Sobrevivendo. escrita por L de Louco


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Sim. MAS EU CHEGAY!!!
O que vale é a intenção..
" Intenção? Que mané intenção?! Queremos é capítulos mais atualizados, e, de preferencia, maiores!" ~Sociedade, 2017

Nada é perfeito, meus caros.



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" Ele é tão interessante..." era o que Jimin pensava sempre que via o adolescente loiro passando em frente à lanchonete que trabalhava, cujo o nome foi descoberto mais tarde por um cliente tagarela.

Min Yoon Gi. Min Yoon Gi. Céus, aquele nome era tão bonito. Só não mais bonito do que o dono dele, isso não se tinha dúvida. Jimin se sentia culpado por sentir tamanha atração por aquela criança de dezesseis anos, idade esta que fora contada pela mesma cliente que lhe disse o nome do garoto. Min Yoon Gi. A pessoa que enchia o mais velho de remorso por querer beijar os lábios daquele rapazinho seis anos mais novo que si próprio. Min Yoon Gi. Nome este que era sempre pronunciado completo - nome e sobrenome -numa espécie de reverência silenciosa.

De maneira resumida, Jimin havia ido para aquela cidade mediana do Texas para prosseguir sua faculdade. No inicio se encontrava bastante empolgado. Era fluente em inglês depois de dois anos de curso e estava louco para sentir outros ares além dos sul-coreanos. Mas agora se arrependia amargamente. O calor do Texas era insuportável, e as pessoas, além de rabugentas, pareciam estar constantemente fedidas. Jimin tinha uma certeza: Mal via a hora para terminar a maldita faculdade e voltar o mais rápido possível para seu país natal. Mas, enquanto isso não acontecia, precisava se estabelecer de alguma forma, já que seus pais se negaram a gastar um centavo sequer com ele. Resultado: Conseguiu o cargo de atendente no Burger King, uma lanchonete local.

Era uma segunda-feira primaveril, sete horas da manhã e o sol escaldante já fritava os seus miolos. Jimin estava a caminho do primeiro dia em seu emprego novo, limpo e devidamente arrumado, embora o calor do caramba lhe desse a impressão de que estava suado e fedido. Entrou no estabelecimento - já consideravelmente cheio -, foi até a cozinha que ficava atrás do balcão de atendimento, dizendo que havia chegado para o expediente. O cozinheiro - um moreno barbudo na faixa etária dos cinquenta - assentiu, anotando numa pequena caderneta de que o novo funcionário estava presente. Jimin voltou para seu novo posto atrás da caixa registradora, e apoiando seu cotovelo no balcão e a cabeça sobre a mão, passou a olhar o movimento. Pela janela da lanchonete, dava para ver a muvuca de adolescentes indo para a escola, conversando de maneira escandalosa. Do lado de dentro, alguns adultos comiam sua refeição matinal - vulgo, hamburgers calóricos - em silêncio, para depois seguir para o trabalho. Fato: Todos, sem exceção, parecia entediados. Com uma cara péssima e enfadonha.

" Malditos estadunidenses que contaminam a todos com seu mal - humor inacabável." pensou.

Foi então que ele viu, pela primeira vez, o loiro que iria lhe tirar noites de sono. Logo de início, já chamava atenção por si só. Diferente dos outros, não estava junto com um grupo. Andava sozinho, recuado em um dos cantos da calçada. Apesar do calor, usava um moletom bastante quente, o que fez Jimin pensar que se tratava de um louco. A face neutra e sem expressão lhe causava arrepios, e a pele extremamente clara parecia reluzir. Os fios  de seu cabelo tingidos de loiro possuíam uma raiz escura, precisando de retoques. Apesar dos "poréns", aquele moleque era bonito. Bonito até demais, para falar a verdade, e embora parecesse querer ser invisível para todos, ele provavelmente sempre chamaria atenção pela aparência peculiar, estranha e tão adorável.

Desde então, Min Yoon Gi se tornou o centro do mundo do Jimin. Observar o adolescente se tornou um hábito. Vez ou outra, o loiro fazia alguma refeição na lanchonete, e nessas ocasiões Jimin tentava de todas as formar puxar assunto com o mais novo, mas a conversa nunca fluía mais do que temas sobre o tempo ou o quanto o preço do suco de laranja esta alto.

Outro detalhe era que o mais velho descobrira algumas coisas sobre o loiro. Uma delas era que Min Yoon Gi sempre cheirava a comida antes de experimenta-la. Ele também sempre falava com Jimin em inglês, mesmo os dois sendo coreanos e sabendo a mesma língua. E sempre, repito, sempre!, parecia estar com medo de algo. Ou de alguém.

Quem visse Jimin agindo daquele jeito por um garoto, pensaria que ele era gay. Mas Jimin não era gay. Nem hétero. Nem bissexual.

Ele era Yoonsexual.

