Como cães e gatos escrita por kelly pimentel


Capítulo 13
"I forget just why I left you"




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O barulho da serra é assustador, mas estou animada. Posso finalmente tirar o gesso e, provavelmente, voltar à ativa. A única coisa que não me anima muito é a ideia de ter que voltar completamente para a escola. Na última semana, fiz de tudo para ficar em casa e não precisar encarar Fábio e Bruna. E, apesar de não os ter vistos juntos (pelo menos não romanticamente) a simples ideia de imaginá-los faz o meu estômago revirar. A única coisa boa que veio com o atropelamento foi um pequeno acréscimo na atenção que meu pai me dá, ele passou a me levar pra escola e Bárbara me pegou todas às vezes que fui pra aula na semana passada. Tio Caio também esteve bastante presente, mas essa não é uma novidade, ele ainda não me contou quem é a tal pretendente, mas estou feliz em vê-lo mais animado. Alguns dias atrás, tio Caio me convenceu a encontrar com Joana na Forma. Na verdade, ele me levou para assistir meu treino de Jiu-Jitsu, pois achou que seria boa ideia acompanhar as aulas mesmo sem poder praticar (por sinal, ele tinha toda razão) e acabou aproveitando para agir como agente catalisador no meu processo de reaproximação com a Joana. A coisa toda resultou numa enorme briga com meu pai e que envolveu até a mãe do Fábio. Depois disso, seu Ricardo permitiu que eu a Joana nos relacionemos o que não deixou a Bárbara nada satisfeita.

—Prontinho. – A ortopedista, uma mulher negra de grandes olhos castanhos, diz mostrando os novos exames enquanto o enfermeiro retira o gesso. – Não force por mais umas duas semanas e logo mais você vai poder lutar novamente andar e skate.

—Nunca que ela vai subir naquilo novamente. – Bárbara diz.

—Claro que vou. -Afirmo. – O skate não tem culpa nenhuma da minha falta de atenção. Tem certeza que não vai ficar nenhuma sequela? – Questiono.

—Não. Foi uma lesão leve e você é muito nova e tem uma excelente recuperação.

Agradeço à médica e vamos embora. Já no carro, dirigindo, Bárbara reclama sobre meu desejo de andar de Skate.

—Você com esse skate, Juliana que cismou com essa história de moto. Só podem ser duas loucas mesmo.

—Eu sei que todo mundo acha que a Ju tá fazendo isso por pirraça, mas talvez o papai devesse tentar outra abordagem, porque ele mesmo não ensina a Ju a pilotar? – Questiono. – Porque ele não conversa com ela respeitando o fato de que ela tem dezoito anos?

—Porque ele pai, e pra pai e mãe filho é sempre criança. – Ela afirma. - E a Juliana faz tudo por pirraça sim, esse namoro com o Jabá é pirraça. Quem em sã consciência ia namorar um garoto como ele? Com aquele pai bêbado, violento... e que mora naquele lugar perigoso. Mania que ela tem de se misturar com gente que não é do nosso nível.

Respiro fundo e tento não dizer nada. Nada que eu diga vai mudar o modo como Bárbara pensa.

—Espero que você, quando começar a namorar, escolha direito pelo menos.

—Feito você? – Questiono.

—Eu sei que o Gabriel não é rico. Mas é talentoso, tem potencial, foi criado direito. – Ela afirma. - Gente feito ele o Giovane tá em extinção e é por isso que eu tenho tanta pena por esse namoro do meu cunhado com a Joana. Quem deveria namorar como Giovane era Juliana, ai sim ela entraria nos eixos.

—Mas as pessoas não podem escolher de quem gostar, podem? – Pergunto. – O Giovane é louco pela Joana.

—Claro, porque aquela lá faz feitiço. Feito a mãe dela deve ter feito. E o que é que você sabe daqueles dois? – Minha irmã questiona.

—Eu almocei com eles na Forma ontem. – Conto. – Nunca vi casal mais apaixonado.

—Você é bobinha demais Manu. A bastarda nordestina só tá de fingimento porque sabe que o Giovane tem potencial. Mas ela queria mesmo era o meu namorado.

—Se você tá dizendo. – Afirmo.

—Tô dizendo sim. E você deveria aproveitar e anotar pra não esquecer, aquela lá não vale um tostão. Mais tarde nós vamos lá na festa da minha sogra e eu só espero que aquela sonsa não apareça.

