90 Dias com Ela escrita por Secreta


Capítulo 20
Capítulo 18 - Relacionamentos


Notas iniciais do capítulo

Bem, quem me segue no twitter sabe que me operei e que depois tive provas e provas no colégio. Por esse motivo fiquei tanto tempo ausente.Cursinho, colégio, etc. Não é pra qualquer um, né?
Mas mesmo assim, organizei tudo e decidi que vou fazer uma tabela com vocês, de quando terá cap. novo aqui, pra vocês não ficarem sem notícias minhas. Podem falar comigo pelo meu twitter ou mensagem privada aqui, sempre olho.
TERÁ OUTRO POST AINDA ESSA SEMANA, CASO TENHAMOS BOM NÚMERO DE REVIEWS - SE POSSÍVEL UMA RECOMENDAÇÃO *-*.
PLANEJEI ESSE CAP COM MUITO CUIDADO, TEM UMA CENA QUE SEI QUE VCS AMARÃOOO!!!!!!!!!
E ESCUTEM A MÚSICA, É IMPORTANTE.



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- Ui! – A bandida disse com a mão no coração, assustada.

Eu reconhecia aquele rosto de algum lugar... Ah, não!

- Quem vocês dois, fuleiros, acham que são pra assustar assim uma DEUSA? – Perguntou toda indignada. – Ainda mais euzinha, Jakeline White! – Bufou.

Levei a mão à boca, chocada. Aquele não podia ser...

Não, não podia. Tudo bem que tinha a mesma altura e as mesmas feições. Mas eu duvido que

Jake se maquiasse como uma drag queen e se vestisse como se fosse trabalhar como sinalização de trânsito. Sério, eu enxergaria aquela blusa rosa Pink à quilômetros de distância.

- Chega de brincadeira, Jake, o que você ta fazendo no meu quarto? – Ed-boy perguntou emburrado pela invasão.

A doida (o doido, não sei) revirou os olhos.

- EU NÃO SOU JAKE NENHUM! Por que todo mundo confunde? É tão difícil pra esses cérebros de quinta de vocês entenderem que em dia de lua cheia eu sou JAKELINE, A DIVA, A MAGNÍFICA? – Indagou, toda chateada.

Meu pupilotário teve uma crise de risos. Eu ainda estava confusa demais pra zoar daquilo.

- Jake você vira... Mulher em noites de lua cheia? – Perguntou, morrendo de rir.

A mulher ficou mais doida ainda. Deu tanto chilique que a peruca ruiva quase caía.

- PORRA DE JAKE! Aqui é JAKELINE! J-A-K-E-L-I-N-E entendeu cara murcha? Ô, bicho burro! – Reclamou. – Por isso mamãe dizia: homens são todos burros! Concordo! – Enfezou-se.

Ed-boy fez uma careta, visivelmente ofendido. E eu comecei a rir. Era muito engraçado vê-lo com raiva.

- Agora, se dão licença, tenho um encontro com um burro charmoso! – Disse, levantando o queixo num gesto de “superioridade”.

Meu pupilotário ia retrucar, mas ela foi mais rápida e já estava na porta do quarto, de saída, quando nos dirigiu sua última frase:

- Morram aí suas bactérias! Bom que se reproduzam bem muito e morram com os próprios vírus! Adeusinho! – E fechou a porta com força.

Eu ainda estava muito chocada com tudo o que havia acabado de ver. Mas, pelo visto, Edward só tinha achado engraçado. Ele estava rindo como louco.

- Será que ele lembra de manhã? Vou zoá-lo muito! – Planejou.

- Acho que não... – Falei pensativa. – Ou ele teria nos contato. Mas de uma coisa tenho certeza.

- Do que?

- A cabelo de fogo não entende praticamente nada de biologia. Onde já se viu bactéria ter “vírus-filho”? – Suspirei. – E pior ainda insinuar que eu me reproduziria com você, eca – fiz cara de nojo.

Uma expressão de fúria passou pela cara de Ed-boy, mas depois, para minha tristeza, ela deu lugar a um brilho de divertimento.

- Pois saiba que terá que fazer isso, já que sou seu namorado – retrucou.

Olhei para ele muito fula da vida.

- Diz que ta brincando – pedi.

- Não estou.

Usei todo o meu sistema de “respira e inspira” pra não pirar de uma vez.

