A sala estava mal iluminada quando Bellatrix chegou, o que era um pouco estranho visto que a sala costumava conter as luzes mais fortes para que o lorde das trevas pudesse examinar cada feição de seus servos assim como detectar o medo que eles exalavam e as possíveis mentiras que pudessem ser contadas por eles. Normalmente, a legilimencia era o suficiente para isso, mas os rostos assutados serviam para distrair o lorde das trevas. Lorde Voldemort encontrava-se de pé, imóvel, de costas para a porta e com as mãos viradas levemente para trás enquanto girava a varinha levemente os dedos.

— Milorde? Rabicho disse que o senhor desejava me ver? – Perguntou timidamente, ainda exitante, enquanto entrava na sala.
— Deve ter notado que está noite optei por chamá-la aqui ao invés de ir até você naquela imundice. - virou-se suavemente para olhar a serva – mas não pense que com isso afrouxarei o castigo que dei a você. Por mim você pode apodrecer naquele quarto que ainda não será suficiente para pagar pela besteira que cometeu. Estou, como já disse, decepcionado. Não esperava uma falha tão gritante como esta vinda de você, Bella. – completou friamente.

Aquelas palavras foram pior que estar sob o efeito da maldição cruciatus. Bella abaixou a cabeça e caminhou lentamente até o seu amo até estar próxima o bastante para se ajoelhar e beijar a barra das veste do mesmo. Uma reverência comum entre os comensais da morte para com ele.

— mas uma vez, me perdoe, meu mestre. Sei que falhei, e sei que se eu tivesse ao menos uma chance...

— Crucio!

Bellatrix caiu para o lado, mas não gritou, já estava se habituando com aquela dor causada pela maldição, mas nada ainda seria pior do que a indiferença e a frieza dele. Após o efeito da maldição, ela tentou se levantar, mas continuou com a cabeça baixa.

— Por mais que eu seja impiedoso com você, Bella, não vejo a sua lealdade vacilar. Muitos aqui estão ao meu lado por medo e não por lealdade. Sei que inspiro medo e repulsa em todo o ser vivo, mas meus inimigos é que deveriam se sentir assim e não os meus seguidores. – suspirou – as vezes penso que meus planos alcançariam melhor sucesso se os meus comensais da morte fossem fiéis como você é a mim.

 - Nunca minha lealdade vacilará! O senhor não é impiedoso, eu mereço todo esse castigo, mereço ser castigada porque errei – ela disse apressadamente enquanto erguia o olhar lentamente – os seus objetivos se concretizarão e eu farei o possível para garantir isso.

— Eu sei, Bella, mas ainda não estou satisfeito com o seu sofrimento então creio que não poderá me ajudar em nada. – olhou seriamente pra ela – mas quero que volte a estar presente nas reuniões. Tenho um grande plano em mente e quero que esteja presente.

— Milorde, obrigada, milorde, obrigada. Nada me deixaria mais satisfeita. Estarei lá sempre que o senhor precisar e chamar. Sempre.

— Estou certo disso, e isso é o que mais me consola. Agora vá.

Com um reverência, ela se retirou rapidamente e silenciosamente da sala, mal podia esperar para chegar em seu quarto e se jogar em sua cama, naquela noite ela só queria sonhar com ele, repassar cada coisa que ele disse. Embora, ainda não estivesse totalmente perdoada, ele queria que ela estivesse presente. Ele disse, ele mandou chamá-la. Ao se deitar, ela fechou os olhos tentando manter a imagem do rosto dele em sua cabeça, um rosto que para ela era lindo. Ela tentou se concentrar nos olhos, sem ao menos perceber que aqueles olhos acompanharam cada passo dela ao sair da sala, e pela primeira vez não havia frieza no olhar dele, mas havia calor.