Três coisas mexiam com as vidas dos alunos de Hogwarts, em ordem, os exames finais, a final de quadribol, e a festa de despedida de Minerva McGonagall do cargo de Diretora.

Tiago estava irritado porque os exames foram marcados para antes do jogo mais importante do ano, e como se não bastasse isso, ainda não tinha resolvido a história com Loreley, portanto estava com medo, de não conseguir boas notas nos exames por causa do jogo próximo, e de não conseguir vencer o jogo por se preocupar em resolver a história com Loreley.

No último dia de exames, Rose saiu da sala quase passando mal, encontrou Loreley sentada no pátio, e sentou ao lado dela.

— Está tudo bem com você, Rose?

— Não sei, foram os exames, acho...

— É que você está muito pálida!

— Eu estou bem...

— Se você diz.

— Como você se saiu nos exames?

— Melhor do que esperava, para dizer a verdade. E você?

— Não fui tão bem.

— Isso é mesmo difícil de acreditar. O que poderia ter acontecido para você não ir bem nos exames? Você e o James estão com problemas?

— Não, tudo bem entre o James e eu —Rose disse sem nenhuma segurança na voz e visivelmente envergonhada.

— Desculpe, eu não queria invadir a sua privacidade, desculpa... — Loreley se levantou.

— Não, Loreley, espera... tudo bem, eu queria mesmo falar com alguém, mas...

— Tudo bem se você quiser falar comigo, eu não sei se sou boa com essa coisa de conversar, mas eu posso tentar.

— Eu... eu e o James...

— Ah! É isso! E o que aconteceu, não foi... bom?

— Não, não, não é isso, foi bom, muito bom — Rose admitiu sem graça.

— Então, o que aconteceu?

— Acho que eu estou grávida.

— Uau!

— Ah, desculpa, eu não deveria estar falando com você, desculpe, mas, eu não... eu precisa falar com alguém... eu, acho melhor ir embora...

— Hey, Rose, espera um pouco, olha, desculpa, eu fiquei meio chocada com essa notícia. Eu não esperava algo desse tipo de você... não é o seu estilo, sabe? Mas, você tem certeza? — Rose voltou a sentar e escondeu o rosto com as mãos.

— Não, não certeza absoluta, mas, tenho poucas dúvidas.

— Poxa, legal né?

— Legal?

— É, você vai ter um bebê, afinal.... Acho que isso é bom.

— É que eu não sei como isso foi acontecer...

— É, a maioria de vocês não se preocupa muito com isso... — as duas garotas ficaram em silêncio por um instantes. Ambas não sabiam muito bem o que fazer; Rose não estava acostumada a falar de assuntos íntimos com uma pessoa que ela não conhecia bem, e Loreley não tinha costume de conversar com ninguém sobre nada; mas queria poder ajudar Rose. — Bom, mas se for verdade, tudo bem, não pode ser uma coisa ruim, não é verdade? Você está preocupada com o James, é isso? Acha que ele não vai gostar?

— Não, o James não é um problema, ele me ama, e eu tenho certeza que ele vai adorar ter um bebê... sabe, ele me disse uma vez que queria ter um filho... o problema é meu pai, eu tenho certeza que ele não vai aceitar numa boa...

— Por que você acha isso? Quer dizer, já se foi o tempo em que as pessoas levavam esse lance de ter filho só depois do casamento a sério...

— Meu pai não gosta muito do James.

— Isso muda um pouco a história. Mas o seu pai te ama, ele vai acabar entendendo e aceitando.

— Será?

— Claro, é isso que os pais fazem, Rose.

— Talvez você tenha razão.

— Pode apostar que sim... você já falou com o James?

— Não, eu quero ter certeza absoluta antes de contar para ele... poxa, obrigada, Loreley, por falar comigo, esse segredo estava me matando, eu acho.

— Eu nunca fui muito boa com essa coisa de amizade...

— Sério? Porque você parece uma ótima amiga.

— Imagina...

— Há pouco tempo eu estava me sentindo muito mal, agora, estou bem melhor, porque você me ajudou... desabafar é sempre bom, alivia, de verdade.

— É...

— Bom, se você quiser falar alguma coisa também... — por um segundo Loreley pensou que seria bom contar todos os seus ‘grilos’ a alguém, compartilhar aquilo tudo que lhe atormentava com outra pessoa, mas achou que Rose teria mais com que se ocupar do que suas paranoias, afinal ela teria um bebê em breve.

