Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 92
Capítulo 92




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Outros encontros casuais (ou não) entre Lilian e o professor Andrew voltaram a acontecer, principalmente nos fins de tarde, perto do lago, quando Andrew costumava se exercitar. O mais agradável desses encontros é que eles simplesmente conversavam.

Lilian se descobriu muito menos egoísta e egocêntrica ao passar várias horas conversando sobre qualquer coisa com Andrew. Só não conseguia disfarçar a curiosidade e invariavelmente fazia perguntas sobre a vida pessoal dele, que às vezes respondia sem nenhum problema, como quando Lilian perguntou sobre a família e ele lhe contou que a mãe estava internada no St. Mungus desde que a irmã tinha sido morta; isso havia acontecido quando ele tinha apenas seis anos.

Uma irmã morta, uma mãe louca e um pai autoritário, Lilian imaginou que isso era suficiente para que Andrew andasse chorando de vez em quando! Mas quando Lilian perguntou se ele não tinha nenhuma namorada, “ou garota, ou algo do tipo, enfim”, Andrew mudou de assunto imediatamente, e isso fez Lilian entender que “aquele assunto” era um dos que ele considerava inapropriado para falar com uma aluna.

O tempo que passava com Andrew começou até mesmo a influenciar seu comportamento; era como se estivesse aprendendo uma coisa nova a cada minuto. Lilian passou a ajudar os colegas nas coisas que eles achavam importantes, como por exemplo, na escolha do novo modelo para o uniforme do time de quadribol da Sonserina. Embora achasse que aquilo fosse uma bobagem, que o uniforme atual estava ótimo e que não tinha uniforme bonito que salvasse aquele time, Lilian os ajudou a se decidir por um tom mais escuro de verde e detalhes em branco, ao invés do preto que usavam atualmente.

— Eu acho que você está bem estranha, sabe Lily? — Hugo comentou com a prima quando os dois iam deixando a sala da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas; há dias Hugo vinha reparando que ela andava esquisita, estava até falando com o pessoal de Grifinória, e nem ficava o temo todo reclamando e falando mal do professor de História da Magia.

— Do que você tá falando, Hugo?

— Bom, nada, só que você, nem parece você!

— Mas o que exatamente você quer dizer, Hugo?

— Bom, só para te dar um exemplo, quando a Kathlyn esbarrou em você e derrubou seus livros, conhecendo a princesa sonserina, era de se pensar que você ia dar um ataque daqueles — Kathlyn era uma garota de Lufa-Lufa, gordinha e desengonçada. — Mas você não fez nada! Entendeu?

— Quer dizer que as pessoas sempre esperam que eu tenha um “ataque”?

— É. Porque é isso que você faz, Lily!

— Eu faço?

— Anham. E é por isso que você está esquisita, porque você não tem feito isso nos últimos tempos — Lilian ficou em silêncio como se pensasse a respeito do que Hugo dissera. — A nova Lily é legal, se você quer saber.

— Obrigada.

— Por nada! Ahm, você vai para Hogsmeade no domingo?

— Vou.

— Com alguém? Quer dizer...

— Não, eu tenho coisas para fazer em Hogsmeade, é melhor deixar tudo pronto, você sabe que não dá para confiar inteiramente na mamãe.

— Alvo e o Tiago vêm?

— Não, eles estão bem ocupados, é uma pena.

— É, se precisar de ajuda, pode me chamar.

— Obrigada, mas a Sheryl e a Avril já estão me ajudando.

— Hum... — Hugo ergueu a sobrancelha. — Lily, você agora também é amiga inseparável da Sheryl e da Avril. Incrível!

— Não seja tolo! E tente guardar segredo.

— Minha boca é um túmulo!




Sheryl alcançou Lilian antes que elas entrassem na sala de aula de História da Magia; puxou a amiga pelo braço fazendo-a parar e voltar um pouco.

— Sheryl? Qual é?

— Preciso te mostrar uma coisa, sabe?

— Não poderia falar depois da aula?

— Bom, é sobre o professor Hawkins...

