Quando voltou para casa à noite, Harry não pode deixar de comentar o que tinha acontecido mais cedo na cabana de Hagrid; estava conversando na cozinha com Giny quando Tiago entrou.

— Como ela está? —Harry perguntou, estavam preocupados com a saúde de Loreley, que tinha passado o dia de cama.

— Ela vai ficar bem — Tiago respondeu, enquanto pegava um copo de leite para levar para a noiva.

— Não seria o caso de cancelar o casamento, Tiago?

— Nem pensar mesmo. Relaxa, a Loreley está ótima.

— Tiago, ela vomitou o dia inteiro, ela não está ótima. Você deveria levá-la no médico.

— Fala sério, até parece que você não teve três filhos! Deixa eu levar esse leite para ela — Tiago voltou ao quarto.

— Talvez ele tenha razão.

— É, talvez ela faça isso para prender a atenção dele. E consegue, ele não sai do lado dela um minuto sequer. Mas o que você estava falando sobre a Lilian?

— Eu já falei, ela estava na cabana, com o Rubinho.

— Isso não é nada demais, Harry.

— Eles estavam sozinhos, Giny.

— Você pegou a Lily no maior amasso com o Rubinho? — Tiago voltava à cozinha, e não pode deixar de ouvir a conversa dos pais, estava rindo com aquele jeito debochado que ele sabia muito bem como fazer. Harry e Giny não estavam achando graça. — Que foi? — disse ele encarando os rostos sérios dos pais. — Mas vocês tem razão, tem que se preocupar, afinal, ele pode machucá-la! — Tiago deu uma risada.

— Tiago isso não tem graça!

— Qual é, pai?

— Estamos falando da sua irmã.

— Honestamente, pai, eu acho que isso é assunto da Lily, não seu. Ela já é bem grandinha.

— Ela não é bem grandinha, ela ainda é uma criança — Tiago revirou os olhos.

— Careta!

— Eu não sou careta, vocês é que são modernos demais.

— Não é de modernidade que eu estou falando, é do fato de vocês não aceitarem que a Lily cresceu! — Tiago estava rindo da situação.

— Não é por que ela cresceu, que tem que ficar se agarrando por aí, Tiago!

— Enfim, não é da nossa conta, afinal ela é muito mais esperta do que todos nós aqui juntos!

— Por Merlin! Um neto por enquanto já está de bom tamanho! — Giny, disse e olhou séria para Tiago.

— Mas mesmo assim, Giny, eu acho que você deveria falar com ela, quer dizer... você sabe — Harry ficou um pouco corado.

— Ok, quando ela vier em casa eu falo com ela.

— Vocês e seus excessos! Agora mudando de Lily para Alvo, ele é que não tem ficado sozinho com ninguém em alguma cabana por ai, vocês já perceberam? — Giny e Harry se entreolharam. — Qual é? Eu não tô mentindo, tô? — Tiago disse com o mesmo tom bem humorado de antes.

— Tiago, eu não sei se você lembra, mas não faz muito tempo que eu encontrei o Alvo com uma garota no sofá da sala, da casa do meu padrinho, e eu acho que isso é a última coisa com que o Al tem que se preocupar, entendeu? — Harry parecia ter ficado meio irritado com as gracinhas de Tiago.

— Ok, já valeu por hoje, vamos deixar isso para depois, hum? Ok — Giny odiava relembrar a época problemática de Alvo. Mas Tiago tinha razão, Alvo sempre foi um pouco estranho em relação à garotas, tirando as orgias que rolavam na antiga sede da Ordem da Fênix, ninguém sabia de algum outro relacionamento de Alvo.

— Ok, eu vou lá ficar com a Loreley — Tiago subiu as escadas da casa dos Potter e encontrou Loreley no sofá ao lado da janela.

— Hey, levantou de novo? Pensei que tivesse pegado no sono — Tiago sentou ao lado dela e a abraçou, deu-lhe um beijo no alto da cabeça.

— Já enjoei dessa cama! — ela o abraçou.

— Tudo bem?

— Humhum — ela o abraçou mais forte.

— Humhum, mesmo? — Tiago perguntou com seu jeito super protetor.

— Eu tô com um pouco de medo — ela falou com o rosto enterrado no peito de Tiago.

— Medo do tipo... — ele a incentivou a falar.

— Não sei, quer dizer, eu fico assim o tempo todo, parecendo que eu tô morrendo, e além do mais não posso cuidar do meu próprio casamento, e quando eu fico nesse quarto, eu fico imaginando coisas que eu não deveria, mas que eu não consigo evitar...