— Obrigada, Rose, mas eu sou uma pessoa muito sem graça, sabe...

— Não, você é engraçada!

Loreley e Rose ficaram conversando, até riram, como se fossem mesmo velhas amigas. De longe Tiago viu as duas, e também achou aquela cena inacreditável; quando Loreley se levantou e deixou Rose sozinha ele foi até ela.

— Oi, Rosinha.

— Sempre que você me chama assim está querendo alguma coisa, Tiago.

— Poxa, você acha que eu sou mesmo esse tipo de pessoa?

— Então o que você quer?

— Como foram os exames para você?

— Não tão bons quanto eu esperava.

— É, para mim também não, mas eu não estou preocupado, eu vou jogar quadribol depois da escola, não preciso de boas notas. E você, vai fazer o que depois da escola?

— Eu? Bom, ainda não pensei nisso.

— Ahm... você estava conversando com a Loreley?

— Estava.

— Sobre o que?

— Tiago, cadê a sua educação?

— Desculpa, foi mal, é que, sei lá, a Gilmore não bate muito bem da bola né? Fico imaginando o que você poderia ter para falar com ela...

— Acho que você faz uma ideia muito errada da Loreley. Se bem que eu também já pensei que ela fosse diferente, mas, acho que ela só é confusa, e... Tiago, você está bem? — Rose disse, percebendo que Tiago estava sério, pensativo, e na verdade parecendo preocupado com alguma coisa.

— Como assim?

— Você parece preocupado, aconteceu alguma coisa?

— Nada, só... bom, o jogo, afinal, depois do que aconteceu ano passado... você sabe...

— Eu sei. Espero que se você perder o jogo não tente matar meu namorado de novo.

— Eu mereço isso, Rose, de verdade!

— Olha, você está bem estranho, nem parece o mesmo Tiago, sério!

— Rose... será que... será que você poderia me perdoar? Eu quero dizer, por todas as besteiras que eu já fiz com você, e com o Malfoy?

— Tá...

— Obrigado —Tiago deu um abraço em Rose. — Obrigado, Rose — e se levantou e saiu.

Rose passou o dia imaginando um jeito melhor de contar a James sobre a gravidez, embora não estivesse cem por cento certa, não tinha muitas dúvidas, afinal. E mesmo que estivesse enganada, seria melhor passar por isso com ele ao lado; James passou o dia também ocupado, ajudando alunos do primeiro ano com os exames de recuperação; e eles só se encontraram à noite; na hora do jantar Rose esperou que todos saíssem do salão comunal de Grifinória para poder conversar com James em particular.

— Poxa, eu nem acredito que as férias chegaram! Então você tinha uma coisa muito importante para dizer, Rose? O que é?

— Aconteceu uma coisa, James.

— Bom, tudo bem, o que aconteceu?

— Eu... ahm, é que...

— Rose, assim você me assusta, qual o problema, meu amor?

— Acho que eu tô grávida.

— Oh! Nossa, Rose, uh! Você não deveria me dizer isso assim, de repente...

— Desculpe...

— Não, não se desculpe, eu só... bom, uma notícia tão incrível merecia mais preparação!

— James!

— Você tem certeza, quer dizer, você está mesmo esperando um bebê?

— Noventa e nove por cento de certeza.

— Eu vou ser pai! Que maravilha! — James abraçou Rose. — Oh, Rose, você me faz tão feliz.

— Eu te amo... mas, o que você acha que nossos pais vão achar disso?

— Quando você diz nossospais, você quer dizer seus pais?

— Seus pais também, afinal...

— Não importa.

— Claro que importa, James.

— Eu sou maior de idade agora, posso fazer o que eu quiser. E você também.

— Mas...

— Mas é claro que nós vamos fazer o possível para resolver isso de uma maneira amigável para todo mundo. Não se preocupe, seus pais vão entender.

— Se você estiver comigo eu consigo enfrentá-los.

— Não se preocupe, eu sempre vou estar com você, Rose, sempre.

— Preciso falar com a minha mãe, isso vai ser difícil...

— Bom, vamos deixar para depois da festa de McGonagall, eu vou com você, vamos falar com seus pais juntos.

— Tudo bem! Ahm... seus pais vem para festa?

— Eu não sei, espero que sim.

— Você acha que eles vão gostar de mim?

— Rose, é impossível alguém não gostar de você. Relaxa, vamos comemorar a melhor notícia que você poderia me dar na vida!

— James, você é a melhor coisa que eu aconteceu na minha vida.