— Sobre o... professor Hawkins? — Lilian deu de ombros tentando fazer Sheryl acreditar que ela não estava interessada no professor, embora viesse usando essa tática há dias, não adiantava, Sheryl estava sempre prestando atenção no que Lilian dizia e fazia, era assim desde sempre. — Então fala de uma vez.

— Lembra quando eu te disse que achava que já tinha ouvido esse nome, Hawkins, antes, mas não lembrava onde?

— Sim, sei, lembro... e o que é que tem? — não vai dizer que o Andrew é um dos amigos que você tem, pensou Lilian.

— Pois então, eu lembrei, daí escrevi para minha mãe e pedi para ela me mandar isso aqui! — como se estivesse fazendo um grande suspense, Sheryl desdobrou um jornal e mostrou a Lilian.

— O que um jornal trouxa tem a ver com o professor Hawkins?

— Aqui, ó! — Sheryl apontou a nota no final da página; falava de uma recepção no Palácio de Buckingham onde estavam presentes as famílias mais ilustres de Londres. Lilian leu o texto e depois olhou a foto ao lado. Um homem um pouco idoso e um rapaz cumprimentavam a Rainha.

— Fala sério! Lorde Hawkins e o filho! — Lilian leu a legenda e ficou abobalhada. Até onde sabia a família de Andrew era bruxa e puro sangue ainda por cima, não fazia ideia que o pai dele fosse um lorde.

— Sabe, a minha prima trouxa, se importa muito com essas pessoas, sabe, importantes, ela espera poder se casar com algum príncipe um dia! Bom, agora a gente sabe por que ele é tão metido, né?

— Anham. É, vamos entrar para a aula?

— Vamos, espera só eu contar a Ludy que estou tendo aula com o futuro Lorde Hawkins... — quando Sheryl e Lilian entraram na sala, a aula já tinha começado; Andrew parou de falar até que as duas estivessem sentadas.

— Que cara é essa, Lily? Viu algum monstro? — Hugo perguntou logo que a prima sentou-se no lugar que ele tinha guardado.

— Não enche, Hugo!

— Calminha, garota! — o professor lançou um olhar reprovador aos dois conversadores e voltou a dar aula.

Nesse mesmo dia, Lilian ficou meio escondida esperando até o momento que visse Andrew sair do castelo para sua caminhada vespertina. Já estava quase desistindo quando o viu. Parecia mais um aluno do que professor, usando um casaco com o brasão de Hogwarts na frente; Lilian esperou um pouco, e depois começou a andar, despreocupada, como se não fizesse a mínima ideia de que ia encontrá-lo. Não demorou até que Andrew a percebesse, parou e esperou que ela o acompanhasse.

— Professor Hawkins! Que surpresa encontrá-lo!

— Senhorita Potter! É mesmo um feliz acaso. Como está?

— Muito bem, obrigada, estou um pouco preocupada, sabe?

— O que poderia estar preocupando essa jovem cabeça?

— Meu aniversário. Eu resolvi fazer uma festa, mas sabe, estando na escola, e com tantos trabalhos extras, principalmente de História da Magia, fica realmente difícil organizar tudo! — Andrew sorriu.

— Pela parte que me toca, eu sinto muito!

— Não sente nada! E ainda por cima, o Mears me deu uma detenção, sabe, ele nunca gostou de mim, isso vem desde o primeiro ano. Ele é muito chato, né? Claro, você não falar mal de outro professor, mas até o meu pai concorda que ele é um chato! Enfim, ficar de castigo não é nada agradável!

— Bom, você pode aproveitar esse tempo de castigo para fazer alguma coisa útil. Estudar, por exemplo.

— Nem vem com essa! Quer dizer, não dá para estudar com o Mears vigiando, né? —Andrew nada respondeu; os dois continuaram caminhando em silêncio, até que Lilian voltou a puxar um assunto. — Posso fazer uma pergunta, professor?

— Claro que sim.

— Como você consegue ser tão inteligente? Quer dizer, você é tão jovem, e sabe muita coisa, para pouco tempo de vida, entendeu?

— Bom, eu sempre aproveitei bem o meu tempo; eu usava o tempo que ficava de castigo, por exemplo, para estudar.

— Mas você não ficava muito tempo de castigo, não é?

