Letras e Vinhos escrita por PriscilaRoza


Capítulo 24
Hambúrguer




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Assim que Dioniso foi embora, Afrodite se aproximou e sentou ao meu lado com lágrimas nos olhos.
—Mãe? O que foi?
—Você me chamou de mãe.
—Sim, e daí?
—Você nunca tinha dito isso. Pelo menos não desde que nós contamos à você.
—Bom mãe, você teve chance de conversar com o Hefesto?
—Eu conversei com ele e não, ele não mudou de idéia. Vai ver ele já queria fazer isso há muito tempo, só não teve coragem. Os deuses sabem que ele nunca me deu a atenção que eu precisava. Ares está com o orgulho ferido, mas com ele eu consigo me resolver. O que me traz ao que eu vi minutos atrás. Sofia e Dioniso, sentados na árvore, eles estavam se beijando...lá lá lá.
—Bom, sim nós estávamos. Para de bobeira.
—Então isso quer dizer que você vai dar uma chance à ele. Perfeito!
—Tudo bem, calma, se controla.
Conversamos durante horas e então Afrodite simplesmente me disse para ir atrás dele... quando eu saí pelo portão de ferro do jardim, vi Ares descendo de sua moto... talvez eles dois façam as pazes afinal. Fui andando até a praça onde Afrodite tinha ficado presa. Sentei na beira do laguinho que ficava lá e ao fundo, vi alguns peixes pulando.
—Tem certeza que também não é filha de Poseidon? Porque esses peixes parecem bem agitados.
—Deuses, Dioniso... você tem que parar de aparecer assim... quer me matar?
—Como se isso fosse possível.-ele disse sentando ao meu lado no chão.
—Pra quem anda por aí de terno alinhado, você gosta muito de se sentar na terra.
—Eu tenho uma relação profunda com a terra, Sofia. Mas também gosto simplesmente de ficar ao seu lado, e como você também parece uma entusiasta da lama, não parece haver outro jeito de me aproximar de você.
Eu olhei para ele e ele encarava o lago, me aproximei e beijei sua bochecha de leve. Ele se virou e colou nossos lábios.
—Você...me desculpe. Eu fui longe demais.
—Eu escolhi você, lembra? Vou te dar uma chance... espero não estar errada.
—Ah, minha Sofia! - Ele me levantou do chão e segurou minha cintura, me rodando devagar. Juntou nossas bocas outra vez, agora mais calmo e controlado.
—Ei, ei...calma aí Di, não vai começar a tirar casquinha não.
—Tudo bem, tudo bem.
Ele soltou minha cintura e segurou minhas mãos.
—Então... só dois dias até sua "coroação". Nervosa?
—Eu estou completamente maluca. Pirando.
—Vai dar tudo certo. Não sei como eu não soube antes que você era uma deusa... você tem uma aura... é perfeita.
—Mas isso deve ser por conta da benção de Afrodite.
—Não, eu vi isso bem antes da benção de Afrodite. No dia em que você dançou na arena do acampamento. Eu sabia que você era diferente. E eu estava certo, como sempre.
—Você foi perfeito, mas podia ter omitido essa última parte.
Caminhamos e conversamos durante a tarde inteira e então Dioniso me abraçou e sussurrou no meu ouvido.
"Confia em mim?", eu fiz um sim com a cabeça e logo depois nós estávamos em um restaurante vazio.
—Onde nós estamos, Di?
—Em um lugar que eu gosto muito, o melhor restaurante do sul da França.
—Perai, sul da França?
—Sim, estou te levando em um encontro. É romântico, eu acho.
—Em um restaurante na França?
—Sim... nós vamos ficar nessa por muito tempo? Porque eu vou cozinhar pra você.
—Na França?
—Ihhh. É, Sofia. Na França. Aquela da torre, si, mon amour. Agora vamos.
Ele me pegou pela mão e me levou até a cozinha profissional do restaurante. Ele começou a separar umas ervas e pediu para eu descascar umas batatas para ele, eu ri e comecei a fazer o trabalho.
—Por que está rindo?- Ele perguntou confuso me olhando nos olhos.
—Nunca imaginei você cozinhando, ainda mais de terno.
—Se você quiser eu posso tirá-lo. É só me pedir.
—Seu bobo. O que você vai fazer?
—Estava pensando em uma comida francesa, mas a gente já está na França, é muito redundante. O que você quer comer?
—Mas estamos na França, devíamos comer comida francesa.
—Se você liga tanto para tradições, amanhã prometo a você um brunch francês com tudo que você puder pensar e não conseguir pronunciar, mas agora, neste exato momento, o que você quer comer?
—Hambúrguer com batata frita.
—Ainda bem que você já descascou as batatas. Vou providenciar um vin...uma maravilhosa latinha de coca para nós. - Ele disse suspirando na última parte.
Quando terminei de cortar as batatas me aproximei dele e abraçei sua cintura enquanto ele misturava a carne para os hambúrgueres.
—Você sente falta não é? Do vinho.
—Mais do que posso dizer. É uma parte muito grande de mim à que sou privado. Não que a coca seja ruim.
—É ruim, não é?
—É horrível. - Ele desabafou e eu comecei a rir outra vez.
—Não ria de meus infortúnios, Sofia.
—Eu gosto disso, sabia? Nós dois. Aqui está calmo e você não está sendo irônico.
—Tudo vai bem então.
Ele terminou e colocou na chapa os hambúrgueres. Eu fritei as batatas e ele fez a montagem dos hambúrgueres. No final, nós comemos ali mesmo na cozinha.
—Você precisa comer ou só come para me acompanhar?
—Eu não preciso, mas gosto de comer as vezes. Principalmente quando é uma comida tão maravilhosa.
—Isso está muito bom mesmo. O que você preferiria comer?
—Eu tenho alguma coisa em mente.-Ele disse me encarando e lá estava, a excitação muda e vibrante que sempre se instalava entre nós. Eu me remexi em cima da bancada da cozinha e ele chegou mais perto.


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