Casamento Intergaláctico escrita por BlackFlower


Capítulo 3
Capítulo 03: Kalim, O planeta comércio


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: Gostaria de agradecer a três leitores que incrivelmente comentaram na minha história e me deixaram super motivadas a escrever esse capítulo.

Também de agradecer a uma leitora, que fez uma obra incrível, uma capa muito fofa que será usada no inicio do capítulo, é um presente muito bonito e juro que lagrimei ♥

Além disso me desculpar pois na emoção escrevi mais palavras do que gostaria ;---; Fiquem com este capítulo mais que fofinho :3



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Capítulo 03: Kalim, O planeta comércio

Nave XYZ - 25 de Dezembro de 2017, Salão Cerimonial

O ruído que fazia dentro da minha cabeça, somado às imagens da minha família, as memórias vindo em ondas, as lágrimas que eu tanto queria evitar vieram em ondas. Leonardo me abraçou fortemente, ele soluçava alto, não tinha vergonha de mostrar a sua fragilidade perante a situação, Drax abriu a boca para falar algo. Mas nada saiu, ele simplesmente fechou o rosto e desistiu de dizer o que pretendia.

— Como eles morreram? Como você sabe? — perguntei me afastando de Leo.

— Estávamos em casa, então houve o tremor, a casa desmoronou, sobrevivi ao acaso, lavava o carro no quintal, e-eu… — ele se culpava.

Abracei-o novamente, abracei forte, ele resmungou que estava apertado, afastei ele vendo seu rosto, memorizei os detalhes enxuguei suas lágrimas e sorri, se alguém teria que ser forte, então estaria sendo eu. Não seria muito diferente da terra, sempre sendo o mais emotivo, fiquei feliz que pelo menos isso não mudaria.

Leonardo então olhou para Drax, primeiro só olhou de mim a Drax, perto demais, então desceu os olhos para a mão e viu a aliança, vi sua mão direita cerrar em punho, seu rosto calmo sumiu virando uma carranca.

— E quem é esse? — perguntou virando para Drax.

— Draxfot, do planeta B’Etor e marido de Débora — respondeu cruzando os braços.

— Marido? — Leo sorriu ironicamente e avançou.

— Leonardo! — chamei a atenção dele.

— Isso é ridículo — ele apontou para Drax — O cara não sabe nem do que você gosta de comer.

— Ela gosta de comer kiwi com chocolate — respondeu Drax.

Eu e Leonardo o olhamos perplexos, claro que nunca tinha contado a ele e nem a ninguém minha comida preferida, o quão estranho seria isso? Olhei para o azulado pedindo espaço, ele deve ter entendido, deu de ombros e se afastou um pouco. Começou a conversar com algumas pessoas, virei vendo Leonardo me fitar.

— Você sabe que não foi minha escolha — falei para ele.

— Não, e é isso que me revolta — ele segurou nos meus ombros. — Vou morar com você, farei qualquer coisa, mas manterei ele a minha frente. Não confio nele.

— Ele é um criminoso — não sei pra que falei isso. Talvez o medo de morrer, ou simplesmente porque precisava por pra fora.

— Criminoso? Exatamente que tipo? — ele começou a sussurrar olhando para os lados.

— Não sei — respondi olhando para Drax.

O mesmo estava sorrindo de lado, parecia incomodado ao lados daquelas pessoas, seus olhos focaram em mim, senti que ele me avaliava, desviei o olhar e meu irmão me encarava. Leonardo parecia minha mãe, os olhos verdes claros, pardo, cabelos volumosos, rebeldes, como minha mãe dizia. Eu era tão diferente dele, tão diferente dela.

— Nós temos que ir — Drax falou tocando meu ombro.

— Irei com vocês — Leonardo falou segurando meu pulso. — Você não a separaria da única família que resta. Certo?

Drax olhou para Leonardo, respirou fundo, eu mordia os lábios nervosamente, olhei para o lado vendo que alguns nos olhavam, inclusive alguns “seguranças” estavam vindo para nosso lado. Os burburinhos aumentando, meu sangue parecia pulsar no meu ouvido.

— Quando avisarem que chegamos ao planeta Kalim, você nos encontra lá embaixo, na plataforma 02, você agora é minha família e minha responsabilidade também — Drax respondeu calmo.

