A Long Fall escrita por Kiara


Capítulo 10
IX — Overloaded


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores, tudo bem com vocês? Eu espero que sim.
Faz um tempinho bom que eu não apareço por aqui, ein? Ksjsksjshjs
Juro, é mais forte do que eu, a minha inspiração de escrever vem e vai, hoje por exemplo eu acordei tão inspirada que terminei esse capítulo que estava guardado a meses nas minhas coisas. Inicialmente ele foi escrito de maneira diferente, porém eu o reescrevi e preferi mil vezes essa versão. Ficou aquele exclarecimento sobre a reação de Lottie e da relação com McCall. Particularmente, eu amo!
Espero que vocês gostem, vejo vocês lá embaixo!



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Com o tempo, o surto nervoso foi diminuindo. Eu não tremia mais, nem estava com falta de ar. Até consegui organizar meus pensamentos de forma clara e racional. Eu estava aceitando, aos poucos, a nova realidade. 

Não que fosse de todo ruim. Eu sempre fui apaixonada por história, lendas e seres mitológicos. Cresci lendo e me interessando bastante pelo assunto. Não era atoa que minhas notas nunca caíam de A+ quando era o assunto dos trabalhos. Porém, exatamente por saber tanto sobre o assunto, que eu tinha noção do perigo que estava me enfiando. Seria uma vida de correria, mortes, sofrimento e sangue pelo resto dos dias. De normal eu não teria mais nada. E estranhamente, isso não me incomodava. Ao menos, não tanto quanto deveria. Era um fardo suportável. Talvez por lembrar que vidas inocentes e as dos meus amigos estivessem em perigo. 

Eu daria meu melhor para ajudar, sendo uma humana. Mas não hoje. As únicas coisas que eu queria era um copo cheio de chá e um banho quente. Eu estava exausta, em todos os sentidos da palavra, desejando minha cama, e ficar um minuto sozinha. No entanto, eu não tinha certeza se a última opção seria possível. Isto porque Scott McCall estava ao meu lado, me acompanhando na caminhada da floresta até a minha casa, e não parecia disposto a me deixar sozinha pelo restante da noite. Eu entendia sua preocupação, quase tive um infarto mais cedo. 

Não trocámos muitas palavras durante o percurso. Ambos nos mantínhamos quietos, ocupados com nossos próprios pensamentos. Tinha sido uma noite longa e carregada de sentimentos. 

Sentimentos. Pensar neles me fez voltar ao beijo. Eu já havia beijado antes, mas não daquela forma, tão certo e bom. Como se estivesse programado para acontecer, obra do universo ou outra força dominante. E me trouxe uma inexplicável sensação de calmaria, paz e conforto. Que mesmo agora, ainda aquecia meu peito. 

Balancei a cabeça, o assunto parecia mais complicado de se digerir do que a trama sobrenatural em si. 

— Está entregue. — Ouvi Scott anunciar, baixo. 

Ao olhar ao redor, notei que estávamos na porta da minha casa. Não havia ninguém na rua e o vento começava a esfriar. Certamente choveria em breve. 

O olhei, num duelo interno sobre convidá-lo ou não para entrar. Acabei cedendo. 

— Você aceita um copo de chá? — Perguntei, sem jeito. Estava me dando um frio na barriga olhá-lo tempo demais. 

McCall sorriu, exibindo as covinhas. 

— Eu adoraria. 

Enfiei as mãos nos bolsos do jeans, atrás do molho de chaves. Quando achei, destranquei a porta e entrei primeiro, deixando-a escancarada num convite mudo. 

Fui para a cozinha. Coloquei uma panela com água no fogo e revirei os armários em busca dos sachês de chá. Encontrei dois sabores; camomila e cidreira. Eu gostava mais do primeiro. 

Me virei para Scott, exibindo as embalagens. 

— Qual você prefere? — Quis saber. O moreno sequer as olhou, com a atenção fixada no meu rosto. — O que foi? 

Scott se aproximou, receoso. 

— Lottie — Começou, com a voz suave. —, como você está? Com tudo o que aconteceu hoje? 

Suspirei, abrindo a caixinha de camomila. 

— Estou bem, só é chocante na hora. — Falei, sincera. — Sempre achei que fosse possível existir seres sobrenaturais, é um mundo grande e não totalmente explorado. Faz sentido. Mas ninguém espera que seja algum conhecido. 

— Sinto muito ter que incluí-la nisso. — Lamentou, o timbre fraquejando. — Sua vida vai virar de ponta cabeça e você não merece isso. 

Agarrei suas mãos, entrelaçando os dedos nos meus. O olhei bem fundo, tentando transmitir o máximo de carinho que consegui. 

— Scott, está tudo bem, sério. Essa é a sua vida e eu nunca poderia entrar inteiramente nela sem saber o que acontece. Em algum momento iríamos nos afastar e isso sim seria algo que eu não quero. — Murmurei, firme. — O resto a gente da um jeito. 

As orbes castanhas se iluminaram, e o sorriso largo de covinhas que eu tanto gostava voltou. 

— Você é maravilhosa. — Elogiou. 

Senti meu rosto esquentar de vergonha. Desci o olhar para o chão. 

— Você também é, Scott. — Afirmei, num sussurro.

Desgrudei nossas mãos lentamente, a ausência da pele contra a minha fazendo a área formigar. O clima estava subitamente tenso. E até respirar estava difícil. 

— Vamos tomar o chá, então? — Indaguei, na vã esperança de mudar de assunto. — As canecas estão na gaveta de cima. 

