Entre Dois Mundos escrita por Benihime


Capítulo 1
Nasce uma amizade




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Zoey

Entrei na porcaria da festa já esperando passar algumas horas entediantes, porém meu olhar foi imediatamente atraído para a loirinha com mechas magenta sentada no sofá.

Ela pequena e magra, delicada mesmo, com enormes olhos castanhos e um rosto triangular amigável, bonita de um jeito meio infantil. Ao se sentir observada, ela cruzou olhares comigo e sorriu. Sem nem me dar conta, me vi retribuindo o gesto.

Sendo eu, é claro que fui tímida demais para puxar assunto. Acabei sentada na mesa com minha avó e as amigas dela, o mesmo grupo no qual sempre acabava nesse tipo de reunião. Não demorou muito, porém, para um par de pernas envolto num jeans rasgado bem familiar se aproximar.

 — Oi. — A loira sorriu amigavelmente, parando bem perto de mim. — Adorei sua camiseta.

A peça em questão era uma camiseta antiga do Green Day herdada de minha mãe, com a estampa do álbum American Idiot na frente. Uma das minhas preferidas.

— Valeu, é uma relíquia. — Respondi, meio brincando. — Cabelo maneiro.

— Valeu. — A loira pareceu adorar meu comentário. — O teu também.

Meu cabelo, que costumava ser castanho, da cor de chocolate, agora estava pintado de um ruivo intenso. Honestamente, eu não achava grande coisa e já estava pensando em mudar de novo.

— Não vejo a hora de me livrar dessa cenoura. — Confessei. — A propósito, meu nome é Zoey.

— O meu é Adaline. — Foi a resposta. — Mas pode me chamar de Ada. Ou Addie, tanto faz.

Nós duas começamos a conversar. Acabamos tão distraídas que só percebemos que o churrasco já estava pronto quando a minha avó veio nos chamar. Nesse meio tempo, descobri três coisas fundamentais sobre Adaline.

Primeira: ela total e verdadeiramente odiava seu nome.

Segunda: tinha 12 anos

Terceira: era fã de rock tanto quanto eu.

O gosto por rock parecia ser a única coisa que tínhamos em comum mas, apesar disso, a conversa fluiu, e mesmo durante a janta acabamos sentadas lado a lado. Nem enquanto comíamos conseguimos parar de conversar.

— Maldição! — Ada exclamou de repente, fazendo alguns gestos "de macumba" (que consistiam principalmente em agitar os dedos como uma boba) na minha direção. — Tu vai virar essa Coca.

— Ai, credo! — Eu ri. — Para de me amaldiçoar, sua vaca!

Como sou desastrada, acabei mesmo por derrubar o copo cheio de Coca Cola em cima de mim, o que fez a loira cair na gargalhada.

Depois que terminamos de comer, voltamos para a sala. Ela pegou uma bola roxa, sem dúvida pertencente a um dos dois filhos do dono da casa, e ficamos jogando enquanto conversávamos, fazendo passes desajeitados.

Depois de algum tempo, cansamos, e nos vimos sentadas no sofá, lado a lado, meio apoiada uma na outra.

— Diz aí ... Tu já beijou alguém? — Adaline perguntou a certa altura, depois de muita conversa mole.

Contei a ela sobre minha ficada com uma amiga, aos dez anos. Contei também sobre minha pegação com meu "quase namorado" no ano anterior. Não sei por que, mas era muito fácil contar aquelas coisas a ela. Era como se nos conhecêssemos desde sempre. Eu era dois anos mais velha, então Adaline não tinha muita contribuição na conversa, mas conseguimos nos divertir mesmo assim.

A conversa estava tão boa que, quando minha avó me chamou para ir embora, quase dei uma de criança birrenta e pedi para ficar mais um pouco.

Cheguei em casa depois da festinha, dei um oi para a minha mãe e fui para o meu quarto trocar de roupa. O toque do meu celular me fez pular de susto. Peguei e vi a nova mensagem que recebi:

E aí, muito cansada?

Dei um leve sorriso. Eu acabara de conhecer Adaline, mas gostava muito dela, e achava-a bonita. Não devia ficar pensando nisso, mas era simplesmente a verdade. Digitei uma resposta rápida:

Cansada como um zumbi. E tu?

Coloquei minha camisola e me encolhi debaixo dos cobertores. Era Junho, então dá para ter uma ideia do frio que estava fazendo. Meu celular não demorou a vibrar com a resposta:

Morta de cansaço. Vou dormir. Boa noite, minha flor! :)

Sorri bobamente com aquele apelido, apenas para ter que me forçar a tirar o sorriso do rosto um segundo depois.

Não, não e não!, declarei para mim mesma. Isso é maluquice total, até pra você.

Finalmente, depois de uma conversa mental muito séria comigo mesma, respondi sua mensagem:

Ok! Boa noite, loirinha ;)

Virei para o lado, dormi, e acabei sonhando com a menina que conheci apenas algumas horas atrás.


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