90 Dias com Ela escrita por Secreta


Capítulo 21
Capítulo 19 - Lembre!


Notas iniciais do capítulo

Tats Cullen, OBRIGADAAAA PELA RECOMENDAÇÃO! Fiquei muito feliz, sério! Obrigada também a todas pelos comentários, acho que é a parte que mais gosto em escrever fics. O carinho de vocês!
Bem, e foi em respeito a isso que estou postando hoje. Com muito esforço!
Teria postado esse cap. sexta, mas meu computador reiniciou do nada e perdi TUDO. Depois, sábado, estava o reescrevendo quando meu irmão desligou o computador NA MINHA CARA porque estava com raiva de mim. E hoje, viajei e cheguei tarde.
Então... Bem... Se não gostarem do capítulo, deem um desconto por isso. ESCUTEM A MÚSICA! E... Bom capítulo!



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BELLA POV
Olhei ao redor, procurando uma casa amarela com jardim cheio de margaridas e um portão branco.


Não achei. Conferi novamente o papel que Jake havia imprimido, com todas as informações que conseguira na internet.


Brooklyn, rua Lincoln, número 407. E o proprietário da casa, segundo um grande livro amarelo lotado de números de telefone, era... Michael Newton.

Eu não saberia dizer nem se era ele mesmo a pessoa que eu procurava... Ou se havia sido uma mera coincidência.

Por mais que meu lado racional berrasse a segunda opção, minha fé cegava-me, fazendo-me acreditar piamente na primeira. É que estava tão fácil que não parecia se tratar de algo relacionado a mim...


Geralmente, tudo à meu respeito vinha com uma dose de dificuldade e responsabilidade. Por tal motivo, sempre abandonava o que quer que fosse engajado como meu dever.


E agora toda aquela facilidade... Só uma chantagem emocional, carona de Jake e puft! Aqui estava eu, no Brooklyn, próxima de uma peça fundamental do meu passado.


Talvez fosse uma recompensa. Mesmo sendo tão estabanada com meus compromissos, estava os cumprindo de um jeito ou outro aqui na Terra.


Então me veio à mente o modo como tudo começou a dar certo para mim naquele dia ensolarado de domingo...


"Após GTA ter contado todas as suas aventuras noturnas com a vizinha, eu e Ed-boy tivemos que responder exaustivamente o quanto estávamos felizes e que nos amávamos para os outros. Aquilo era uma chatice! Queria gritar pra todo mundo que ele era um panaca e eu só estava com ele por motivos maiores.


Mas não podia. Eu realmente desejei poder falar toda a verdade quando Alice, tomando como pretexto sua chateação por ter ficado de fora de nosso 'segredo' por tanto tempo, exigiu que contássemos como foi que nos apaixonamos um pelo outro. Meu pupilotário começou apressadamente a contar:

- Bom, tudo começou quando eu e Isabella tivemos que dormir juntos. Ela enlouqueceu por mim, vendo como eu fico bonito de pijama. Ofereceu seu corpo e tudo mais - ele deu um sorrisinho de zoação para mim, e eu quase bufei alto. - Mas... Como sou um moço, não aceitei e disse que ela teria que me conquistar. A maluca - pigarreou - linda acabou levando a sério e fez com que me apaixonasse por ela. Fim. - Completou.

Em minha mente surgiu uma simulação daquela cena patética.

Simulação 1

- Ed-boy, meu deus! Esse seu pijama... Seu corpo... - Meus olhos passeavam pelo meu pupilotário e por seu pijama de ursinhos.

Depois, uma versão muito louca varrida de mim se jogava sobre ele.

– Me possuaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Meu pupilotário olhava-me com uma cara de esnobação.

– Sai, mocréia, sou um moço direito - cruzou os braços. - Pra me pegar tem que namorar!

Meu rosto se desfez em uma cara vingativa.

– Você verá, seu fuleiro, vai se apaixonar por mim e vou te dar um chute na bunda! Seu piegas - reclamei.

Acordei da simulação, novamente me situando no tempo.

Muito fula da vida com ele, agarrei sua mão - o surpreendendo. Mas não foi um gesto de carinho de mentira. Apertei a mão do meu pupilotário com força e abri um largo sorriso para as pessoas presentes na sala: Rosalie, Alice, Emmett, Jasper e GTA. Se ele gritasse, ia mostrar que tinha algo de errado.