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Bruna caminha em minha direção. Os cabelos ruivos presos em um coque, o batom recentemente retocado.

—Gostou? – Ela pergunta se aproximando. Passa os braços ao redor do meu pescoço e me beija.

—Muito. – Respondo abraçando-a. Estamos na saída do cinema.

—Viu só? Eu disse que o filme era bom. – Ela fala. Demoramos pra conseguir achar um filme que ambos tivéssemos interesse, no final das contas, acabei optando por assistir o que ela quisesse.

—Eu não estava falando do filme. – Digo beijando-a novamente.

—Safado! – Ela diz acariciando meu ombro. – O que você quer fazer agora?

—Eu tenho futebol com os meninos em uma hora. Te falei não falei? – Questiono.

—Posso te ver jogar? – Ela pergunta sorrindo.

—Quem sabe outro dia. – Respondo. Não posso levar Bruna pra pelada, eu fui com Manuela, e isso acabaria comigo comparando as duas, mesmo que involuntariamente. E isso seria injusto com a Bruna. Além disso, leva-la lá seria arriscar que alguém soltasse algum comentário sobre Manuela. Algo que Larissa faria, com toda certeza.

—Ok. Mas eu vou cobrar. – Bruna afirma. -Posso te perguntar uma coisa? – Ela questiona. Concordo acenando positivamente. – Você ainda gosta da outra garota? Seja honesto, você não me prometeu nada. Nós só estamos nos conhecendo.

—Gosto, mas eu não quero mais gostar. – Afirmo. Penso em Manuela, tenho feito isso com menor frequência de forma consciente (embora todos os meus sonhos a envolvam) e percebo que estou sendo honesto, realmente quero esquecê-la. Esperei por dias que, de alguma forma, Manuela mostrasse estar arrependida de me deixar ir, mas esse sinal não veio, nenhuma mensagem, ligação, recado, nenhum tipo de esforço nesse sentido. Então é isso: eu preciso esquecê-la. E foi por isso que aceitei sair com Bruna depois de uma semana de insistência por parte da garota.

—Então que tal irmos juntos pra festa da Carlinha amanhã? Não como namorados nem nada, mas publicamente. – Ela fala.

—Claro. – Respondo sorrindo.

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A festa surpresa de Dona Irene já começa com um barraco, a aniversariante destrata Joana, mas meu pai, graciosamente, advoga pela filha colocando-a embaixo de suas asas, o que faz com outro mal-estar se estabeleça, dessa vez entre meu pai e Bárbara.

—Não liga pra ela não, tá? Minha mãe só precisa te conhecer. – Giovane diz beijando Joana. Observo o modo como eles são carinhosos um com o outro, a cumplicidade que eles trocam no olhar. Acho que assim que relacionamentos devem ser, um espaço de calmaria mesmo no meio das maiores das tempestades.

—Eu espero que sim. – Joana diz sorrindo. Ela parece descansar nos braços de Geovani.

—As senhoritas querem algo pra beber? – Giovane questiona. Joana agradece dizendo que não quer nada, eu aceito um copo de refrigerante e ele se afasta pra pegar.

—Vocês parecem felizes. – Pontuo.

—Estamos. Eu demorei para notar, mas o Giovane é o cara mais incrível que já conheci.  – Joana responde com um grande sorriso.  - Mas e você? Como é que está essa perna?

—Ótima! – Digo. -Eu estou louca pra voltar a lutar.

—Imagino. E eu sei que você está fazendo falta na escola. A Luiza vive reclamando da sua ausência, acho que até o Fábio sente sua falta.

—Não sente não. – Digo, é mais um reflexo do modo como estou chateada, eu não pretendia falar aquilo em voz alta.

—Eu sei que vocês vivem brigando, mas o Fábio se importa com você. Por sinal, foi ele quem me incentivou a me aproximar de você.  Eu queria, claro, mas ele deu muita força nesse sentido. Ele tem aquele jeitão de maluco dele, mas é no fundo adorável.

—Adorável? Falando de mim? – Giovane questiona. Eu e Joana sorrimos.

—Não. Estávamos falando de uma outra pessoa adorável. – Joana diz beijando o rosto do namorado. Giovane me passa do copo de refrigerante e eu agradeço.

—Eu vou deixar vocês dois namorem. – Digo piscando. – Quero aproveitar minhas duas pernas livres e circular um pouco.

