90 Dias com Ela escrita por Secreta


Capítulo 17
Capítulo 15 - Visitante Noturno


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Senti a falta de vocês! Infelizmente não pude entrar na internet durante muito tempo porque estava muito atarefada! Foram as férias mais turbulentas da minha vida, juro. Voltando a rotina mansa agora, só me resta uma semana de férias, mas prometo fazer valer a pena com esse e os próximos capítulos. Lembrando que quanto mais reviews, mais rápido o próximo capítulo, que já está em andamento, vem.



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Ponto de vista: Edward

- Muito bem, muito bem... - Murmurei, observando pelo binóculo a bruxa da vizinhança. - Gato do Arrocha presente? - Indaguei.

- Bem aqui - Emmett confirmou apontando para o mendigo, que sorriu com seus dois dentinhos.

- É o seguinte, a baranga tá no jardim. Provavelmente vigiando as casas vizinhas para ter como atormentar pessoas como nós, da vizinhança. Hoje é domingo, o dia está maravilhoso, e a partir de segunda não poderemos te ajudar na conquista, GTA.

GTA? É. O apelido que o viciado em jogos - Emmett - deu para o mendigo. Já que minha criatividade não estava dando sinais de vida, resolvi me adaptar a tal apelido ridículo. Uma boa que o mendigo nem sabe que tipo de jogo é... Se não...

- O plano é: Eu vou lá e você vem comigo. O Emmett observa tudo já que o Jacob saiu com o Jasper por aí para comprar roupas do novo estilo. Não que eu confie no senso estético do Jake mas... Enfim, não importa. Quando chegar perto da velha, eu a ridicularizo, e você, GTA, a defende. Ai ela fica toda agradecidinha, te chama para entrar, e depois você combina de sair com ela no sábado. O dia da festa. Entendido? - Chequei.

- Sim - Emm e GTA responderam em coro.

- Beleza, vamos lá!

(...)

Andando calmamente, como se nada tivesse acontecido, eu e GTA paramos exatamente no ponto onde a velha regava seu jardim. Ela nos fitou estupefata com nossa audácia: pisar em sua grama.

- SAIAM DA MINHA GRAMA SEUS MAL-EDUCADOS! - Nos expulsou rudemente.

Respirei fundo antes de falar o que provavelmente acabaria com qualquer tipo de amabilidade da velha.

- Você não tem o direito de mandar em mim, velha mal-amada! - Xinguei.

Ela me fuzilou com o olhar. Cutuquei o mendigo para que ele fizesse logo o que tinha de fazer. A velha parecia querer quebrar meus ossos.

- Não fale isso de uma... Uma... - GTA esqueceu o texto decorado. - GATINHA? - Deu um sorrisinho nervoso.

A velha arregalou os olhos.

- VOCÊ TÁ ME TARANDO SEU PERVERTIDO? - Gritou histérica.

- Não, não, ele só queria... - Tentei argumentar.

- CALA A BOCA! - Exclamou com rudez. - Vou fazer você engolir essas palavras, seu tarado! - Prometeu.

O pior é que a maluca cumpriu. Parou imediatamente de regar as plantas e começou a bater em nós com o regador. É MOLE?

Fugimos correndo até o abrigo de casa, e, ao adentrarmos o lar, encontramos Emmett, Jasper e Jacob se acabando de rir.

- APANHARAM DA VELHA! - Sacanearam.

- O que posso fazer? Aquela velha é o demônio! - Reclamei chateado.

- Isso é porque ela está na seca, cara - Emmett argumentou. - Quando nosso amiguinho entrar em ação, tudo mudará. Falando nisso, acho que preciso te ensinar umas cantadas GTA. Com o Edward você não chegará a canto algum. - Gabou-se.

Revirei os olhos enquanto Emmett ditava cantadas ridículas. Pobre Gato do Arrocha.

- Então, compraram roupas novas? - Indaguei a Jake e Jasper.

- Sim - Jasper declarou sem muita animação. - É um estilo um pouco...

- Radical - Jake terminou visivelmente animado. - Sabe, sempre gostei de filmes Country e vestir um amigo assim... É quase como jogar aqueles joguinhos para vestir um boneco e...

- Tá, tá, eu entendi! Boa sorte com o novo visual, Jazz - desejei.

- Valeu - ele agradeceu sem muita animação.

Pelo visto, Jacob havia gostado mais do novo estilo do que Jazz. Isso não ia prestar...

