Andei até sentir meus pés doerem. Não tinha sido uma boa idéia o sapato de salto fino. Eu achei um jardim e me sentei para descansar um pouco. Não sabia de quem sentia mais raiva, de Dioniso por não falar comigo a semanas e quando falar, arranjar confusão na frente de todos, ou do meu pai, que intensificou a briga.
Estava respirando devagar para controlar meu coração que ainda batia muito rápido com o olhar de Dioniso em mim, como se ele me quisesse ali mesmo. O efeito dele sobre mim era estanho.
—Isso é o amor.-Ouvi sua voz antes de ver a mulher que estava parada atrás de mim. Me virei e encontrei a mulher que tinha propriedade no assunto. A deusa do amor. Linda em seus cabelos castanhos escuros e seus olhos que mudavam de cor. Tudo nela era uma mudança, seu cabelo, seus olhos, suas roupas. É como se ela fosse muitas pessoas ao mesmo tempo e rodas elas, lindas.
—Eu não queria que ninguém me seguisse.-falei olhando para meus pés.
—Mas você está no meu jardim.
—Senhora, me desculpe.
—Sem desculpas. Você é bem vinda. Se quiser conversar comigo, converse. Se não quiser, apenas entre e tome um chá gelado, é o que você gosta não?
—Sim. Eu posso?-apontei em direção à casa e ela segurou minha mão, entrando comigo.
Lá dentro era lindo. Tão lindo que não parecia real. A decoração era branca e cinza com toques de rosa, amarelo, verde, todas as cores.
—Achei que sua casa seria mais parecida com a casa da Barbie.
—Não sei de onde as pessoas tiraram que porque eu sou a deusa do amor eu só gosto de rosa ou vermelho. Seria muito desperdício, tantas roupas e coisas lindas em todas as cores.
—Então a vaidade continua aí.
—A vaidade sempre, mas não exagerada. Tudo em exagero faz mal. Até o amor. Eu vi como vocês se olhavam lá no café. Ele olha você quando acha que não esta vendo. Mas eu sempre estou vendo. E você faz o mesmo. Como Athena e Poseidon.
—Eles...?
—Eu venho tentando durante as eras juntar esses dois cabeças duras mas simplesmente não consigo. Não que eu vá desistir, porque isso, jamais. Agora, me conta o que acontece aí nesse seu coração, criança.
—Nós nos beijamos uma vez, não foi nada demais.
—Um beijo sempre é muita coisa. Principalmente para Dioniso. Ele acabou de se divorciar sabe. Eu não gostava mesmo daquela Ariadne. Nunca tratou Dioniso como se ele fosse importante.
—Eu acho que gosto dele, senhora.
—Pare com esse negócio de senhora, eu não sou tão velha assim, nem tenho rugas, tenho?
—Nao, sen... não, seu rosto é perfeito.
—E respondendo sua pergunta. Sim, eu sei que você gosta dele. E ele gosta de você. Quando você saiu correndo do salão ele foi o primeiro a tentar vir atrás de você. Eu o impedi. Sabia que queria ficar sozinha. Deixe eu falar uma coisa, os homens, desde os primórdios, são conhecidos por não pensarem muito bem com a cabeça de cima e você sabe disso. Talvez ele não tenha feito por mal, talvez até tenha. Mas você precisa descobrir isso sozinha. E precisa dar uma chance para o seu coração escolher se ele é certo para você ou não. Tudo bem, Sofia?
—Tudo bem, Afrodite.