- DIGA QUE ESTÁ BRINCANDO OU EU TE DOU UM CHUTE NA BUNDA NESTE EXATO INSTANTE! – Ameacei.

- Você não pode. – Declarou calmamente. – Acordos são acordos, xuxu – zoou.

Aí... Eu surtei. Ser chamada de "xuxu" já era o cúmulo da breguice e ainda mais com aquele assunto...

- POIS SAIBA QUE NÃO FAREI NADA! NUNCA PERMITIREI QUE VOCÊ COLOQUE SUAS SEMENTINHAS EM MIM, SEU NOJENTO! MUITO MENOS QUE UMA CEGONHA ASQUEROSA TRAGA UMA CRIANÇA COM SUA CARA! – Xinguei. – JÁ BASTA UM RHIZOBIUM NO MUNDO!

Ed-boy deu uma risadinha.

- Me xingou de bactéria e... Espera – ele me fitou um pouco surpreso. – Você tava zoando quando mencionou sementinhas e cegonha, não tava? – Verificou.

A cabeça de fogo tinha razão. Ô, bicho burro! Como um cara que queria ser médico não sabia como os bebês nascem?

- Claro que não, cabeça de vento – revirei os olhos.

Não entendi, mas meu pupilotário começou a rir como uma hiena. Assim, do nada. Contei mentalmente de um até cinquenta até que ele parasse de rir. Paciência tem limite!

- Você... Você... - Murmurava, sem, entretanto, conseguir completar.

- Espero que você engasgue com esse seu risinho asqueroso - falei toda emburrada.

Qual é, eu tinha certeza que ele estava rindo de mim sem motivo!

- Ok, ok, eu já parei - riu mais um pouco. - No entanto, agora preciso fazer uma coisa... - Deu um sorrisinho malicioso e começou a se aproximar de mim.

PARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

PARA. PARA.

Meus relatórios não mencionavam ter que ter um envolvimento amoroso - ou físico - com meu pupilotário. O que quer dizer que eu não era OBRIGADA a fazer isso. Nem sabia se podia.

"Tomara que seja super proibido", pensei, "e tomara que venham me buscar logo por isso".

Mas ninguém veio. E o otário continuava a se aproximar. Não adiantava o quanto eu gritasse "não".

Charlie, eu sempre soube que Ed-boy não prestava. Com amor, Bella.

- Vamos começar a treinar desde já nossa sintonia de casal, xuxuzinho - falou todo meloso.

Eca. Senti vontade de vomitar nele umas mil vezes.

Quando percebi o que viria a seguir, tentei desviar. Fugi correndo pelo quarto - ou tentei - mas meu pupilotário foi mais rápido e conseguiu me alcançar.

DESGRAÇADO!

- Se vamos ser um casal, ou fingir ser um, precisamos fazer isso direitinho - disse ao prender meus braços ao redor de sua cintura.

- Talvez eu não queira ser sua namorada, panaca - xinguei, irritadíssima.

Não foi suficiente. Meu pupilotário simplesmente se aproximou e uniu nossos lábios em um único impulso. Esperneei como louca para que ele me soltasse, mas Ed-boy não o fez. Acabou piorando a situação, até. Tentou enfiar aquela língua nojenta dentro da minha boca.

Continuei me debatendo contra ele o quanto pude. Meu pupilotário só podia ter pirado! Pensei mil vezes em dar um chute no mesmo, só para ver se ele acordava pra a realidade.

Fingir ser namorada e apaixonada por ele já era um extremo, compartilhar saliva com ele...

ECA!

POV EDWARD

Estava sendo muito engraçado deixar Isabella furiosa enquanto a beijava. A louca continuava se debatendo, tentando se livrar de mim. Por mais divertido que fosse vê-la irritada, já estava na hora de fazer isso direito. Afinal, se eu quisesse provocar algum ciúme em Tanya, o meu relacionamento falso com Floribella teria que parecer real.

Algo bem árduo de se fazer.

Tanya tinha logo que ter ciúmes de uma garota difícil de lidar como Isabella...

CÉU POV

Rudius vibrava de alegria. A audiência estava no topo com esse indício de que logo os protagonistas de seu reality iriam se beijar.

E o melhor: ele não tinha ao menos se mexido por isso! Fora algo natural. Melhor para ele. Menos trabalho, mais glória, mais diversão.

