Realidades Ocultas escrita por Malk


Capítulo 16
Kamerasenken do dragão


Notas iniciais do capítulo

Vamos nessa.



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A situação não era nada boa. Quase todos os “heróis” estavam muito feridos, e a Tatielly, ao contrário, estava mais viva do que nunca.

— Já vai anoitecer e o amuleto da água vai se manifestar, Spyrit! – Taty chamou e o espírito que mesmo enfraquecido, veio ao seu encontro – entre na Soul Blade, logo vamos precisar dela.

— Primeiro vai ter que tirar ela de mim – falou Gabriel.

— Já que insiste.

Ela petrificou sua perna e chutou o rosto do Gabe. O homem, em condições normais, poderia se defender daquele golpe, mas depois da batalha ele simplesmente foi golpeado e foi ao chão, ferido e desnorteado.

— Ninguém bate no meu irmão!

Natália, mesmo em forma não física, deu um soco na inimiga, porém assim que tocou nela, levou uma espécie de choque.

— Imunidade a possessão e ataques espirituais – Tatielly levantou levemente a camisa, mostrando sua tatuagem, e logo depois pegou sua arma, que foi largada no chão pelo Gabe – Não estou com tempo para vocês agora, Spyrit, entre logo na arma que temos que pegar o amuleto da água.

— Ih, eu não deixava.

Todos se espantaram ao ouvir a voz do Wander.

— É contigo mesmo Ispiriti, vai deixar ela ficar te dando ordem desse jeito? – Wander continuou – Começa assim e daqui a pouco é ela que tá te comendo.

— Cale-se estúpido! – Spyrit se irritou – eu entrarei na Soul Blade porque eu quero!

Já vi vários amigos que davam essa desculpa: Não vou no futebol porque eu não quero, minha sogra vai morar na minha casa porque eu quero...— Natália, mesmo enfraquecida, entrou na conversa.

— Agora chega, vou acabar logo com vocês! – Tatielly, irritada, começou a invocar um furacão.

— Nada disso rapariga, eu é quem vai acabar com eles! – disse Spyrit.

— Você, que gastou toda sua energia? Não me faça rir e volte logo pra Soul Blade!

O espírito e sua dona começaram a discutir e os outros presentes, ao menos os que conseguiam falar com espíritos, aproveitaram para colocar lenha na fogueira. Em outras condições, Spyrit e Tatielly teriam partido para uma batalha mortal, mas como eles tinham um contrato, o máximo que podiam era trocar ofensas.

Wander sua estratégia de ganhar tempo fazendo eles brigarem funcionou — falou Angel Moon.

— Estratégia? Ah é, estratégia – disse o garoto.

O céu ainda está vermelho por causa da refração da luz, mas o Sol já se pôs. É agora ou nunca – Angel chamou a atenção.

— Tá certo. Se não funcionar, vamos todos te fazer companhia flutuando por aí.

ALGUNS DIAS ANTES

Angel e Wander estavam a sós em Petro City, onde haviam acabado de receber as instruções de como fazer uma Soul Blade.

Você entendeu como se faz a tal Soul Blade?

— Acho que entendi. Precisamos de alguma arma, mas onde vamos encontrar alguma por aqui?

Na cidade com certeza encontrarmos alguma, espere aqui que eu já volto.

Angel saiu voando rapidamente, enquanto Wander ficou esperando. Se tivesse sido no dia anterior, essa seria uma visão que fundiria a cabeça do garoto, mas depois da experiência altamente sobrenatural da noite anterior uma garota fantasma sair voando não era algo tão estranho assim. Algum tempo ela voltou segurando uma faca.

— Uma faca de cozinha?

Foi o que eu consegui encontrar, peguei em um restaurante aqui perto.

— Minha avó sempre me disse que se um dia eu roubasse alguma coisa ela arrancava a minha mão fora.

Eu só peguei emprestado, vou devolver. E precisamos parar aquela mulher o mais rápido possível, não sabemos o que ela pretende com os amuletos reunidos.

— Se tudo o que eu já vi em filmes, desenhos, jogos e por aí vai for verdade, ela quer dominar o mundo. Você tá certa, vamos fazer logo a Soul Blade.

Poder?

