Bem, eu conheci essa garota, ainda outro dia

Espero que eu não me arrependa agora das coisas que eu disse

Quando nós estávamos rindo e brincando um com o outro

Eu estou feliz que eu conheci essa garota

     (Met This Girl)

POV Thomas

Isadora é uma garota estranha. Ficamos conversando por um longo tempo na sala, mas ela não deu nenhum sinal que estava a fim de mim. Se eu mandava alguma indireta ou ela ria, ou ficava sem graça. Quando ela começou a beber um pouco eu pensei que seria mais fácil me aproximar, mas quando eu pensei que ela iria ficar bêbada, Alex e Evey chegaram e ficaram com a gente. Desisti de tentar qualquer movimento hoje. Às onze as pessoas começaram a ir embora e algum tempo depois, só restavam algumas pessoas espalhadas pelo local, eu, Alex, Marcos, Nath, Evey e Isadora sentados no tapete da sala.

—Ah, Isa. Você conhece minha irmã Fernanda? Ela é modelo no mesmo lugar que você trabalha. –Nath fala, tomando um refrigerante qualquer. Desde quando elas são íntimas para ela chamá-la pelo apelido assim? Quer dizer, elas trocaram meia dúzia de palavras na vida. Eu fiquei falando com essa garota a noite inteira e sinto como se fosse congelar só de ficar perto dela. No momento nem me lembro mais das coisas que conversamos... Deve ser a bebida.

—Fernanda? Ela é sua irmã? –Isadora parece chocada. –Ela é namorada do meu irmão!

Nath franze a testa. –Léo é seu irmão? –Ela olha diretamente para Isadora. –Vocês não são nada parecidos.

—Não mesmo. –Evey interrompe. –Ele é loiro que nem Sarah. Isa se parece com Seth.

—Eu to confuso. São muitos nomes. –Alex coça a cabeça. Evey está apoiada nele. Cara, quando eles vão se pegar? Pausa para o momento reflexão agora: Alex é louco por ela, mas a cada mês ele fica com uma garota diferente, só para terminar com a pobre garota depois dizendo que gosta de outra. Bom, eu sempre dou um fora nas garotas também, mas eu tento arranjar uma desculpa mais sensível.

—Seth, Sarah e Léo são irmãos de Isa. E Léo é namorado de Fernanda, que é irmão da Nathália. –Evey fala, como se fosse óbvio.

—Pode me chamar de Nath. Gente, que horas são?

—Quase meia noite. Acho que é hora de ir, né? –Fala Marcos, vendo as horas no celular. –Vamos indo, amor?

—Vamos. –Nath se levanta e se despede de todos. Os dois saem e ficamos só nós quatro na casa. Todos os outros convidados acabaram indo embora também. Estranho pensar que eu nunca havia sequer prestado atenção em Isadora. Primeiro, meu melhor amigo é apaixonado pela melhor amiga dela e segundo, ela é tão bonita quanto eu. Acho que o destino diz que nós devemos ficar juntos.

—Vou ligar para Léo. –Isadora diz, indo para a cozinha ligar para o irmão.

—E aí? Como foi? –Evey me pergunta assim que Isadora se afasta o suficiente para não nos ouvir.

—Como assim? –Pergunto para ela.

—Como assim ‘’como assim’’? Vocês ficaram? –Ela parece super animada. Alex sorri.

—Não. Sua amiga meio que não quis. Quer dizer, ela não deixou eu me aproximar. –Dou de ombros e Evey parece chateada.

—Ah. Ela demora um pouco pra confiar nas pessoas. Mas se você insistir um pouco mais... –Ela fala baixinho, como se pensasse que a chance já tinha passado. Não a culpo por pensar nisso. Acho que minha fama é essa: fico com uma garota por uma noite e a descarto logo depois. Mas dessa vez é diferente, afinal, quero ganhar essa aposta.

Sorrio para ela. –Vou tentar mais da próxima vez.

