentação no quarto e tratei que me apressar em terminar logo, vesti minha melhor roupa, pelo menos das que haviam ali, guardei o celular escondido em meu corpo, respirei fundo e encarei meu reflexo no espelho, era hoje o grande dia.

— Você está bonita – Carter estava sentado na cama me encarando – Quem sabe depois não podemos nos divertir um pouco.

— Como você preferir, querido – Fui em sua direção e dei um beijo em sua bochecha.

— Não me decepcione, docinho.

— Nunca.

— Vamos jantar naquele restaurante que fomos nos nossos primeiros encontros. Você se lembra?

— Vagamente – me fiz de desentendida, e sorri para ele. Balancei a cabeça como se pedisse permissão para sair dali e ele assentiu. Caminhei a passos rápidos até o meu quarto, larguei “minhas roupas” na gaveta. Notei que no lavabo havia maquiagens e um bilhete.

“Espero que goste, fique bonita para hoje a noite.

C.”

Suspirei e comecei a me maquiar, peguei o celular e enviei uma mensagem rápida com o local, logo recebendo um OK como resposta. Sorri com isso, guardei-o novamente e continuei, quando encarei o que eu havia feito me orgulhei.

— Seja forte – falei para meu reflexo.

Caminhei até sair do quarto, Carter me esperava mexendo em seu celular, sorriu como se aprovasse o que via. O bolo que formou em minha garganta não me deixava respirar direito, mas fiz um esforço para parecer o mais natural possível. Fomos em direção ao seu carro e Carter me estendeu, no momento em que ligou o carro, uma venda, e aceitei de muito bom grado, sem nem ao menos questionar o motivo.

Meu corpo estava tenso, eu queria chorar, sair correndo e voltar pra casa, mas agora não tinha como voltar. Carter ligou uma música no rádio do carro. Eu esperava que a viagem não fosse longa.

Mesmo com a situação que me encontrava, tudo foi tranquilo. Após longos minutos ele falou que eu poderia retirar a venda, reconheci o lugar em que estávamos. O restaurante era próximo a uma praia meio deserta, sendo assim, era um local calmo, sem muito movimento, mais afastado da cidade.

Fazia muito tempo que eu não vinha ali, mas aparentava ser da mesma forma que sempre, o local era bem conservado, moderno, mas pequeno, quanto a decoração, mesmo com a falta de espaço, era um local bonito.

Achamos uma mesa mais afastada, Carter ficou de costas para a janela, enquanto eu estava na sua frente, me dando uma visão privilegiada. A atendente logo nos trouxe os menus.

— Tem algum pedido em mente? - Carter encarava o menu.

— O que você pedir está ótimo.

Após alguns minutos ele finalmente chamou a moça de volta e pediu. Como éramos uma das únicas pessoas ali para ser atendidos, nossas refeições logo chegaram, e prosseguiu tudo tranquilo.

— Estava pensando que poderíamos ir viajar para bem longe, mudar de nomes. Só eu e você, o que acha?

A sensação ruim voltou, mas assenti enquanto tomava meu suco.

— Acho uma boa ideia, tem algum lugar em mente?

— Ainda não, mas preciso resolver outras coisas… podemos recomeçar docinho, em um lugar totalmente novo, sem encheções de saco.

— Claro – sorri em resposta. Claro que não, pensei:            você está louco? Acha mesmo que eu iria sair com você para qualquer lugar?”.

Encarei para fora do restaurante e vi o carro de Guilherme passar na rua, meu sorriso foi instantâneo, causando um estranhamento em Carter.

— O que foi?

— O que? Nada – desconversei – Só estava pensando no lugar e imaginei que um local frio, com bastante neve seria bom.

— Gostei da sua ideia. Vou encerrar nossa conta, quer mais alguma coisa?

Neguei e Carter seguiu até o balcão para pagar a conta, dei a desculpa que precisava ir ao banheiro, certifiquei que a porta do banheiro estava trancada. Liguei para o número de Guilherme.