Leonardo abraçou-me deixando claro que estaria tudo bem, que pelo menos acreditava que estaríamos juntos, segui Drax enquanto ele andava devagar, tinha muitas perguntas, quer dizer, eram perguntas poderiam ser ou não respondidas. O salto estava me incomodando, meu pé doía miseravelmente espremido.

Voltamos por onde viemos, havia mulheres que estavam sorrindo, enquanto passávamos pelo corredor, vi um casal de mãos dadas. A meu ver a nave tinha todos os jeitos de um grande hotel. Mas o casal que estava perto de uma fonte, sentados de mãos dadas, no mínimo era curioso.

Era uma mulher loira, pele bronzeada, vestia um vestido simples branco, o alien parecia humano, tirando o fato de duas antenas na sua testa e o ouvido de elfo, ele era carinhoso com ela, o toque em seu ombro, o jeito que ele sorria meigamente, os dois usavam aliança, parecia ouro, pois o brilho dourado chamava atenção.

O casamento poderia ter sido forçado, mas quem sabe um dia poderia nascer amor em alguns casais certo? Algum respeito, fé no futuro…

— Débora? — ouvi minha voz e virei batendo minha cara em algo.

O algo em específico era Drax, ele me tocou pelos ombros avaliando meu rosto, as mãos dele eram frias. Fitei seu rosto, que permanecia ainda confuso. Ele tinha olheiras, e mesmo olhando para sua cara de inocente, a única pergunta que queria fazer era que tipo de crime ele cometeu.

— Sei o que você está pensando, mas vai ter que confiar em mim — ele falou juntando as sobrancelhas.

— Só me diz que tipo de crime foi — sussurrei tirando suas mãos de mim, virei pra parede — Isso fica martelando na minha mente. Fico pensando em várias hipóteses, coisas horríveis, eu… Deus não sei o que pensar.

— Não posso falar — ele respondeu e virei para ver seu rosto.

— Oh claro, não é você que vai ficar com isso martelando na sua cabeça…

— Isso fica na minha mente todos os dias, não me venha com essa merda — ele apertou meu ombro forte, começou a me arrastar de volta para o quarto.

— Me larga — falei parando e apontando pra ele — Você… não pode agir assim. Pegar uma pessoa e arrastar ela. Quem você pensa que é?

— Vamos discutir isso no quarto — ele olhou para o lado.

Virei vendo três casais nos olhando, fiquei com vergonha, andei rápido passando por ele, não olhei para trás, agora que casamos pra que cerimônias? Entrei no elevador vendo Thyna sorridente, não estava mais com sua roupa laranja berrante. Vestida com uma calça colada preta, blusa rosa curta e uma bota, bem simples. Quase humana.

— Gostei do seu estilo — disse sorrindo.

— Oh você tem cara de quem escuta boa música — Thyna esperou Drax entrar — Leve ela algum dia…

— Levarei — Drax nem olhou para nós.

— Ok — Thyna apertou o botão e continuava com o sorriso na face — A algo que possa fazer por você até chegarmos?

— Quero algo — virei encarando a alien rosa — Roupas.

— Hun… especifique.

— Calça, sapato, blusas de cores escuras — falei rápido, pois estava chegando meu andar — Blusas não curtas. Não gosto.

— Entendo, esses sapatos podem ser botas? — ela perguntou.

— Qualquer coisa que não tenha salto — respondi apontando para meus pés. — É uma tortura.

Thyna gargalhou falando que concordava com isso, a porta abriu, me despedi de minha colega, Drax parecia alheio ao que tinha acontecido quando entrou no quarto e jogou-se no sofá.

— Obrigada — agradeci sentando na beirada da cama.

— Pelo que? — ele tinha aberto um dos olhos. O braço esquerdo acima da sua cabeça.

— Pelo meu irmão — afirmei cruzando as mãos em cima da coxa.

— O que falei foi sério, ele é minha família agora — Drax sentou reto.

Ele olhou de um lado a outro, passou a mão na cabeça bagunçando os fios azuis, alguns fios caiam nos seus olhos. Então ele bateu no lugar ao lado dele, caminhei e sentei ao seu lado sentindo o perfume que antes não notei. Era floral, não identifiquei seja qual fosse o cheiro de flor, não era da terra.