Me aproximo de Juliana, Jabá e Martinha que estão discutindo sobre Joana. Respiro fundo. Martinha e Jabá argumentam dizendo que Juliana deveria dar uma chance a Joana. O casal acaba discutindo quando Jabá questiona se minha irmã não gosta da Joana por causa de Giovane.

—Vamos roubar uns docinhos? – Martinha sugere me puxando pela mão. -Sinto muito que você tenha que ouvir essas coisas.

—Eu não ligo. – Digo.

—Então obrigada por ser a desculpa perfeita pra que eu pudesse me afastar do casal um pouco.

—Deve ser chato pra você. – Afirmo. Martinha pega um pratinho e vai colocando alguns doces.

—E é. Mas ser amiga da Ju é mais importante do que manter o status de ex-namorada do Jabá.

—Eu não sei se conseguiria. – Penso em Bruna e Fábio. Em como a ideia de vê-los é desconcertante para mim.

—Eu tive minha chance, não funcionou. Acho que só vale a pena sofrer por amor quando não nos permitimos vivê-lo. Eu dei o melhor de mim, tentei. Ele não gostava de mim da mesma forma e tudo que eu posso fazer é aceitar.

Aquilo é como uma grande carapuça produzida exclusivamente para mim. Eu não dei uma chance, eu não me permiti viver. Eu nem mesmo acreditei no que Fábio dizia sentir.

—Acho que quando você gosta muito de alguém, você quer vê-lo feliz mesmo que a pessoa que o faz feliz não seja você. E o Jabá parece gostar muito da Juliana.

Martinha continua falando, mas eu me perco um pouco. Observo Bárbara puxar meu pai pelo braço no sentido do corredor da casa de Dona Irene.

—Você me dá licença só um minuto Martinha? – Digo seguindo-os. Caminho devagar pela casa, me afastando, encontro-os num dos quartos, posso ouvi-los pela porta mal fechada.

—Você defendeu ela na minha frente! Na frente de todo mundo! Sinceramente pai, você tá passando dos limites já com essa garota.

—Não. Você que tá passando dos limites. Eu não disse mentira alguma, eu não fiz nada além da minha obrigação. A dona Irene estava destratando a minha filha e ninguém destrata nenhuma de vocês.

—Engraçado, porque a retirante filha vive me destratando e você não faz nada. A Manuela foi atropelada por causa dela, ela tentou roubar o meu namorado, não conseguiu, aí foi lá e roubou o da burra da Juliana, ela tomou o meu lugar cuidando da dupla... o que mais você vai dar a ela? Que culpa é essa? Porque a filha de uma qualquer tem mais direitos que as suas filhas legítimas.

—Bárbara, eu já te falei pra parar de falar assim da Carmem. Eu tentei não dizer isso, eu tentei respeitar a memória da sua mãe... mas a Carmem não é uma qualquer. ela foi o grande amor da sua vida.

—Grande amor da sua vida? – Bárbara pergunta debochando. – Aquela...

—Sim! E se ela quisesse ter ficado comigo, se ela não tivesse indo embora do dia para noite, eu estaria casado com ela até hoje, eu teria deixado a sua mãe. Posso ter demorado Bárbara, mas tomei minha decisão, eu havia decidido ficar com ela, só não sabia que já era tarde demais. – Meu pai afirma.

—E você me diz isso assim? Na cara de pau? – Pelo tom de voz sei que Bárbara está chorando. Percebo que também estou. As lágrimas caem do meu rosto descontroladamente. – O que você acha que as minhas irmãs iam pensar se ouvissem isso? Ouvindo você dizer que gostaria que elas nunca tivessem nascido?

—Eu nunca disse isso. – Meu pai retruca firme.

—Não. Só disse que preferia ficar com a puta da mãe da Joana.

—Cale boca! – Seu Ricardo grita. – Nunca mais fale da Carmem na minha frente, entendeu?

—Ah, mas eu vou. Eu vou falar. Eu vou falar quantas vezes eu quiser porque ela é a mulher com a qual você não só traiu minha mãe, mas me traiu também. Traiu a filha de dois anos de idade, quem faz isso? Que espécie de homem faz isso? – Um silêncio se estabelece. – Não responde não. Nada que você disser vai adiantar de coisa alguma.