Carstairs” Meu irmão atendeu em seu tom profissional.

— Oi Gui.

Abby? É seu então esse número?

— Você está no local onde eu te avisei?

Sim, estou aqui na frente, como falou na mensagem. O que você vai fazer?

— Confie em mim, você vai saber o momento. Eu amo você, até depois.

Desliguei o celular rapidamente, escondi ele novamente em minha roupa. Lavei meu rosto e voltei ao lado de Carter.

— Vamos? - Ele pediu.

— Claro – assenti enganchando em seu braço. Olhei para a rua e notei o carro de Guilherme estacionado. Infelizmente o olhar de Carter seguiu o meu, e ele também notou de quem era o carro. Em um movimento rápido dele, senti meu braço ser apertado, a porta do carro ser rapidamente aberta e meu corpo ser praticamente arremessado para dentro. O que me deixava calma era que dali pouco tempo eu estaria fora desse inferno.

Carter entrou no banco do motorista e saiu cantando pneus.

— Você testa minha paciência, docinho.

Minha risada começou baixa, e aos poucos foi aumentando. Ignorei os gritos de Carter comigo, as pancadas que ele estava dando tanto em mim quanto no painel do carro, mas eu não estava mais ligando.

— O QUE VOCÊ FEZ ABIGAIL?

Minha risada era histérica, eu conseguiria sair dali, ele iria ser preso. Era apenas isso que eu pensava, Carter socava o volante, senti a cotovelada que ele me deu, mas não liguei. Meu irmão estava atrás de mim, ele iria me salvar.

— FIZ O QUE EU PRECISAVA PRA ME LIVRAR DE VOCÊ – Gritei de volta.

Vi os olhos de Carter em chamas, minhas costas grudaram no banco do caroneiro, o ponteiro não baixava de 140km/h e aumentava a cada segundo. Os carros da pista pareciam um risco, cuidei do retrovisor para ter certeza que Guilherme estava lá, e para minha felicidade ele estava com Carter na visão dele. Ainda, junto com ele, estavam mais 2 camionetes pretas, o que eu julguei serem os homens de meu pai.

Carter não estava se importando com a velocidade em que estávamos, eu tinha certeza que a qualquer momento aquilo poderia ser fatal para nós, então em uma das curvas, sem pensar, puxei o freio de mão do carro, eu sabia que iriamos capotar, e foi o que aconteceu, três vezes o carro girou até parar virado com o teto para o chão. Havíamos saído da pista, o carro estava no acostamento capotado. Após o airbag disparar, coloquei a mão em minha cabeça e senti o sangue escorrendo.

— VOCÊ É LOUCA – Carter gritou novamente ao meu lado, notei que ele tinha conseguido cortar o cinto de segurança com um canivete, que foi largado e logo imitei seu gesto. Vi ele estourando o vidro da sua porta e saindo do carro.

Ele vai fugir. Foi o que pensei, até escutar passos.

— Nem pensar que você vai sair assim dessa – Escutei a voz de Guilherme e acompanhado disso o som de um soco. Logo o corpo de Carter caiu no chão, o vi cuspindo sangue e me encarando dentro do carro – Não ouse olhar pra ela novamente, porque agora você vai se entender comigo.

O corpo desapareceu do meu campo de visão, olhei para fora da janela do carro ao meu lado e vi Charles encarando dentro dele, forçando a porta.

— Proteja sua cabeça – fiz o que ele mandou, puxei minha blusa do redor do rosto e escutei o vidro estilhaçando-se – Estique seus braços sobre a cabeça, assim que eu soltar o cinto você vai cair.

Assenti com tudo o que ele falava, fiz exatamente como ele pediu. Senti meu corpo ser liberado do cinto e quando senti o peso já me virei o suficiente para engatinhar para fora do carro.

