I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 44
Capítulo 44 - Corrompido


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Obrigada a todo mundo que comentou, vocês são demais! Mais um capítulo grandinho pra vocês, espero que aproveitem.
Boa leitura e beijinhos.



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Você se lembra como isso começou?

O conto-de-fadas mudou e decaiu

A inocência se quebrou há muito tempo

Como é que nós ficamos desse jeito?

    (Corrupted)

 

POV Isa 

Thomas mandou mensagens mais tarde dizendo como tinha sido o jantar. Eu passei a responder algumas delas, mas não sabia se estava fazendo a coisa certa. Agora eu estava assistindo televisão, mas sem prestar atenção de verdade enquanto Luke e Felipe estavam na mesa de jantar. 

—Eu vou para São Paulo no Natal. –Fala Felipe. No Natal há um recesso e tanto Luke quanto Felipe não teriam aula durante a semana.  

—Eu vou para a Itália. –Luke diz e olha de soslaio para mim. Continuo encarando a televisão. 

—E você, Isa? –Felipe pergunta.  

—Vou ficar aqui. –Eu falo.  

—Tem certeza? Vai ficar sozinha? Passar o Natal sozinha? –Luke pergunta.  

—Tenho.  

Eu não quero ir para o Brasil para depois voltar para cá. E também não quero voltar para lá ainda. 

—Tudo bem. –Luke diz cautelosamente. –Vamos sair para comprar as coisas então. Vou comprar o máximo possível de comida para você não passar a ceia vazia. 

—Tudo bem. –Falo sorrindo.  

—Vamos então. –Felipe diz se levantando. 

 

'Vou me demitir da loja de sapatos quando voltar'

Coloco o celular aberto na conversa de Thomas ao lado de um copo de chá gelado de limão em uma mesa no café.

'Por que?'  

'Conheci um cara na reunião de hoje. Ele me ofereceu um estágio na empresa dele. No setor administrativo'

'Legal'

Tomo um gole do chá e aperto uma maçã na mão esquerda. Conversei com algumas pessoas sobre isso e aparentemente todos os meus amigos ainda me apoiam com Thomas. O que é estranho, considerando que o idiota foi ele. Tirando Matt, todos os outros falaram basicamente que ele fez uma cagada, mas já havia se redimido e devia ser perdoado. O que me deixava mais perdida.

'Você vai na festa de Vanessa?', pergunto. Ultimamente a festa estava sendo muito falada. 

'Ainda estou pensando. Alex e Nath vão. Eu ainda não sei.'

'É sábado né?'

'É. Vinte conto pra entrar na festa. Olha o absurdo'

Thomas ia voltar de Belo Horizonte amanhã, e no dia seguinte já seria a festa de Vanessa. Eu tinha falado com Alex e Evey, e o garoto havia me dito que eu devia falar para Thomas tentar ir e aproveitar a festa. E eu estava pensando seriamente em dizer isso para ele. Sei que estava dando esperanças para Thomas quando respondia às mensagens e atendia algumas ligações, mas nem eu mesma tinha certeza se queria voltar com ele. Quando estávamos namorando, eu gostava muito de falar com ele. Talvez eu só quisesse voltar a ser amiga de Thomas, e não queria que ele sofresse com isso. Falar para ele ir e tentar se divertir não doeria nada. Ok, talvez doesse um pouco sim, mas poderia ser bom para nós dois. 

 'Você devia ir', eu falo depois de hesitar um pouco. Vamos fazer isso. 

'Você acha?'

'É, tipo, se divertir um pouco. Aposto que você nem vai mais nessas festas'

'Não vou mesmo'

'Estão falando que essa vai ser a festa do ano. Se eu estivesse no Brasil até eu iria', eu tento convencê-lo. Na realidade eu provavelmente não iria porque é a festa de Vanessa, mas quem sabe assim ele não aceita ir? 

'É, pode ser legal...'

'Se você não quiser ir por minha causa, ignora. Vai e tenta me esquecer por uma noite', mando para ele. 

'Isso quer dizer que eu não tenho mais chance com você?'

'Quer dizer que não custa nada tentar se divertir um pouco. Do que adianta você ficar privado disso enquanto eu estou aqui? Quando eu voltar para o Brasil a gente discute isso'

'Tá. Tudo bem. Você que sabe'

 *****

POV Thomas 

—Não da pra você ir, sua maluca. –Falo para Miranda, que se pendura em meu braço. 

—Me leva, por favor. Isa disse que ia ser a festa do ano! Eu nunca fui em uma festa. Por favoooor. 