Sim, foi isso mesmo que você leu. E, wow, isso foi bem não-macho.

Como todos os dias, Min Yoon Gi passou em frente ao Burger King em direção ao colégio. E o mais velho estava lá, observando-o de dentro do estabelecimento. Naquele dia, o loiro não estava com seu habitual moletom. Os fios descoloridos estavam quase voltando á cor original, e ele usava uma camiseta com a estampa de uma banda que Jimin já ouvira falar.

Aquela banda se tornaria dali em diante o seu novo vício.

— Moço! - Jimin é surpreendido por uma cliente. Pela sua cara de impaciência, ela já devia estar o chamando por um bom tempo. Mas, obviamente, Jimin estava muito distraído em alguém. E esse alguém tinha nome, sobrenome e lindos fios descoloridos.

— Sinto muito, senhorita. Em que posso ajudar? - Ele observou a cliente em sua frente. Uma mulher que não devia ter mais do que trinta anos, a pele escura em um tom acentuado pelo sol, os cabelos crespos presos agressivamente em um coque apertado, os seios avantajados espremidos pela regata justa. Não era atraente, não para o moreno pelo menos. Até porque ela não era a pessoa cujo nome começava com "Y" e terminava com Yoongi.

— Aqui está a conta. - Entregou o recibo para o garoto. No papel dizia que a mesma havia comido dois tacos mexicanos, um bubble tea, um bolinho de baunilha, café e chá gelado. Começou a calcular o preço com o auxilio de uma calculadora, mas logo percebeu que a atenção da morena estava presa no rapaz do lado de fora da lanchonete. Jimin engoliu em seco.

— São vinte e dois dólares.

— O que?

— O preço, moça. São vinte e dois dólares.

A mulher abriu a carteira e lhe pagou, reclamando algo sobre a comida dali ser muita cara. Jimin não disse nada.

— Você viu o garoto que passou ali? - Apontou para a janela.

— Vi sim.

— Bonito, não é?

— Bastante. - O moreno guardou o dinheiro na caixa registradora.

— Eu nunca o vi... Ele é novo na cidade? - Perguntou, interessada, ainda olhando para fora.

— Ele é coreano. Se não me engano, vivi aqui há um ano. - Pegou um pano banhado à álcool embaixo da prateleira, começando a limpa-la. Torcia para que a mulher fosse logo embora.

— Hum. Tenho certeza que ele costuma ficar bastante em casa. Se saísse com frequência, eu já teria o notado.- Prosseguiu. Jimin ignorou-a.

Dando-se por vencida em querer manter uma conversa, a mulher se retirou, não antes de dizer um 'obrigado' seco ao garoto.

— Eu que agradeço. Volte sempre. - " Ou melhor, não volte nunca mais."

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Yoongi se lembrava. Ele fazia questão de se lembrar dos bons momentos. E aquilo sempre parecia doer mais. Porque era nessas horas que ele chorava compulsivamente, com saudade do passado. Com saudade do que um dia ele teve. Com saudade do que um dia ele foi.

Yoongi sempre teve a fama de ser rabugento pelos seus amigos. De dez palavras que dizia, onze eram palavrões. Parecia constantemente irritado com as atitudes infantis de seus amigos, e sempre lhes dava bronca quando achava oportunidades. Quem o visse, pensaria que não passava daqueles típicos adolescentes malcriados - o que a proposito, ele era. A diferença era que por baixo daquele olhar ameaçador e que parece julgar tudo e todos, havia alguém feliz. Felicidade. Céus, como é definir essa palavra.

" Não existe felicidade. Existe momentos bons e ruins."

Para a sorte do garoto, durante toda a sua vida, os momentos bons sempre superavam os ruins. Se lembrava com perfeição de quando ele e seus amigos alugaram um Beach Buggy e andaram pelo deserto de Gobi. Foi a primeira vez que Yoongi viu um camelo na vida. Também se lembrava quando foi pego pichando a parede de um comércio e teve que passar a noite na delegacia. Se lembrava de quando contou para seus colegas que iria com seus pais e sua irmã para o EUA, no Texas.

Eles choraram. Choraram como nunca haviam feito. E voltaram a chorar no dia da despedida no aeroporto.

Aquelas memórias eram dolorosas demais para serem recordadas. Porque, dali em diante,  depois que entrou naquele maldito avião, sua vida mudou drasticamente. E agora, não havia mais um Yoongi mal-humorado. Não havia mais um Yoongi rebelde. Não havia mais um Yoongi radiante, feliz e cheio de vida.

Havia somente o nada. Uma carcaça do que um dia ele foi. O vazio.

Parou em frente à grande construção de alvenaria. O colégio exibia grande imponência para quem o olhasse. Os alunos subiam as escadas para entrar no hall, ainda tagarelando. Se tudo ocorresse bem, o dia seria menos pior do que o anterior.