Após sair, senti os braços de Charles ao meu entorno.

— Você está bem? - Ele pediu preocupado – Eu entrei em desespero quando você sumiu, eu vi ele te puxando pra escadaria, mas não consegui chegar a tempo, me desculpa.

— Está tudo bem agora, eu estou aqui, a salvo novamente – sorri minimamente. Senti uma fisgada em minhas costelas.

Ao levantar meus olhos vi Guilherme caindo de joelhos ao meu lado, tive tempo suficiente para notar as lágrimas em seus olhos. Seus braços me puxaram, assim como faziam quando éramos menores, um abraço cheio de significados.

— Me desculpe.

— Eu me descuidei, você não tem porque se desculpar. Agora está tudo bem – Não liguei para a dor em meu corpo, apenas para a felicidade em tudo ter dado certo e agora eu estar a salvo.

Quando ficamos em pé, acabei reclamando da dor em meu corpo, as fisgadas nas costelas pioraram, o que fez Guilherme me levar no colo até o carro. Acabei adormecendo no banco do carro, meu corpo sentiu todo o estresse desses dias se esvaindo.

 

**

 

Acordei de sobressalto, meu corpo todo estava doendo, cada músculo, cada osso, parecia que sairia do meu corpo a qualquer momento. Os bipes ao meu lado pareciam mais altos enquanto estava com os olhos fechados. 

O quarto estava escuro, notei uma pessoa sentada na poltrona, mas mesmo sendo por sua sombra notei ser um homem. 

Minha vontade era correr, sair dali o mais rápido que eu podia, imagens de Carter vieram em minha mente antes de qualquer outra coisa, eu sabia que o menor barulho que eu fizesse ele acordaria e me abusaria de novo, e de novo, até ele notar que eu não aguentava mais, ou que ele estava satisfeito.

Escutei os bipes dos aparelhos ficarem cada vez mais altos, onde é que eu estava afinal? Mais uma das brincadeiras sádicas de Carter? 

Empurrei meu corpo e deixei-o o mais encolhido possível na cama em que eu estava, logo pessoas começaram a entrar no quarto, mulheres e o homem que antes estava ali no escuro, ficou claro e surgiu o rosto do meu irmão. Lembrei do acidente de carro, do momento em que puxei o freio de mão e capotamos, de Guilherme me levando até o seu carro no colo.

— Abby? - Guilherme estava com olheiras fundas, seu olhar era de preocupação, mesmo eu querendo eu não conseguia ficar próxima a ele. 

O que foi docinho, cansou de brincar com homens?! A imagem de Carter apareceu atrás de Guilherme e eu comecei a entrar em pânico 

— Sai daqui – falei pausadamente, como um sussurro, continuando encolhida e chorando cada vez mais, notei logo uma mulher em meu lado, enquanto as outras levavam ele para fora do quarto. 

Senti meu corpo amolecendo devagar. 

— Está tudo bem querida, já acabou. Ninguém mais vai te machucar. - Seu sorriso era bonito, seu perfume era doce e seus cabelos loiros não me eram estranhos. Dormi pensando nela. 

 

**

 

Já fora do quarto Guilherme andava de um lado para o outro. Nunca imaginou que Abby ficaria tão quebrada após tudo aquilo, sempre viu sua menina sendo forte, mas ali, tão frágil, sua única vontade era abraçá-la e achar uma forma de expulsar todo o mal que foi causado a ela. Logo sua mãe saiu do quarto e andou em sua direção. 

— Como ela está? - Guilherme pediu para a mãe.

— Foi dado calmante a ela – Disse ela por fim, direcionando-os até uma sala – Mas acho melhor nenhum… homem ficar perto dela, filho. Ela está… frágil neste momento, seu emocional está todo quebrado na realidade. Já chamamos alguns especialistas para analisar o caso dela, para que haja uma conclusão de como podemos ajudá-la - Helena parecia escolher as palavras.