— A minha família é composta por pai e 2 irmãos, ambos mais novos. — ele fez um gesto com o dedo, uma linha vertical descendo, e a nossa frente abriu uma tela, mostrava um planeta. — Meu planeta é pequeno, ele na verdade é uma das 6 luas do planeta Kalim. B’Etor é extremamente azul, bem mais que a Terra, mas não por conter bastante água, é porque a terra é azul mesmo, o céu é avermelhado, lembra muito o seu planeta, exceto pelos prédios, B’Etor é mais rural, contemos a tecnologia avançada, mas usamos apenas o necessário.

— Por que está me contando isso? — perguntei o olhando.

— Você vai viver comigo, não sente nenhum pouco de curiosidade? — ele perguntava e mostrava mais e mais fotos.

Um planeta, satélite, pequeno e azul claro, as nuvens brancas, as pessoas com roupas normais, exceto por terem algo mais futuristas, as cores eram metalizadas. Um povo que vivia de comércio, parecia ser bem mistos e de variadas cores. Havia crianças correndo numa planície cheia de flores verdes, as imagens passavam, por momentos ia esquecendo o que realmente queria saber, então levantei passando no meio da tela, comecei a tirar o sapato.

“Não se deixe enganar. Ele é um criminoso.” minha mente sussurrava, enquanto ia ao banheiro e limpava o rosto. “Ele não parece ser um serial killer.”

— Não sou esse tipo de criminoso que você pensa — ele afirmou. A voz dele ao longe e baixa. Quase um sussurro.

— Você fez algo muito ruim? — perguntei curiosa.

O silêncio era a pior das respostas, voltei para ver ele deitado olhando para o teto, seus olhos pétreos tinham me visto, e então entendi que ele não queria falar daquilo, pois ele tinha sofrido também. Se ele sofreu não deve ter sido tão ruim, se ainda sofre é porque não quis fazer.

— Você matou alguém? — insisti na pergunta.

— Não vai fazer bem pra mim e nem pra você revirar essas memórias — ele fechou os olhos.

— Posso fazer uma última pergunta? — definitivamente estava testando a paciência do meu marido.

— Sim, apesar de que virão muitas outras pela frente — ele abriu apenas um dos olhos me encarando.

— Por que… você sorriu quando falei no púlpito?

— Porque estava orgulhoso de você, pode não ter percebido, porém nenhuma humana tinha falado algo até aquele momento — ele virou de costas para mim — Vá dormir Debby, hoje é sua última vez dormindo sozinha em uma cama.

Encarei suas costas por um momento, as palavras se alojando no fundo da cabeça, isso era algum tipo de aviso? Voltei para a cama, encostei a cabeça no travesseiro, era tão confortável, o silêncio de fundo, o clima fresquinho dentro do quarto, logo meus pensamentos ficaram confusos. Bocejei apenas uma vez antes de cair no sono.

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Nave XYZ - 26 de Dezembro de 2017, 3º andar, quarto 578

Abri os olhos devagar, a meia luz do quarto me mantinha em estado de sonolência, tive um sonho bem esquisito sobre fim do mundo, era triste e assustador, mas a imagem do alien azul, não saia da minha mente. Foi então que notei que não estava na minha casa, que tudo era real, inclusive o ser que me olhava seriamente.

— Bom dia? — perguntei perdida no tempo.

— Humanos dormem cerca de 8 a 10 horas, você me deixou preocupado, dormiu por quase 24 horas, tive que pedir um médico — ele começou a falar e me perdi em pensamentos. Fazia muito isso quando não queria ouvir discussões.

— Você está brigando comigo por que dormi? — indaguei sentando na cama.

— Estou brigando porque não me mostrou seus machucados, porque não me disse que comia de 3 em 3 horas, droga nem me falou que estava tão cansada — ele aumentou a voz levantando.

Okay, momento climão, o alien apavorado porque você não pedi uma comida, e como pensaria em comer e dormir com meu planeta sendo devastado? Com um casamento arranjado, com toda a merda descendo pelo cano, fica difícil até de respirar.

Ele sentou na beirada da cama, recuei com medo, minhas mãos tremiam, meu estômago fez um barulho alto, daria tudo pra um pouco de açaí com charque nesse momento, com uma farinha de coco, chega minha boca salivava querendo a comida.

— Vou pegar seu jantar — ele levantou sorrindo de lado. — Vá tomar um banho, Thyna trouxe roupas para você, chegaremos em Kalim em pouco tempo.