Entretanto, como o bom e perfeccionista diretor que era, resolveu dar um retoque final. Ligou rapidamente para os arcanjos influenciadores e lhes disse o que queria:

- Música romântica. Pra. Já. - Sibilou.

Rudius pensou: agora os telespectadores devem clicar no link que deixei para que escutem a música. Assim o reality bombará! A música trará um clima agradabilíssimo!

(http://www.youtube.com/watch?v=KOYgdJJSeXk)

- Ah, sim, agora está bem melhor... - Sorriu e cruzou os braços. - Vamos ver o que esses dois aprontam sem minhas pequenas ajudinhas.

Dizendo isso, acomodou-se melhor a sua poltrona e continuou a assistir, sempre pensando na qualidade de seu reality, porém, divertindo-se também com toda a história de que ele se achava tão dono quanto os próprios protagonistas.

EDWARD POV

- Isabella, fica quieta - pedi com impaciência. Já tinha cansado da brincadeirinha.

Agora era sério.

- Não pararei de lutar enquanto não me largar! - Exclamou.

Hilária. Aposto que ela não tinha ideia do quanto conseguia ser engraçada quando não estava tentando me zoar.

- Se eu for fazer isso, preciso da sua ajuda - disse sério.

Acho que eu nunca tinha falado tão sério na minha vida. Principalmente com ela. Talvez, tendo notado o tom da minha voz, ela parasse pra me escutar.

E ela parou.

- É difícil. Eu sei. Somos muito diferentes e adoramos brigar um com o outro. Mas eu não quero perder a grande chance da minha vida por uma infantilidade, não mais. E preciso da sua ajuda com isso. - Parei um pouco para respirar e olhar nos olhos dela.

Verdes e azuis ao mesmo tempo. Era tão esquisito e... Raro, ao mesmo tempo. Pareciam duas chamas azuis moldadas em sua face.

- Tudo bem - disse, tentando conter uma careta. Fechou os olhos. - Mas eu ainda acho que nós não temos que nos b...

Não esperei que ela acabasse. Juntei nossos lábios mais uma vez.

E dessa vez, fui gentil. Precisávamos cooperar e tentar parecer um casal apaixonado. Tínhamos que dar o nosso máximo.

Eu daria o meu...

Depois de um longo selinho, vagarosamente, minha língua pediu passagem para entrar na boca dela. E ela, dessa vez, cedeu.

Uma sensação esquisita tomou conta de mim depois do primeiro segundo a beijando. Era como se vários morangos passassem por nossas bocas de uma só vez. No começo, de um jeito bem atrapalhado, mas depois, em sincronia. E eu jurava que podia sentir algo doce tomando conta de mim e de toda a atmosfera ao meu redor.

Por uns instantes eu esqueci quem eu e Isabella éramos.

Minhas mãos foram parar ao redor do seu rosto e as dela em meu pescoço. Instintivamente aprofundei o beijo, procurando insaciavelmente pelo gosto doce. Nunca havia o sentido antes. Não tinha gosto de morango, como havia pensado anteriormente.

Era melhor.

Estava tão concentrado em tantas sensações que só fui lembrar a razão para aquilo um tempo depois. Então, a soltei imediatamente, um pouco em choque.

Ou o fato de eu estar na seca há tanto tempo havia me feito ter ilusões, ou aquilo estava BEM esquisito.

Afastei meus pensamentos com a tentativa de um riso.

- Até que não foi tão mal, hein xuxu! - Caçoei.

Eu sabia que ela odiava ser chamada de xuxu, pelas caretas que fazia... Acabei rindo realmente quando ela fez uma cara de nojo.

- Não foi tão mal... Foi péssimo mesmo! - Ela disse, ainda que um pouco zonza, tentando dar uma de durona.

Isabella acabou tropeçando numa caixa que não devia estar ali. Estranhei.

- Uma caixa - murmurei pensativo.

- Argh, odeio tropeçar nessas coisas! Culpa sua que me deixou com ânsia de vômito depois dessa coisa gosmenta! - Reclamou.

Revirei os olhos. Ô, garota irritante!

- Não esqueça que eu também te odeio e nem por isso estou com tanta frescura por um beijo qualquer. - Bufei. - E cuidado com essas suas ânsias de vômito, Floribella, não quero ser pai tão cedo - zoei.

Ela ficou fula da vida! O que me fez rir mais ainda.

