The Dead Test – O Teste Morto escrita por Pedro Haas


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Eu estava pensando, eu ando meio lento com o desenrolar dessa fic, n se preocupe, ela foi preparada pra ser longa, talvez uns 50 capitulos se tudo correr bem! kk, although isso signifique eu possa largar ela, isso tambem significa que a historia está bem pensada e n vai ser aleatoriamente que nada aqui vai acontecer! u.u

kk parece que eu sou adepto a capitulos com numeros (quase) redondos de palavras ashsahash



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Adentro aquela casa grande e luxuosa perto do fim do condomínio. Não há muito o que se dizer de sua fachada, certamente a grama não estava bem cuidada como seria em uma situação normal, mas, oras, estamos no fim do mundo. Com os dedos entrelaçados com os de Isabelle, que olhava ao redor o tempo todo, acostumada a sempre perceber perigo, eu caminho em direção à varanda, giro a maçaneta da porta e entro.

Por reflexo, memória muscular talvez, eu coloco a mão na cintura e quase saco minha arma, mas Isabelle a segura, e minha ficha cai. Isso me deixa um pouco emocionado, bem, talvez qualquer um ficaria, pois ela já estava com o rosto coberto de lágrimas quando o vejo refletido das pequenas luzes de LED que estavam por todo canto da casa. Ela me abraça e sinto suas lágrimas caírem em meus ombros novamente, porém era diferente desta vez, agora não chorávamos por desespero, muito menos por medo; era alegria, pela primeira vez em muito tempo não nos sentíamos tão seguros. A preocupação por ter que escanear procurando um monstro havia acabado, não precisávamos mais nos preocupar com isso. Poderíamos finalmente deitar em uma cama macia e confortável, conversar sobre o dia, sobre o que cada um fez enquanto estávamos separados como... Como antes.

Eu a levanto e a balanço por aí, como eu sempre fazia quando queria acalma-la, e funcionava, pois ela ria baixinho — sempre sabendo que não podia fazer barulho algum e, sendo surda, se esforçava ao máximo para não o fazer —, agora, ela ria e gargalhava alto, e eu me lembro que há muito tempo não escutava esse som.

Com lágrimas no rosto, eu sorria.

Começamos a correr pela casa, quase sem prestar atenção nos detalhes. Ela estava correndo, mas agora de mim, agora de brincadeira. Uma brincadeira antiga, porém, sempre divertida; pega-pega. Antigamente, ela gostava de correr, explorava o playground da escola, e eu sempre corria atrás dela querendo que ela parasse, mas ela não parava e ria da minha cara de cansado, era frustrante. Agora, eu corro atrás dela fazendo caretas, e ela, com seu corpo magro, se desvia de mim quando tento pegá-la, sobe no sofá, na mesa de jantar, corre pela cozinha e os quartos que estão no andar de baixo.

Na cozinha, ela me rodeia e abre os armários, haviam latas de um material que eu não havia visto em muitos lugares, tinha impressão de terem sido feitas no pós-apocalipse, pois estavam lacradas de formas anormais e em caixas de madeira.

"Comida!", ela gesticula com fervor, e eu aceno que sim ainda mais animado.

"Sim!", eu tiro uma daquelas latas esquisitas e tento abrir, faço uma careta e Isabelle dá risada, "E me parece estar longe de estar estragada", eu digo a ela, uma comida estar estragada começou a se tornar cada vez mais normal, o que nos fazia sempre voltar à pequena floresta para buscar frutas ou qualquer outra coisa, resultado, estávamos quase sempre morrendo de fome. Raramente encontrávamos boas coisas enlatadas e com validade segura para serem digeridas.

Maldito lugar que não tem comida enlatada.

A lata era opaca, mas algo amarelo parecia estar lá, eu estava rezando para serem batatas. Isabelle pula em cima de mim e meu corpo se assusta, mas ela rouba a lata sorrateiramente e começa a correr de novo. Ela ri. Eu rio.

Eu a persigo novamente, tentando fazer caretas engraçadas para que ela ria mais, para que eu ouça o som de sua voz novamente. Ela corre para a sala e sobe no sofá com a lata em uma das mãos e a outra na cintura, estava me chamando de fraco? Ela segura a lata e retira alguma coisa de uma parte da tampa que eu não enxerguei direito, ela joga isso no sofá e abre a tampa com a maior facilidade. Ela faz uma careta, que menina esperta!