Infelizmente, o panaca aguentou firme e forte. A partir daí, tenho que confessar que a baixinha me ajudou a recuperar o jogo.

– Vou fingir que não escutei essa versão irreal do Edward - ela disse, revirando os olhos. Depois virou-se em minha direção. - Bellinha, se não quiser me ver tendo um ataque fulminante do coração por não ser amada por vocês, que nem me contam a verdade, fale-me como se apaixonaram. Agora! - Disse dramaticamente com a mão no peito, embora seu tom fosse lamurioso e exigente.

Dei um sorrisinho para Ed-boy e sibilei "minha vez". Podia jurar que senti sua mão tremer um pouquinho. E... a soltei. Porque não tinha motivo algum para segurá-la, não é?

Simulação 2

Tinha acabado de ser atropelada por um imbecil e ele me olhava como se eu fosse de outro mundo.

– Oh, meu Deus! Uma deusa! Você será minha agora, princesa! - Dizia todo cheio de si enquanto me ajudava a levantar.

Revirei os olhos. Homens...

– Vai sonhando, imbecil! - Retruquei, azeda. - Mais fácil um raio cair em cima de mim!

Eu não devia brincar com o céu. Um pequeno filete elétrico caiu em meu braço, fazendo-me dar um berro diante do choque.

SACANAGEM!

– Está vendo? Nasceu pra mim! - Exclamou com animação.

Bufei e de alguma maneira consegui me livrar daquele panaca.

– E então se reencontraram aqui em casa... Puxa, que amor! Não sabia que o Edward se apaixonaria à primeira vista - Alice comentou, caindo na minha história falsa.

– E isso também explica os xingamentos. - Rosalie completou.

Encarei Ed-boy e tive que esconder uma crise de risos com um acesso de tosse. Ele estava muito fulo da vida!"

Gargalhando, continuei a caminhar. Talvez a casa 407 estivesse em algum lugar que eu ainda não houvesse notado...

"- E aí, galera? - Jake disse, assustando a todos com sua chegada.

Meu pupilotário e eu nos entreolhamos. Para nós, sempre haveria algo de estranho no modo como Jacob era diferente em noites de lua cheia.

Enquanto colocávamos Jake a par de nosso namoro, ele jogou-se no sofá, ao lado de Emmett, que por sua vez insistia que era vidente depois da suposta 'antecipação' do nosso relacionamento em seu jogo.

– Já sabia que era bem-dotado aqui em baixo, mas na cabeça... Puxa, sou um total bem-dotado! - Falou. Todos bufaram diante de tamanha asneira.

Um tempo depois algo viria desencadear toda uma bagunça...

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! TEM UMA FORMIGA ME COMENDO POR TRÁS!!!!!!!!! - Jacob gritou, desesperado, saindo do sofá com um só impulso.

Todos na sala encararam rapidamente Emmett. Ele bufou.

– O MEU AMIGO DE BAIXO NÃO É PEQUENO COMO UMA FORMIGA, OK? NÃO FUI EU - Disse, fulo da vida, enquanto cruzava os braços.

De alguma forma, meu pupilotário olhou para mim e pude entender exatamente o que seu olhar me dizia: privacidade, já. Pela gravidade com que me fitou, acreditava que Jakeline poderia ter feito algo na noite anterior.

– Jacob e Bella, sigam-me - chamou-nos em voz alta.

Prontamente o segui, Jake, confuso, fez o mesmo. Dirigiamo-nos à saída da casa. A conversa seria, provavelmente, no lar dos garotos. Onde não havia pessoas para escutar nossa conversa.

– Sinto uma energia sexual entre vocês três, então por favor, se for um ménage à trois, não cheguem perto do meu quarto! - Demmentt disse, estranhamente calmo enquanto massageava suas têmporas acreditando que estava mesmo adivinhando algo.

Outro imbecil!

Fechamos a porta na cara de todos esperando atingir Emmett de propósito."

Balancei a cabeça, tentando espantar as lembranças. Conviver com aquelas pessoas era loucura! Mas, felizmente, toda aquela bagunça me fez chegar onde estou. Tão perto de Michael, do meu passado... E tão longe.

Porque mesmo com o endereço que Jake havia trabalhado para conseguir, eu não sabia se era mesmo o Michael que eu procurava. Incertezas me rondavam. Mas o que podia fazer? Era isso, ou nada. E eu não estava disposta a abrir mão de tentar.