Entretanto, Isabella não rebateu. Ela olhava fixamente para dentro da caixa. Intrigado, quis verificar o que tinha retido sua atenção.

Ao me aproximar, logo percebi. Um CD com uma capa incolor. Seria até bem normal... Se no mesmo não tivesse escrito "ED-BOY VS FLORIBELLA - THE GAME BY: EMMETT CULLEN AND JACOB BLACK".

- Demmentt andou aprontando... E Jacob - ri ao lembrar de "Jakeline" - aparentemente também.

- Um jogo... - Isabella murmurou ao pegar o CD. - Com os nossos apelidos de zoação.

Franzi o cenho.

- Por que será que sinto que isso não vai prestar?

- Porque não vai - ela completou em um tom sério. - Olha, tem camisa da Tommy, calça jeans! Nossa, quanta coisa nessa caixa - comentou.

Rapidamente juntei as peças. A caixa não estava ali até o episódio com a "cabeça de fogo". Era Jakeline quem vinha roubando nossas coisas em noites de lua cheia. De algum jeito, eu tentaria conversar com Jake sobre isso e resolveria as coisas. Mas não agora.

- Tá a fim de descobrir o que tem nesse jogo? Podemos jogar na sala de estar - a convidei.

Isabella me fitou, o semblante fechado.

- Só se for agora! - Abriu um sorriso matreiro.

(...)

Surpreendi-me com a boa resolução do MENU do jogo. Mas isso não mudava o fato de Demmentt ter feito um jogo de luta em que eu e Isabella batíamos um no outro até a morte.

- Radical! - Ela exclamou feliz da vida. Pelo visto, não tinha a mesma opinião que eu.

Bufei.

- Posso descontar toda a minha raiva em você nesse joguinho. Emmett é um gênio! - Elogiou meu irmão postiço sem noção.

Dei de ombros.

- Você sabe que perderá. Sou o melhor jogador em todos os tipos de jogo que conheço - me vangloriei.

- Vai achando, Ed-boy! Começa logo esse troço, vai! - Pediu, toda animadinha.

Com um pedido tão "gentil" de Isabella, dei START no jogo. Começou com uma historinha.

"Era uma vez, dois reinos inimigos. E dois jovens. Ela, a indomável e diabólica Floribella. Ele, o feroz e assombroso Ed-boy. Ambos movidos pelo desejo de destruição. Haviam aprendido por toda a vida a matar e... Matar.

Agora, os dois aceitaram um desafio. Mostrar-se superior ao inimigo e com isso conquistar todos os reinos. Um vai ter que assassinar o outro. Durante várias vezes. Mantenha os olhos abertos e os corações fechados. Mantenha crianças longe. Esse jogo vai dilacerar sua alma, seus olhos, seu corpo e seu coração... Bom jogo!

OPRAH, I LOVE YOU, CALL ME: 011 7386-3938

BEIJOS DO EMMETT!"

- Por favor, me diz que o Emmett não me chamou de indomável e diabólica - Isabella murmurou furiosa.

- Então me fale que o Emmett não colocou aquele boneco horrendo pra me representar - repliquei.

- Vou matar o Emmett - ela respirou fundo.

- Vai ter que me matar primeiro, dã - provoquei.

- É exatamente o que vou fazer.

E começamos a jogar.

(...)

   Acabamos passando horas jogando. Era viciante. E, realmente, era uma boa maneira de extravasar toda a raiva. Havíamos chegado à fase 11 e Isabella não cansava de me desafiar.

   - Vai perder mais uma pra a Indomável Isabella, Ed-boy! – Zoou.

   - É o que vamos ver – entrei na brincadeira.

   Já estava com os botões pressionados quando notamos uma certa... Anomalia.

   - O que é isso? – Isabella indagou tão atônita quanto eu.

   Os 11 primeiros níveis do jogo do Emmett eram aterrorizantes, cheios de ação, sangue, entre outros. E agora... Um monte de coraçõezinhos?

   - Será que ainda dá pra bater em você, pelo menos? – A cara de pau teve coragem de tentar testar.

   Mas quem riu fui eu. Ao invés de socos, chutes, etc... Beijos e abraços. Esses eram os golpes.

   - Impressão minha ou nessa fase ganha quem matar o outro de “amor”? – Suspirei entediado.

   Ela assentiu. Que chatice.

   - MEU JOGOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!! – Ouvimos a voz do retardado do Emmett vinda das escadas.