Me afastei completamente, indo para perto da panela. Meu coração batia feito um tampor e minhas mãos estavam trêmulas quando fui colocar o sachê na água fervendo. Sem falar do corpo mole feito gelatina. Eu estava assustada. E dessa vez não era pela revelação posterior. 

— Aqui está. — Scott ocupou o espaço ao meu lado, com duas canecas na mão. Estava com um sorriso de lado, meio… convencido? — Quer ajuda? 

Tive a impressão de que ele sabia do meu estado, e estava me caçoando. 

— Não precisa. — Garanti, derramando o líquido quente nas canecas. — Você gosta dele puro ou doce? 

— Puro, obrigado. 

Me estiquei para pegar o açúcar, na parte de cima do armário. 

— Então, quais são os seus poderes? — Perguntei, como quem não quer nada. — É como nos filmes? 

Adocei do meu agrado, experimentando. Estava perfeito. McCall já bebericava o seu também. 

— Um pouco. Força, velocidade, visão melhorada, cura e sentidos elevados. Além, de é claro, uma ótima audição. — Revelou, divertido. — Eu consigo escutar os esquilos pulando de uma árvore a outra, lá na floresta. 

Fiquei surpresa, o lugar estava realmente longe e demoraria uns vinte minutos para chegar, mesmo de carro. 

— É muito útil às vezes. — Completou. 

Um alerta soou na minha cabeça. Seguindo a lógica básica, se McCall escutava a uma distância tão grande, certamente o faria de perto. A dúvida sobre ele saber da minha reação a nossa proximidade foi confirmada; o garoto deveria ter ouvido cada batida desenfreada do meu coração. 

Eu iria precisar tomar cuidado com meu próprio corpo quando estivéssemos perto. Não queria passar os sinais errados. Ainda que tivesse acontecido um beijo, éramos somente amigos. Eu estava me situando agora no seu mundo, não sabia completamente sobre sua vida pessoal, e nem se estava preparada para me envolver com alguém. 

— Você não pode usar suas habilidades comigo, Scott. — Brandei, fingindo estar irritada. — É trapaça. 

— Geralmente eu não uso com ninguém. — Se defendeu. — Apenas quando quero descobrir alguma coisa. 

Arqueei as sobrancelhas, curiosa. 

— E o que você quer descobrir comigo? — A frase escapou, tímida. 

O rosto de McCall se tornou sério. 

— O quão nervosa eu te deixo. 

De novo, eu ruborizei e o meu coração errou uma batida. Maldita biologia humana. 

Escutei Scott rir baixinho. 

— Pare de brincar comigo. — Ladrei, verdadeiramente brava. — Você não vai gostar de perder. 

— Eu não acho que vou perder. — Garantiu, convicto. 

Caminhei em direção a sala. O assunto estava me dando petelecos no estômago. 

— Vamos ver um filme. — Disse, apanhando o controle. Liguei em um canal aleatório. — E você vai me contar o que eu preciso saber sobre essa cidade e seus segredos. 

Scott se acomodou na outra ponta. 

— Tudo bem. 

[•••]

Era de madrugada quando eu finalmente fiquei sozinha. 

Eu tinha ficado um bom par de horas conversando com Scott. Descobri sobre a Werejaguar, os Berserkers e os caçadores. Todo atrás da cabeça de Scott. O garoto, assim como a cidade, era um ímã para os problemas. Atraía qualquer tipo de coisa. 

Ouvi sobre Lydia e Alan, outra grande surpresa, e as histórias mirabolantes que enfrentaram juntos. Os inimigos que vencerão, os desafios e os confrontos. Ainda soava um pouco como coisa de filme. Mas que eu sabia serem verdade. 

Tirei minhas dúvidas sobre o que queria e perguntei o que consegui lembrar. O assunto se estendeu por horas e horas, sem ficar exaustivo. Porém, como Scott advertiu, tínhamos que dormir para a aula de amanhã. Faltava algumas lacunas para preencher, mas eu estava sabendo de praticamente tudo quando decidimos encerrar a conversa. 

McCall foi embora, depois de me assegurar que iria para casa e chegaria inteiro nela. Eu o convidei para dormir aqui, no quarto de hóspedes, mas recusou. Disse não ter necessidade. 

Nos despedimos com um abraço caloroso, apertado. Era inegável o quanto havia sentido falta de estarmos bem, sem discutir ou brigar. 

— Obrigada por confiar em mim. — Agradeci, entre seus braços. 

— Sempre, Lottie. 

O assisti desparecer na escuridão da rua, e voltei para dentro. 

Tomei um banho, me arrumei, e deitei na cama. Rolei de um lado a outro na mobília, e nada do sono vir. Eu estava em estado de alerta, ansiosa. E era justificável depois de tudo o que ouvi. 

Desci para a cozinha, fiz mais chá, coloquei uma playlist calma para tocar e não resolveu. Era insônia, e das graves. 

Liguei a TV e dei play na primeira série que apareceu. Vi cerca de sete episódios sobre um assassinato no ensino médio até começar a ficar sonolenta. Com medo de que se eu me levantasse perdesse o sono, me ajeitei melhor no sofá, e adormeci. 

Sonhei com lobos, raposas e onças, brigando entre si. Havia fogo e gritos, numa confusão esquisita e hostil. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todas que comentaram no capítulo passado, eu sou muito grata por ter leitoras maravilhosas que nem vocês! Obrigada!
Não vou prometer que não irei demorar porque não tenho certeza, mas garanto que eu irei me esforçar e que nunca vou abandonar a história. É meu xodó!

PS: Estou escrevendo uma fanfic nova, sobre Crepúsculo. Para quem gosta do Jasper Hale e da saga, vai lá dar uma olhada ❤️



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