Never Really Gone escrita por LStilinski


Capítulo 27
Não Vou A Lugar Algum


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está entre os meus favoritos, espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715453/chapter/27

Lydia sempre temeu que o que Theo tinha feito com ela não era a pior coisa que ele podia fazer. Seus sorrisos maliciosos e olhos frios mostravam a escuridão dentro dele; era visível que ele era capaz de fazer coisas terríveis. Por isso ela sempre levou á serio suas ameaças. De perto, via que ele falava sério. Lydia se arrependia de não ter feito algo para impedi-lo antes que ele agisse, mesmo sabendo que sem provas concretas de que Theo havia ameaçado Stiles, não havia muito que ela pudesse fazer.

Entrou decidida na delegacia. A presença de Stiles com certeza facilitaria um pouco as coisas, mas Lydia não teve medo nem vergonha de recontar sua história. Não deixou detalhe algum de fora; se o seu testemunho era a única a arma que tinha contra Theo, ela se certificaria de que os detetives soubessem de tudo.

Sorriu satisfeita ao sair da sala. Sentia-se confiante de que tudo daria certo a partir dali. Enquanto andava para a saída, viu Theo entrando na delegacia, ao lado de um homem alto que parecia ser seu pai. Seus olhares se cruzaram e Lydia sentiu um arrepio descer pela sua coluna, uma reação desagradável mas já conhecida de seu corpo quando o encontrava. Ele a encarou profundamente e ela ergueu o queixo, sem desviar o olhar. Queria que ele visse que sabiam que ele era culpado, e que iriam atrás dele. Os lábios de Theo se curvaram, formando aquele sorriso que ela detestava, e a confiança da garota vacilou. Imediatamente, sentiu que algo daria errado.

O sorriso sumiu, substituído por uma expressão confusa e preocupada, cuidadosamente criada para estampar sua inocência. Lydia rangeu os dentes e seus punhos se fecharam de raiva. Aquilo não seria tão fácil como imaginava, mas ela não iria deixar se abalar. Iria até o inferno para provar que ele era culpado.

Lydia pegou o primeiro taxi que viu e foi para casa. Precisava de um banho frio e de um tempo para digerir tudo aquilo. Mônica estava em casa, mas a garota foi direto para o seu quarto e pegou roupas limpas, indo direto para o banheiro. Ao sair do banho, sentiu o corpo cansado e as pálpebras pesadas. Deixou o corpo cair na cama, afundando o rosto no colchão e ficando ali até achar a vontade de se mexer.

Ouviu a porta do quarto da tia se abrindo e passos vindo em sua direção.

— Eu não vi você chegar – disse Monica. – Como foi na delegacia?

— Eo fai difer que é iofenfe – ela respondeu sem levantar o rosto.

— Que?

Lydia suspirou e ergueu o corpo, sentando-se com as pernas dobradas embaixo de si.

— Theo vai dizer que é inocente – repetiu.

— Acho que já sabíamos disso. Quer dizer, ele não vai simplesmente se entregar – Monica disse, sentando-se ao lado da sobrinha, que já tinha contado toda sua história para a tia.

— Nós nos vimos hoje na delegacia. Em um segundo ele era o Theo de sempre e no outro ele era uma pessoa completamente diferente, agindo como se não soubesse por que estava ali. – A garota passou a mão pelo rosto. – Ele tinha dito que conseguiria se livrar do que fizesse, e é exatamente isso que ele vai fazer.

— Ele vai mentir, claro, mas os policiais não podem ignorar seu depoimento, mais o de Stiles, Allison e Scott. Aliás, Theo não tem uma ficha tão limpa, então vai ser um pouco difícil para ele se livrar dessa.

A garota franziu a testa.

— O Xerife te disse isso?

— Ahn... sim – ela respondeu. – Nós conversamos.

Lydia assentiu lentamente. Só então percebeu que sua tia usava um vestido azul escuro que terminava acima dos joelhos e sapatos de salto pretos simples. Seu cabelo castanho-avermelhado curto estava arrumado em ondas cuidadosamente bagunçadas e ela usava maquiagem.

— Você está linda – disse ela, erguendo as sobrancelhas porque nunca tinha visto a tia tão bem arrumada.

— Obrigada. Eu sei. – Monica mexeu os cabelos dramaticamente, fazendo a garota rir.

— Qual a ocasião?