Suas lágrimas rolavam sem nenhum medo pelo rosto, sentia que tinha desapontado sua irmã, a pessoa que sempre esteve ao seu lado  e que havia prometido proteger, jurou isso aos pais ainda quando criança, agora havia quebrado a promessa, e ela estava toda fodida naquele quarto, com laudos que não sabiam explicar ainda como que ela aguentou tanto tempo. 

— Guilherme, filho – Helena puxou o filho para um abraço, deixando que as lágrimas do seu menino molhassem seu jaleco – Me perdoe por soltar toda a responsabilidade em você, mas eu sei como está se sentindo, ela também é uma parte minha, mas neste momento o que precisamos é paciência, calma, aos poucos Abby voltará ser nossa menina, deixando isso de lado como se fosse uma lembrança ruim que não vale ser revista. Mas eu preciso que você me fale quem são as pessoas de sexo feminino que podem estar ao lado dela agora, você tem algum nome? Deixo liberado na recepção. - Helena mexia no cabelo do filho, mesmo não encarando seu rosto notou que sua respiração aos poucos foi se acalmando. 

— Bi-Bianca – conseguiu dizer por fim – Bianca Cortez, é a melhor amiga dela. Fora a Soph ou a Ayla, mas não sei se elas saberiam lidar com a situação tão bem quanto a Bianca. 

— Ótimo, liberarei o nome dela então na recepção. Fique aqui, logo volto, okay? - Helena sentou ao lado do filho e colocou as mãos em seu rosto – Eu amo você, e você precisa ser forte agora. Ela precisa de todos nós fortes quando ela estiver um pouco melhor. - Helena deu um beijo demorado na testa do filho – Ligue para a Bianca, sei que ela vai querer estar aqui quando Abby acordar. 

Guilherme assentiu e esperou até se acalmar mais um pouco e acabou mandando mensagem para Bianca, sabia que se ela visse seu número não atenderia. 

G: Hey, preciso da sua ajuda…

G:  Na verdade a Abby precisa…

G:  Ela foi sequestrada, resgatamos ela a dois dias... hoje quando ela acordou acabou surtando com a minha presença no quarto, então preciso de uma presença feminina no lado dela, não consegui pensar em ninguém além de você.

G: Sei que deve estar querendo me mandar pro inferno por estar te pedindo isso, eu sei o quão difícil é pra nós dois

G:  Mas você é a melhor amiga dela, você é quem pode dar o melhor suporte pra ela, melhor do que qualquer pessoa da família

G:  Porque pra ela você é da família

G:  Ela precisa de VOCÊ Bianca, todos precisamos de você!

Guilherme ficou encarando o celular, notou que os risquinhos de recebido apareceu nas mensagens, e logo a resposta veio: 

B: Ok

Sorriu com a resposta. Respeitava a distância que Bianca pediu, e achou-se egoísta por pedir isso para ela, mas sabia que a irmã mais nova ou a cunhada da irmã não poderia ajudar nesse momento, só a sua Rainha podia. Mesmo que não fosse mais sua. 

Logo a porta da sala em que se encontrava foi aberta e Soph e seu pai apareceram. 

— Fiquei sabendo que ela acordou? Posso vê-la? - Sophie falou animada, como se a pessoa que estava naquele quarto fosse a sua irmã que até alguns atrás falava sobre qualquer banalidade com ela, ou contava como eram as coisas quando se está prestes a ir para a faculdade. Ao se deparar com a reação do irmão mais velho todo o seu sorriso murchou – O quão mal ela está? 

— Pra caralho Soph, acho que agora ela precisa de tempo. 

Guilherme suspirou fundo e se afundou no sofá da sala. Aquela menina não era mais sua Abby, aquela menina precisava dos cuidados de todas as pessoas a partir de agora, mas sem deixar com que esse assunto fosse simplesmente esquecido, mas sim que de alguma forma aquilo a tornasse mais forte. 