Vejo a porta começando a se abrir e saio correndo para o banheiro, fico lá por um tempo, tentando me conter. Quando finalmente decido voltar para a festa, ouço gritos vindo da sala de estar, ao chegar lá encontro Bárbara e Joana trocando tapas enquanto Giovane e meu pai tentam separá-las. Ofensas voam por todos os lados. Quando Joana empurra Bárbara, que cai, Giovane consegue segurar a namorada. Ela esperneia, mas ele não solta. Joana vai se acalmando nos braços dele. Percebo que Gabriel os encara e sinto pena por Bárbara, percebo naquele momento que Gabriel não a ama. Juliana é quem corre na direção de Bárbara e ajuda ela a se levantar depois que ela recusa a mão estendida pelo nosso pai.

—Você deveria ser proibida de viver em sociedade. – Juliana diz pra Joana que não responde, ela afunda o rosto no peito de Giovane que acaricia seus cabelos.  

—Qual é Ju? Foi a Bárbara que veio pra cima da Joana. – Giovane afirma.

—Porque ela é uma santa que nunca faz nada de errado, não é mesmo? – Ju diz irritada.

—Não. Mas essa aqui é a minha casa e eu não vou permitir que ninguém seja agredido, muito menos a mulher que eu amo. – Giovane afirma. Nesse momento, Joana levanta a cabeça e observa Giovane.

—Você é um idiota! – Juliana diz. Então Jabá aparece para tentar acalmá-la e eles acabam discutindo também.

A festa acaba depois disso. Volto para casa com meu pai que vai viajar de manhã cedo, trocamos pouquíssimas palavras. Ele reclama um pouco sobre o comportamento de Bárbara, mas não presto muita atenção. Não consigo parar de pensar em como ele disse que a mãe da Joana era o amor da vida dele, imagino se minha mãe sofreu, me pergunto como ela se sentiu quando soube da traição. Será que ela sabia da existência da Joana? Porque ela aceitaria aquilo? Tenho vontade de chorar, quero gritar, quero questionar meu pai sobre tudo aquilo, mas não consigo, não consigo fazer nada, estou presa numa cadeia de pensamentos. Penso em Bárbara e Gabriel, no modo como ele estava olhando pra Joana em vez de ajudar a namorada, o quadro é facilmente comparável. Assim como mamãe, Bárbara também estava com alguém que ama outra pessoa. 

Entro em casa e vou direto para o quarto, assim que tranco a porta me sento e começo a chorar, como se toda a dor que estive prendendo estivesse sendo liberada de uma só vez. Pego um dos relaxantes musculares que ainda preciso tomar por causa da perna e engulo, preciso ter uma boa noite de sono. Me abraço ao porta-retratos com a foto da minha mãe e acabo apagando antes mesmo que Bárbara ou Juliana cheguem em casa.  Na manhã seguinte, quando acordo, nem elas nem meu pai estão, encontro apenas dois envelopes com dinheiro deixados na mesa, um para mim e outro para Juliana.

Preparo meu café da manhã e respondo as mensagens das meninas da escola sobe o horário para irmos para a festa da Carlinha, combino de ir junto com Isabela, já que Luiza e Lucas, agora oficialmente namorando, irão juntos e Bruna ainda não tinha respondido nada no grupo. Bárbara aparece pouco antes do almoço apenas pra tomar um banho e sair novamente, ela diz que não pretende voltar pra casa e que vai morar sozinha, todas as coisas que costuma dizer sempre que tem um desentendimento com meu pai. Já Juliana só aparece no começo da noite, quando já estou me arrumando pra festa.

—Aonde você vai? – Ela questiona enquanto penteio meus cabelos.

—Aniversário da Carlinha. E você, onde passou a noite? Com o Jabá?

—Não. Eu passei a noite na casa da Martinha. – Juliana diz.  – Eu não podia voltar pra casa depois daquela confusão e encarar o papai como se nada tivesse acontecendo, a Bárbara me contou umas coisas Manu, ele disse coisas sobre a nossa mãe que... enfim, eu não ia conseguir olhar na cara dele e o Jabá e eu estamos brigados e eu não tinha ninguém pra me apoiar além da Martinha. – Juliana explica. – Você sabia que ele colocou o nome dela no testamento?

—Joana?

—Claro né Manu! O nosso dinheiro agora vai pra aquela garota também. – Não sei o que pensar daquilo, mas dinheiro deveria ser o menor dos problemas. Como filha a Joana tem direito aos bens, isso estava claro, mas digerir o que a relação do meu pai com a mãe dela causou era toda uma outra história. – Eu odeio o papai. – Juliana diz irritada.