Na lata haviam pedaços de batatas cortadas para fazer batata-frita, meu olho até brilhou. Isabelle deu a volta pelo sofá e eu a olhei, ela queria voltar a brincar?

Deixei a lata na mesa de centro e ela se aproximou de mim e segurou minha mão, depois, virou seu rosto para a escada. Na casa haviam duas escadas, uma para o porão, mas nem a percebemos no calor da brincadeira, e também tinha uma escada para o segundo andar. Ao contrário das outras casas que víamos em nossas andanças, o andar de cima estava iluminado, mas mesmo assim, Isabelle não queria ir lá sozinha, bem, eu não a culpo. Nossa brincadeira iria continuar, depois que investigássemos o segundo andar.

Eu seguro a mão dela e subo, ela vem atrás, enquanto eu subo degrau a degrau lentamente. Imagino se um dia isso se tornará nostálgico, pelo tempo que fui obrigado a estar sempre alerta, enquanto passávamos pelas cidadezinhas, as pobres e as ricas, e entravamos em todos os tipos de lares possíveis. As casas eram de todos tamanhos, algumas limpas, algumas bem sujas, mas sempre todas bem empoeiradas. Gente que havia apenas fugido com a roupa do corpo, ou levando algumas malas, ou tentando fazer uma mudança completa, pensando que seria apenas uma epidemia de uma doença assustadora, mas passageira; esses eram os de menor quantidade, de vez em quando víamos os caminhões de mudança cheios de móveis na estrada. Entravamos em lojas diversas, eletrônicos, sapatos, roupas e etc. Quase todas estavam depredadas ou foram totalmente reviradas, eu tentava sempre fazer parecer uma grande aventura para Isabelle, não sei se funcionava.

O fruto do medo dela era esse, ela não conseguia ir para nenhum lugar que fosse minimamente escuro. Eu preferia que continuasse assim.

As escadas terminavam diretamente em um corredor nada estreito que ia da esquerda para a direita, se olhasse para esquerda, veria a porta do toalete limpo e brilhante, e a porta de algum quarto; olhando para a direita, dois quartos, um do lado da escada e outro do outro lado. Essa casa era bem maior do que de qualquer amigo que eu já tive antes da epidemia.

"Vem comigo ao banheiro, irmão?", ela pediu, me olhando com uma cara um pouco chorosa, então eu a levei até lá.

Nós abrimos a porta e vimos um banheiro com azulejos brancos com algumas listras pretas, o vaso sanitário fechado e limpo e um box para tomar banho. Ele era grande e quadrado, e me fazia lembrar de casa. Segurei o choro novamente.

"Não precisa ter medo, Isabelle", eu gesticulo para ela com um rosto relaxado, "Fica sossegada".

Ela olhou para a porta e para o vaso, e depois para mim. Eu entendi o recado.

Enquanto ela fazia suas necessidades eu montava guarda sentado na frente da porta fechada do banheiro. Tudo estava sendo muito louco, inesperado, surpreendentemente bom. Há anos que víamos só desgraça. Era nossa recompensa? Não é de se espantar que depois de tantos anos os humanos já não estivessem se reorganizando, poxa, sobrevivemos à era do gelo, ao dilúvio, essa epidemia acabou com muitos de nós, mas não morreremos assim facilmente. Será que existiam outras cidades como essa? Será que elas já estavam se reerguendo e eu e Isabelle que estávamos andando por aí como dois perdidos? Com certeza, com toda a tecnologia que esse condomínio tinha, há mais cidades como essa. Tem que haver.

Enquanto eu me perco nos meus pensamentos, ouço um barulho —Um chiado —, vindo do quarto ao lado do banheiro. Não pode ser!

Me levanto rapidamente, empolgado. Abro a porta e lá está uma cama de casal e um pequeno armário, uma configuração normal de casas como essa, mas havia alguma coisa em cima do criado-mudo ao lado da cama.

Um rádio! E um walkie talkie também.

Era um pequeno radinho a pilhas, com uma antena ao lado, e medidores de volume, meu deus!

Ele chiava baixinho, e enquanto eu tentava sintonizar alguma frequência, Isabelle apareceu na porta observando minha empolgação.

— Alô Alô! – Disse uma voz no rádio em meio ao chiado – Você está ouvindo a voz de Prestesburgo, 20:31 da noite.

