Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist
No dia seguinte teria a tal festa de apresentação oficial de Tiago, mas durante o dia eles ficaram ocupados pensando em que lugar iam morar; felizmente Julian estava disposto a ajudar.
— Eu posso conseguir o apartamento que você quiser, Tiago. Só preciso saber se vocês preferem uma casa no mundo trouxa ou no mundo bruxo.
— Bruxo — Tiago disse.
— Trouxa — Loreley falou ao mesmo tempo que Tiago. — Bom, tanto faz.
— Ok, eu vou fazer alguns contatos, talvez ainda hoje vocês possam se mudar.
— Obrigado, Julian.
— Agora eu tenho coisas pra resolver. Com licença — Julian saiu e deixou Loreley e Tiago tomando café da manhã.
— Por que você quer morar com os trouxas?
— Ah, sei lá, Tiago, tanto faz, na verdade.
— É, tanto faz.
— Eu só não quero ficar morando aqui.
— Por que?
— É chique demais!
— Tem razão. Temos uma festa para ir hoje à noite! Dá para acreditar, festa?
— Bom, eu gosto de festas.
— Eu também, mas não era exatamente o que eu esperava.
— Não se preocupe, você vai ter muito tempo para jogar quadribol, Tiago. Eu é que não tenho tempo para conseguir uma roupa para ir para uma festa hoje à noite, eu nem conheço as lojas de Dublin.
— Você já ouviu falar numa coisa chamada magia, Loreley? É útil de vez em quando — quando eles terminaram de tomar o café, Tiago foi conhecer mais pessoas que trabalhavam no time, ele não sabia que tinha tantas; Loreley ficou sozinha no quarto; precisava dar um jeito num vestido para usar à noite.
Quando fez as malas pra viajar a última coisa em que pensou foi em colocar um vestido de festa na bagagem. Loreley pegou o uniforme de Hogwarts, jogado dentro da mochila, amassado; mas era a roupa mais “social” que ela tinha, o resto se resumia a calças jeans, minissaias e camisetas baby-look.
— Ok, Loreley, se o Tiago, que é homem consegue jogar quadribol, por que eu não consigo transformar esses trapos num vestido de festa? — pela primeira vez Loreley pensou que talvez as aulas de transfiguração servissem para alguma coisa, afinal!
Revirou a mochila até encontrar a varinha, apontou para a roupa em cima da cama e pronunciou as palavras mágicas — “Vera Verto” — o vestido que Loreley conseguiu era tão simplesinho que dava pena, ela sentou desanimada na cama, pegando a veste.
—Chanel ia ter um infarto se visse isso. Mas, também, o que essas bruxas entendem de moda, afinal de contas? Isso deve dar pro gasto. — esperou que Tiago voltasse logo, mas como ele não chegou ela saiu para dar uma volta. Acabou encontrando Julian.
— Miss Gilmore.
— Só Loreley, por favor.
— Como vai, Loreley?
— Bem, obrigada; você viu o Tiago?
— Sim, acabei de vê-lo, está com o Wood e os outros jogadores.
— Pensei que ele só começaria a treinar depois da, ahm, apresentação oficial.
— Oficialmente, sim, mas, cá para nós, o Wood não está disposto a esperar pelas formalidades.
— Sei.
— Bom, você precisa de alguma coisa, Loreley?
— Não, tudo bem, Julian.
— Te vejo na festa, tenha um bom dia.
— Até! — Loreley acenou para Julian e continuou perambulando; depois de cansar de andar de um lado para o outro voltou para o quarto e escreveu uma carta para os avós Gilmore, explicando por que tinha viajado sem se despedir direito deles. Quando Tiago voltou já estava na hora da festa, e já encontrou Loreley vestida.
— Você conseguiu um vestido?
— Ok, pode falar... tá horrível.
— Não, imagina, você tá muito linda, você é linda. Eu vou me trocar — Tiago entrou no banheiro, e os dois continuaram conversando através da porta. — O que você fez o dia todo?
— Nada, quer dizer, dei uma volta por aí, escrevi para a vovó Gilmore.
— Escreveu para sua vó, legal.
— É, eu precisava explicar para ela, enfim, nossa despedida ficou meio estranha. E você, fez o que dia todo?
— Eu só ia conhecer o campo, mas o time estava treinando, o Wood sugeriu que eu desse uma volta teste, depois quis mostrar algumas jogadas, resumindo, acabei ficando no treino.
— E como é o time, os tigres? Bravos?
— Eles são os melhores do mundo, Loreley, é um sonho jogar com eles — Tiago saiu do banho. — Você precisa ver a dupla de artilheiros, demais! Ah, eu encontrei o Julian, ele encontrou um apartamento, do jeito que você quer, no mundo trouxa, não muito grande, mas confortável.
— A gente pode ir ver amanhã?
— Você pode ir ver amanhã. Eu tenho treino, meu primeiro treino como jogador, oficialmente.