Chegara até a - vergonhosamente - chantagear um cara legal como Jake para conseguir isso.

"- Comecei a virar Jakeline em noites de lua cheia quando entrei na puberdade. Meu pai me levou à vários psiquiatras, terapeutas, psicólogos, mas nenhum deles conseguiu resolver meu problema. Parece-me que é um tipo raro de doença mental. Não afeta em nada meu rendimento, como... Se eu fosse uma pessoa bipolar, mas de um jeito incomum. O caráter dominante é o normal, eu, Jake, e o recessivo Jakeline, a megera louca. - Jacob explicava, embora aparentasse estar muito constrangido tendo que confessar aquilo no escritório da casa dos garotos.

Mas se fazia necessário. Precisávamos alertá-lo sobre Jakeline antes que se tornasse um problema maior. Já haviamos confessado tudo sobre a noite anterior, em que descobrimos seu segredo.

– Continue - pediu meu pupilotário.

– Bom... Com o passar dos anos, fui me tornando uma vergonha para meu pai em La Push. As pessoas acabaram me identificando algumas vezes como Jakeline, o que só aumentou o fato de eu ser um problema pra ele, que já tinha de me procurar pela cidade quando eu sumia em noites de lua cheia. - Contou e sua face se enrugou em uma careta triste.

– Por isso decidiu vir morar em Nova York? Ou foi só porque a Forks University se localiza aqui? - Perguntei, curiosa.

Jake me fitou.

– Não... La Push é perto. Se eu tivesse vontade de permanecer por lá, mesmo estudando aqui, poderia. Mas não foi isso, obviamente, que aconteceu. Quis sair de lá o quanto antes. Não tinha amigos, garotas me esnobavam pela minha doença... - Suspirou. - O máximo que fazia era me concentrar em jogos. Por isso acabei ficando bom nisso - admitiu.

– Jake... - Murmurei. Não sabia bem o que falar diante de sua história triste. Rejeitado por todos... Tinha impeto de o abraçar e prometer que tudo ficaria bem. Mas não o fiz. - Tá tudo bem, certo? Não vamos contar isso pra ninguém sem que queira. - Prometi por mim e por Ed-boy.

Meu pupilotário não protestou, mas se o tivesse feito, rolaria porrada.

Por uma boa causa, ué!

– Você nos contou seu segredo, acho que tenho que contar um nosso também - Ed-boy falou, mordendo o lábio.

Não esperava isso dele... Meu pupilotário rejeitando um jeito de se beneficiar?

– Eu e Isabella não estamos namorando. E ainda nos odiamos - revelou.

Jake, surpreendentemente, riu.

– Vocês são incompreensíveis mesmo! - Zoou, ainda rindo. - Mas obrigado por tudo - agradeceu formalmente. - Fico devendo uma pra vocês.

Devendo...

Jake lidava bem com computadores, que se podiam produzir aquele jogo do Emmett... Quem sabe o que mais fariam, não é? E eu precisava tanto de algo... Tanto! Meu passado... A chave do meu futuro... Jake. Favor.

Jacob podia me ajudar.

– Ok, acho que já acabamos a DR. Então, Ed-boy, dê o fora! Quero uma conversa privada com o Jake - falei, aliviada por não ter que tratar meu pupilotário amorosamente.

Já estava me dando náuseas!

Ed-boy me fitou, irritado.

– E por que eu tenho que sair? - Cruzou os braços.

– Porque não diz respeito a você, tchauzinho! - Falei e o empurrei para fora, em seguida, ousadamente uma vez que a casa não era minha, fechei a porta do escritório.

Encarei Jacob.

– Ok, Jake. Vou te contar uma coisa, mas é um segredo que terá que ir pra o túmulo com você! Ou... Jakeline pode ser descoberta - ameacei.

Não sabia mais o que estava fazendo. Louca. Sim, estava louca. Mas precisava saber, precisava! Se houvesse alguma forma de encontrar Mike... Iria até o fim!

– Bella, você está bem? - Ele me olhou, amendrontado.

Realmente não estava parecendo com a Bella amigável de sempre. A qual era simpática com Jake... A qual Jacob fazia rir.