— Pelo contrário, senhorita Potter, eu costumava passar muito tempo de castigo em Durmstrang.

— Fala sério, o que um nerd como você... quero dizer, o que, oh, ahm...

— Cada vez que eu me recusava a duelar com alguém, era mandado para a biblioteca, e isso acontecia com bastante frequência.

— Acho que eu entendi — Lilian ficou pensativa, imaginando como deveria ser a vida de Andrew na Academia de Durmstrang, pelo pouco que sabia de lá, e pelo que já tinha conhecido do jeito do professor, não deveria ser nada fácil, e isso aumentou ainda mais a admiração por ele. — And... — Lilian adoraria poder chamá-lo pelo primeiro nome, mas ele já tinha deixado bem claro que isso não era permitido, e agora sabendo que ele era um lorde, era de entender que tivesse esse tipo de cerimônia. — Professor, posso fazer mais uma pergunta?

— Ah, claro, por favor senhorita Potter.

— Bom, ahm, é sobre, a sua, bom sobre a sua família... — Lilian pensou um pouco, formulando a pergunta. — É verdade que seu pai tem o título de Lorde? — Andrew ficou surpreso.

— Ah, sim, é verdade.

— Mas...

— Ahm, bom, como você deve saber, o título de Lorde é hereditário.

— Anham.

— O bisavô do meu pai, não era bruxo, era um General do Exército Britânico, o primeiro Lorde Hawkins; era uma família aristocrata, e o filho dele se casou com uma bruxa, desde então, todos os Hawkins nascem bruxos, mas isso não impede que o título seja passado de pai para filho ao longo das gerações.

— E esse título vai ser seu quando o seu pai morrer?

— Isso mesmo.

— Hum... — era uma situação interessante, Lilian pensou. No mundo bruxo era ela a figura ilustre, filha de um dos maiores bruxos da história, conhecia muitas pessoas importantes dentro do próprio Ministério da Magia, inclusive o próprio ministro de quem até recebia presentes de aniversário; sem falar que o irmão mais velho era um jogador de quadribol mundialmente famoso. Era a garota mais popular da escola. Enquanto Andrew, em seu tempo de escola era um nerd, sem qualquer sombra de popularidade.

Já no mundo dos trouxas, enquanto ela nunca tinha visto o Palácio de Buckingham ele e o pai usavam casaca e cumprimentavam a rainha, numa recepção de gala no palácio real.

— A gente se completa... se a gente se casasse eu seria uma Lady! — Lilian disse em tom brincalhão mas Andrew não achou engraçado.

— Você não deve dizer, isso.

— Na aula você diz que gente deve dizer o que pensa, professor!

— Algumas coisas não devem ser ditas.

— Mesmo que sejam verdade?

— Algumas verdades devem mesmo ficar ocultas, senhorita Potter.

— Mas e quando você sente que vai acabar enlouquecendo se não falar o que está sentindo? E se de repente toda a sua vida só faz sentido se você puder dividir com alguém o que você sente? — Lilian encarou o professor; por um momento os olhos dos dois se encontraram, mas a expressão dele voltou a ser séria.

— Está anoitecendo, é melhor voltar para o castelo...

— And...

— Senhorita Potter. Nenhum aluno pode anoitecer fora do castelo — Lilian ficou magoada com a frieza de Andrew, não era assim que esperava ser tratada depois de praticamente se declarar, e foi embora meio chorosa. Mas assim que pôde pensar no que tinha acontecido a tarde, estava crente de que tinha mexido com ele, claro, se isso não fosse verdade, ele teria rido da sua cara, e encarado tudo como uma ideia completamente infantil, mas o fato dele ficar incomodado significava que ela tinha alguma importância para ele, afinal.

No dia seguinte tinha um teste de História da Magia; Lilian até tinha tentado estudar, mas já sabia de antemão que não se sairia bem. Enquanto respondia o trabalho, de vez em quando levantava a cabeça e olhava o professor, não raro o encontrava olhando diretamente para ela, mas ele mudava tão rápido que não teria como dizer que não era o olhar de um professor sobre uma sala de aula fazendo prova.


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