Ponto de vista: Bella

Eu estava ansiosa. Hoje, segundo a carta, seria o dia da visita de Charlie. Tinha muitas perguntas, muitas dúvidas a serem esclarecidas... E estava com saudades.

Mesmo escondendo coisas de mim, Charlie sempre seria o meu tutor, um cara legal que cuidou de mim mesmo que eu não merecesse...

Sorri, lembrando-me das coisas engraçadas que passamos juntos... As encrencas em que eu me metia e ele tinha que resolver... Mil motivos para Charlie me odiar, entretanto, ele me amava como eu era. Como sou. E aquele é o meu Charlie.

Suspirei enquanto saía do quarto, ainda de pijama. Certo, esse era um hábito humano, ao qual, eu poderia facilmente me adaptar no céu.

- Bom dia, dorminhoca - Rose me cumprimentou, sorrindo. - Café da manhã? - Indagou-me.

- Não estou com fome, Rose... - Desculpei-me.

- Ah, tudo bem - ela sorriu amavelmente. - Hey, fiquei muito feliz por você ter superado seu ódio... Sabe, foi muito... Encorajador. - Disse.

- Como assim? - A questionei, confusa.

- Para o mundo, Bella. Há tanto ódio, tanta futilidade... Às vezes, no convento, eu me perguntava se realmente um dia isso iria acabar. Pessoas matando pessoas... Mesmo assim, há sempre alguém como você que me permite ver alguma esperança no futuro. Você me faz acreditar. Obrigada, Bella - Rose me agradeceu.

Assenti constrangida pela primeira vez na vida. Não sabia que Rosalie pensava tão bem de mim. Eu não merecia aqueles elogios. Não era... Boa o suficiente. Mas era tão bom poder ouvi-los, quando sempre fui criticada... Era tão bom ser... Admirada.

Feliz com os elogios segui em direção a sala de estar. A anã estava lá, assistindo um programa de moda.

- Bom dia, Alice - sorri. - Obrigada por ter salvado minha vida ontem.

A anã de repente congelou, parecendo ter culpa no cartório. Dei de ombros, ela havia me ajudado, afinal.

- Bom dia - sorriu amarelo.

Suspirei, jogando-me no sofá.

- Queria passar o dia todo na cama só de imaginar que amanhã voltaremos para aquela chatice da faculdade - resmunguei.

Alice me fitou.

- Não gosta do seu curso?

- Até gosto. As pessoas me incomodam - admiti.

A anã revirou os olhos.

- Então dê umas boas bofetadas nelas e mandem-nas cair fora - disse direta.

Abri a boca, muda. Aquela era mesmo Alice?

- O quê? - Ela falou confusa com minha mudez.

Apenas balancei a cabeça em resposta. Um brilho diferente passou pelos olhos de Alice.

- Eu vi o Jazz chegando - murmurou. - Ele foi fazer compras. Vi pelas sacolas. Talvez eu tenha mesmo que desistir do meu Ken - disse chorosa.

Suspirei.

- Talvez você esteja entendendo mal - dei de ombros. - E aí, quando vai estrear o visual largado? - Sorri, mudando de assunto.

Em minha primeira semana na terra, eu havia aprendido muitas coisas. Entre elas, mudar o rumo da conversa quando este não agradar a uma das partes.

- Hoje mesmo - disse, batendo palminhas, animada. - Você me ajuda? Quero me vestir agora mesmo! - Exclamou.

- Ok! - Disse igualmente ansiosa.

Mal podia esperar para ver Alice Cullen descer do salto e vestir algo... Comum.

(...)

- E então? Como estou? - Alice me indagou enquanto rodopiava com a calça jeans surrada e a blusa maltrapilha.

Cocei o queixo, me perguntando o que faltava ali. Para mim, além das roupas desbotadas e rasgadas, aquela continuava a ser a elegante Alice... E isso não é bom.

- Você está elegante demais pra alguém que não tá nem aí para as roupas - comentei com sinceridade.

Alice arregalou os olhos.

- O que você acha que falta? - Questionou.

- Hum... - Tentei descobrir, a olhando de todos os ângulos possíveis.

- Então...? - A anã estava visivelmente nervosa.

- Não consigo definir... - Murmurei mortificada.

Ela assentiu igualmente derrotada, sentando-se na beirada de sua cama. Encostei-me à parede rosa choque de braços cruzados, ainda tentando descobrir o que estava faltando no look largado da anã.

- Meninas? Tchutchucas? - Ouvimos uma voz masculina chamando, próxima ao quarto de Alice.

Levei a mão à testa, aquele não podia ser...