— Ela não pode receber visitas? 

— Não é isso, só pelo que entendi ela não pode receber nenhum HOMEM no quarto, ela tem pavor de todos, inclusive de mim… ela me olhou como se eu fosse um monstro – A voz de Guilherme saiu magoada da garganta, não quis encarar a irmã mais nova, mas sabia, só pelo seu fungar, que ela já estava prestes a chorar. 

Soph veio sentar ao seu lado, deitando a cabeça em seu ombro, tentando dar suporte ao irmão. 

— Você não é um monstro Guilherme, monstro é quem deixou ela assim, nesse estado delicado que ela está, e eu, assim como todos aqui, estamos mal por ver nossa pequena Abby do jeito que ela está, você viu tão bem quanto eu o dia que a resgatamos, os cortes, os hematomas, ele destruiu sua irmã de todas as formas possíveis filho, e mesmo assim ela foi forte o suficiente e tinha esperanças em nós, e nós a resgatamos – Quando levantou o rosto molhado pelas lágrimas foi notado que quem falava aquilo era literalmente meu pai, não o Major como qualquer um dos Carstairs-Montgomery’s estavam acostumados, mas alguém que assim como qualquer um ali estava partido por ver uma das pessoas mais importantes para si dessa forma – Quando você estiver melhor, eu preciso que faça o melhor Júri que conseguir, precisamos fazer justiça com o que ele fez com a nossa menina – o pai sentou ao seu lado e colocou a mão sobre seu ombro – Eu sei que a pressão é gigantesca, mas por isso que eu preciso que você esteja bem também. 

— Eu consigo... - Guilherme falou depois de um tempo. 

— Você sabe do que eu estou falando Guilherme, estar usando coisas ilícitas para te deixar bem não te deixa bem realmente, então melhore, se cure, depois damos um jeito nisso – Seu olhar era calmo, puxou o filho mais velho para um abraço meio desengonçado, mas demonstrando todo o orgulho e carinho pela pessoa que estava na sua frente.  

Helena ficou encarando a conversa entre pai e filho, admirando a cena. Sabia que todos estavam enfrentando suas próprias batalhas, e que neste momento estavam reagindo a isto de formas diferentes, mas como ensinou a filha mais nova e aprendeu ao longo destes anos sem os dois filhos mais velhos, você desconhece essas batalhas, por isso seja gentil, sempre.

Entrou a passos curtos novamente no quarto, encarando a filha do meio deitada naquela cama, reparou em cada machucado, agora com bandagens sobre eles, os hematomas, os quilos que havia perdido, provavelmente pela má alimentação, as olheiras profundas. Sabia que sua menina era forte, não só emocionalmente, mas fisicamente, ela era dura na queda, como sempre foi.

Sentou ao seu lado segurando a sua mão, começou lentamente cantarolar uma canção de ninar que cantava quando Abby ainda era um bebê. Sem perceber as lágrimas começaram a correr de seus olhos. Não sabia, além da parte das suas análises como médica, o que a filha havia passado, o quanto havia sofrido, mas ela era uma das suas meninas, mesmo com tudo o que sua filha enfrentou, lá no fundo sabia a mulher forte que Abby tinha se tornado, e como mãe, naquele momento, sentia-se destruída por não ter estado ao seu lado para lhe proteger.

— Me desculpa filha, por tudo o que passamos, por não ter estado ao seu lado, sei que em muitos momento fui uma péssima mãe, mas eu te amo, mais que tudo nesse mundo, eu preciso de você de volta minha menina, forte, linda, radiante, como você sempre foi, mesmo que demore… - sua voz saiu em um sussurro e embargada.

Abby me mexeu levemente na cama, ressonando coisas sem sentido, Helena sorriu ao ver que a filha dormir calmamente, e que agora estava finalmente segura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Start Over" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.