—Como que eu vou te levar? Se liga. –Tento me desvencilhar da garota, sem sucesso. 

—A gente tenta convencer meu pai. Você pode me levar para sua cidade amanhã. 

—E você vai ficar na minha casa? Só por causa de uma festa?  

—Vai, Thomas! Meu pai gosta de você. 

—Isso não significa que ele vai deixar eu te levar daqui! –Falo exasperado. Eu entendi que o pai de Miranda é extremamente superprotetor, mas ele gostou de mim. Acho que ele me julga um bom partido para a filha, então me trata bem. Mas ele continua sendo um tirano completo. 

—A gente pode tentar. Sério, eu quero muito ir a uma festa dessas. 

—Eu nem sei se eu vou. 

—Vai sim. Isa disse pra você ir. 

—Ela só quer me testar. 

—E dai? 

—E dai que eu não posso falhar agora. Ela voltou a falar comigo e acho que se tudo continuar assim, podemos voltar a namorar. Mas se eu tiver uma recaída e ficar com uma garota nessa festa essa chance vai pra puta que pariu. 

—Se você ficar com outra garota significa que você não gosta dela de verdade. 

—Cale a boca. Você nunca ficou com ninguém, amadora. –Eu falo e consigo me soltar dela. 

—Exatamente! As pessoas não ficam nesse tipo de festa?  

—Quem vai querer ficar com você? As minhas roupas são melhores que as suas. 

—Por favoooor! –Ela implora de novo e eu jogo a cabeça para trás. 

—Pelo amor de Deus, Miranda, não dá, ok? Seu pai vai contratar um mercenário pra me assassinar se eu te sequestrar assim. 

—Não vai ser sequestro se tiver o consentimento dele. 

—E como você pretende fazer ele aceitar isso, posso saber? 

—A gente da um jeito! Ok? Ok? Pode perguntar para seu pai se ele pode me levar com vocês? Eu mesma falo com meu pai. Tenho certeza que ele vai deixar. 

 

O pai de Miranda não deixou. E eu não consegui me despedir dela no dia seguinte pois ela se recusou a sair do quarto já que estava chorando até desidratar. Eu pensei mesmo que ele não ia deixar, mas deixei ela perguntar mesmo assim. Tive que ir embora sem falar com ela, o que partiu meu coração. Miranda foi responsável por me divertir enquanto estive no hotel, e sei o quanto deixa ela triste quando os amigos esquecem dela. Mas eu não ia me esquecer dessa maluca. Nem a pau. 

—Vamo cara. É amanhã a festa. Você tem que decidir logo. –Alex diz enquanto vasculha a geladeira da casa da minha mãe. 

—Evey vai nessa festa?  

—Evey está no Peru agora. Amanhã embarca para o México. Ela só vai chegar aqui perto do Natal. Mas ela disse que eu podia ir, desde que eu me comportasse.  

—Isa também disse que eu deveria ir. –Falo enfiando um salgadinho da bacon goela abaixo.  

—Ela disse?  

—É. E que eu deveria me divertir um pouco. 

—Puxa! Quem diria que ela iria falar isso pra você né? –A geladeira se fecha e ele aparece com uma latinha de cerveja aberta na mão. 

—Sei lá. Acho que ela não gosta mais de mim mesmo. 

—Olha cara, por que a gente não vai na festa amanhã, você tenta conhecer novas pessoas e a gente decide isso depois? Esse seu lance com Isa. 

—Pode ser. Foi mais ou menos o que ela disse. 

—Vai ser foda, moleque. –Ele começa a dançar, animado, e quase derruba a cerveja no tapete da sala da minha mãe. 

—Pare com isso. Você não sabe dançar. Está estragando minha visão. 

—Cala a boca. –Ele diz tomando um gole. 

—Como foi com sua mãe?  

—Um porre, se quer saber. Mas foi melhorando com o passar dos dias. 

—Que bom. Ela ficou surpresa com o fato de você ter passado de ano?  

—Não. Ela ficou brava porque eu peguei duas recuperações. 

—Ela devia agradecer por terem sido só duas. E aquele ano que você pegou seis? 

—Né tio? Nem parece que é minha mãe desde que eu nasci. 

Começamos a conversar sobre aventuras que tivemos desde que nos tornamos amigos quando alguém toca a campainha. 

—Será que minha mãe esqueceu a chave? –Pergunto me levantando do sofá. 

—Se for sua mãe grita 'Marimbondo' pra eu esconder a cerveja. –Alex fala.  