   Ele vinha correndo. Lembrei vagamente que ele havia ficado realmente muito nervoso pela perda de seu jogo.

   - Opa... – Ele paralisou ao ver que eu e Isabella estávamos jogando. – Pessoal, não é nada disso do que estão pensando!

   A “Indomável Floribella” revirou os olhos.

   - Relaxa, Demmentt, os primeiros níveis são legais. Só não entendi o nível 11.

   Emmett pôde respirar novamente. Ele tinha um medo tremendo de mim e da Isabella. Éramos tão assustadores assim?

   - Você gostou mesmo? – Ele perguntou, se aproximando animadamente de Isabella.

   - Sim – ela sorriu.

   - Espera só pra ver o nível 30, cara, são vocês “brigando” em cima de uma cama, seus safadinhos! – Caçoou.

   Imediatamente eu e Floribella nos entreolhamos.

   - É O QUE, EMMETT?!

(...)

   - Satisfeitos? – Emmett bufou fulo da vida.

   Tínhamos o feito destruir aquele CD. As informações sobre as fases e o que acontecia comigo e com Floribella nelas... Não eram... Digamos... Agradáveis.

   - Não fez mais do que sua obrigação – murmurei.

   Logo após, vir-me-ei na direção de Isabella e lhe disse:

   - Acho melhor você ir para sua casa dormir. Minhas irmãs devem estar loucas e amanhã temos uma GRANDE notícia para dar a TODOS – objetei.

   Isabella franziu o cenho.

   - Hã? Temos? – Questionou, toda lerdinha.

   - TEMOS, BOA NOITE, TCHAUZINHO – a expulsei, levando-a até a porta da minha casa.

POV EMMETT

   Todos me achavam burro, lerdo e demente. Com certeza se vissem o que eu havia acabado de fazer não pensariam o mesmo. Mas eu AINDA não mostraria a ninguém.

   Como o plano de espalhar o jogo através da venda em CDs obviamente não daria certo – eu havia sido descoberto e estava morrendo de medo de apanhar da “Indomável Floribella” e do “Assombroso Ed-boy” –, resolvi colocar o jogo na internet e deixar apenas alguns níveis pagos. Lucraria menos, mas ficaria famoso mais rápido.

   SOU UM GÊNIO!

   Lembrei de como tinha sido bom levar Rose em casa após todo aquele alvoroço, desejar uma boa noite a ela e voltar pra cá. Minha ex-freira tava na minha, de certeza. Ela até me deu um beijo na bochecha!

   Ai, to apaixonado.

   Recordei também que GTA não havia chegado. Alice, Jake e Jasper também não.

   Aqueles danadinhos, hein, devem estar aproveitando a noite!

   Não importa, agora tenho que colocar meu jogo na internet antes que Ed-boy ou Floribella me descubram aqui escondido no escritório!

POV BELLA

   Entrei em silêncio na casa que dividia com Alice e Rosalie. Não queria ter que dar explicações por estar chegando tão tarde, uma vez que o dia de amanhã por si só já me traria muitas dores de cabeça!

   Fingir namorar Ed-boy. Argh.

   Treze dias, de repente me dei conta. Já estava há quase duas semanas na terra. Era pouco tempo, sobre certo ponto de vista, mas aqui as coisas pareciam caminhar tão depressa que achava que minha noção celestial de tempo não funcionava mais.

   Abri um sorriso. Charlie viria me ver amanhã. Um frio arrepiante congelou minha barriga quando me lembrei de que provavelmente ele desaprovaria completamente minha atitude de namorar de mentirinha seu filho para dar a ele o que ele quer e fazê-lo feliz.

   Eu estava desesperada, poxa, ele teria que entender. Não havia tido nenhum avanço durante dias! Fora sérias considerações sobre minha conduta nunca ter sido exemplar. Então já era de se esperar que eu não fosse resolver as coisas tão de acordo com a lei, não é?

   Acho que eu estava bem ferrada. Havia muitos defeitos meus que tecnicamente eram inaceitáveis para um anjo.

   Após subir as escadas, atravessei o corredor e entrei em meu pequeno refúgio: meu quarto.

   Já estava bem mais ambientada a ele. No começo fora estranho morar e conviver em um local tão diferente do céu em vários aspectos. Mas acho que me adaptei... E pela loucura que tem sido, até bem demais.