— Vou sair para jantar.

— É um encontro?! – Lydia perguntou animadamente. – Com quem? Eu conheço?

— Não é bem um encontro. Somos apenas dois amigos saindo para jantar – disse Monica, mas suas bochechas estavam levemente coradas.

— Ah, definitivamente é um encontro - disse Lydia, sorrindo. – E esse é um cara de sorte, que eu gostaria de saber quem é...

— Não vou te contar ainda. Acho que isso aceleraria um pouco as coisas, e queremos ir devagar.

Lydia ergueu as mãos.

— Por mim, tudo bem. Á propósito, esse batom fica muito bem em você. Adorei essa cor.

— Eu sei, ele é seu. Depois eu te devolvo – disse ela. A garota ofegou, ultrajada, mas não pode deixar de sorrir. Monica olhou para o relógio em seu pulso. – Hora de ir. Deseje-me sorte.

— Boa sorte – disse Lydia. Monica sorriu, deu um beijo na sobrinha e virou-se para a porta. – Espere! – ela chamou. – Está levando camisinha?

A mulher revirou os olhos.

— Mãe, não enche o saco – disse, fazendo a garota rir.

Xxxx

Stiles checou o celular pela centésima vez naquela tarde. Esperava notícias de Lydia sobre o depoimento, que ele não sabia se ainda acontecia. Scott percebia a ansiedade do amigo, mas não podia pedir para que ele se acalmasse uma vez que também estava ansioso para saber como o depoimento havia ido.

Finalmente, o celular do rapaz tocou, fazendo os dois pularem. Scott pausou o filme que assistiam enquanto Stiles atendia a ligação, colocando-a no viva voz.

— Hey – disse ele. – Como foi?

— Foi bem... Eu contei para eles tudo que tinha dito para o Xerife. Parece que você, Allison e Scott também vão depor.

— Eu e Allison vamos amanhã – disse Scott. – Á propósito, oi, Lydia.

— Oi, Scott – disse ela.

— Você está bem? – perguntou Stiles, preocupado com o tom de voz desanimado da garota.

— Sim, só um pouco cansada – ela respondeu, preferindo não mencionar seu breve encontro com Theo. – Olha, eu vou fazer dever de casa depois vou dormir. Te vejo amanhã, ok?

— Ok – ele concordou, ainda desconfiado. Depois de terminar a ligação, ainda encarou o celular com a testa franzida. – Tem algo errado.

— Cara, ela só está preocupada. Todos nós estamos.

— Eu sei, mas queria poder fazer alguma coisa além de só ficar aqui sentado e me recuperar dessa porcaria. - Stiles gesticulou para o lado ferido do seu corpo depois deixou as mãos caírem em seu colo.

— Acredite, eu também. Allison o viu hoje  e disse que precisou descontar a raiva em uma lixeira para não pular em cima dele - disse Scott. Stiles riu.

— Essas garotas são as melhores.

Scott se ajeitou na poltrona, virando o corpo para o amigo.

 - Que bom que estamos falando sobre isso - disse. - Porque eu já estava morrendo para saber o que diabos está acontecendo entre você e Lydia.

Stiles reclinou a cabeça, sorrindo para o teto.

 - Ah, cara...

 - É sério? Isso está mesmo acontecendo?

— Eu nem sei direito o que está acontecendo, mas tô amando. Tipo... De uma hora para outra estamos em um mundo em que Stiles Stilinski não está mais na friendzone. O quão louco é isso?! - disse Stiles, gesticulando. - E é Lydia Martin. Comigo. Não oficialmente. Ou talvez sim, eu não sei.

Scott franziu a testa.

 - Você não sabe se estão sérios?

— Não... Quer dizer, nós ainda não conversamos sobre isso. Eu sei que é tudo novo e que ela não sente o que eu sinto, e eu não quero apressar nada. Mas ela meio que disse que nós podemos acontecer, e cara... eu sinceramente não me importo em esperar. Sou especialista nisso. - Stiles suspirou. - E é Lydia Martin.

— Lydia Martin, bro - concordou o rapaz, dando o soco fraco na perna do amigo. - Parece que sua experiência de quase morte teve um lado bom.

 - Né?! Eu detesto Theo com todas as minhas forças, mas eu devia agradecer por isso. O que não vai acontecer. Mas estou grato.

— Você pode ir visitar ele na cadeia.