Acenei entendimento, vi ele saindo do quarto, olhei para o lado, o quarto continuava o mesmo, porém com uma muda de roupa em cima da cômoda, levantei, senti o frio do chão, era bom, estiquei os braços, senti fome, muita fome. Acariciei a barriga tentando reconforta-la, maluquice a minha…

Entrei no banheiro, vendo que o sono fez seu trabalho em mim, as olheiras diminuíram, ficando apenas o normal, fechei a porta, tendo a certeza de tranca-la.

Ao tirar o vestido de casamento, fui notando que os ferimentos do ataque estavam quase curados, o corte na minha bochecha aparecia apenas uma marca leve de arranhão, como se um gato tivesse me dado uma patada.

Entrei no compartimento de banho, era normal...pelo menos isso não teria problemas em entender, liguei a ducha a água morna, um detalhe que não estava acostumada, na minha região era bem quente para termos esse luxo. Mas só agora  dei valor na minha terra, pisquei rápido afastando a tristeza.

A água tirando os resquício de terra e sujeira do cabelo, limpando minha pele, renovando minhas forças, gostaria de dizer que me habituei à ideia de estar casada, e como num romance juvenil estar apaixonada por Drax. Mas a situação não era essa, só conseguia me preocupar com Leonardo, como nosso futuro, se a família do alien nos aceitaria e se podia confiar no meu marido.

Vi a muda de roupa mais detalhadamente, uma calça preta, o pano semelhante a jeans, uma blusa grossa de cor vinho que amarrava a trás fazendo um decote V na frente, além das roupas íntimas. As vesti rápido esquecendo da bota no quarto, então coloquei a toalha nos ombros, o cabelo ainda pingando, e abri a porta dando de cara com Thyna.

— O que está fazendo aqui? — perguntei a ela.

— Drax foi buscar seu irmão — ela levantou do sofá — Você ficou bonita na roupa.

— Obrigada pela roupa, realmente me sinto melhor — afirmei dando um sorriso e pegando o par de botas que estava perto da cama.

Dentro das botas tinha uma meia branca, estava às colocando enquanto pensava por que Drax foi buscar meu irmão. Logo senti o cheiro de ovos com bacon, minha boca salivou ao ponto de nem terminar de amarrar os cadarços, virei vendo Leonardo na porta e segurando uma bandeja cheia de alimentos, bem humanos por sinal. Minha barriga deu sinal de vida, roncou em alto e bom som.

— Chegamos na hora — Leonardo sorriu.

Avancei por cima da cama, arranquei a bandeja das mãos dele, coloquei o primeiro pedaço na boca e aquilo foi delicioso, era tão bom, ovos mexidos com bacon e cheiro verde, café com bastante leite, pão de forma com manteiga, o manjar dos deuses.

— Lave as mãos, estamos quase chegando ao nosso destino — Drax anunciou cortando o silêncio.

— Tenho um pente no bolso, pode ir penteando o cabelo no caminho — Thyna sorriu enquanto mostrava o apetrecho.

— Isso é muito útil, Drax quero isso — gritei do banheiro — Pronto, estou pronta.

Peguei meu único pertence sobrevivente da terra, minha bolsa de couro da Le Postiche, pediria a Drax para tirar algumas fotos que tinha no cartão de memória do meu celular, com a tecnologia deles isso seria fácil. Pelo menos eu esperava.

Caminhamos entre várias corredores até chegarmos aos transportadores, ao menos foi assim que Drax e Thyna chamavam o objeto que nos levaria até o planeta que servia de suporte militar da GSGU.

Enquanto caminhávamos entre a multidão tentei ver Maria de novo, às vezes até ficava na ponta dos pés para ver o cabelo sedoso e brilhante entre várias outros, em nenhum momento consegui ver nada além do mesmo, fiquei triste, queria poder me despedir.

Vários transportadores iam embora da nave, porém outros voltavam na mesma proporção, Thyna explicava que a nave em que estávamos, em termos leigos é uma espécie de Nave de fuga gigante, usada na locomoção de sobreviventes e quando não era usada na guerra, servia como transporte de suprimentos.

Estávamos no local mais baixo da nave, onde havia vários outras naves que eles chamavam de transportadores, entravam algumas pessoas, um grupo de 10 ou 12 pessoas, mais que isso a nave não aguentava transportar.

