Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 96
Capítulo 96




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Lilian encontrou Avril quando corria, literalmente, para ir à sala da diretora Susana Bones, e fez o que sabia fazer de melhor: mentiu. Depois de deixar uma Avril completamente perplexa, seguiu correndo e chegou à sala da diretora. Foi uma cena constrangedora. Andrew estava sentado em frente à diretora, cabisbaixo, completamente envergonhado. De pé ao lado, estava Harry e Lily tinha certeza de que nunca tinha visto o pai com aquela cara; é claro que o reservado Harry não ia aceitar que um professor se envolvesse com uma aluna, principalmente quando a aluna em questão era sua filha, ainda que o professor fosse seu amigo.

— Lilian! — Harry falou no momento que a filha escancarou a porta. Andrew se virou instintivamente; os dois se olharam por um segundo, mas garota desviou os olhos e encarou a diretora Susana Bones com firmeza.

— Preciso falar com a senhora, diretora!

— Eu quero falar com você também, Lilian, mas agora é impossível. Você pode esperar lá fora, ok?

— Não, eu tenho que falar agora.

— Lilian, você ouviu o que a professora falou — o som autoritário da voz de Harry quase fez Lily desabar, mas ela continuou firme.

— Com todo o respeito, papai, diretora Bones, mas é muito importante o que eu tenho pra dizer. Bom, considerando o que eu ouvi nos corredores, e que o meu pai está aqui, e o professor Hawkins também, acho que eu sei sobre o que vocês estão falando.

— Lilian...

— Por favor, papai! Diretora, eu não sei o que a senhora ouviu dizer, mas eu posso afirmar, o professor Hawkins não tem absolutamente nenhuma culpa...

— Lilian, isso não é mais uma decisão sua... — começou Bones, mas Lilian continuou falando.

— Porque não aconteceu nada entre nós. Eu inventei isso.

— O que? — Harry e Susana disseram ao mesmo tempo; Andrew apenas fixou o olhar em Lilian; ela esperou um instante para ver se a mentira funcionaria, porque se Andrew já tivesse falado alguma coisa, então ela seria desmascarada.

— Explique-se, Lilian — Harry mandou. Lilian inspirou; a mentira colou, agora tinha que caprichar.

— Eu inventei tudo, e espalhei que o professor tinha me beijado... para me vingar porque ele não quis reconsiderar minhas notas baixas e me dar uma nova chance de entregar os trabalhos. O professor Hawkins nunca encostou nenhum dedo em mim. Sempre me tratou com o maior respeito possível.

— Você não pode estar falando sério! — Harry falou.

— Eu sinto muito.

— Você tem certeza do que está dizendo, Lilian? — Bones perguntou.

— Sim, senhora.

— Porque você resolveu contar a verdade agora?

— Eu me arrependi, quando eu vi que o professor poderia ser mandado embora. Eu pensei que seria apenas uma brincadeira, não imaginei que seria tão sério.

— Essa história parece muito mal contada, Lilian!

— Eu sinto muito, diretora; eu sei que foi muito infantil, não queria prejudicar ninguém — tanto Bones quanto Harry ainda pareciam desconfiados; Andrew continuava em silêncio.

— Muito bem. Professor Hawkins, o senhor confirma o que a Lilian disse?

— Eu não posso saber que tipo de mentira a Srta. Potter andou inventando, Diretora —Andrew falou, tentando manter um tom de voz natural. — Da minha parte, eu dou a minha palavra que jamais me envolveria com uma aluna, qualquer aluna — acrescentou olhando respeitosamente para Harry. — Principalmente com a filha de alguém por quem eu tenha grande admiração.

— Além disso o professor Hawkins está noivo — Lilian disse apontando a discreta aliança na mão direita de Andrew.

— isso não vem ao caso, Srta. Potter — Andrew disse, dessa vez olhando diretamente para Lilian.

— Bom, nós te devemos um pedido de desculpas, professor Hawkins, pela acusação injusta — Bones falou e Andrew apenas acenou. — E você também quer se desculpar não é, Lilian?

— Eu realmente sinto muito, professor Hawkins. Me desculpe — Lilian acentuou cada palavra e estendeu a mão para Andrew; ele se levantou e apertou a mãozinha pequena e delicada de Lilian.