 - Sim. Quero falar algo legal como "Eu sobrevivi e Lydia Martin me escolheu, seu otário." - Os dois riram, imaginando a reação de Theo.

— Você sabe que pode chamar ela de Lydia apenas, né?

— Eu sei - disse ele. - Mas cara... É Lydia Martin.

Xxxx

— Stiles! STILES! – ela gritava. Sua visão estava embaçada por conta das lágrimas, suas mãos trêmulas seguravam com força e balançavam os ombros do rapaz deitando inconsciente no chão. Uma poça de sangue havia se formado, manchando suas roupas brancas e tudo ao redor dos dois. Lydia gritava, esperando poder ver a cor rica dos olhos dele, que insistiam em se manter fechados, ou ouvir sua voz dizer alguma coisa – qualquer coisa. O rosto de Stiles estava branco como papel; seu coração já havia desistido havia muito tempo. E a garota foi deixada com sangue nas mãos, nos joelhos e no vestido, com lágrimas nos olhos e um grito na garganta.

Lydia arfou e sentou-se tão rápido que sua cabeça girou. Ofegante, colocou a mão sobre seu peito, onde seu coração batia freneticamente. A garota se abraçou e deitou a cabeça nos joelhos, tremendo dos pés a cabeça. Seu quarto parecia mais frio do que de costume.

Quantas vezes sua mente a faria perder Stiles? Os pesadelos não podiam ficar ali, esperando ela fechar os olhos e adormecer para torturá-la. Eventualmente, ela teria que superar o horror daqueles momentos. Lydia sabia que levaria tempo, e que naquele momento apenas uma coisa a deixaria melhor.

A ruiva pegou o celular no criado mudo e o desbloqueou. Eram quase 3:00 da manhã, e ela torcia para que ele estivesse acordado quando mandou a mensagem.

“Stiles?” Lydia voltou a deitar a cabeça no travesseiro, mordendo o lábio enquanto esperava ansiosamente por uma resposta. Seu celular começou a tocar, sobressaltando-a, mas ao ver o nome na tela ela logo atendeu.

— Bom dia – disse Stiles. Sua voz imediatamente a acalmou, e sua cama já não era tão fria.

— Desculpe ter te acordado – disse ela.

— Não acordou. Eu não tenho dormido muito bem aqui. Hospitais tem uma vibe meio estranha. – Lydia riu de leve. – Por que está acordada?

— Tive um pesadelo.

— O mesmo de antes? – ele perguntou com a voz mais séria, e ela não estava surpresa que ele sabia que o mesmo havia acontecido mais cedo. Lydia murmurou em concordância. – Sobre o que é?

A garota suspirou pesadamente.

— Você – ela respondeu. – Morrendo.

Stiles respirou fundo.

— Lydia, eu não vou a lugar algum. Está tudo bem.

— Eu sei – ela sussurrou. Ao fechar os olhos, ainda podia vê-lo deitado no chão, ainda podia sentir o sangue quente em suas mãos. – Queria que estivesse aqui.

— Eu também – ele sussurrou de volta. – É o que eu mais quero agora.

Lydia mordeu o lábio. Em sua mente surgiu uma plano ligeiramente louco, mas que ela definitivamente seguiria. Tirou as cobertas de cima das suas pernas e levantou-se da cama.

— Vou resolver isso – disse, indo para o guarda roupa.

— Serio? – ele perguntou, animado. – Você vai mesmo...?

— Duvida?

— De você? Nunca.

— Então me espera.

A garota terminou a ligação e jogou o aparelho na cama. Tirou o pijama e vestiu uma legging preta e uma blusa folgada, calçou sapatilhas, pegou sua bolsa e o celular e saiu do quarto. No banheiro, escovou os dentes rapidamente e penteou os cabelos bagunçados. Desceu as escadas nas pontas dos pés, deixou um recado na porta da geladeira para a tia e pegou a chave do carro.

Lydia estacionou em frente ao hospital e entrou no prédio da forma mais discreta possível. Andou calmamente pelos corredores tentando não chamar atenção para si, acelerando apenas quando chegou perto do quarto. Olhou para os lados antes e abrir a porta e entrar rapidamente, fechando-a logo em seguida. Stiles a olhava com olhos arregalados e um sorriso incrédulo no rosto.