Não é minha mãe. Miranda, com o cabelo loiro todo desarrumado e com cara de cansada, segurando uma malinha preta e rosa entra em casa sem ser convidada e se joga no sofá mais próximo. E dá um grito. 

—O que é isso? –Eu pergunto.  

—Quem é você? –Alex pergunta, tirando a cerveja debaixo de uma almofada. 

—Quem é você? –Ela pergunta olhando feio para Alex. 

—Eu perguntei primeiro. 

—Esse é Alex. Eu falei dele pra você. –Falo. –O que você está fazendo aqui, Miranda? 

—Como assim? Eu vim para a festa de amanhã. 

—Opa. Eu também vou. –Alex diz.  

—Garota, você é completamente louca. Como você chegou aqui?  

—Peguei um trem. E três táxis. E um ônibus. Descobri o endereço do apartamento do seu pai e dei um jeito de ir até lá. Mas ele me disse que você estava na casa da sua mãe e me deu esse endereço. Por que tão longeee? 

—Seu pai vai acionar o exército, o FBI, a CIA, a KGB, a NKDV pra te procurar! Eu vou ser preso! –Falo, começando a entrar em desespero. 

—Quem vai ser preso é meu pai! –Ela grita.  

—Sua maluca!  

—Tô cansadaaa! Vou deitar aqui e dormir. Quando eu acordar quero comida. E o ingresso da festa de amanhã. Boa noite. –Ela pega uma almofada, coloca embaixo da cabeça a dois minutos depois começa a emitir um leve ronco.  

—Caralho... –Eu falo, pensando em como isso foi acontecer. Miranda nunca tinha praticamente saído do seu bairro, como foi que ela saiu do estado?  

—Essa é a garota da foto? Parece uma boneca. –Alex diz tomando a cerveja. 

—Você não tá entendo o quão desesperadora essa situação é?  

—Tô achando graça. 

—Leva ela pra sua casa então. 

—Eu não. Evey vai me matar. 

—Puta vida.  

—Deixa ela ficar aqui por um tempo. Depois da festa você manda ela de volta pra Belo Horizonte. Ou liga pro pai dela falando que a encontrou. 

—É verdade. Uma viatura vai aparecer aqui cinco segundos depois. 

—Então é isso. Fechou. O táxi tá chegando aí pra me pegar. Vejo vocês dois amanhã à noite. 

 

Mandei uma mensagem pra Vanessa falando que queria dois ingressos para a festa. Ela respondeu dizendo que colocaria meu nome na porta. Então eu e Miranda fomos para o salão às oito e meia. E já tinha muita gente. Dançando, gritando, bebendo. Minha mãe chegou em casa e morreu de amores por Miranda ontem. Ela ligou para meu pai, que explicou que a garota morava no hotel e nunca tinha saído de lá, e que agora estava vivendo uma aventura (foi o que Miranda havia dito para ele) e ela deixou ela ficar. O que eu achei incrível. Como dois adultos responsáveis como meus pais acobertaram a fuga de uma garota de 16 anos de casa? Não sei, mas Miranda adorou. E eu tive que aceitar. Eu havia convencido Miranda a usar uma roupa mais normal para a festa, e compramos um vestido preto curto e relativamente simples, mas bonito, já que ela se recusou a usar uma calça ou um short jeans. Além disso, ela colocou um sapato prateado com brilhos e joias de pérolas nos pulsos e pescoço. Eu vesti só uma calca jeans e uma camiseta verde. Sinceramente, não estava muito empolgado para essa festa. Não queria pegar ninguém, pois só pensava em Isa. Miranda parecia estar prestes a explodir de felicidade com o ambiente desconhecido para ela. 

—Isso é muito legal! –Ela grita quando nós entramos no salão depois de pagarmos. Ela começa a dar pulinhos ao som da música eletrônica que está tocando e fico me perguntando se ela sabe dançar. Provavelmente não.  

—Procure Alex. Ou Marcos. –Falo para ela. Olho ao redor a procura de algum conhecido e vejo Max. –Vamos até lá. 

Puxo Miranda até o garoto que já está com três piercings no rosto e uma tatuagem colorida que sai pela camisa, aparecendo no pescoço. 

—E aí Thomas? –Ele grita e me cumprimenta. Ele levanta uma sobrancelha para Miranda, que olha para o garoto estranho. Bem, Max está com suas roupas usuais: calça jeans preta, camiseta preta com imagens que lembram fogo, um cinto com espinhos discretos e um bracelete marrom. –Quem é essa? 

—Eu sou Miranda. Prazer. –Ela sorri para ele. 