É um programa! É a porra de um programa de rádio!

— Hoje poucas coisas mudaram, ainda bem – ele ri – hoje chegaram novos moradores em Prestesburgo, os filhos do Dr. Jonas Delevigne – a ficha demorou a cair, mas depois ele percebeu. Estavam falando deles – Mas não assustem eles, certo? Vamos dar uma recepção calorosa a eles amanhã, deixem os coitados descansarem!

O que significava aquilo? Eles conheciam meu pai? Afinal, que lugar era esse?

Ele continuou a falar coisas sobre a cidade, sobre as perspectivas para o futuro dentre outras coisas, e então colocou uma playlist de músicas que eu não escutava há vidas atrás me dando um pequeno golpe de nostalgia. Deixei o rádio tocando e sentei na cama, Isabelle se aproximou, ela parecia identificar que eu estava preocupado.

Eles estavam nos esperando? Estavam nos procurando? Meu pai foi citado como se fosse famoso, mesmo que ele tenha sido um pesquisador importante, isso foi há muito tempo. E, mesmo que eles o conhecessem, o que diabos isso quer dizer? Eu deveria estar preocupado? Talvez fosse uma coisa boa eles o conhecerem, eu não serei tratado como um completo estranho...

Minha cabeça começa a queimar, e percebo que também preciso ir ao banheiro e que Isabelle diz estar com fome. Bem, olhe para todas as coisas boas que tem nos acontecido essa noite, nossa vida era outra há 5 horas atrás. Para nós que vivemos o inferno, o que vier a partir de agora é lucro, não?

***

Depois de nós dois termos tomado banho, era a hora sagrada da refeição. Batatas, arroz, feijão. Os olhos de Isabelle brilhavam quando eu pus o prato na mesa. De acordo com o rádio, já estávamos na casa das 22h, e começamos a sentir nosso corpo pesado, antes do banho, achamos algumas roupas limpas e confortáveis para nos trocarmos, e o banho nos arrancou risos e lágrimas de satisfação e saudades. Há quanto tempo não tomamos um bom banho? Um com direito a ficar 30 minutos embaixo do chuveiro cada um? É claro que provavelmente há racionamento de água, mas, ninguém deixou avisado, então não faz mal ser só por hoje.

Devoramos a comida rindo e contando piadas. Ela ria de boca cheia, que feiosa.

"Arthur" ela me chamou, "Se o papai era famoso, por que nós não éramos ricos?".

"Ora vamos, a gente tinha dinheiro, lembra o quanto sua aula de balé custava?"

Ela me mostrou a língua, "lembro, lembro sim! Também lembro daquele seu cursinho de informática que você nem estudava direito, mas passava, seu nerd!", ela deu a gargalhada mais gostosa que eu já ouvi, eu enchi as bochechas fazendo uma careta.

"Você ainda quer dançar balé?", eu pergunto, sutilmente.

"Eu...", ela faz uma pausa e desvia o olhar, "Eu não sei, eu não teria deixado as aulas se não fosse... Se não fosse tudo o que aconteceu, mas...", ela me olha com os olhos lacrimejando, não deveria ter perguntado isso, "Você acha que eu poderia...?".

"Claro! Você viu o quão chique esse lugar é? Alguém aqui te ensina", ela me responde com um sorriso, "Vão te ensinar muita coisa ainda, por exemplo cozinhar sem se queimar inteira", ela joga a colher em mim e eu rio.

Embora a conversa tenha continuado por alguns minutos, nos dois percebemos que teríamos que dormir para o que quer que seja o que o dia de amanhã nos reservava. Eu e ela subimos e fomos dormir, houve uma pequena discussão, comigo tentando convencer ela a dormir em um quarto separado, mas a cara que ela estava fazendo me matava. Contrariado, eu a peguei no colo a levando para o quarto com o rádio, enquanto ela dava risada, eu a deito na cama e me deito do lado dela. O cobertor era sedoso, a cama, macia. Eu estava de costas para ela quando ela me abraçou, e naquele momento, eu era o homem mais feliz que este mundo conseguia criar.

“Momentos felizes para pessoas felizes”.  


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Notas finais do capítulo

ent, leitores? o que gostam da fic? o que nao gostam? como eu posso melhorar? deixem suas criticas e recomendem para seus amigos ♥ obg ♥



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