— Deus, eu amo você – ele murmurou. A garota sentiu o rosto corar, e todo seu corpo esquentou.

— Fico feliz que tenha encontrado paz no Senhor – ela brincou, colocando a bolsa em cima da cadeira e tirando os sapatos. Stiles riu e moveu-se na cama, deixando mais espaço ao seu lado. Lydia entrou embaixo das cobertas e deitou a cabeça em seu peito, suspirando satisfeita quando o braço dele a envolveu. O rapaz beijou o topo da cabeça dela, fechando os olhos ao inalar o cheiro doce que vinha dos seus cabelos. Lydia sentia-se completa. Porque respiravam o mesmo ar, o calor dele a esquentava por inteiro e Stiles a abraçava como se nunca quisesse vê-la ir embora. E, assim como ele, ela também não iria a lugar algum.

O rapaz sentia que seu coração podia explodir a qualquer momento. Aquilo era quase demais para processar, e ele sabia que levaria tempo até que ele entendesse completamente que a garota dos seus sonhos tinha ido até lá, no meio da noite, para ficar com ele. E enquanto suas mãos e braços famintos de contato agissem sem hesitação, puxando-a para perto, tocando-a enquanto podia, sua mente não parava de repetir que tudo aquilo era bom demais para ser verdade. Mesmo que o cheiro dela fosse intoxicante demais e sua pele macia e real demais para ser uma alucinação, parecia ser um sonho.

Stiles não podia estar mais apaixonado do que já estava. Agora que sabia o que era beijá-la, e melhor ainda, ser beijado por ela, nunca mais iria querer abrir mão de tal privilégio. Agora que sabia o que era segurá-la em seus braços, nunca mais iria querer ficar distante.

— Você quer ficar comigo? – ele sussurrou. Lydia levantou o rosto para poder vê-lo. A forma que Stiles a olhava a deixou sem ar; seus olhos eram intensos, se declaravam sem dizer uma palavra.

Se queria ficar com ele? Não era por isso que estava ali, de madrugada? Não era por isso que seu coração batia tão rápido e, ao mesmo tempo, tudo estava em paz? Se aquilo não era o universo, seu corpo e sua alma dizendo-a para não deixar aquele garoto escapar, Lydia estava definitivamente perdendo a cabeça.

 - Já estou com você - ela respondeu, depois sorriu quando o rapaz estreitou os olhos.

 - Você sabe do que eu estou falando.

— Sei sim. - Lydia pousou a mão no rosto dele, traçando de leve uma linha entre as pintinhas espalhadas por ali, como uma constelação. - A resposta continua a mesma.

Stiles sorriu e de repente sua visão estava embaçada por lágrimas. Em todos os seus sonhos onde Lydia e ele namoravam, ele nunca chorou de emoção. E ele não se importava nem um pouco, porque isso significava que era real, que a história foi finalmente marcada com o dia em que finalmente ficaram juntos.

— Tem certeza? – perguntou com a voz levemente embargada enquanto Lydia, sorrindo de orelha a orelha, passava o dedão sob os olhos dele. Ela riu.

— Me beija logo, vai – ela disse, já encostando seus rostos. Stiles obedeceu prontamente, beijando-a com tudo que tinha. A cabeça da garota rodava, tudo que escutava era seu coração batendo, tudo que sentia era ele. E poderiam se passar horas, dias: ela sinceramente podia ficar ali para sempre.

Só interromperam o beijo porque não conseguiam para de sorrir. A garota voltou a deitar a cabeça no peito dele, e o rapaz a apertou contra seu corpo.

 - Lydia Martin - ele murmurou contra o cabelo dela, rindo com o restinho de incredulidade que insistiu em ficar. A ruiva sorriu. Ficaram em silêncio, namorado e namorada, em uma cama de hospital na madrugada de um dia de semana. Uma cena simples, aparentemente calma, quando abaixo da superfície seus corações batiam fortes e juntos, finalmente juntos.

 - Stiles? - chamou ela em voz baixa.

 - Hum.

 - Sabe se seu pai teve algum compromisso hoje?

Stiles franziu a testa, sem entender a pergunta fora de contexto.

— Ele disse que teria uma reunião, ou algo assim. Por quê?

Lydia abriu um sorriso satisfeito.

— Por nada - disse, fechando os olhos sem medo de pesadelos. Sabia que eles não se atreveriam aparecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Never Really Gone" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.