—Oi. Sou Max. –Ele aperta a mão dela com cuidado, como se tivesse medo de pegar a doença de maluca. 

—Max é amigo de Isa. –Eu falo para Miranda, que acena. 

—Ah tá. Eu gosto de Isa. 

—Vocês se conhecem? –Max pergunta bebendo um gole de alguma coisa.

—Ela não me conhece. Bem, ela não gosta de mim. Mas eu a conheço. E gosto dela. 

—Que? –Ele grita por cima da música. 

—Péssimo jeito de explicar. –Eu falo e dou de ombros para Max. 

—Ela sabe das coisas. 

Miranda olha para Max com curiosidade. –Nunca vi ninguém se vestindo igual a você. Isso é um piercing? –Ela avança para tocar a argola no lábio inferior de Max, mas para a alguns centímetros de distância e sorri, recolhendo a mão. Max levanta uma sobrancelha para ela e sorri.

—Miranda é de Belo Horizonte. É a primeira vez que ela sai de sua cidade natal. –Eu explico para Max, que parece estar achando graça.  

—Na moral? Da hora.  

—É. Mas isso não quer dizer que eu nunca tenha namorado. Tipo, não. Não mesmo. –Ela diz e eu resisto ao impulso de cobrir o rosto com as mãos e sair de perto. Tinha falado para Miranda não dar na cara que ela nunca tinha ficado com ninguém, ou ia espantar os garotos que ela tivesse interesse. Se ela estava interessada em Max eu não sei, mas estava fazendo um péssimo trabalho. 

Mas Max apenas sorriu. –Legal. Quer uma bebida?  

—Ela tem 16 anos. –Eu falo para ele. 

—Não tem problema. –Miranda me corta. –É quase 17. Tipo quase. E eu já estou acostumada a beber. 

Ela faz 17 daqui a oito meses. E nunca bebeu mais que meio copo de vinho. Sim, ela me disse. Max olha para mim. 

—Certo. Nada de bebidas. –Ele diz e eu sorrio agradecido. 

—Ah, não! Thomas, saia daqui! Você vai estragar minha noite. –Miranda diz e eu cubro o peito, indignado. 

—É assim que você me agradece, sua ingrata? Tudo bem. Fique aí então. Mas eu não gosto de levar bêbado pra casa. –Falo e ela me mostra a língua. Max da uma risada e eu a deixo com ele. Garota ingrata.  

Quando já estou bem afastado dos dois, penso se foi a coisa certa a fazer. Aparentemente Miranda gostou de Max. Mas ele tem 20 anos. Isso não é pedofilia? Se eles ficarem juntos eu também vou preso? Espero que não. Se eu fizer Miranda se meter em um encrenca dessas, o pai dela vai literalmente me assassinar com as próprias mãos. Tento tirar isso da cabeça enquanto procuro por Alex ou Nath. 

—Thomas! –Vanessa diz perto de mim e corre. 

—Oi. –Eu falo para ela, que bota um copo de bebida na minha mão. 

—Tá curtindo a festa?  

—Acabei de chegar. Você viu Alex por aí?  

—Acho que ele estava perto do pole dance. –Ela da uma risada e percebo claramente que já está bêbada. –Já tem alguma garota em mente para hoje?  

—Não quero me meter com ninguém, Vanessa. 

—Poxa... já faz um tempão que Isadora viajou. Você ainda não quer relembrar os velhos tempos?  

—Não to afim. –Falo coçando a parte de trás da cabeça. Ela revira os olhos. 

—Bem, tudo bem. Mas se quiser… já sabe. –Ela pisca para mim antes de  correr atrás de outro garoto desprevenido. Sério… Sinto meu celular vibrar no bolso de trás da calça e sorrio ao ver que é uma mensagem de Isa. 

'Como está a festa?' 

'Acabei de chegar. Nada demais' 

'Thomas, é sério. Tente se divertir hoje'

Mas como? Olho de um lado para o outro do salão e avisto Max de pé ao lado de Miranda,  sentada e rindo com um copo na mão. Olho para meu próprio copo de bebida. De que outra maneira eu vou me divertir nessa festa?  

 

Acontece que eu sou um tanto fraco para bebida. Alguns poucos copos e eu já começo a esquecer das coisas. Lembro-me de ter encontrado Alex já chapado e jogado em um dos sofás, Nath se acabando na pista de dança e Marcos parecendo entediado perto das comidas. Max ficou ao lado de Miranda a noite toda, o que foi bom, já que eu não tinha condições de ficar de babá. Algumas garotas deram mole para mim, mas não consegui ficar com nenhuma. Acho que eu disse que tinha namorada para todas elas. Sei que no meio da noite, quando todos já estavam bêbados, eu liguei para Isa do meu celular. 

