WSU: Azathoth escrita por Lucas, WSU


Capítulo 5
Capítulo 5 - Um Sussurro nas Trevas.




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Adrian mora em uma casa isolada na região de Marsilac. Não há portões. Apenas a porta entreaberta.

Erik entra primeiro. Azathoth vem por trás.

O corpo de Adrian está de bruços, no chão da cozinha. Um grande rastro de sangue os separa.

Erik: Fracassamos...

Azathoth: De novo.

Finalmente. Eis que surge entre a escuridão de uma das portas,

A primeira, das três.

A que corre o mundo.

Ou, como batizada por sua seita, Euríale.

Sua fala é suave, assim como seus movimentos teatrais. Certamente da escola de Eurípedes.

Euríale: Queiram me desculpar, minha plenitude é invejável para vós, não? Perdidos em terras transcendentes... Oh! Desculpem-me novamente, seria insensato, um devaneio, seria loucura não se perder no que está além da realidade, no metafísico. HOJE! Quero Comprovar ou não a tese de que ''Basta um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático''
Azathoth e Erik observam a jovem menina com alunos.

Euríale: Victor Hermann, Azathoth... O Sultão Demoníaco. A grandeza da vitória constrói-se no desprezo, e é exatamente esse o caminho que o senhor trilha.
Erik Leminski, Dúvida... O conhecedor do nada. Ahhhhh, o amor. O amor, o destruidor, você ama tanto quanto Victor... Amor, amor, aaaaaamooooor!

Azathoth: As outras duas, ONDE ESTÃO??

Euríale: Não não não! Não grite! Nós, causamos o mal para outros antes do principal... Leminski, Senhor Hermann, quem são as pessoas que amam? Espere, espere! Eu quero responder! Toyotomi Hideyoshi e Mika Drudin, acertei, não foi?

Erik: O QUE FEZ COM ELES??? OQUE VOCÊ FEZ!??

Euríale: Nada, não fiz nada! Mas respondendo ao seu amigo mascarado, as duas se dividiram por... DOIS! E a partir desse momento, a teoria do homem que ri eternamente começa a ser respondida. Quem comprovará ela?

Slow motion.

Azathoth treme.

Erik puxa o revólver.

A trava de segurança.

O gatilho.

A bala viaja.

Perfura a cabeça de Euríale, que cai. Teoria comprovada.

Ruas escuras.

Casa de Erik.

Corre, Erik, corre!

Ele entra.

Mika deitada; torturada; Viva?

Perversa.

A opressora.

Esteno.

Esteno: Essa mulher... Vocês não se mereciam. Quem viu, com certeza achou um casal ridículo. Usei lâminas, Sr. Leminski, perfurei ela lindamente, por horas... Euríale era poética... era linda e te fez comprovar a teoria... Ohhh, está chorando? Por que chora, Erik? Todos morrem um dia... Mika e eu hoje...

Esteno corta seu próprio pescoço com uma lâmina; Desaba.

Erik corre com Mika ensanguentada em seus braços.

Esteno, uma única fala, mas suficiente para destruir duas vidas.


Victor; chorando.

Esqueça Azathoth.

Um velho apartamento mais destruído que antes.

Hideyoshi ao chão.

Sangue (sempre).

Victor: Senhor Hide! Não, não me deixe agora!

Hideyoshi: Não... precisava... ter se envolvido...

Victor: Meu legado...

Hideyoshi: Ainda... acha... que vale a pena?

Victor: Não sei! Vale?

Hideyoshi: Conviva... com a culpa... mas, fique... de pé!

Victor: Não, não... Meu Deus, não!

Hideyoshi, morto.

Victor, grito e choro; Compulsivo.

Pernas longas e cruzadas.

Sentada em uma poltrona com uma faca em mãos

A Impetuosa.

Medusa.

Medusa: Covardia...

Victor: Quem tem poder geralmente é covarde.

Medusa: Concordo... mas o abuso de poder existe pela impotência de quem está abaixo...

Victor: Você tem mais poder que eu agora... não quer dizer que sou impotente.

Medusa: Não, não quer dizer. Concordo, Victor.

Victor: Esse é o 'papel' de vocês três? Chegam, matam e morrem?

