Primordial escrita por Einherj


Capítulo 2
É o fim 2/2




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"Creio que não estamos falando do mesmo lugar" disse Nick sem saber se ria ou se ficava sério por conta do assunto que acabara de surgir, ele nem Laine sabia que Erik tinha um irmão mais velho morto. "Não vamos para Minas Gerais, Pedra Azul é uma pedra mesmo, e a cidade é Domingos Martins, no Espírito Santo."

Os três ficaram em silêncio por um tempo que parecia nunca ter fim, até que Laine o quebrou "Porque você nunca contou que tinha um irmão?"

Erik ficou durante um tempo de cabeça baixa, e quando a levantou, Nick ficou surpreso ao ver o amigo que era tão durão e não mostrava seus sentimentos com os olhos cheios de lágrimas, segurando para que elas não rolassem pelo seu rosto ele disse "Desculpa. Nunca contei nada porque não gosto de lembrar. Eu amava ele é falar sobre isso é como abrir feridas." a partir daí o banquete de despedida se seguiu e tudo terminou com o blá blá blá dos conselheiros que ninguém prestou atenção.

O trem que iriam pegar ainda ia demorar, então, eles e mais alguns capixabas decidiram passar o tempo que restava no parque laje, era isso ou ficar esperando na estação lotada de bruxos e alunos de outros estados. Todo ano é desse jeito, sempre sai primeiro os trem de São Paulo e Minas, até um pra Bahia saia antes do que vai pro Espírito Santo.

"Ei Erik, sei que não gosta de falar sobre.. Essa..  Coisa que aconteceu, mas posso te perguntar uma coisa?" disse Elaine vermelha de vergonha e com medo de magoar o amigo.

"Claro" respondeu Derek, de uma forma confiante, como se sentisse mais seguro em falar sobre aquilo.

"Você disse que seu irmão foi...  Atacado... "

"E morto" ele interrompeu Laine.

"É...  e foi por um tal bicho de carneira. É que eu nunca ouvi falar e muito menos li sobre isso."

"Não olham pra mim. Também não faço a mínima ideia do que seja" disse Nick quando Laine o lançou um olhar de curiosidade.

Erik olhava fixamente para a torre de entrada da escola, e começou a explicar sem desviar o olhar "Ele era Joaquim Antunes, um fiasco, fazendeiro e rico. Cuidava de todo o seu rebanho e da fazenda usando uma mula para o trabalho. Uma vez, já era tarde e a mula estava muito cansada, e mesmo assim ele queria usa-la para ir passear. Daí a mãe dele, que era bruxa, ficou revoltada com a atitude do filho. Ela tirou a sela da mula e a tocou para o curral. Joaquim ficou tão furioso que partiu para cima da mãe, arrancou-lhe a varinha e quebrou ela em vários pedacinhos. Depois ele selou a própria mãe e foi montado e batendo nela até a cidade, por sorte a senhora ainda continuou viva. Com o passar do tempo Joaquim foi cada vez mostrando mais a pessoa terrível que era, até que um dia ficou muito doente de não se sabe o que e morreu. Se passou algum tempo e em 1919 devido a algumas disputas políticas por território, o cemitério onde estava o túmulo dele teria que mudar de lugar, o encarregado a essa tarefa decidiu abrir o caixão de Joaquim e se surpreendeu a ver o corpo intacto do mesmo jeito como havia sido enterrado. Depois da primeira noite no novo local, seu túmulo amanheceu com uma rachadura e tufos de pelos de algum animal, eles sempre tentaram concertar a rachadura, mas todas as manhãs ela estava lá de novo. A partir daí todas as noites Joaquim, ou o corpo dele, sei lá, vira um enorme cachorro e sai pela cidade para assustar as pessoas e arrancar a cabeça de cachorros, bem... isso é o que os mequetrefes dizem, na verdade ele caça bruxos, principalmente quando ainda são crianças, ele arranca as cabeças delas, transforma em cabeças de cachorro e depois as deixa jogadas pela rua."

"Macabro" disse Laine.

"Post-it mental, nunca passar nem perto de Pedra Azul em Minas Gerais." Comentou Nick.

Erik deu uma gargalhada gostosa e Laine e Nick ficaram felizes por ouvi-la.

"Então pessoas, já se passou bastante tempo, acho melhor a gente ir andando, afinal, ninguém aqui quer perder o trem para a terra dos esquecidos"

E os três deixaram o parque rumo à estação.


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