   Dessa vez não quis fitar o céu. Estava muito cansada para assisti-lo. E olhar lá pra cima ia me dar muita saudade... Muito remorso... Muitas dúvidas.

   Já que minha ética nunca foi das melhores, nunca sei quando estou errando ou acertando. E agora, sem meu mentor, estava perdida, sem um ponto em que pudesse me segurar ou pedir ajuda.

   Que idiota havia sido todo esse tempo desvalorizando as coisas que tinha no céu.

   Mas por outro lado, eu parecia começar a me encaixar tão bem melhor aqui...

   Joguei-me na cama e aconcheguei-me a mesma. Tão macia...

   Pequenas ondinhas serenas vibravam através do meu colar celestial, o que significava que Ed-boy também estava em paz.

   Não percebi, mas depois de alguns minutos já estava imersa em um sono profundo e renovador.

   Eu estava em um túnel. Não em um qualquer, mas naquele em que havia atravessado algumas vezes.

   Caminhei lentamente. De alguma forma, eu sabia que uma hora ou outra Renée logo apareceria para mim.

   E eu tinha muitas perguntas a fazer.

   - Bella – ela finalmente veio, imersa em profunda claridade.

   Renée era linda. Parecia feita de luz.

   - Charlie aconselhou-me a não lembrar mais – franzi o cenho.

   Ela estendeu sua mão para mim.

   - Não é uma escolha dele, querida. Você a fez. Se isso aconteceu, é porque está na hora. Nada é fora do tempo. Deus é perfeito, o destino de cada um está traçado. Só depende das escolhas individuais. Livre-arbítrio. Você usou o seu e escolheu lembrar. Acha mesmo que não estaria preparada? – Indagou-me com um sorriso compreensivo no rosto.

   Suspirei.

   - Não sei... Tudo o que eu fazia era errado... Acho que perdi a noção do que é certo ou não – desabafei, frustrada.

   Renée se aproximou de mim.

   - Escute seu coração, meu bem. Ele nunca falhará – disse, segurando minhas mãos.

  A encarei. As luzes que ficavam em volta dela agora se espalhavam à minha volta. Fechei os olhos.

   Escute seu coração, Bella. Escute seu coração.

  

(...)

   - O que eu quero te dizer, Bella, é que... – Um garoto loiro gaguejava visivelmente nervoso.

   Olhando assim de fora, ri. Mas a minha outra “eu”, com quem o garoto interagia, também estava nervosa. Parecia esperar algo.

   - Apaixonadinho! – Um garoto de cabelos negros gritou por trás.

   O garoto loiro corou.

   - Bastardo! – Gritou, arrancando risinhos do amigo.

   Amigo. Como eu sabia disso?

   - Não ligue para eles – pediu a mim. – Bella, o que estou tentando dizer, é... Quer ser minha namorada? – Perguntou ansioso.

   A minha outra “eu” abriu um sorriso juvenil e disse um sonoro “sim”.

   Os dois deram um selinho rápido, coraram, e saíram caminhando lado a lado. Somente alguns bons metros depois, deram as mãos.

   Meu primeiro amor, de repente lembrei. Mike.

  

(...)

   Em um piscar de olhos a cena havia mudado. Agora estava em um lindo parque e, atrás de algumas árvores, minha outra eu e Mike se beijavam. Abaixo deles, tinha uma toalha e comida.

   Um piquenique.

   - Tive um sonho esquisito com você ontem à noite – Mike murmurou. Uma sombra passou por seus olhos. Tristeza, identifiquei.

   Não havia sido um sonho bom.

   - Como foi o sonho? – Ouvi minha outra eu indagá-lo.

   - Infelizmente ruim, querida – ele baixou um pouco a cabeça e olhou-a como se pedisse desculpas. – Você sempre me escapava no final. Algumas vezes com outro cara, que você dizia ser seu verdadeiro amor, outras você só fugia...

   Minha outra eu o olhou, penalizada.

   - Isso nunca vai acontecer, está bem? Ficaremos juntos pra sempre! – Prometeu. – Meu pai já o aprovou, daqui a alguns anos casaremos, teremos filhos...

   - Cinco filhos – Mike emendou.

   A outra Bella franziu o cenho.

   - Três, não abuse, por favor – disse, fazendo Mike dar gargalhadas.

   Logo depois, voltaram a se beijar.

(...)

