Fallen Between The Cracks escrita por fairyfuckintale


Capítulo 12
Capítulo 11 - Visitors


Notas iniciais do capítulo

Eu juro que não sei se fico feliz ou triste com esse capítulo.
Feliz porque o próximo será o capitulo mais esperado, e finalmente chegaremos na metade da história! E triste porque já esta acabando e... confesso que a popularidade não esta muito alta.
Mas tudo bem, bola pra frente, um dia depois do outro certo? Espero que vocês gostem desse, eu escrevi de coração.
Me contem nos comentários onde você acha que Effie esta e como Haymitch poderá encontra-la! Eu vou adorar saber.
Um beijo, muito obrigada pelo apoio e boa leitura! ♥



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A criança tinha cerca de cinco anos e tremia da cabeça aos pés. Tinha os cabelos loiros longos que tapavam seus olhos azuis. Vestia roupas sujas, folgadas e rasgadas e os ossinhos a mostra davam um sinal de que não era bem alimentada.

Mas, independente da aparência física, ele era um ser humano vivo. Não só no sentido “somos todos iguais” mas também porque, aquela altura, ele era o único resquício de vida inteligente que eles encontraram no recém descoberto continente. O que era importante para estudos científicos de Panem mas realmente importante para a procura por Effie.

O único e mais importante problema era: ele parecia querer falar. Aos ouvidos dos vitoriosos, o menino soltava apenas grunhidos mas seu olhar parecia extremamente assustado quando Haymitch o pegou no colo, e levou de volta para o acampamento, sentando-o entre os troncos de madeira e a fogueira improvisada.

“Ora, Haymitch, quando pedimos para trazer café da manhã nós não queremos dizer “traga um cozinheiro!”
“Ha, ha. Muito engraçado, Mason.” respondeu Haymitch andando de um lado para o outro
“E agora, o que faremos com ele?” Gale esbravejou com seu rifle a postos
“Hey, gente.” disse Peeta chegando lentamente mais perto da criança. “Acho que ele é ela.”
“Que diferença faz?” disse Johanna
“Muita! Começando pelo fato de que ela é um ser humano e merece respeito.”
“A criança nem entende o que a gente fala, Peeta!”
“Como você sabe?”

Johanna revirou os olhos e tirou do bolso uma foto 3x4 de Effie que foi distribuída a todos antes da viajem. Agachou ao lado da menina disse “ei, garota, você sabe quem é essa mulher?”. A criança não respondeu, apenas fechou os olhos com força, visivelmente com medo da aproximação dela

“Acho que deveríamos falar com a base. Pedir instruções de Beetee e da presidente.” disse Katniss caminhando até Haymitch.
“Já tentei. Eles não respondem ao sinal. Estamos por conta própria.”
“Então precisamos fazer ela falar. E rápido.”
“Eu sei. Mas você é a única mãe aqui. Alguma ideia?”

No mesmo momento Peeta saiu em disparada para as árvores. Katniss gritou por ele mas Haymitch impediu que ela o seguisse. “Ele sabe o que fazer” disse para a morena.

Não demorou muito para o garoto do pão voltar, agora trazendo uma espécie de fruta em mãos. Ele se aproximou do mentor e pediu uma de suas facas para poder cortar. O garoto, ao contrário do grupo restante do grupo, pediu para não carregasse armas e sim uma mochila com utilitários de sobrevivência: corda, fósforos, tinta, ervas medicinais, barrinhas de caloria, um coletor de água e um frasquinho com veneno, que ele preferiu deixar aos cuidados da esposa.

“O que você vai fazer com isso?” disse Katniss
“Dar para ela comer. Já viu os ossos dela? ela deve estar com muita fome.”
“Mas e se for venenoso? Não sabemos se podemos comer as coisas que nascem daqui” respondeu Haymitch.
“Bom, parece com uma fruta. Tem cheiro de fruta e... “ e deu uma mordida num pedaço, para o desespero de Katniss. Quando engoliu e nada aconteceu, ele continuou “... também tem gosto de fruta. Um pouco azeda, mas acho que vale a tentativa.”

Peeta sem pensar duas vezes se esgueirou e pegou uma das facas do cinto de Haymitch. O mentor ordenou que todos permanecessem em seus lugares para que Peeta pudesse se aproximar da criança sem assusta-la. Lentamente, ele se agachou de frente para a criança, guardou a faca e ofereceu a fruta cortada. A menina não se moveu, apenas o observou curiosa e atenta. Ele então depositou os pedaços em cima de uma folha, colocou no chão e empurrou para ela. Haymitch percebeu que Peeta fazia contato visual com a menina o tempo todo, se certificando de que ela confiasse nele.

O garoto do pão se afastou. Voltou para o lado de Katniss e entrelaçou seus dedos, se certificando de que a menina visse e entendesse o gesto. Ela afastou o cabelo da cara e olhou rosto por rosto, demorando-se um pouco mais no de Haymitch. Depois voltou-se para a fruta na sua frente e, ainda hesitante, levou um pedaço até a boca. Não demorou muito para que devorasse todo o resto.

Quando a menina estava mastigando o penúltimo pedaço, Haymitch resolveu interferir. Ele deu um passo à frente e se agachou, como Peeta fez. A menina o olhou ainda receosa porém mais calma.
“Haymitch. Eu. Haymitch. Você?” ele disse apontando para si mesmo e depois para ela.

A menina engoliu o pedaço que mastigava e parecia pensar. Olhou para os restos de casca da fruta, para Peeta e Katniss e de volta para Haymitch antes de tomar coragem e abrir a boca.

“Lily” ela sussurrou tão baixinho que apenas Haymitch pode escutar e depois voltou a comer.