—Alô? –Ela diz sonolenta. 

—Alô. –Falo enrolado 

—Thomas? Por que está me ligando a essa hora? Você tá bêbado? 

—Não. Que horas são?  

—Três e meia da manhã. Aqui, pelo menos. 

—Desculpe. Não queria te... acordar.  

—Sério, da pra ver que você tá completamente bêbado. 

—Não tô não. Para, para. –Empurro uma garota com metade do cabelo raspado que tenta me beijar. Me afasto dela e saio um pouco do ambiente fechado do salão.

—Aloo? Thomas?  

—Oi. Desculpa.  

—O que você quer? Vai pra casa, Thomas. 

—Não da. Eu... não posso. Eu sinto sua falta. 

Ela suspira pesadamente. –Eu disse que a gente poderia falar sobre isso mais tarde, certo? Você conseguiu se divertir hoje? Dançou? Ficou com alguém? –Ela pergunta e pode ser que eu tenha sentido uma pontada de esperança na voz dela.

—Não. Não fiquei com ninguém. Eu quero te ver. Acho que estou esquecendo como era seu rosto e seu cheiro e estou começando a entrar em desespero. 

—Pare com isso. 

—É verdade. Não quero te esquecer. Mas... mesmo assim... parece que eu sou o único que pensa assim. Você tem razão em não querer mais ficar comigo. Só que eu achei que ainda dava pra ter alguma coisa entre nós porque o que a gente tinha era único. Mas acho que foi só para mim. Não é, Isa? Não é? Eu não fui especial não é? –Eu sabia que estava falando aquilo porque estava bêbado, mas não consegui parar.

—Thomas... 

—Pode falar. Eu estava pensando agora... não me importo. Já está claro que você não gosta de mim como eu gosto de você. Eu sou o trouxa.  

—Você? Você me fez de trouxa durante meses!  

—Mentira. Você sabe que é mentira. Eu nunca quis te magoar. Mas essa é a única coisa que você tem feito. Me magoar.  

—Do que você está falando? Me ligue quando estiver sóbrio.  

—Não. Não vou te ligar. Fale a verdade. Você não liga pra mim. Todo esse tempo e eu estive correndo atrás de você, mas você só me ignorou.  

—Não estou te ignorando agora. 

—Você só se aproximou de novo para falar que eu preciso te esquecer. Você já me esqueceu, Isa? Já está com outro? É por isso que você estava falando pra eu ficar com outra pessoa?

—De onde você está tirando essas ideias?  

—Você quer que eu te esqueça? Ou me quer de volta? Responda.  

—Não da pra falar com você assim. Me ligue depois.  

—Responda ou eu não vou mais falar com você. Eu quero saber. 

—Você quer saber a verdade? Você ficou rastejando atrás de mim desde o nosso termino. Pode ficar com outras pessoas se quiser. Se conseguir, porque parece que você se tornou um inútil nesse aspecto. 

Meu sangue começa a ferver. Há tempos eu não ficava com raiva, mas isso estava me tirando do sério. –Eu sou o inútil? E você, que só ficou com dois caras na vida? E a única coisa que eles queriam era te levar para a cama?  

—Agora você admitiu que a única coisa que queria era me levar para a cama?  

—Não. Não foi isso. –Por que eu disse isso mesmo? Ah, por causa da bebida? Provavelmente. –Eu não queria... 

—Quer saber? Foda-se. –Ela diz e desliga. 

Encaro o celular na minha mão como se ele fosse um objeto desconhecido. Foda-se?

—Ei, Thomas! –Miranda aparece perto de mim e se apoia em meu ombro, cansada. –Cara, eu to exausta. Eu adorei participar de uma festa! Que horas você pretende ir pra casa? Eu quero ficar mais um pouco. Max disse que... Ei. Por que você tá encarando o celular assim? O que tem aí? Hein?

—Acho que... Acho que Isa terminou comigo. De novo.

 


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Notas finais do capítulo

Alguns comentários a fazer aqui:
1. Sim, Miranda é louca. Por isso eu a amo.
2. Eu seeei que vocês estavam super ansiosos para a reconciliação de Thomas e Isa, mas gente, eu acho que ele precisava mesmo falar essas coisas. É um ciclo contínuo de sofrimento, mas vai tudo acabar bem, eu prometo. Então não se sintam desiludidos e não abandonem a fic aqui, vai dar tudo certo. Heheh, amo vocês ♥



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