— Um kamehameha aumentado dez vezes.

O que é isso?

— Um raio de energia mega fuderástico.

Acho que entendi. E que tal esse raio desintegrar tecidos vivos?

— Nossa, você tá com raiva da Tatielly mesmo, mas tá ok. O Gabriel falou que precisamos de uma restrição de uso da Blade e uma parada ruim que acontece com a gente se usarmos fora da restrição.

Sim, ele também disse que quanto mais severa forem a restrição e a consequência, mais forte a arma será. A restrição de uso, só pode ser usada contra a Tatielly, consequência, se usarmos sem ser nela, tanto eu quanto você nunca seremos felizes.

— Nunca ser feliz, isso deve ser pior do que a morte! Está bem, deve ser suficiente pra fazer uma arma forte. Falta a condição pra te libertar, que tal depois de acabarmos com aquela loira doida?

— Ótimo! Vamos selar o acordo?

AGORA

A dupla estava preparada. Wander segurou a faca com firmeza, se concentrou e direcionou o fluxo de energia mística para a faca. Angel também concentrou toda sua energia nesse ataque.

— KAMERASENKEN DO DRAGÃO!

Um feixe fino, porém muito brilhante, foi disparado da faca em direção à Tatielly. Foi um tiro muito rápido, de forma que a mulher só se deu conta quando já tinha sido atingida.

— Há há há – a mulher deu uma risada sarcástica – Quem diria que o garoto assustado que só aprendeu sobre energia mística pra não apanhar de mim conseguiria uma Soul Blade tão rapidamente. Infelizmente para você, o ataque de uma Soul Blade é essencialmente espiritual e eu sou imune. Mas aprecio o seu esforço.

Tatielly, olhe para a sua barriga.

Assim que Spyrit chamou sua atenção, ela olhou para baixo e viu um buraco no lugar atingido pelo raio, que aumentava a cada segundo.

— Como assim? – ela estava tão chocada que até ignorou a dor provocada pelo ferimento – não é possível que um moleque que acabou de aprender o que é paranormalidade tenha conseguido superar a minha brand spiritus!

É a restrição minha filha. Nossa Soul Blade só pode ser usada contra você, por isso funcionou tão bem— declarou Angel Moon.

— Agora vou falar uma coisa que eu sempre quis dizer “Você me subestimou”! – Wander bradou, cheio de orgulho.

Em pouco tempo todo o corpo da vilã foi consumido, sobrando apenas suas roupas e outros objetos que carregava, inclusive os amuletos. Depois disso, Angel rapidamente foi repelida para fora da Soul Blade, provando que a condição para a libertação foi cumprida. Com o Spyrit aconteceu justamente o contrário, ele foi sugado para dentro da arma da falecida.

Livre e com a sensação de justiça, a sensação é boa— disse Angel.

Todos que estavam conscientes começaram a se levantar e se reunir. Apenas a Ashumaru estava apagada, então o Wander, o único vivo ileso, a pegou no colo.

— Temos que procurar um hospital pra vocês e principalmente pra Anã de Jardim – falou Wander.

— É a mãe! – mesmo dormindo, a menina respondeu.

Estranho, o Spyrit foi sugado pra dentro da arma depois que a Tati Quebra Barraco morreu— observou Natália.

— Nunca li nem ouvi nada sobre o que acontece com o espírito caso o humano dono da Soul Blade morra, será que é isso? – supôs Gabriel.

— Podem escutar-me? Estou preso, eu também não sabia que isso aconteceria caso a Tatielly morresse, contudo ainda tenho uma informação importante para vocês— falou Spyrit.

— Pode falar – disse Wander.

O poder dessa Soul Blade é uma poderosa telecinese que pode atrair o amuleto da água como se fosse um ímã. Podemos conseguir uma maneira de usar essa habilidade mesmo com a Tatielly morta.

— Ele tá dizendo que tem uma telecinese que puxa o amuleto da água – Wander contou para os outros.

— Eu não tenho interesse nesses amuletos – declarou Kurai.

— Nem eu – completou Clécio.

— Acho que o único que quer esses amuletos é você – Wander se dirigiu ao Gabriel.

