WSU: Azathoth escrita por Lucas, WSU
Adrian mora em uma casa isolada na região de Marsilac. Não há portões. Apenas a porta entreaberta.
Erik entra primeiro. Azathoth vem por trás.
O corpo de Adrian está de bruços, no chão da cozinha. Um grande rastro de sangue os separa.
Erik: Fracassamos...
Azathoth: De novo.
Finalmente. Eis que surge entre a escuridão de uma das portas,
A primeira, das três.
A que corre o mundo.
Ou, como batizada por sua seita, Euríale.
Sua fala é suave, assim como seus movimentos teatrais. Certamente da escola de Eurípedes.
Euríale: Queiram me desculpar, minha plenitude é invejável para vós, não? Perdidos em terras transcendentes... Oh! Desculpem-me novamente, seria insensato, um devaneio, seria loucura não se perder no que está além da realidade, no metafísico. HOJE! Quero Comprovar ou não a tese de que ''Basta um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático''
Azathoth e Erik observam a jovem menina com alunos.
Euríale: Victor Hermann, Azathoth... O Sultão Demoníaco. A grandeza da vitória constrói-se no desprezo, e é exatamente esse o caminho que o senhor trilha.
Erik Leminski, Dúvida... O conhecedor do nada. Ahhhhh, o amor. O amor, o destruidor, você ama tanto quanto Victor... Amor, amor, aaaaaamooooor!
Azathoth: As outras duas, ONDE ESTÃO??
Euríale: Não não não! Não grite! Nós, causamos o mal para outros antes do principal... Leminski, Senhor Hermann, quem são as pessoas que amam? Espere, espere! Eu quero responder! Toyotomi Hideyoshi e Mika Drudin, acertei, não foi?
Erik: O QUE FEZ COM ELES??? OQUE VOCÊ FEZ!??
Euríale: Nada, não fiz nada! Mas respondendo ao seu amigo mascarado, as duas se dividiram por... DOIS! E a partir desse momento, a teoria do homem que ri eternamente começa a ser respondida. Quem comprovará ela?
Slow motion.
Azathoth treme.
Erik puxa o revólver.
A trava de segurança.
O gatilho.
A bala viaja.
Perfura a cabeça de Euríale, que cai. Teoria comprovada.
Ruas escuras.
Casa de Erik.
Corre, Erik, corre!
Ele entra.
Mika deitada; torturada; Viva?
Perversa.
A opressora.
Esteno.
Esteno: Essa mulher... Vocês não se mereciam. Quem viu, com certeza achou um casal ridículo. Usei lâminas, Sr. Leminski, perfurei ela lindamente, por horas... Euríale era poética... era linda e te fez comprovar a teoria... Ohhh, está chorando? Por que chora, Erik? Todos morrem um dia... Mika e eu hoje...
Esteno corta seu próprio pescoço com uma lâmina; Desaba.
Erik corre com Mika ensanguentada em seus braços.
Esteno, uma única fala, mas suficiente para destruir duas vidas.
Victor; chorando.
Esqueça Azathoth.
Um velho apartamento mais destruído que antes.
Hideyoshi ao chão.
Sangue (sempre).
Victor: Senhor Hide! Não, não me deixe agora!
Hideyoshi: Não... precisava... ter se envolvido...
Victor: Meu legado...
Hideyoshi: Ainda... acha... que vale a pena?
Victor: Não sei! Vale?
Hideyoshi: Conviva... com a culpa... mas, fique... de pé!
Victor: Não, não... Meu Deus, não!
Hideyoshi, morto.
Victor, grito e choro; Compulsivo.
Pernas longas e cruzadas.
Sentada em uma poltrona com uma faca em mãos
A Impetuosa.
Medusa.
Medusa: Covardia...
Victor: Quem tem poder geralmente é covarde.
Medusa: Concordo... mas o abuso de poder existe pela impotência de quem está abaixo...
Victor: Você tem mais poder que eu agora... não quer dizer que sou impotente.
Medusa: Não, não quer dizer. Concordo, Victor.
Victor: Esse é o 'papel' de vocês três? Chegam, matam e morrem?
