Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 87
Capítulo 87




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Assim como muitas famílias bruxas, a de Sheryl tinha ramificações no mundo trouxa, por isso normalmente ela passava as férias em Londres. Estava no quarto vendo TV — uma coisa que não existia em Hogwarts — quando ouviu a campainha tocar na sala.

— Ok, pode deixar que eu abro — disse, correndo para abrir a porta; era justamente a visita que ela estava esperando. — Lily! Hey!

— Hey!

— Entra.

— Obrigada... e, desculpa por incomodar.

— Imagina! Então, foi fácil achar o endereço?

— Na verdade, não... essas coisas que os trouxas chamam de celular com internet é de bastante utilidade — Lilian mostrou o moderno aparelho de telefone, um objeto que “causaria” em Hogwarts.

— Ah, eu também tenho um, sabe, é mais rápido do que usar as corujas, mas o papai não é muito fã, aliás, ele não é muito fã de nada que tenha a ver com aquilo que os trouxas chamam de tecnologia. Então, por que você me ligou? — antes que Lilian respondesse a mãe de Sheryl entrou na sala, parecendo completamente surpresa ao ver Lilian Potter. — Mãe, essa é a Lilian.

— Como vai Sra. Atwood?

— Bem, obrigada.

— A gente vai conversar lá no quarto, mãe, licença.

— Claro, fiquem à vontade — Lilian seguiu Sheryl, um pouco sem jeito, afinal, durante a maior parte do tempo que se conheciam, tinha ignorado a existência de Sheryl, portanto era extremamente estranho estar na casa dela.

— Tá um pouco bagunçado — Lilian deu uma olhada de 360º no quarto de Sheryl. Bem ao estilo trouxa, a TV ligada num seriado americano, um aparelho de som de última geração, CDs e DVDs na estante, e pôsteres de bandas de rock inglês na parede; nenhum vestígio de magia. — A gente não pode usar magia fora da escola... — disse Sheryl como se explicasse tantos objetos trouxas.

— Parece legal. E eu adoro essa banda! — disse apontando o pôster da banda inglesa Coldplay — Incrível! Bom, Sheryl, eu queria agradecer, você foi legal, quer dizer...

— Eu falei que estaria aqui se você precisasse de uma amiga, não falei, Lilian?

— Eu sei, mas é que é bem estranho mesmo.

— Claro que é, Lilian Potter está no meu quarto! Bom, mas o que houve? Por que você terminou com o Rubinho?

— Ahm, foi complicado, mas como você ficou sabendo?

— Ah, a Anne, escreveu para mim...

— Quem é Anne?

— De Lufa-Lufa, acho que ela ficou sabendo pelo Peter...

— Que ficou sabendo pelo Arnold, que ficou sabendo pela Maya, que deve ter ficado sabendo por outra pessoa e assim, todo mundo passou as férias comentando o fim do meu namoro!

— Desculpa...

— Bom, não importa. O que aconteceu foi que... o Oly estava lá, você não faz ideia de como... bom, o fato é que eu não queria magoar o Rubinho, eu nunca quis, mas... em resumo, eu beijei o Oly e o Rubinho acabou vendo, e... terminou tudo.

— Poxa! Você beijou o Oly na frente do Rubinho? Isso deve ter sido terrível para ele, ele te ama... amava... enfim...

— Eu sei, mas, você já imaginou estar mais perto do que jamais esteve do cara por que você sempre foi apaixonada? E o Oly estava ali, não deu tempo pra pensar em muita coisa, quando eu me dei conta já era meio tarde.

— Mas foi só um beijo, quer dizer, não rolou nada mais né? — Lilian não conseguiu evitar ficar vermelha. — Lilian!

— Não, não aconteceu nada... quando ele me beijou eu pensei que poderia acontecer, sabe quando você nem ao menos pensa, porque sabe que não pode haver nenhuma dúvida? Então era assim que eu estava me sentindo. Eu pensei que ele também estava no clima, mas foi com aquele papo de que não poderia fazer aquilo, por que eu era uma criança... ele me magoou naquele momento, mais do que em qualquer outro, porque ele me deu esperança, quer dizer, ele poderia ter feito como sempre, fingido que não estava vendo, mas ele me beijou e depois... disse que eu era criança! Só que eu não sou criança, e queria mostrar para ele; então eu tentei consertar as coisas com o Rubinho; poderia ser ele, afinal ele me amava, e eu, bom, gostava muito dele e dos beijos, e de tudo, mas ele estava magoado por que me viu com o Oly antes, e... enfim... eu fui rejeitada pelos dois garotos que eu já gostei de verdade e no mesmo dia.