Medusa: Exato, é como a sua vida. Chegar, matar e morrer... Nós fomos objetivas, fizemos o nosso dever... Vocês não... Agora, acabe comigo.

Victor desliza sua mão nas pernas de Medusa, a coloca por cima de seus ombros, vai até a janela e arremessa.

O corpo de Medusa se estraçalha no chão; Miolos estourando; Ossos se quebrando.

Ele volta para Hideyoshi e fica de joelhos enquanto chora e o segura em seus braços.

Tudo se escurece.


Dias se passam.

Os mortos, enterrados.

Mika está viva.

Mika estava grávida.

Estava.

O médico caminhava pelo corredor branco, coçava a cabeça desfalcada de cabelos. Carregava uma prancheta nas mãos. Ao chegar à sala de espera, deu de cara com o desesperado Erik sentado na primeira fila de caldeiras com acentos estofados azuis.

Suas mãos no rosto e a cabeça entre os joelhos chamava a atenção das meia-dúzia de pessoas presentes naquela sala que de tão branca causava nó nas vistas.

Médico: Erik Leminski.

Erik: Sim! Sou eu!

Médico: Sua esposa está estável.

Erik: Graças a Deus...

Médico: Entretanto há algo de peculiar...

Erik já entendera tudo com meia palavra, e sem que deixasse o médico completar, disse:

— Que houve com a minha filha?? O QUE ACONTECEU??

Médico: Sr. Leminski, acalme-se. O que lhe direi agora requer bastante calma e estômago... Sua esposa passou por uma cesárea e o bebê... foi removido.

A mão direita escondendo a boca e os olhos de espanto pareciam entregavam os sentimentos de Erik no momento.

Erik: NÃO!! DEUS, NÃO!!

Médico: Acalme-se, Sr. Leminski.

Erik: Me acalmar? Eu quero a minha filha!

As pessoas olhavam espantadas. Os guardas já saiam das portas para controlar Erik.
O médico balança a cabeça.

Erik se torna Aquiles.

Seu calcanhar foi atingido.

Suas lágrimas desciam seu rosto. Sua filha lhe foi tirada. A seita havia vencido.

A polícia irá acobertar o caso novamente. A esta altura, estão mais preocupados com o puteiro incendiado.

No mesmo lugar do início, Erik está encostado em seu carro; Azathoth chega.
O dia cinza.

Os barulhos no céu.

A chuva iminente.

Azathoth: Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam...

Erik: Nietzsche?

Azathoth: Cioran.

Erik: Por que se preocupa tanto com Deus?

Azathoth: Me preocupo com tanta gente acreditando em um...

Erik: Tudo bem... Deus é interior... não me preocupo.

Azathoth: Virão atrás da gente...

Erik: Talvez venham... mas sendo nós um prêmio de condecoração, quem sabe não estejamos livres... o que vai fazer depois de tudo isso?

Azathoth: Tenho um legado para deixar, mesmo que não me conheçam ainda... e você?

Erik: Estou morto por dentro... vou me mudar... levar Mika pra longe daqui... começar do zero...

Azathoth: Foram as piores melhores vilãs que alguém poderia enfrentar... Acabaram com a minha vida sem encostar um dedo em mim...

Erik: Não sinto mais nada...... infelizmente... mas, talvez tenham outros desígnios por aí...

Erik pega uma foto em sua carteira.

Erik: Karen Maximus, desaparecida, fugiu da casa dos pais. Vista pela última vez no Bairro da Liberdade, testemunhas dizem que á viram pegando um ônibus para Itaberá...

Azathoth olha a foto e guarda em seu bolso.

Erik: Ah! antes que eu me esqueça, Itaberá tem registrado vários homicídios com armas de fogo, criminosos sendo mortos a sangue frio, parecido com o que você faz, só que com o triplo de crueldade...

Azathoth: Vou investigar.

Azathoth estende a mão.

Azathoth: Detetive Leminski, foi uma honra

Erik o cumprimenta.

Erik: Igualmente, Sr. Hermann.

The Sound Of Silence - Simon & Garfunkel

Erik entra em seu carro e vai embora.

Azathoth vira-se e segue sua jornada.

A chuva começa.

Os dois estão juntos mais uma vez.

FIM.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigado por acompanhar!