Entramos em uma fila, dizendo Drax podia-se ver comerciantes, turistas, os nativos do planeta, andar entre planetas era do cotidiano, normal, apenas os terráqueos não estavam preparados para tal, o resto dos planetas habitáveis, aliados a GSGU, tinham o passe livre de ir e vir, tinha apenas que andar com a carteira de identidade, que no caso seria um microchip que você colocava atrás da orelha.

— Você está nervosa? — Thyna sussurrou ao meu ouvido.

— Um pouco — respondi com um sorriso amarelo.

— Vou com vocês até o planeta de Drax — ela parecia querer me tranquilizar. Não tava rolando.

— Pensei que tinhas mais o que fazer — Drax expressou seu descontentamento sem virar o rosto.

— Você acha mesmo que a GSGU vai entregar humanos sem mentorear ou vigiar eles? — a mulher alargou um sorriso quando Drax revirou os olhos.

Quando embarcamos no transportador, o frio na barriga não passava, encostei-me na parede de ferro, Drax digitava algo nas telas de navegação, Leonardo estava quieto, ele ficava apenas observando e absorvendo todas as informações, eram nesses momentos que tinha medo de Leonardo, ele tinha mania de se meter em problemas.

Diferente da nave anterior, os transportadores não tinham pilotos, não havia um capitão, não havia ninguém, minha mente fez a imagem de um elevador, um elevador com um grande vidro onde você podia ver todo o espaço sideral.

Quase preguei meu rosto no vidro, era tão lindo, tão brilhante, tão malditamente perfeito, a sensação de perigo, porém a beleza de ver vários pontos estrelados, várias cores que se misturavam, as luas que Drax tinha comentado estavam lá, inclusive B’Etor, a lua extremamente azul, com alguns espirais em verde água, sorri imaginando como seria as plantas e os animais.

— Vocês...tem muito de diferente dos humanos? — Leonardo perguntou passando a mão na nuca nervoso.

— Algumas coisas sim, outras nem tanto, o que mais nos diferencia é a tecnologia e o poder bélico — Drax afirmou colocando as luvas.

Eu lhe perguntarei um dia sobre o porquê das luvas, reparando bem, na hora do casamento ele não estava, porém logo depois ele tinha colocado. Percebi que o encarava por tempo demais, ele sorriu e virei a cara, preferi ver o quanto chegamos rápido ao planeta que a GSGU fazia de base militar, o planeta era rochoso, o que percebi era que havia muitas rochas, rochedos, ondas gigantes que se não tivéssemos planando teriam nos arrebentado. Então havia o geisers enormes que apareciam a todo momento.

— O que é aquilo? — apontou Leonardo.

Ao longe vimos um domo gigante, dentro havia uma cidadezinha, com prédios e casas, havia um local para pouso um pouco longe, quando o transportador pousou, ele foi envolvido por uma cápsula e puxado para dentro da cidade.

— O ar não é tão puro no lado de fora, porém aqui tem a maior reserva de água potável, GSGU pegou o planeta e o transformou no centro político e militar, uma cidade de comércio, pois é a parada para seguirem para outras estações. — Drax explicou abrindo a porta.

O céu visto por dentro do domo era outro, por fora era rosa com laranja, por dentro era extremamente azul com nuvens, pelo que entendi era manhã, mal saímos e outras pessoas entraram. Seguimos para uma sala onde havia outros aliens que olhavam eu e Leonardo estranhando-nos.

— Alguns povos não tiveram contato com humanos — Thyna explicava colocando o braço em cima dos meus ombros — Não se sinta mal se lhe encararem demais.

— Você quer ir direto para B’Etor ou fazer algumas comprar por aqui? — Drax questionou tirando um saco da mochila que ele carregava.

— O que eu poderia comprar? — sorri de lado.

— Que tal um meio de comunicação portátil para falar com Maria? — ele perguntou.

— Oh você conseguiu isso? — perguntei quase pulando de alegria.

— Sim, o príncipe deixou ela entrar em contato com você pelo menos 2 vezes na semana e trocar mensagens a vontade — Drax entregou-me o que parecia ser um código de barras.

— Muito obrigada — o puxei para um abraço apertado.

Acho que Drax não é acostumado com abraços, em nenhum momento ele tentou retribuir, achei triste e solitário, talvez assustador também. O larguei vendo seu rosto azul ganhar uns tons mais escuros na bochecha. Thyna gargalhava alto, ela me pegou pelo braço, me puxou para fora do local.