— Poxa, eu nem sei o que dizer.

— Mas sabe o que é pior? O Rubinho nem ficou com raiva de mim, eu o magoei e ele não ficou com raiva.

— O Rubinho tem um grande coração.

— É, eu sei, um coração que não merecia ser machucado.

— Talvez tenha sido melhor vocês terminarem, afinal, você não era apaixonada por ele mesmo, não é?

— Qual é o problema comigo afinal? Quando eu gosto de alguém, a pessoa não gosta de mim e quando a pessoa gosta eu... estrago tudo!

— Lily, isso faz parte do conceito assustador chamado relacionamentos! Eu não conheço ninguém que não ache isso complicado. Relaxa, o Rubinho deve ter entendido que vocês não tinham muito futuro juntos, e quanto ao Oly, honestamente, você gosta mesmo dele? Quer dizer, tem certeza que ele não é mais um amor platônico? Ele foi o primeiro garoto de quem você gostou, e, deve ser por isso que você fica com ele na cabeça.

— Onde você lê essas coisas Sheryl! — Lilian disse, rindo, e ao mesmo tempo concordando com a outra.

— Então relaxa, você vai acabar conhecendo alguém e, vai rolar de verdade.

— Acho que você tem razão — o celular de Sheryl tocou.

— Só um minutinho — Lilian ficou folheando uma revista de moda enquanto ela falava ao telefone; depois de quase cinco minutos, Sheryl desligou o celular. — Você já foi a alguma festa trouxa?

— Só o casamento do meu irmão.

— Estou falando de uma festa de verdade.

— Não, acho que não.

— Eu tenho uns amigos trouxas, e vai rolar uma festa hoje, o que você acha?

— Ahm, não sei, não sei se é uma boa ideia.

— Você não veio a Londres em busca de diversão?

— Sim, mas eu estava pensando em shopping...

— Lilian, uma festa é tudo que você precisa para sair dessa fossa, amiga! Quem sabe você não conhece um gatinho?

— Eu não sei...

— Vamos, por favor!

— Mas eu nem trouxe uma roupa...

— Qual é, você usa uma das minhas!

— Ok, uma festa não pode fazer nenhum mal, afinal.

— Isso. Sabe, eu vou te apresentar o Guy — os olhos de Sheryl brilharam ao dizer o nome de Guy.

— Guy?

— A gente se conhece desde a primeira série, antes de eu ir para Hogwarts... ele é perfeito.

— Vocês são namorados?

— Não, o Guy acha, eu não sei, acho que ele tem um pouco de medo por causa da magia... então, eu estou dando um tempo para ver se ele se acostuma, sabe? Mas, como ele me ligou, acho que... — Sheryl começou a falar de Guy, seu amigo trouxa desde o jardim da infância; as duas ficaram conversando durante todo o resto da tarde, no fim, Lilian já poderia dizer que conhecia toda a família de Sheryl. — Ih, nossa, a gente nem viu o tempo passar, Lily, é melhor a gente ir se arrumar, daqui a pouco os garotos passam aqui pra pegar a gente.

— Os garotos? Que garotos?

— O Phill e o Guy, ora! A gente encontra o resto da galera lá. Não se preocupe, você vai gostar deles!

— Tá.

— Então vem aqui... — Sheryl puxou Lilian até o closet e abriu as portas do armário. — Pode escolher o que você vai querer usar. Eu já volto, ok? — Sheryl saiu e Lilian ficou olhando as roupas; a nova amiga tinha um bom gosto; avaliou algumas das roupas de Sheryl, e mesmo se sentindo estranha escolheu um vestido preto; resolveu provar e o vestido lhe serviu perfeitamente; estava se olhando no espelho quando Sheryl voltou ao quarto.