- Oi tchutchuquinhaaaaaaaaaaas! - Gato do Arrocha nos cumprimentou alegremente ao adentrar o quarto da anã, sem ao menos bater na porta.

- Dá o fora - eu retruquei zangada.

Alice balançou a cabeça vagarosamente.

- Relaxa Bella - pediu.

Gato do arrocha virou-se abruptamente em minha direção.

- Olha gata, não fica chateada! O que passou, passou - abriu seu sorriso de dois dentinhos. - Além disso, eu já vou pagar feio pelos meus erros - disse misteriosamente.

E aí a coisa toda me interessou.

- Como assim? Conta! - Pedi de repente prestativa demais. - Talvez possamos ajudar.

O carinha baixou os olhos, de um jeito que até o gato do Shrek ficaria com pena.

- Vou ter que seduzir a vizinha de vocês - confidenciou.

É O QUÊ?

Eu e Alice explodimos em gargalhadas. Não tinha como evitar. Como um cara com dois dentes flertaria com nossa vizinha mau-caráter?

Aproximei-me do mesmo, lhe dando tapinhas de consolação nas costas.

- Eu sei que é triste obrigada por me apoiar, tchutchuquinha... - Foi aí que ri mais ainda com o apelido horrível que o cara dera para nós, suas companheiras de casa.

- É... Você se ferrou legal, amigo! - Comentei, rindo mais ainda. Alice me acompanhou nas gargalhadas. - Quer dizer, seduzir a velha? De onde tirou isso? Quer dar o golpe do baú? - Sacaneei.

E de repente algo na expressão sofrida do ex-mendigo se iluminou. Muito. Como se ele tivesse ganhado na loteria.

- É ISSO! - Berrou animado, em seguida aplicando mil beijos a minha bochecha. - OBRIGADA, TCHUTCHUCA! AGORA ALÉM DE LINDO E GOSTOSO, SEREI RICO, PODRE DE RICO!... QUANDO MATAR A VELHA, HAHAHA - planejou.

Alice me encarou, pálida. Ok será que existe alguma coisa no Manual Sobre a Terra, Para Anjos sobre como fazer seu companheiro de casa maluco desistir de matar sua vizinha psicopata?

- Tenho que ir, garotas! Vou planejar os mínimos detalhes do encontro. E quando eu estiver rico, não se preocupem não me esquecerei de vocês... Adeus! - E saiu saltitando pela porta.

A anã me fitou acusadoramente.

- Você transformou um pobre mendigo em um ASSASSINO! - Berrou apavorada. - Não pode dar idéias, Bells! - Murmurou.

Congelei pasma com o poder de minhas palavras. Eu, uma anja, havia transformado um cidadão comum e menos avantajado em um futuro golpista. O inferno devia mesmo ser um local para minhas habilidades... Balancei a cabeça. Não, não queria morrer de desidratação lá. Nem ser castigada. Eu cumpriria minha missão.

Toquei minha boca com a ponta dos dedos. A partir de agora, nada mais sairia de lá. Bem, pelo menos assim eu não estragaria tudo.

Fitei Alice mais uma vez. Agora que o ex-mendigo tinha saído, eu conseguia ver claramente a diferença entre ambos. A anã tinha charme, classe, gato do arrocha não. Mas... Como mudar isso?

- Bella? - A pintora de rodapé me chamou.

Apenas balancei a cabeça em um "não" silencioso, em seguida a puxando para o banheiro. Eu daria um jeito naquele ar saudável e rico dela. Ah se daria!

E eu sabia até quem seria o estilista de Alice. O EX-MENDIGO.

(...)

Ponto de vista: Edward

- Já imprimiu os convites para a festa, Emm? - Perguntei a meu irmão postiço-barra-retardado.

- Tá na mão, Ed-boy - disse enquanto chacoalhava os papéis impressos. Ele mal olhara para mim, grudado a aquela tela de computador fazendo sabe lá Deus o que.

Revirei os olhos. Ele insistia naquele apelido ridículo vindo da ridícula Isabella. E, ao lembrar a garota, recordei que estava com seu colar e que devia devolvê-lo o quanto antes. Aquele negócio estava me deixando neurótico. Sonhos esquisitos, etc...

- Vou para a casa da Alice, devolver o colar da Isabella. Alguém vem? - Berrei, para todos os moradores da casa escutar.

Escutei o barulho de passos apressados em minha direção. Era Jake puxando Jasper, já com o visual de cowboy.

Ao encarar seu rosto indignado com a situação, explodi em gargalhadas. Aquela sim era uma cena hilária.