– Desculpe - baixei meus olhos. - Preciso muito disso. Sei que estou sendo estúpida, mas não sei como lidar de outra forma, estou desesperada... - Suspirei, passando a mão nervosamente pelo meu rosto. - Olha, Jake, por favor, só promete que vai me ajudar e nunca contará isso pra ninguém. É sobre o meu passado. - Relatei.

Jake lançou-me um olhar compreensivo. Trucidei-me mentalmente por ter o chantageado.

– Família? Já me contaram que você foi criada por um tutor - comentou.

Perdida, balancei a cabeça positivamente.

– Algo assim. Acho que... De alguma maneira faz parte disso, sabe? Mas não tenho certeza. Não lembro de nada do meu passado - revelei, com a mesma frustração de sempre. - Por isso... Estou assim. Sei que não justifica, mas se quero realmente saber quem eu sou por inteiro... Preciso disso. - Expliquei.

Estranhamente, Jacob me abraçou. Eu o agarrei, com força. Estava tão perdida... E ele parecia um porto seguro.

Suspirei. Antes eu devia tê-lo abraçado e dito que tudo iria ficar bem. E não o fiz. Mas Jake fez, provando o quanto é melhor do que eu.

Aí eu meio que entendi, que talvez, só por ser uma aprendiza de anjo, não significava que eu era melhor que qualquer pessoa da Terra. Eu era tão cheia de imperfeições quanto todos. Isso me fazia sentir que aqui era um local familiar para mim, aconchegante. No céu, era um problema. Jake mereceria estar lá mais do que eu.

– Obrigada - murmurei, sentindo um líquido salgado escorrer dos meus olhos.

– Ora, Bella, não há nada de ruim em querer conhecer seu passado. Está tudo bem, certo? Vou te ajudar, não importando ameaças - sorriu pra mim.

E eu me senti péssima por tê-lo chantageado.

– Desculpe, de verdade, Jake, desculpe - pedi, em alto e bom som.

Surpreendi-me com o pedido de desculpas. E com o fato de tê-lo abraçado com tanta ternura. Céus, há duas semanas atrás nunca teria feito isso! Nunca fui do tipo sentimental.

Jacob tocou suavemente meu rosto com seus dedos, secando minhas lágrimas. Em seguida, soltou-me.

– Hora de trabalhar, não é? Se quisermos achar o que procura - tentou me passar entusiasmo.

Parei. Um nó em minha garganta se formou. Todavia, eu sabia. Já estava decidido, acontecesse o que acontecesse, não desistiria. Era minha vida, minhas lembranças.

– Mike Newton. Michael... Eu acho. - Balbuciei. - É o que procuro.

Jacob assentiu, sem mais perguntas e começou seu trabalho."

Mais uma vez concentrei-me em meu objetivo, afastando divagações.

Não estava mesmo achando a tal casa que Jacob achou no Google alguma coisa. Era algum troço que mostrava as casas de Nova York. Jake achou o número do Michael no livro amarelo grosso e depois utilizou o Google-sei-lá-o-quê para achar sua localização.

Bizarro ou não, era em Nova York.

Sentei-me no parapeito da calçada, cansada. Já não estava me sentindo tão sortuda assim por ser em Nova York, já que eu não conseguia achar a casa.

Ironia do destino ou não, percebi que estava sentada em frente a ela.

407. Notei que o que havia me feito não reconhecer a casa era que seu portão branco estava enferrujado e as margaridas... Mortas. Estranho.

Caminhei apressadamente para tocar a campainha. Algo se remexia em meu estômago. Apreensão. Tão perto... Tão perto...

Esperei um, dois, cinco, dez, vinte, trinta, quarenta minutos... Uma hora. Ninguém atendia, por mais que eu pressionasse a campainha.

Bufei. Não iria desistir tão fácil. Uma hora atenderiam, não é?
(...)


Eu estava sentada ali há pelo menos cinco horas. Não podia desistir assim do meu passado. Era loucura, mas a esperança de acabar com aquele quebra-cabeças em minha mente era irresistível. Só mais um pouco, pensei.

Encontrava-me enconstada ao portão da casa. O habitante dali com certeza me veria. Notei passos vindo em minha direção.

– O que essa mulher está fazendo aqui? - Uma voz anasalada perguntou de um jeito emburrado, ao meu lado.

Levantei os olhos e pude ver duas pessoas. Um homem e uma mulher.