“O que ela disse?” perguntou Johanna.
“O nome dela." respondeu o mentor passando a mão na barba por fazer, as sobrancelhas se juntando em reflexão. Ele logo se recompôs, levantou do chão e assumiu sua posição de líder. 

"Bom, vamos nos movimentar antes que o sol apareça. Johanna e Katniss, preciso que vão caçar algo para o café da manhã, de preferência alguma proteína. Se não encontrarem, recolham o máximo que puderem das frutas que Peeta encontrou na beira da floresta. Não podemos nos dar o luxo de ficarmos fracos. Peeta, cuide da menina e caso ela fale mais alguma coisa me chame. Gale, desmonte a guarda e venha me ajudar a captar o sinal de Panem pelo drone.”

“Eu conheço essa cara sua cara" questionou Katniss o puxando para conversarem em privado enquanto os outros partiam para suas missões. "Porque o nome dela é importante?”
“Porque Lily era o apelido da minha mãe e poucas pessoas sabiam disso.” respondeu o mentor, sem tirar os olhos da menina.
"Effie era uma dessas pessoas?"
"Era"
 

—--

 

“Você veio me ver?” ela disse, sentada no chão logo abaixo da sua estátua de mármore no Meadow. “Não esperava te ver por aqui tão cedo”

“Onde estamos?” respondeu Haymitch atordoado e caminhando até ela. O lugar não parecia tão familiar como sempre foi. Parecia mais uma floresta infinita, banhada pela luz do crepúsculo, com árvores de troncos brilhantes e folhas secas caídas no chão. E Effie sentada ali no meio com seu vestido amarelo tornava a cena linda e fantasmagórica ao mesmo tempo.

“Aonde você acha que estamos?” ela se levantou num salto. Tinha um sorriso faceiro nos lábios, parecia querer jogar um jogo com ele. Effie se aproximou dele e ajeitou seu paletó azul-claro que ele não se lembrava de ter colocado. Ela sempre o arrumava daquele jeito quando estava ansiosa para algo acontecer.

“Vai me dizer que você é um anjo e eu morri?” ele disse e ela riu, o que também era incomum. Effie não gostava quando ele fazia comentários sarcásticos pois dizia ser falta de educação. Mas ele não ligou muito pra isso, adorava ouvir o som da risada dela.

“Vida, morte… que diferença faz, não é mesmo?” ela disse e passou os braços pelo ombro dele. “Eu estava com saudades de você.”

“Hmm…” Haymitch respondeu com um sorriso desconsertado, sem saber exatamente o que fazer quando ela tomou a liberdade de encostar a cabeça em seu peito. “Effie, porque estamos aqui?”

“Oh, Haymitch, me deixe curtir você um pouco antes, só dessa vez” Effie colocou os as mãos do mentor na cintura dela e ficou nas pontas dos pés para poder depositar beijinhos na linha da mandíbula dele.

“Antes de que, Trinket?” disse desenhando círculos com o polegar na base das costas dela Ele fechou os olhos sentindo um arrepio gostoso percorrer sua espinha.

“Antes de ter que te deixar ir de novo” ela disse finalmente chegando até os lábios dele e encostando-os nos dela.

Haymitch a beijou devagar e lentamente mas abriu os olhos no meio, sem entender o que acontecia. Ela recuou mas permaneceu abraçada a ele. “Você está muito perto, agora. Até conheceu a Lily. Ela me lembra tanto você, Haymitch…”

“Lily… ela é...?”

“Isso não importa. O que realmente importa é que você e os outros precisam voltar. É muito perigoso, e não me venha com essa de que os jogos preparam vocês para tudo. Pode matar vocês! Não queremos que a pequena Prim tenha que crescer sem a família dela, não é?” disse Effie, uma ruga de desespero se formando em sua testa.

“Se a coisa ficar feia eu mando Katniss, Peeta e os outros voltarem, mas eu vou ficar. Eu não cheguei até aqui para ir embora agora.”

“Mas você precisa!”
“Effie, eu preciso mesmo é encontrar você. Pedir perdão e tentar recuperar todo o tempo que eu perdi”

“Eu estou bem aqui, Haymitch. Eu vou sempre estar. Mas por favor, volte pra casa. Eu não quero que ninguém se machuque por minha causa.”  

Ela deslizou uma das mãos até o coração dele e o fez respirar fundo. De repente, ele teve a sensação súbita de estar sonhando e se afastou dela.

“Você não está realmente aqui.” ele disse e ela percebeu que não foi uma pergunta

“Não, não estou.” ela respondeu, os olhos azuis ficando cada vez mais tristes e escurecidos.

“Effie, você esta…?”

“Vá embora, Haymitch. Eu não quero você aqui. Você me deixou sozinha quando eu mais precisei. Não preciso mais de você. VAI EMBORA.” os olhos dela agora estavam inteiramente pretos e sua boca começava a criar dentes afiados.

Haymitch não soube exatamente quando o meadow virou a floresta aterrorizante dos seus jogos. Nem como Effie pode se transformar em um bestante tão rápido. Mas parecia que quanto mais ele corria, mais perto ela ficava de arrancar um pedaço da sua carne. Quando a forma humana-animalesca estava à centímetros de seu braço, o mentor acordou assustado, com alguém o sacudindo.

“Senhor...” disse Gale, largando seus ombros “Você apagou enquanto tentávamos conseguir sinal… eu terminei aqui, acho que está pegando. Haymitch, se me permite um conselho, você não dormiu nada ontem a noite. Você deveria descansar. Podemos começar os preparativos pela manha.”

“Eu não descanso há mais de cinco anos, garoto. Vou ficar bem” Ele disse, lançando um olhar rápido para Lily, que agora dormia na cama de folhas de Peeta, junto à fogueira.


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