   - Você tem certeza disso, Bella? – A voz de Mike encheu meus ouvidos.

   A cena passava muito rápido, entretanto, corei.

   Ah, eu havia lembrado. Então era assim que os bebês nasciam. Ed-boy havia tido razão em caçoar de mim. Mas eu inventaria alguma coisa pra não mostrar a ele que não errei de propósito... Outra hora.

   Voltei a me concentrar na cena, apesar de corar a cada cinco segundos.

   Minha outra eu, abaixo de Mike na cama, sorriu.

   - Sim. Eu o amo, não é? Então não há nada de errado. – Concluiu.

   Pisquei os olhos depressa para sair dali.

  

(...)

  

   Nessa cena, havia lágrimas em meus olhos. Mike também chorava.

   - Você prometeu, você prometeu... Disse que nunca me deixaria – ele chorava.

   - Eu... Eu sei – murmurei entre lágrimas. – Os médicos não sabem nem ao certo o que tenho, Mike. Mas não é bom.

   Mike me fitou, desesperado.

   - Prometa que nunca me deixará. PROMETA – gritou.

   Fitei-o, nervosa e perdida.

   - Não posso fazer isso... – Disse em soluços.

   Ele agarrou meus ombros e pediu mais uma vez:

   - Por favor, minha Bella, PROMETA!

   Desviei meu olhar para o chão.

   - Não posso prometer que não o deixarei, não é uma escolha minha. Mas se puder escolher, Mike, eu voltarei para você. Algum dia.

   E ele me abraçou.

(...)

   Acordei perdida, de alguma forma ainda sentindo um resquício dos braços de Mike.

   Algumas peças pareciam propícias a se encaixar agora. Renée me disse que o destino está traçado.

   E se eu tivesse voltado para cumprir a promessa que fiz a Mike? E por que separariam um amor tão bonito quanto o nosso?

   Será que realmente tínhamos o que vi?

   De alguma forma, esse pensamento me levou a Edward novamente. Agora sabia, nem que fosse um pouco, como ele se sentia com relação a um amor que foi tirado dele.

   Por que essas coisas aconteciam?

   Algum dia eu iria descobrir, decidi. E também procuraria o paradeiro de Mike, fosse onde fosse. Uma parte da minha vida, da minha história deveria estar me aguardando lá.

   Então, percebi. Estava pronta. Pronta para lembrar e tomar rédeas da minha vida. E de todas as conseqüências. Havia seguido meu coração.

   Mal podia esperar pela visita de Charlie. Olhei a hora: 05h00am

   Resolvi que deveria voltar a dormir um pouco.

  Dessa vez, não sonhei.

(...)

POV JASPER

   Já havia acordado há algum tempo. Apesar da dor de cabeça, permaneci ao lado de Alice. Eu não lembrava muita coisa da noite passada. Apenas do meu visual bizarro, de muito álcool e de ter beijado Alice... E era por isso que eu continuava ali, do lado dela.

   Algum tempo depois, ela abriu os olhos calmamente. Mas levou um grande susto ao me ver. E ao notar sua ressaca.

   - Jasper? – Disse confusa. – Ai, minha cabeça. – Reclamou.

   - Vou buscar um remédio pra você.

   Alice segurou meu braço.

   - Não... E... O que você está fazendo aqui?

   Deixei que ela própria lembrasse a noite anterior. Pelo menos de algumas partes.

   - Ai. Meu. Deus. Não acredito que fiz isso! – Exclamou, levantando-se subitamente.

   Ela levou as mãos à face, envergonhada.

   - Me desculpa... – Pediu.

   A fitei, sério, eu já esperava por aquilo.

   - Alice – a encarei. Ela sequer olhou para mim. – Tem uma coisa que preciso falar pra você.

   - NÃO! – Ela gritou. – NÃO PRECISA, NADINHA! É UMA COISA SUA!

   Disse e saiu correndo como uma louca histérica. Suspirei, o que eu não faria por aquela garota, hein?

   Corri atrás dela, como, se minha memória cheia de álcool não me falhava, havia feito na noite anterior. Precisava acabar de vez com aquele circo, perguntaria logo a ela se de fato me amava e ponto.

   - Alice, volta aqui!

   Quando percebi já estava na sala, com Rosalie, Emmett e Edward nos encarando. O que os garotos estavam fazendo aqui?

   E eu estava na casa das meninas?!