No começo fiquei com medo, era como estar no centro de um feira, muitas pessoas, cada um espremia outro, as ruas lotadas de mercadoria, eram expostas na calçada ou em bancas, havia lojas que pareciam ser muito mais caras e as mais baratas. Comparei a 25 de Março de São Paulo na véspera de natal.

Thyna me fez entrar em todos os estabelecimentos de roupa, devo dizer que algumas roupas eram muito bonitas, fiz Drax me comprar 2 calças e 5 blusas, ele me disse que precisaria de qualquer jeito.

Porém quando chegamos a frente de um local cheio de livros meu coração acelerou, queria levar tudo e qualquer coisa, Drax explicou que livros antigos eu não poderia ler, pois neles não havia a tecnologia de tradução. Então peguei alguns que me chamavam atenção pelo título e capa. Cheguei ao balconista, se é que não era o próprio dono, um alien de pele rugosa, cinza, cabelos brancos e olhos castanhos e meigos.

— Você tem livros sobre B’Etor? — questionei enquanto segurava o montante de livros nos braços.

— Sorte sua, tenho o último no estoque — o senhor Alien sorriu.

Ele levantou devagar e não demorou muito para trazer o livro de capa azul e aveludada. Talvez se aprender serei útil em algo, assim Drax também não passaria vergonha. A quem tentava enganar? Só tava curiosa demais sobre a cultura de B’Etor e seus habitantes.

— Você vai levar tudo isso? — perguntou Leonardo me ajudando com os livros.

— Não brinco em serviço — sorri vendo meu irmão sorri.

O tempo pareceu não passar, fomos comprar o tal telefone portátil, que para mim seria o nosso celular normal, fui surpreendida. Incrivelmente impressionante, um celular fino e transparente, a tecnologia consiste também em ter uma pulseira caso estivesse longe do celular. Não tão diferente.

Voltamos ao local onde eles chamavam de centro de transportadores, um maldito aeroporto com nome grande, e esperaríamos para embarcar no que nos levaria a lua B’Etor. Leonardo e Thyna tinham ido comprar algo para beber, ficamos eu e Drax na fila. Além do barulho das máquinas e pessoas a nossa volta, era tudo estranhamente quieto.

— Você trabalha? — perguntei para sair do clima estranhamente quieto.

— Sou militar aposentado — ele respondeu olhando para o céu.

— Aposentado? Quantos anos você tem? — o encarei fazendo uma careta.

— Antes que me chame de velho, servi muitos anos para a GSGU, agora faço pequenos trabalhos caso ela precise muito — Drax deu de ombros, ele segurava todas as minhas sacolas. Incrivelmente ele tinha comprado roupas para Leonardo. — Tenho 49 anos.

O olhei da cabeça aos pés, o maldito tomava algum formol? Apesar da pele azul e suas olheiras, daria pra ele minha idade ou no máximo 40 anos, isso estourando, mas ali estava ele. Corpinho perfeito, olhinhos cheios de vida, não tinha cabelo branco, cadê a terceira idade dele?

— Decepcionada? — ouvi sua voz mas preferi ignorar a pergunta idiota.

— Você sabe que...bom humanos não vivem muito — falei olhando para o chão, não conseguia olhar para ele, vergonha subia no meu rosto o fazendo ficar vermelho. — Somos fracos.

— Não se preocupe — senti suas mãos no meu ombro e levantei os olhos, seu sorriso fraco, mas pouco característico dele. — Te escolhi como minha esposa e te acompanharei eternamente. Não ficarás sozinha. Nem na morte. Olhe só Thyna e Leonardo voltaram.

Virei vendo os dois com algumas latas na mão, Leonardo me viu e balançou o braço, ele estava feliz? Voltei o olhar para Drax, o sorriso tinha sumido da sua face, mas ainda me olhava tentando compreender meus pensamentos, ele podia mesma ler minha mente? Tinha horas que parecia que sim. O que significava aquilo que ele falou?


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Notas finais do capítulo

Legenda:

—Açaí com charque: https://s3.amazonaws.com/academiadacarne/content/2105-charque-frito-no-acai.jpg

—Geiser: Um gêiser, também grafado como géiser, é uma nascente termal que entra em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água quente e vapor para o ar: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/64/2b/54/642b543b15236d1883b1fb880ca0ea95.jpg



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