Medusa: Exato, é como a sua vida. Chegar, matar e morrer... Nós fomos objetivas, fizemos o nosso dever... Vocês não... Agora, acabe comigo.
Victor desliza sua mão nas pernas de Medusa, a coloca por cima de seus ombros, vai até a janela e arremessa.
O corpo de Medusa se estraçalha no chão; Miolos estourando; Ossos se quebrando.
Ele volta para Hideyoshi e fica de joelhos enquanto chora e o segura em seus braços.
Tudo se escurece.
Dias se passam.
Os mortos, enterrados.
Mika está viva.
Mika estava grávida.
Estava.
O médico caminhava pelo corredor branco, coçava a cabeça desfalcada de cabelos. Carregava uma prancheta nas mãos. Ao chegar à sala de espera, deu de cara com o desesperado Erik sentado na primeira fila de caldeiras com acentos estofados azuis.
Suas mãos no rosto e a cabeça entre os joelhos chamava a atenção das meia-dúzia de pessoas presentes naquela sala que de tão branca causava nó nas vistas.
Médico: Erik Leminski.
Erik: Sim! Sou eu!
Médico: Sua esposa está estável.
Erik: Graças a Deus...
Médico: Entretanto há algo de peculiar...
Erik já entendera tudo com meia palavra, e sem que deixasse o médico completar, disse:
— Que houve com a minha filha?? O QUE ACONTECEU??
Médico: Sr. Leminski, acalme-se. O que lhe direi agora requer bastante calma e estômago... Sua esposa passou por uma cesárea e o bebê... foi removido.
A mão direita escondendo a boca e os olhos de espanto pareciam entregavam os sentimentos de Erik no momento.
Erik: NÃO!! DEUS, NÃO!!
Médico: Acalme-se, Sr. Leminski.
Erik: Me acalmar? Eu quero a minha filha!
As pessoas olhavam espantadas. Os guardas já saiam das portas para controlar Erik.
O médico balança a cabeça.
Erik se torna Aquiles.
Seu calcanhar foi atingido.
Suas lágrimas desciam seu rosto. Sua filha lhe foi tirada. A seita havia vencido.
A polícia irá acobertar o caso novamente. A esta altura, estão mais preocupados com o puteiro incendiado.
No mesmo lugar do início, Erik está encostado em seu carro; Azathoth chega.
O dia cinza.
Os barulhos no céu.
A chuva iminente.
Azathoth: Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam...
Erik: Nietzsche?
Azathoth: Cioran.
Erik: Por que se preocupa tanto com Deus?
Azathoth: Me preocupo com tanta gente acreditando em um...
Erik: Tudo bem... Deus é interior... não me preocupo.
Azathoth: Virão atrás da gente...
Erik: Talvez venham... mas sendo nós um prêmio de condecoração, quem sabe não estejamos livres... o que vai fazer depois de tudo isso?
Azathoth: Tenho um legado para deixar, mesmo que não me conheçam ainda... e você?
Erik: Estou morto por dentro... vou me mudar... levar Mika pra longe daqui... começar do zero...
Azathoth: Foram as piores melhores vilãs que alguém poderia enfrentar... Acabaram com a minha vida sem encostar um dedo em mim...
Erik: Não sinto mais nada...... infelizmente... mas, talvez tenham outros desígnios por aí...
Erik pega uma foto em sua carteira.
Erik: Karen Maximus, desaparecida, fugiu da casa dos pais. Vista pela última vez no Bairro da Liberdade, testemunhas dizem que á viram pegando um ônibus para Itaberá...
Azathoth olha a foto e guarda em seu bolso.
Erik: Ah! antes que eu me esqueça, Itaberá tem registrado vários homicídios com armas de fogo, criminosos sendo mortos a sangue frio, parecido com o que você faz, só que com o triplo de crueldade...
Azathoth: Vou investigar.
Azathoth estende a mão.
Azathoth: Detetive Leminski, foi uma honra
Erik o cumprimenta.
Erik: Igualmente, Sr. Hermann.
The Sound Of Silence - Simon & Garfunkel
Erik entra em seu carro e vai embora.
Azathoth vira-se e segue sua jornada.
A chuva começa.
Os dois estão juntos mais uma vez.
FIM.
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Obrigado por acompanhar!