— Oi, ahm, acho que eu vou usar esse aqui, tudo bem?

— Oh, claro, ficou ótimo! Perfeito! — na verdade, Sheryl esperava que ela escolhesse qualquer uma das suas roupas, menos aquele vestido, já que era aquele que tinha planejado usar, mas não ia dizer não a Lilian logo agora que elas estavam ficando amigas. — Você precisa de um sapato — Sheryl apanhou um par de sapatos que Lilian reconheceu como sendo de grife.

— Incrível! — disse Lilian. As duas terminaram de se arrumar, Lilian que tinha mais habilidade com a maquiagem pôde ajudar Sheryl. — Com certeza o Guy vai olhar para você.

— Nossa, como vocês estão lindas, garotas! — Lilian quase tomou um susto ao ver pai de Sheryl na sala.

— A gente já vai, o Phill tá esperando lá embaixo.

—Ahm, Srta. Potter, seus pais sabem que você está indo para essa festa? — Lilian e Sheryl trocaram um olhar.

— Claro, eles sabem sim, Sr. Atwood.

— Nesse caso, divirtam-se; e não voltem para casa muito tarde.

— Tudo bem, boa noite, papai.

— Boa noite, querida — Lilian e Sheryl saíram e entraram no elevador.

— Seus pais pelo menos sabem que você está em Londres?

— Claro, claro que sim, bom, estou na casa do tio Ron — no saguão do prédio, dois rapazes estavam esperando. Pela descrição que Sheryl fez de Guy mais cedo, Lilian pode reconhece-lo imediatamente; ele tinha o sorriso muito branco, numa boca perfeita, olhos azul-acinzentados, e o corpo atlético de jogador de polo. Phill também era muito bonito, cabelos loiros compridos até os ombros e olhos azuis.

— Hey, rapazes! Quero que vocês conheçam a minha amiga, Lilian Potter!

— Oi, Lilian Potter! — Phill falou com um grande sorriso e deu beijinhos no rosto de Lilian, mas Guy apenas acenou com a cabeça. — Vamos nessa, a galera está esperando — Lilian tinha analisado bem os dois garotos, e chegou à conclusão de que Phill era o dono do carro, portanto, estava dirigindo, por isso preferiu sentar na frente, assim, deixaria o caminho livre para Sheryl e Guy; foi o próprio Phill quem lhe abriu a porta do carro; mas ao invés de entrar no lado do motorista o garoto jogou a chave para o colega e sentou atrás, ao lado de Sheryl; Lilian se deu conta de que tinha dado o primeiro fora da noite.

Sheryl e Phill não pararam de falar durante o percurso de vinte minutos até o pub. Os quatro chegaram à festa e encontraram o resto da galera; Lilian percebeu que Sheryl estava muito feliz em encontrar aqueles amigos, que pareciam gostar bastante dela, o que fez Lilian se sentir mal mais uma vez, Sheryl tinha muitos amigos, não precisava dela, afinal.

Lilian estava deslocada, não sabia como agir numa festa daquelas, a verdade era que não tinha muito costume com nenhum tipo de festa; num momento em que Sheryl aceitou dançar com um dos amigos, Carl, e o resto do pessoal tinha se dispersado, ela percebeu que Guy era o único a continuar ali.

— Quer uma bebida?

— Quero — ele foi até o bar e voltou com dois copos; Lilian aceitou, mas olhou desconfiada.

— É refrigerante.

— Ah... —ela tomou um gole e reconheceu o gosto de Coca-Cola.

— Você é da mesma escola que a Sheryl? — pelo jeito cuidadoso com que Guy falou, Lilian entendeu que ele na verdade estava perguntando “você também é uma bruxa?”

— Sim, sou.

— Legal.

— A Sheryl disse que vocês se conhecem desde crianças...?

— É verdade.

Lilian estava tentando fugir do olhar de Guy, não que não o achasse extremamente atraente, mas depois do que Sheryl tinha lhe contado à tarde, certamente não seria nada agradável vê-la com Guy. Manteve certa distância enquanto conversavam sobre bobagens relacionadas ao tempo e ao trânsito de Londres, assuntos que, aliás, interessavam muito pouco a Lilian, que só queria que alguém aparecesse, mas como isso não aconteceu, ela não viu saída quando Guy lhe convidou para dançar; procurou Sheryl por todos os lados e como não a viu, aceitou a mão que Guy estendia.