Ela era ruiva e tinha olhos castanhos. Era comum. Nem bonita, nem feia.

– Desculpe, só queria saber... Michael Newton mora aqui? - Comentei, arfando. Com certeza parecia uma louca mulambenta para eles.

A mulher afinou os olhos, parecendo irritada. O homem tocou seu braço suavemente, como se quisesse transmitir calma para ela. Em seguida, ele me fitou.

Seus olhos. A primeira coisa que notei. Eram azuis... Da cor dos de Mike. Mike...

Senti minha visão escurecer. Uma lembrança viria...

"- Taylor, talvez seja melhor você sair daqui. Sabe como Mike é... - Minha eu mordeu o lábio. Parecia nervosa.

Conversavam em frente a minha casa, reconheci. Eu já havia estado lá dentro, mais nova, com meu pai daquela vida.

– Bella, você deveria verificar se quer mesmo Michael em sua vida. Existem tantos rapazes à seus pés! Michael é muito ciumento, sabe-se lá o que... - Taylor não conseguiu completar.

Minha outra eu pulou pelo susto. Eu queria tê-los avisado. Mike havia os visto e, furioso, socou Taylor.

– Não ouviu-me, não é mesmo, Taylor? - Cuspiu raivosamente as palavras. - Disse para ficar longe da MINHA Bella!

Respirei com dificuldade diante daquela cena. Minha outra eu tentou segurar um Mike cego pelo ciúmes.

– Largue-me Bella! Vou ensinar uma lição a esse bastardo!

Ela não o fez. Mike desferiu um tapa em sua face.

Eu podia enxergar lágrimas se formando nos olhos da minha outra eu, assim como sua expressão ultrajada, seu choque, sua dor. Aquele tapa havia ferido sua alma.

Tinha prestado tanta atenção na cena que nem mesmo eu havia visto Renée, parada em frente a casa. Ela correu na direção da minha outra eu.

Estranhei. O que Renée faria ali?

– Michael, basta! - Gritou. Mike a olhou, constrangido.

– Perdão... Perdão... - Parecia desnorteado com o que fizera. - Eu não queria... - Fitou Bella. - Desculpe, querida, achei que fosse perdê-la, perdi Angela e... - Tentou se explicar.

A expressão de Renée era fria.

– Saia daqui, Michael. Outra hora conversaremos.

Mike obedeceu. Renée reteu Bella em seus braços, ajudando-a a se levantar. Logo fez o mesmo com Taylor.

Minha outra eu chorava.

– Calma, querida - Renée dizia, a abraçando. - Vai ficar tudo bem, certo? Falarei com seu pai e daremos um jeito de atrasar ou fazer com que esse casamento não aconteça. Não quero minha única filha casada com alguém como ele.

Filha. Renée havia me chamado de filha. Filha!"

– Posso ajudá-la, senhorita? Está tudo bem? - O homem perguntava-me, piedoso. Mas ele tinha os mesmos olhos dele. - Mencionou o nome do meu tio, Mike, então provavelmente já soube do ocorrido. Ele está no York hospital, caso queira visitá-lo. Infelizmente, está piorando. - A face do homem estava entrestecida.

Mas... Ele tinha os olhos de Mike. Dissera que era seu tio. E eu ainda podia sentir aquele tapa que havia corrompido minha alma.

Não foi o destino quem sugou o "amor tão bonito". Fora o próprio Mike.

Pertubadamente, notei que poderia descobrir que meu passado era um abismo. Algo ruim, pesado, escuro. Um fardo a carregar. Não teria sido por acaso que o céu havia me livrado dele.

Teimosa! Estúpida!

Comecei a caminhar apressadamente para longe do casal. Estava desnorteada, nada mais fazia sentido.

O objetivo que me segurava, a vontade desenfreada de conhecer meu passado havia declinado. Agora eu não tinha mais nada. Só uma missão idiota e a vontade de esquecer completamente tudo o que havia acabado de ver.

Mente, alma corrompida. Mike, não quero mais ver você. Seja lá onde esteja. Mesmo sendo num hospital. Não posso cumprir uma promessa que você... Destruíu. Com suas próprias mãos.

(http://www.youtube.com/watch?v=mVq-MU7ojVY)

(...)
Caminhei. Não sabia quanto tempo. Esperei inutilmente que o cansaço, o frio, a fome me matassem e fizessem com que esquecesse de tudo.