   Aproveitei que todos estavam ali para desabafar o que vinha sentindo há muito tempo.

   Como se o destino estivesse do meu lado, Bella, no exato momento, desceu as escadas.

   - O que é essa barulheira ai? – Perguntou com curiosidade.

   - Preciso falar uma coisa pra todos vocês.

   Alice me fitou, suplicante.

   - POR FAVOR, NÃO FALA!

   - Por que não? – Estranhei.

   - Vai me fazer chorar ter certeza disso – ela murmurou cabisbaixa.

   Saber que eu a amava iria a fazer ficar triste? Ela sabia mesmo do que eu estava falando?

   - Alice, por que acha que o que Jasper quer falar vai te fazer tão mal? – Rosalie perguntou a irmã, preocupada.

   A minha baixinha surtou, apontando pra mim.

   - Ele vai dizer que é gay – suspirou.

   Edward e Emmett começaram a rir feito hienas.

   - KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!

   - Alice, vem aqui, agora – exigi.

   Todos estranharam o tom da minha voz, mas era necessário. Chega de tantos desencontros. Eu me declararia à mulher que me fez voltar a compor!

   Fitei seus olhos castanhos.

   - Estou apaixonado por você. Sei que esse não é o pedido mais romântico do mundo, mas você não me dá uma chance de pensar em algo melhor fugindo desse jeito. Desde o dia que dormimos juntos, eu soube que te amava. Voltei a compor por sua causa. Agora quer, por favor, parar de fugir de mim e namorar comigo? – Supliquei.

   Alice ficou pálida. E depois desmaiou.

(...)

BELLA POV

   - Ah, que felicidade! Agora tenho o meu Ken e não preciso mais usar aquelas roupas de mendiga! – Alice exclamava, batendo palminhas, enquanto enchia Jasper de beijos.

   Eles pareciam o verdadeiro significado da felicidade ali. Dava até um pouquinho de inveja, confesso.

   - Vem cá, que o Jasper e a Alice dormiram feito duas pedras no quarto dela, eu sei. Mas o que vocês dois estão fazendo aqui tão cedo? – Indiquei Emmett e Edward.

   Ed-boy tratou logo de explicar.

   - Jake e GTA ainda não voltaram pra casa. Isso ta ficando sério. – Disse.

   Emmett fez uma careta tristonha.

   - Será que aquela velha comeu o pobre GTA?

   Todos, sem exceção, o encararam.

   - No bom sentido, bando de mentes sujas. Tipo, velha sendo monstro etc. – Revirou os olhos.

   Demos uma risadinha nervosa e fingimos que não tínhamos escutado aquilo.

   O colar celestial vibrou em meu peito. Argh. Ed-boy estava começando a ficar nervoso. Droga!

   - Acho que eu e Isabella também temos uma novidade pra vocês – ele balbuciou.

   Eu e os outros o fitamos.

   Ele se levantou, teatralmente, e convidou-me a ficar perto dele. Tremi. Aproximei-me lentamente, feito uma lesma quase morta.

   - Ontem, eu e Isabella descobrimos que nos amamos loucamente. Ficamos presos em um elevador e acabamos resolvendo que nosso ódio é na verdade paixão. A pedi em namoro e ela aceitou, né xuxu? – Zoou.

   Contei mentalmente até mil, tentando engolir aquele “xuxu” antes de poder bancar a apaixonada pelo meu pupilotário.

   - S-sim – dei um sorrisinho amarelo. – Amo você, coisinha fofa da Bebella! – Apertei as bochechas dele, revidando a zoação.

   Ele quase bufou.

   Olhei ao redor e todos nos encaravam, chocados. Eu também ficaria se estivesse no lugar deles. Eu e meu pupilotário éramos... Incompatíveis.

   Emmett ia começar a se pronunciar quando ouvimos um estrondo na porta. Por ela, passou GTA completamente desajeitado, como se tivesse ido para a guerra.

   - ESTOU VIVO! AQUELA VELHA É UMA TROGLODITA NINFOMANÍACA! MUITO FOGO!

   Os olhos de Emmett brilharam.

   - GTA, VOCÊ TÁ VIVO!

(...)


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Notas finais do capítulo

E aí, acham que eu mereço reviews e recomendações? Fiz esse cap com carinho (:
A tabela que terá as datas em que postarei cada capítulo será postada no próximo capítulo, que será postado AINDA ESSA SEMANA.