— Que tipo de coisa? — agora foi Tiago que abraçou forte.

— No nosso bebê, em como vai ser quando ele nascer, e se eu não aguentar? — Loreley parecia preocupada.

— Eu concordo, você não deveria ficar pensando nisso, está tudo bem, mas acontece que você está grávida, não pode sair por aí pulando janelas, por exemplo, como você fazia quando tinha dezessete anos — os dois riram.

— Falando assim parece que eu já sou uma velhinha...

— A velhinha mais linda do mundo! — Tiago beijou a noiva. — Amor, não se preocupa, tá? Você vai parar de vomitar um dia... —Loreley deu um tapa no braço de Tiago e voltou a abraçá-lo.

— Como vai se chamar o nosso bebê?

— Sei lá.

— Sei lá é um belo nome. Sei lá, vem tomar banho! — Loreley caiu na risada.

— Tá vendo como você não está morrendo coisa nenhuma?

— Mas eu tô falando sério, nós temos que decidir como o nosso filho vai se chamar.

— Eu pensei, se for menino, claro, em Tiago, e concorde comigo é um belo nome — Tiago riu.

— É sim um belo nome, mas e se for menina?

— Ginevra! Minha mãe vai ficar uma fera se neta dela não tiver o mesmo nome que ela.

— Ah, me desculpe Tiago, mas eu não vou colocar o nome da minha filha de Ginevra, fala sério, ela me odiaria para sempre! — ela se desvencilhou dos braços de Tiago.

— É, eu também acho, mas como vai ser um menino, você não vai ter esse problema —ele puxou-a de volta para o seu colo.

— Você sabe que pode ser uma menina.

— Sempre tem o risco — eles ficaram em silêncio por um instante.

— Tiago?

— Hum?

— Nós vamos ficar morando na Irlanda? Quer dizer, quanto tempo ainda?

— Taí uma boa pergunta, eu não sei, mas por que você tá perguntando?

— Por que sinceramente eu não sei como decorar o quarto do nosso bebê na Irlanda trouxa, se nós estamos na Inglaterra bruxa, entendeu?

— Hum... — Tiago não demonstrou interesse em discutir esse assunto.

— E os preparativos do casamento? — Loreley perguntou empolgada.

— Estão muito bem, obrigado! Minha mãe sabe organizar direitinho uma festa, ah, você, nós precisamos decidir quem nós vamos convidar. Eu acho que são umas trinta ou quarenta pessoas, por que, convidado, convidado, mesmo, são só... Hagrid e Maxime, Rubinho, o chato do Malfoy, a Rose...

— O pessoal do time, o Olívio e a família dele, os seus amigos de Hogwarts, alguns amigos do seu pai, a diretora Bones e a filha, que por sinal se incluem nos amigos do seu pai, os seus tios, seus avós, é eu acho que são só uns trinta mesmo — Loreley disse sarcasticamente e suspirou, a ideia de muitos convidados a assustava.

— Eu não vou convidar o Natan, ou melhor eu vou sim, quero só ver a cara dele — Tiago fez uma cara que parecia a de uma criança que pretendia fazer uma travessura.

— Ainda bem que a sua mãe sabe organizar uma festa direitinho, por que se dependesse de você... eu nem sei como seriam os seus métodos de classificação para ser convidado — ele fez cara de que não havia entendido ou pelo menos não queria. — Ficou com a Loreley, não é convidado; bateu no Malfoy convidado; não me acha legal e vem só para dar em cima da minha noiva, não convidado... Um desastre total! — ele riu do jeito como ela falava.

— Só você mesmo, Loreley.

— Só você, Tiago. Eu acho que estou enjoada do quarto cor-de-rosa da Lily.

— Falando em Lily, acredita que o papai pegou ela e o Rubinho no maior amasso?

— Fala sério! Seu pai não tem noção?

— Quase nunca, ele adora cortar o lance de alguém.

— Caramba, taí uma coisa que eu gostaria de ver, Lily e Rubinho! — Loreley não conseguiu controlar a risada e Tiago acabou rindo também.

— Não ri, cara, é minha irmãzinha...

— Tá, mas... tipo, a Lily é tão pequena perto dele, quer dizer, deve ser bem complicado.

— Eles devem dar o jeito deles. Então, se você acordar melhor amanhã, nós podemos ir falar com seus avós em Godric’s Hollow, o que você acha?

— Tudo bem.

— E aproveitando que você parou de vomitar, eu posso dormir aqui com você não é?

— Com certeza.