— Não se preocupe, Srta. Potter. Você ainda é muito jovem para entender algumas coisas. Eu tenho certeza de que com o tempo, a senhorita vai entender melhor por que certas decisões devem ser tomadas. Que isso lhe sirva de lição — e soltando a mão de Lilian, Andrew se dirigiu a Bones. — A senhora ainda precisa de mim, diretora?

— Bom, professor, diante da confissão da Lilian, o senhor tem todo o direito de apresentar uma queixa — um pedido de expulsão, Lilian pensou, se fosse o Mears com certeza faria isso, para falar a verdade, qualquer outro professor que estivesse na situação de Andrew ia querer expulsá-la.

— Eu não acredito que essa seja a melhor maneira de educar, diretora. Eu acredito que a Srta. Potter está arrependida de verdade, tanto que veio voluntariamente confessar. Da minha parte, essa história acabou.

— Bem, neste caso, o senhor está dispensado, professor.

— Obrigado. Com licença.

— Andrew... eu... sinto muito.

— Não se preocupe, Harry, não faz muito tempo que eu tive 17 anos — Andrew apertou a mão de Harry e deu um sorriso discreto, depois deixou a sala da diretora.

— Lilian, você deve saber que o que fez é muito grave.

— Sim, senhora.

— Você mentiu sobre um assunto muito sério.

— Eu sei.

— Mas como não houve uma queixa oficial do professor Hawkins, eu vou deixar que o seu pai resolva o que fazer com você. Harry?

— Obrigado, Susana.

Susana Bones se retirou da sala, deixando Harry e Lilian a sós. Lilian encarou o pai e sentiu um nó no estômago diante da expressão de decepção de Harry. Não tinha considerado a reação dele quando decidiu inventar aquela mentira para salvar Andrew. Parece que finalmente ela tinha conseguido a façanha de magoar de uma só vez dois homens a quem amava, pensava Lilian.

— Sabe, depois do Tiago, do Alvo, eu pensei que com você seria mais simples, mas parece que eu sou mesmo um pai muito ruim, não é?

— Você não é um pai ruim, pai.

— Nossa, ouvir isso de uma mentirosa é realmente um elogio — Harry sarcástico era novidade para Lilian, e ela começou a chorar. — Você está chorando ou fingindo? — Harry sentiu que estava sendo duro demais com Lilian e sabia também que aquela não era realmente a maneira que ele achava correta de repreender os filhos, porque não estava sendo ele mesmo afinal, mas mais uma vez se encontrava diante de uma situação da qual não sabia como sair, e só conseguia pensar quais eram seus erros como pai.

Desde sempre tinha ensinado os filhos a serem bons, a falarem a verdade, a não tirar proveito do sofrimento alheio, enfim, sempre procurou ensinar o melhor aos seus filhos, entretanto, a experiência mostrava que nem sempre eles tinham sido assim; então é claro que ele tinha feito alguma coisa errada. Mimou demais? protegeu demais? Cobrou de menos? Não sabia.

Harry olhou o retrato sorridente de seu velho amigo, o mais ilustre diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore; seria ótimo se o seu velho mestre pudesse lhe ajudar agora, como tinha feito tantas vezes no passado; voltou a olhar para a filha; com a raiva aplacada, imaginou que Lilian teria o maior castigo naturalmente quando a escola inteira estivesse chamando-a de mentirosa, e talvez a popularidade que tinha não sobrevivesse a essa história. E mesmo consciente do dever que tinha como professor, mais uma vez seu coração de pai amoleceu, olhando a chorosa Lily na sua frente com cara de arrependimento, a vontade que ele tinha era de botá-la no colo e consolar, do jeito que fazia quando ela era criança e Giny brigava por ela ter mexido em suas roupas e maquiagens.

— Detenção — disse finalmente, depois de ponderar que, por uma questão de justiça, Lilian não deveria ficar sem nenhum castigo. — A partir de amanhã, na minha sala. E nenhum fim de semana em Hogsmead.

— Sim, senhor — disse Lilian, à beira de cair no choro novamente.

— A sua mãe está em Londres, eu não vou incomodá-la com isso, eu espero não ter nenhum motivo para incomodá-la, certo?

— Sim senhor, não terá.

— Você pode ir agora, de preferência estudar para recuperar as suas notas.


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