— É verdade. Mas não confio nesse espírito, acharei o amuleto da água sozinho – Gabe foi até os restos não mortais da Tatielly e pegou os três amuletos.

Depois que o Wander e a Angel fizeram o trabalho todo ficou mole— Natália zoou.

— Mas eles nunca teriam feito a Soul Blade sem mim – disse Gabriel.

— Temos que procurar um médico logo, a Maru tá ficando gelada – lembrou Wander.

— Só uma coisa antes, temos que nos precaver.

Gabriel pegou a arma onde o Spyrit estava.

O que pensas que fará? – o espírito perguntou.

Gabe não falou nada, apenas andou até a represa e largou a arma, que após uma longa queda, bateu na água e afundou rapidamente.

— Segundo a Wikipédia, a profundidade dessas água é de mais de cinquenta metros, duvido que alguém irá resgatá-lo.

Pouco depois que a arma caiu na água Gabe conseguiu, mesmo já estando razoavelmente escuro, ver uma sereia.

— Um fenômeno paranormal ligado a água... O amuleto da água está aqui! – ele se empolgou.

— Mas a Tatielly já tinha falado isso – lembrou Clécio.

— Eu estou sem energia mística, mas... – Gabe segurou os amuletos, analisando – amuleto do ar, vou ver o que consigo fazer.

O homem segurou o amuleto e juntando um pouco de conhecimento prévio com muita fé, conseguiu criar correntes de ar abaixo dele que o fizeram flutuar. Assim, ele desceu até o nível da água, a fim de encontrar o último amuleto.

Me espera!— Natália desceu junto.

Ele ficou flutuando sobre a água, procurando desesperadamente algum traço do que viu poucos instantes antes. Finalmente, conseguiu ver com clareza o ser mitológico, uma sereia morena com longos cabelos lisos, seios nus e a característica calda de peixe. Ela cantava com uma voz melodiosa.

— Um homem, faz tempo que não vejo um tão bem apanhado – o ser disse, com uma bela voz feminina – venha comigo, te darei a melhor noite de prazer da sua vida!

— Não me venha com essa, onde está o amuleto da água! – Gabriel ordenou.

— Ah? – a sereia estranhou – estou te enfeitiçando, você deveria estar se jogando na água sedento por mim.

Ô dona sereia, taí uma coisa que meu irmãozinho é imune é a sedução, ele só não é virgem porque teve que comer uma velha pra receber informações e treinamento— contou Natália.

— Eu sou a Iara, sereias vivem em água salgada seus ignorantes! E você meu homem,eu gostaria muito de me aproveitar do seu corpo antes de te afogar, mas estou vendo que não vai funcionar. Disse que quer o amuleto da água e vejo que tem os outros três, então testarei sua força. Se passar no teste, te entregarei o amuleto.

— Pode vir, tô pronto pra briga! – Gabriel fechou os punhos.

— Homens, sempre querendo resolver as coisas com os músculos! A maior força é a força de vontade, já que não quer entrar no meu corpo, entrarei no seu.

Antes que ele ou mesmo a Natália tivesse alguma reação, a Iara entrou no corpo do Gabriel, o possuindo. Não no sentido sexual da palavra.

*****

Gabriel abriu os olhos e viu que estava na casa onde cresceu com sua irmã. Sacudiu a cabeça, abriu e fechou os olhos repetidamente, como se estivesse acabado de acordar.

— Você acha que me engana Iara... Não foi um pesadelo, foi tudo real, apareça pra eu quebrar sua cara!

— Hum, até que você é inteligente! – ela apareceu, e dessa vez, ela tinha pernas no lugar do rabo de peixe que tinha antes.

— Esse era o teste? Passei, me dá logo o amuleto da água!

— Ainda não. Tem um lugar que você precisa revisitar.

A casa se desfez rapidamente, dando lugar à rua escura aonde ele encontrou Natália morta, anos antes.

— Veja ela – Iara apontou para o corpo da garota – você quer pegar o desgraçado que fez isso com ela, não é?

— Como você sabe disso?

— Eu estou no seu corpo e na sua mente, sei tudo o que aconteceu com você. Sei que precisa de mais um amuleto para ter sua pergunta respondida, e eu tenho como te dar isso.

— Tudo bem, qual é o seu preço?