— Okay. Plano A: Entrar discretamente sem chamar a atenção deles.— Sussurrava palavras de encorajamento para si próprio. - E se o plano A falhar...bem, espero que não falhe.

Yoongi entrou, praticamente grudado nas paredes, tentando ser o menos perceptível possível. Ele estava perto da sua classe.Vai dar certo. Ele estava quase lá.

Quase lá...

— Vejam só quem veio nos fazer companhia hoje... - Sentiu dedos compridos rodearem a pele do seu braço, o impedindo de continuar caminhando.

Merda.

Yoongi sentiu um arrepio subir pela sua espinha ao reconhecer o dono daquela voz. A voz dos seus pesadelos. Eram eles. O loiro se virou para encarar os três rapazes tão conhecidos por ti. Eram eles:

Bob Thompson, um loiro de cabelos encaracolados e personalidade marcante. Face angelical, sorriso demoníaco.

Steven Coulingt, um negro que possuía quase o dobro do seu tamanho, um pouco acima do peso, cabelo raspado. Olhos negros e penetrantes, tão escuros que Yoongi se sentia capaz de afundar neles. Eram assustadores.

Brad Stewart, um mulato de origem indígena que nunca abria a boca se não fosse para falar coisas idiotas. O fato de Brad ser extremamente burro fazia seus companheiros - igualmente idiotas - se sentirem mais inteligentes, já que eles ao menos tentavam disfarçar sua estupidez. Mas apesar de Brad de QI de um pinguim, o cara era cerca de vinte centímetros mais alto que todos ali e tinha uma massa muscular exagerada e cheia de anabolizantes, e aqueles músculos com certeza serviam para alguma coisa.

— Olha... eu não quero problemas. - Sussurrou o mais baixo dali. Se lembrava do dia em que tentou enfrentar aqueles caras. Perdeu feio. Além de mais altos e fortes, estavam em maioria. O loiro não tinha a menor chance.

— Veja que gracinha, Steven. O nosso amiguinho não quer problemas. - Riu Bob, colocando um de seus pesados braços sobre o pescoço do menor, e com a outra mão pegou um cigarro do bolso traseiro da calça, pondo na boca. Yoongi sempre se perguntou porque diabos ele colocava aquele objeto na boca, se nem o acendia.

Brad pegou um cigarro para si também, acendendo o seu e o de Bob. Quem diria? Finalmente os babacas aprenderam como seu usa a porcaria do objeto que estava entre seus dentes.

Bob inalou um pouco a nicotina, logo soltando uma nuvem de fumaça na cara de Yoongi, com aquele cheiro insuportável de tabaco. Mesmo assim, o loiro não tossiu. Não se permitiria tossir.

— Hey, Steven, acho que podíamos fazer algo mais do que apenas bater nesse viadinho de merda. - Propôs Bob, ainda com os braços prendendo o pescoço do menor.

Viadinho de merda?

Caraca.

Isso foi cruel...

— O que você quer dizer? - Perguntou Steven, sorrindo malicioso, recebendo outro sorriso com a mesma semelhança.

— Me sigam.

Se num momento estavam no corredor, noutro já se encontravam no banheiro. O corpo do menor foi jogado com violência contra uma das paredes de azulejo. A cabeça bateu fortemente, e Yoongi abriu a boca como se fosse gritar, mas não emitiu som nenhum. Apesar do choque, ele duvidava que pudesse estar sangrando. O banheiro daquele colégio era, com certeza, o palco principal para os piores momentos da sua vida. Se lembrava com clareza de quando sua cabeça era enfiada em um dos vasos sanitários dentro da cabine, e como sentia que iria morrer com a falta de oxigênio.

Mas agora, ali, com aqueles três, a situação parecia que iria piorar. E muito.

— Sabe Yoongi... - Bob retirou a própria camiseta, sendo seguido por Brad. - Eu fiquei sabendo á uns dias atrás que você gosta de homens. - "Gosta de homens? Que calunia!" — Pois bem! O que você acha de nós te darmos o que você gosta?

Ele arregalou os olhos. O ar faltava em seus pulmões, tanto pela dor de ter seu tórax jogado contra a parede quanto pela nova informação. A batida na cabeça devia ter sido forte, porque agora ele já estava tonto, e, ao tentar dar um passo, caiu vergonhosamente no chão polido.

— Vão para o inferno... - Ele sussurrou, mas foi escutado perfeitamente pela plateia daquele show.

Foi a primeira vez que disse isso.

Os garotos começaram a rir de forma escancarada. Pareciam não conseguir fechar a boca.

Risadas carnicentas. Como de hienas.

— Bem, parece vamos nos divertir hoje... - Falou Steven, retirando o cinto da própria calça.

O que você acha que seria a forma deles de se " divertirem"?

 

É -Acertou.


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Notas finais do capítulo

Desculpa aí pelo erros!
Comentem!



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