—Você está interessado nela? –Pergunta, curiosa.

—Pode-se dizer que sim.

—Que demais! –Nesse momento Isadora sai da cozinha.

—Léo vai chegar em cinco minutos. É melhor vocês dois irem se despedindo. –Ela aponta para Evey e Alex, que estão meio abraçados. Nojento.  

Alex se levanta e vai até a cozinha e Evey vai atrás.  Acabo ficando sozinho com Isadora na sala.

—Foi muito ruim para você? –Pergunto para ela, que parece entretida com o celular.

—O que?

—Passar a noite comigo aqui.

Ela bloqueia o celular e olha para mim. –Nada demais.

Franzo a testa. Essa garota... –Bem, eu gostei. Nunca tinha falado com você antes.

—É. Você não é todas essas coisas que dizem, mas não é tão ruim quanto eu pensei.

—Pare de me ofender. Assim você me machuca. –Ela olha debochadamente para mim. Antes que ela possa fazer qualquer coisa eu pego o celular dela e salvo meu número.

—Ei. O que você está fazendo?

—Se você precisar de alguma coisa... –Fico em silêncio esperando Evey e Alex saírem da cozinha. Um carro preto esportivo e visivelmente caro para na frente da casa e buzina logo em seguida.

—Meu irmão chegou. EVEY,VAMOS. –Ela grita, e me encara por alguns segundos, sem saber o que fazer. Ela desiste de se despedir de mim quando os dois saem da cozinha. Elas correm para fora da casa e eu me deito no sofá quando o carro dá partida. Alex senta-se em uma poltrona cor de chocolate, parecendo cansado e desolado.

—E aí? –Nós dois perguntamos ao mesmo tempo. Damos uma risada.

—Nós não fizemos nada... Acho que eu não tenho coragem de ficar com ela. –Alex admite, passando a mão pelo rosto.

—Como assim cara? De novo essa história?

—Acho que se eu me comprometer com ela, vou acabar machucando-a em algum momento. Eu não consigo nem pensar nisso. Acho que vou esperar mais um pouco para tentar qualquer coisa com Evey. Ou talvez eu nunca tente nada. –Ele parece extremamente triste. Por que ele continua com isso? Eu não entendo. Quer dizer, só namore com ela! Mas não digo nada. Sei que Alex passa por uma barra com essa garota, porém eu não consigo entender todo o drama. –Mas e você? Algum progresso?

—Sei lá. A gente só conversou a noite inteira. Pensando agora, eu achei que fosse mais difícil me aproximar dela. É como se existisse uma linha limite. Não é exatamente difícil chegar até a linha, mas como Evey disse, é difícil ultrapassá-la. –Ele parece um pouco confuso. –Pense assim, eu cheguei e nós conversamos sobre coisas superficiais como escola, mas ela não deu nenhum sinal de querer ficar comigo. Se é que isso é possível. –Falo, brincando.

—Parece que ela namorou um cara um tempo atrás e eles terminaram porque ele teve que ir embora. Não brigaram nem nada, mas ela não quer se comprometer de novo com alguém assim. –Alex diz, olhando para o teto. Penso um pouco sobre isso. Se eu levar essa aposta adiante, muito provavelmente vou acabar machucando ela. Mas pode ser que isso não aconteça também. A gente pode construir uma relação maneira de ‘não seremos muito apegados, mas podemos ir para a cama sempre que quisermos’. E parece que ela nem vai me deixar me aproximar muito. Aparentemente, minha imagem impede que ela permita isso. –Você quer continuar com o acordo?

—Por que não? Vai ser divertido. –Me levanto em um salto e dou um toquinho em Alex. –Vou pra casa. A gente se vê na escola amanhã.

Ele acena com a cabeça e saio da casa de Alex, pensativo. Isadora parece ser uma boa garota, vinda de uma boa família, só um pouco desconfiada. Vamos ver se eu consigo penetrar essa barreira invisível.