— Simples, eu vou sair do seu corpo e quando fizer isso, mate seus amigos!

— Eu não tenho amigos.

— E quem são aqueles que estavam lutando com você na barragem?

— No máximo parceiros temporários.

— Então vai ser fácil matá-los.

Não!— nesse momento, Natália, em forma espiritual, se intrometeu na conversa.

— Agora virou bagunça, tudo mundo entra no meu corpo? – Gabriel reclamou.

Ainda não sei como eu fiz isso, quando percebi eu estava aqui com vocês. E você sua sardinha em lata vencida, fica longe dele!

— Não se mete Natália, eu não sou mais o mesmo que você conhecia, já deveria saber disso.

— Ótimo então, irei recuperar sua energia mística para quando eu largar seu corpo, você poder matar seus parceiros temporários com facilidade – disse Iara.

— Recupere minha energia e eu vou arrebentar sua fuça!

As duas mulheres se surpreenderam ao ouvir tal declaração.

— Eu não sou flor que se cheire, já fiz muita coisa errada na minha busca por vingança, mas ninguém pode me chamar de traiçoeiro. Não gosto de admitir, mas sem eles eu não teria nenhum amuleto. E Natália, eu tô muito puto com você por achar que eu aceitaria essa proposta!

Assim, aquele cenário se desfez e tanto a Iara quanto a Natália saíram do corpo do Gabriel. Quando ele “acordou”, estava boiando e com a irmã ao seu lado.

— Cadê a peixa? Tenho que dar um piau nela pra ela me contar onde está o amuleto!

Não precisa, olhe isso.

Nathy apontou para o seu pescoço e quando o homem passou a mão, sentiu que estava com uma espécie de cordão.

— O que é isso?

É o amuleto da água gênio!

— Finalmente! – ele se segurou para não chorar – mas como você o encontrou?

— Não fui eu. Quando você recusou a proposta da Iara, ela se transformou no amuleto.

— Então quer dizer...

— Sim, ela é o espírito que vive no amuleto da água.

— Eu não sou nada boazinha e queria mesmo te ver matando seus companheiros, mas gostei da maneira que me enfrentou então resolvi entregar o amuleto – a voz da entidade saiu melodiosamente do amuleto.

— Hum, obrigado... eu acho – Gabe agradeceu.

Vamos voltar lá pra cima— chamou Natália.

Gabriel, todo cheio de si, voou de volta para a barragem. Lá, encontrou o Wander e a Angel tentando ajudar os outros.

— Oi Gabriel e Natália, temos que levar esse pessoal pro hospital – disse Wander.

— Não precisa. O corpo humano é basicamente água, use o poder do amuleto pra ajudá-los – disse a Iara.

— Ah? Tem uma sereia nesse cordão aí no seu pescoço, é outra Soul Blade? – o garoto estranhou.

— Como ele me vê mesmo na forma de amuleto? – perguntou a entidade.

Depois que passou a noite num cemitério ele passou a enxergar até chifre em cabeça de porco— falou Natália.

— Tudo bem, vou curar esse bando de inúteis.

Gabe usou o poder do amuleto da água e curou a todos, exceto a Ashumaru.

— Não sei o que está havendo, não consigo curar ela – reclamou Gabriel.

— Tente com o do fogo – sugeriu Kurai.

Gabe pensou que não tinha nada a perder, então aceitou a sugestão, que funcionou, logo a garota estava bem, acordada e tentando agarrá-lo.

Com todos os amuletos em posse, os objetivos dos irmãos Marinho (Gabriel e Natália) estavam mais próximos de serem alcançados. Angel Moon conseguiu acabar com aquela que matou seu crush, e isso a fazia se sentir um pouco melhor. Clécio e Kurai não conseguiram levar a Tatielly de volta para a dona Rute, mas combinaram que dariam a má notícia para ela e secretamente, Kurai ainda pensava que com todo o conhecimento do mundo sobrenatural que adquiriu nos últimos dias, poderia finalmente encontrar o seu pai.

Mas tudo isso poderia esperar o dia seguinte, eles simplesmente voltaram para suas casas para o merecido descanso.


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Notas finais do capítulo

Clima de final de fic certo? Errado.
Até o próximo.



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