Quero dizer que também o odeio, mas não tenho certeza. A única coisa que sei de verdade, é que odeio o que ele fez com a minha mãe. Acabo não dizendo nada, não quero piorar as coisas. Além disso, sinto que se eu começar a falar vou chorar e não quero fazer isso, não depois de ter chorado tanto na noite anterior. Juliana segue para tomar um banho e Isabela chega. Distraída com a conversa, acabei perdendo a noção do tempo.

—Já são quase 19h Manuela. Você ainda não está pronta? – Ela pergunta olhando pra minha roupa. Estou usando um short jeans e uma camisa xadrez, ela deve perceber pela minha expressão que eu planejava ir dessa forma então crítica. – De forma alguma, é uma festa não um passeio de tarde na praça. Você precisa de um vestido.

—Eu não tenho vestidos. – Confesso. – Não é algo que costumo usar.

—Tudo bem. Vamos achar algo no armário da sua irmã. Acho que você cabe nas roupas da Juliana, não cabe?

—Talvez fiquem apertadas. – Digo. – A Juliana é muito magrinha.

Juliana fica animada quando Isabela diz que precisamos encontrar um vestido para mim. Ela tira vários e Isabela os examina, eu fico sentada na cama da minha irmã tendo minhas opiniões totalmente ignoradas. Sinto algo vibrando na cama, levanto as cobertas e acho o telefone de Juliana, o nome de Lucas aparece no visor, não digo nada, apenas deixo que tocar, mesmo achando que a ligação não deveria ter nada demais, acho melhor não falar nada na frente da Isabela sobre o Lucas estar ligando para a Juliana.

Acabamos entrando em um consenso sobre o vestido quando Juliana me oferece um curto preto de saia godê, comportado na frente, mas com parte das costas nuas. Visto-o e elas insistem em fazer algo no meu cabelo, Juliana coloca todo meu cabelo de um lado e faz uma trança mais soltinha. Ambas aprovam o visual e, embora me sinta um pouco estranha, acabo concordando que estou muito bonita assim.

—Só falta um saltinho.

—Não. Eu tenho um par de slipers pretos que vão ficar perfeitos. – Digo me negando a usar salto. – Eu posso aceitar esse vestido e o cabelo, eles até combinam comigo, mas não vou usar um sapato alto, eu realmente não gosto.

—Tudo bem. – Isabela diz. – Não dá pra ganhar todas não é mesmo? – Juliana sorri e diz o sliper vai ficar bacana, quebrar um pouco um look e que conforto é sempre mais importante que qualquer outra coisa na hora de se vestir.

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Chego na festa acompanhado de Luiza, Lucas e Bruna. São quase 19h30 e eu já estou arrependido de ter vindo. Muita gente, muito barulho. É uma festa grande com DJ, pista de dança. Todo mundo parece muito animado.

—Quem são todas essas pessoas? – Pergunto.

—A Carlinha já passou por muitas escolas e mantem amizade com o pessoal de todas elas. Tem uma galera até de Niterói aqui. – Bruna diz.

—Ótimo! – Reclamo. – Um monte de adolescente desgovernado. Essa festa promete.

—Você um velho preso num corpo jovem. – Luiza diz notando minha expressão. Bruna sorri. Procuramos pela aniversariante, entregamos presentes, desejamos parabéns, todo o ritual social obrigatório.

—Fiquem à vontade. – Carlinha diz quando a chama para fazer uma foto.

Caminhamos pela festa e procuramos um lugar mais tranquilo.

—Manu e Isabela estão ali. – Luiza diz sorridente. – Vou chamá-las.

—A menção do nome de Manuela me lembra da confusão narrada por Joana, a briga com Bárbara na noite anterior. Olho na direção que Luiza indica e vejo Manuela, perco o ar. Ela está linda, o cabelo em tranças, um vestido preto, o modo como ela sorri falando com Isabela. Ironicamente, está tocando uma música que parece combinar perfeitamente como momento. “You look as good as the day I met you, I forget just why I left you, I was insane (...)

Observo quando Manuela e Isabela olham em nossa direção depois que Luiza indica onde estamos, sei, pelo modo que nossos olhos se encontram, que estou ferrado, que Bruna não vai ser suficiente para que eu possa esquecer Manu. 


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