— Bom, e se eu gostar?
— Se você gostar, pode alugar. Loreley, eu já falei quanto eu vou ganhar jogando aqui?
— Humhum.
— 100 mil galeões, por temporada.
— Isso é quanto, quer dizer, em moeda de trouxa?
— Não sei exatamente, mas fazendo uma analogia, seria, como o salário de um jogador, do... — Tiago tentou lembrar o nome do time de futebol que Loreley gostava.
— Manchester?
— É, o White Tigers é o Manchester do quadribol.
— Tô impressionada! O que você vai fazer com tanto dinheiro?
— Não faço ideia — Tiago deu uma risada divertida. — Mas não importa, o que eu mais quero é jogar grandes jogos, ser campeão. Eu queria que meus pais estivessem aqui hoje, é o dia mais feliz da minha vida.
— Seus pais estão com você, Tiago.
— Eu sei; é tão estranho ter que me virar sozinho, quer dizer, pela primeira vez na vida eu não tenho minha mãe cuidando das minhas roupas, fazendo a comida, e controlando tudo que eu faço; é uma sensação estranha, porque é legal ter liberdade para fazer o que eu quiser, mas também é assustador. Estranho né?
— Eu ouvi dizer que isso se chama vida adulta.
— Tá pronta?
— Sim.
— Então vamos — Tiago deu o braço a Loreley e os dois foram para o salão.
Quando Loreley entrou e deu uma olhada em todos os presentes desejou não ter ido; se soubesse que encontraria uma concentração tão grande de Versace, Dior e Armani nem tinha se dado ao trabalho de sair do quarto usando aquela coisa que ela ousou chamar de vestido.
— Também não precisa exagerar, Loreley.
— Tiago, se tem uma coisa com que não se brinca no mundo é com a vaidade de uma mulher! Olha para elas, todas, tão, lindas, e olha pra mim...
— Ahm...
— Tiago! Que bom que você chegou! Miss Gilmore! — Julian cumprimentou Loreley com um beijo na mão; a elegância do rapaz fez ela se sentir ainda mais maltrapilha.
— Hey, Julian.
— Tem pessoas ansiosas para ter conhecer pessoalmente, Tiago, vem comigo?
— Claro; Loreley.
— Eu vou ficar, ahm, vou pegar alguma coisa para beber, tô com sede.
— Tá bom, não exagera ok?
— Vou tentar — Loreley deixou Tiago ir, pegou uma taça de bebida e sentou num banco um pouco afastado, mas que permitia ter uma visão completa do salão. Tiago estava no meio de gente importante, Loreley deduziu por que o homem que conversava com ele usava roupas muito elegantes e estava acompanhado por uma mulher usando um Versace lindo de dá inveja! Julian estava fazendo o papel de assessor perfeitamente, como se controlasse as pessoas que chegavam perto e falavam com Tiago.
— Hei, você tá escondida aí por que? — Natan Wood chegou e sentou ao lado de Loreley.
— Oi; não esperava te ver por aqui.
— Tá brincando? Uma festa nunca é demais.
— Você tá bonito!
— Obrigado. Você também... tá...hum...
— Ok, eu sei que está terrível. Principalmente perto de todas elas.
— Na verdade não, você está mais linda que qualquer uma dessas garotas.
— Valeu, Natan, seu mentiroso.
— É, eu sempre menti muito bem mesmo. Falando em beleza, o Tiago está falando com a própria!
— Quem?
— Natasha Semeóvna, a goleira gostosa —Loreley olhou na direção de Tiago e viu ele conversando com uma mulher, se sentiu péssima, mal vestida, e feia, perto dela; tão alta, pele branca, cabelos longos, olhos pretos grandes.
— Poxa, ela é...
— Eu é que não ia conseguir jogar com uma mulher dessa perto de mim! Ei, você não quer circular pela festa?
— E ofuscar a deusa da beleza? Claro. Você conhece todas essas pessoas?
— Não, só as pessoas importantes! Aquele — Natan apontou um bruxo velho, de bigodes, que estava fumando charutos — é Ernest Dale, um dos donos do time; aquela loira ali, Philipa Parker.
— Alguma coisa do Julian?
— Irmã. Noiva do Dale.
— Noiva? Mas, ela é muito jovem para ele.
— Conveniente, não? O Dale não vai durar muito mais, então, os Parker tomam conta dos negócios.
— Uau! Eu não sabia que existia esse tipo de coisa no mundo bruxo.
— Bruxo ou trouxa, todos são humanos, Loreley. Bom, agora eu vou te apresentar umas pessoas bacanas; da escola do Oly.
— Aqui tem escola de magia?
— Claro, nada comparada a Hogwarts, mas... hey, pessoal.
— Nat! Oi — Oly estava junto com quatro colegas; dois garotos e duas garotas; todos estavam vestidos da mesma maneira formal-elegante que Natan; os rapazes usavam jeans, camisa de manga comprida e blazer, e as garotas vestido longo. Uma tinha o cabelo curto, a outra, longo.