Movendo-se no ritmo da música, Lilian resolveu se divertir, dançar não faz mal nenhum, afinal; quando uma música mais melosa começou a tocar, Guy pôs as mãos em volta da cintura e puxou Lilian pra mais perto; a garota fez menção de afastar as mãos dele.

— Algum problema? — ele disse quase sussurrando no ouvido dela; Lilian sentiu uma espécie de tontura quando sentiu o cheiro de Guy.

— Não, nenhum problema — Guy ficou ainda mais perto e os dois dançavam de corpos colados; Guy beijou o pescoço de Lilian; ela sorriu, gostando da sensação quando os lábios dele passearam brincalhões pela sua orelha, mas quando ele quis beijá-la na boca, a garota se afastou.

Lilian passou rápido entre as pessoas dançando. Guy a seguiu e só alcançou quando ela já estava perto do bar.

— Me solta — ela falou quando ele segurou seu braço, mais incomodada com a sensação que o toque dele lhe causava do que pela atitude.

— Desculpe, eu... não quis ofender.

— Está tudo bem, hum, tudo bem.

— Qual é o problema? Você estava a fim e agora...? Eu fiz alguma coisa errada?

— Não, não é nada com você, Guy.

— Antão... — Guy tentou beijar Lilian, mas ela virou o rosto.

— A Sheryl...

— A Sheryl? Não rola nada entre mim e a Sheryl!

— Ela... gosta de você... ela me disse...

— Eu não sei o que a Sheryl te disse, mas eu e ela somos amigos de infância e nada mais.

— Nada, nada?

— Além disso, se a Sheryl sentisse qualquer coisa por mim, ela já teria me falado e não estaria com outro cara bem na minha frente, você não acha?

— Ham? — Guy apontou por cima do ombro, e num lugar mais afastado ela reconheceu Sheryl aos beijos com outro garoto. — Ham, faz sentido, não, mas ela falou de um jeito, tão... sabe, a Sheryl tem sido legal comigo, eu não quero que ela pense que eu estou “roubando” o namorado dela, enfim...

— Eu não sou namorado da Sheryl. Enfim, eu preciso ir, foi um prazer te conhecer — antes que Lilian pudesse abrir a boca, Guy tinha desaparecido.

— Droga!

— Lily!

— Sheryl, hey, e oi, amigo da Sheryl — o garoto que ainda agarrava Sheryl acenou para Lilian.

— Ahm, a gente tá querendo ir embora, algum problema para você?

— Para mim? Não, não, quer dizer, pode ir, eu me viro sozinha.

— Ai, eu sabia, obrigada, Lily, você é um amor; se eu encontrar o Guy peço para ele te dar carona.

— Tá, valeu. Tchau, então — Sheryl e o garoto saíram ainda “atracados”.

A primeira ideia de Lilian foi desaparatar imediatamente, afinal, não seria a primeira, nem tampouco a última bruxa adolescente a usar magia fora da escola na presença de trouxas por um motivo fútil; mas pensando melhor, embora tivesse certeza de que seria fácil enrolar o pessoal do controle de uso indevido de Magia, teria que explicar aos pais o que estava fazendo naqueles lados de Londres. A segunda solução possível contava com algo muito comum aos trouxas. Lilian acessou o Google maps através do seu smartphone e verificou que a estação de metrô mais próxima ficava a apenas cinco minutos de onde estava; certificou-se também de que o dinheiro trouxa que tinha, embora pouco, menos de dois euros, seria suficiente.

Lilian já estava na rua, caminhando em direção à estação de metrô, quando uma Ranger Over parou bem ao seu lado.

— Caras como eu tem um grande defeito — Guy baixou o vidro e falou com Lilian. —adoram fazer papel de bobo! — o belo sorriso de Guy fez com que Lilian nem pensasse duas vezes; entrou no carro e lhe deu um beijo de tirar o fôlego.

— Ahm, uma carona? — Guy deu uma risada sonora.

— Claro.


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