Tola... Não queria tanto lembrar?

Todos na rua pareciam zombar de mim. A estúpida que pediu para lembrar.

Bella, a bobinha, a problemática.

Corri.

Saiam da minha cabeça! Parem de me olhar! Saiam!

Corri mais. Queria fugir de tudo, de todos.

Que horas seriam?... Não sabia. Tinha uma vaga lembrança de que Alice e os outros estariam em suas casas, aquecidos. Sem o que temer. Com toda uma vida pela frente.

E eu estava ali. Destruída.

Meus calcanhares fraquejaram, reclamando pelo tempo que permaneci correndo sem nenhum preparo físico. Não me importei, continuei a correr.

Lágrimas quentes escorriam pelos meus olhos.

Renée... Minha mãe. Ela não havia ao menos me contado!

Charlie também mentira para mim. Não havia me contado que era pai de Edward... Mas me alertou com relação a minhas lembranças... Todos alertaram...

Renée me traiu. Fez com que eu lembrasse. Ou eu escolhi? Todos haviam dito que eu escolhi.

Apressei o passo. ESTÚPIDA! Por que lembrar, Isabella? Por quê? Não estava bem assim?

POR QUÊ?

Luzes chamaram minha atenção. Lojas. Muitas. Eu estava perto da Time Square.

Michael... Michael...

Fraquejei e acabei deslizando na calçada. Ela estava úmida. Eu estava úmida. Achei que fossem minhas lágrimas e só depois notei: chovia forte. Levantei com dificuldade.

Sem rumo, desnorteada. Era assim que me sentia. Das minhas mãos foi tirado o que eu queria buscar e acreditar. Perdida. O que eu faria? Não queria mais lembrar quem eu era e o que vivi. E quem eu era, quem eu sou? A Bella problemática? Era tão fácil ser ela...

Mas como poderia continuar a sendo depois disso?

Senti mais uma corrente salgada escorrer de meus olhos.

– ISABELLA! - Ouvi alguém gritar.

Imaginei que seria só mais uma alucinação. No estado em que estava, era comum misturar minhas lembranças com o real e concreto.

No que eu acreditava? Em quem eu acreditava? O que eu faria? Quem eu sou? Quem eu era?

– ISABELLA - alguém me agarrou.

Gritei. Tentei me desvencilhar.

– Me solta, Mike! - Berrei, furiosa.

Não, as lembranças não me tocariam novamente.

– Não quero lembrar, não quero lembrar... - Balbuciei.

– OLHA PRA MIM, DROGA! - Parecia com a voz do meu pupilo.

Mas era algo tão distante. As mãos que me seguravam viraram-me. Era Ed-boy. Estava tendo uma alucinação, com certeza.

– Você sabe o quanto está enlouquecendo todo mundo? Até eu tive que sair de casa, com essa chuva, pra te procurar, sua inútil! Fingir ser um namorado apaixonado é mais difícil ainda se você some desse jeito! - Reclamou.

Inútil...

Comecei a chorar. Essa era a conclusão. Diante de todos os fatos, eu era inútil.

– O que foi? Ah, não... Droga, Isabella, droga! - Meu pupilo reclamou.

Em seguida, surpreendeu-me com algo que eu nunca imaginaria que aconteceria de bom grado.

Ele me abraçou. Forte.

– Venha, você está ensopada e essa chuva não vai ajudar em nada. - Disse, guiando-me entre as pessoas.

Fez-me entrar em seu carro e ligou o aquecedor. Em seguida, entrou em seu lado, o do motorista.

– Seja lá o que aconteceu com você, vai ficar tudo bem, certo? Vai ficar tudo bem.

Ter a noção do quanto eu estava com frio, fome, molhada e esgotada me fez chorar novamente. Ed-boy não ligou o carro. Ele me abraçou novamente.

– Não é tão durona assim, hein garota - murmurou baixinho. Solucei. - Tudo bem, Bella, às vezes é necessário chorar. Eu estou aqui, tudo vai ficar bem, não se preocupe.

Estranhamente, a pessoa que eu mais odiava no mundo estava me confortando.

E ele havia me chamado de Bella.


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Notas finais do capítulo

Deixem comentários e recomendações - se puderem e acharem que mereço! BEIJÃO E O PRÓXIMO POST SERÁ NESSA SEMANA (SEGUNDA À DOMINGO)!