— Pessoal, essa é a Loreley, mais uma estrangeira. Stephen, Gwen, Hector, Page. O Oly você já conhece.
— Oi, Loreley.
— Oi. Ahm, todo mundo!
— Você é estrangeira?
— Eu vim da Inglaterra.
— A Loreley é namorada da grande estrela da noite.
— Sério? — perguntou a menina de cabelo curto. — Uau, você é uma garota de sorte!
— Obrigada.
— A Gwen e a Page são membros do fã clube do Tiago Potter — disse um dos garotos, o que se chamava Hector.
— O Tiago já tem um fã clube? Nossa, eu não posso deixar ele saber disso!
— Falando sério, você deve amar quadribol — disse Stephen.
— Por que?
— Para namorar um jogador...
— Na verdade...
— ... ela adora quadribol; ela jogava em Hogwarts, não é? E, foi até convidada para jogar em um time na Inglaterra, mas, o amor falou mais alto.
— Que fofo, Loreley.
— Aham. Vocês me dão licença só um minuto? Nate, vem aqui, por favor — Loreley puxou Nate para longe do grupo. — O que você tá fazendo?
— O que?
— Por que você disse a essas pessoas que eu gosto de quadribol? Que eu jogo quadribol?
— Todas essas pessoas vivem e respiram quadribol.
— E o que isso tem a ver comigo?
— Eu só pensei que você não quisesse ficar perdida, por fora, desculpa.
— Natan, ok, obrigada por querer ajudar, mas tudo bem, eu sei me cuidar sozinha. Ok? Eu vou procurar o Tiago — no caminho Loreley pegou mais uma taça de bebida; finalmente conseguiu encontrar Tiago. — Então, já podemos ir?
— Você não está se divertindo?
— Não. Quer dizer, eu só, tá meio chata essa festa.
— É, mas eu não acho legal ir embora assim, quer dizer, sem me despedir de ninguém. Tudo bem?
— Sim, claro, essa é sua festa de apresentação oficial.
Tiago continuou na festa, conhecendo as pessoas, sendo apresentado a todos; Loreley tentou interagir, mas não estava conseguindo, Natan estava certo quando disse que aquelas pessoas viviam e respiravam quadribol, até as bruxas que usavam Chanel e Dior não falavam de outra coisa; finalmente entendeu o que Natan quis dizer.
— Acho que eu fui injusta com você — disse ao se aproximar dele.
— Não, tá tranquilo. Quer uma bebida?
— Por favor. Eu tentei conversar com a deusa da beleza, e ela só fala de quadribol e começou a falar dos jogos da última temporada de como foi difícil se recuperar do balaço que a atingiu no jogo contra o, enfim, esqueci o nome do time; ela é muito chata!
— Tem razão.
— O que é um balaço?
— É uma das...
— Não! Eu só estava brincando.
— A Natasha foi atingida por um, dois jogos antes da final do campeonato, você tinha que ver como o meu pai ficou; ele queria que o batedor que atirou nela fosse suspenso, foi uma confusão, mas ela conseguiu se recuperar a tempo de jogar a final. Foi um grande jogo.
— Você entende muito de quadribol, para um...
— Trouxa? É, que as vezes eu gosto de conversar com o meu pai, sabe? E, a única coisa sobre o que ele fala é quadribol, então.
— Oh meu Deus, o Tiago só sabe falar de quadribol. Bom, ele falava da Rose, mas agora ela se casou, então, você acha que eu deveria aprender alguma coisa sobre esse, ahm esporte?
— Pelo menos os nomes dos times contra os quais ele vai jogar.
— É, pode ser uma boa ideia.
— Se você quiser ajuda...
— Eu vou precisar.
Loreley ficou conversando com Natan; o garoto tentava explicar as regras mais elementares do quadribol mais não conseguia obter sucesso. Tiago apareceu.
— Hei, você tá ai! Ah, oi, Natan!
— Oi, Tiago, tudo bem?
— Anham, hum, eu não tinha te visto na festa ainda...
— É que você estava muito ocupado para prestar atenção em reles mortais como nós —Loreley falou abrindo um sorriso e colocando os braços em volta do pescoço de Tiago; eles se beijaram e Natan ficou constrangido.
— Vamos embora.
— Até que enfim! Natan valeu pela aula, a gente se vê.
— Hum, a gente se vê; boa sorte Tiago, com o time.
— Valeu, a gente se vê.
Os dias seguintes foram agitados; Tiago começou a treinar oficialmente; voltava dos treinos eufórico, como se ainda não acreditasse que estava acontecendo; enquanto isso, Loreley depois de desistir de aprender qualquer coisa sobre quadribol, estava ocupando-se com o apartamento que alugaram; e como suas habilidades com as tarefas do lar eram tão mínimas quanto seus conhecimentos sobre quadribol, gastava grande parte do dia arrumando e desarrumando os móveis.
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