Emmett, ouvindo meu riso, distanciou-se do computador, vindo saber o que tinha acontecido e... Também começou a rir.

- Está vendo, Jake? Eu disse que estou ridículo com essas roupas e esse chapéu! - Resmungou, de braços cruzados. - Não vou ver a Alice assim - afirmou.

Jacob revirou os olhos com impaciência.

- Mas é claro que vai! Eu me esforcei tanto pra nada? Além disso, quero dar um "oi" pra a Bella - comentou, com um sorrisinho malicioso.

O PIOR DE TUDO É QUE EU ME SENTIA PÉSSIMO PORQUE A PORCARIA DO JACOB PODIA FALAR COM A ISABELLA, E JÁ EU, NÃO PODIA SACANEÁ-LA NEM UM POUQUINHO!

Suspirei. Era tão engraçado vê-la chateada...

- Vamos logo vocês dois, só vou devolver a droga do colar - respondi mal-humorado.

Ambos assentiram, e, enquanto Emmett voltava para o computador, fui buscar o colar de Isabella.

- Vamos - chamei. Jake e Jazz vieram logo atrás de mim.

(...)

Se algum dia eu houvesse tido alguma dúvida com relação ao estado mental de Isabella, agora já não restava mais nenhuma. A garota era completamente e absurdamente maluca.

- MEU COLAR, MEU COLAR, MEU COLAR! - Gritava feliz enquanto fazia um tipo de ritual absurdo com o colar sem graça.

Estava tão absorto achando Isabella estranha, que mal percebi quando Alice se aproximou de mim.

- Obrigada por ter recuperado o colar dela - agradeceu.

Dei de ombros, não fizera aquilo por ela.

- O GTA tinha me dado para que eu devolvesse - expliquei. Allie ainda ficou um pouco confusa quanto ao apelido retardado. - Ele estava com medo da fúria da insana aí - acenei para Isabella, que ainda pulava histericamente.

Alice riu baixinho, tentando se controlar para não perder a pose.

- Mesmo assim, obrigada. Ela estava paranóica atrás desse colar e só Deus sabe quão alegre ela está agora por achá-lo. - Minha irmã nanica comentou.

Fitei Alice com um sorriso debochado.

- Não vi nada demais naquele objeto sem graça - confessei.

Minha irmã mais nova só revirou os olhos.

- Pode ter um significado especial. De algum amigo, familiar, namorado... - Sugeriu.

- Pelo visto, nem você que é provavelmente a única amiga dela sabe que significado é esse - alfinetei.

O semblante de Alice se fechou e ela se afastou de mim abruptamente.

Suspirei, dando de ombros. Não queria ter sido tão grosso, mas não gostava dessa proximidade da minha família com alguém como Isabella. Ela era insana e chata. Tudo bem que minhas irmãs não eram muito melhores que ela, mas... Ah, não sei.

Ao andar pela casa enquanto todos conversavam, observei um a um minuciosamente. Jake conversava animadamente com Bella. Provavelmente estaria lhe jogando charme, numa tentativa de conseguir alguém para uns beijos. Rose tentava fazer que Alice e Jasper interagissem um com o outro. Ambos estavam estranhos, acanhados.

E se eu não estivesse de mau humor, com certeza já teria rido e sacaneado a situação. Alice vestida de mendiga e Jazz de cowboy? Ridículo e hilariante, definitivamente. Isso sem falar o modo como se estranhavam, encarando um ao outro repetidas vezes com uma careta. É, Jazz, parece que o lance de cowboy foi por água abaixo. Não que o criador do seu novo estilo esteja se importando.

Não, de jeito algum. Jake estava mais preocupado com a mecha de cabelo de Isabella que caía em seu rosto do que com a situação do amigo. Bufei de irritação. Mais uma vez Isabella piorando as coisas.

Finalmente pude saber como me sentia com relação a ela. A odiava por duas coisas. O modo como destruía tudo ao meu redor ao mesmo tempo em que meus familiares e amigos a amavam.

Quieto, reservado em um canto da sala, enquanto meus amigos e minhas irmãs estavam pouco se lixando, eu observava. Isabella tomara a afeição de todos.

Fechei as mãos em punhos, mas tinha de aguentar. Isso parecia um castigo. Um castigo por tudo o que me dispus a perder por causa de uma garota. Agora, estava perdendo tudo novamente, mas desta vez para uma garota a qual detestava. E logo agora, quando tive a esperança de recuperar pelo menos boa parte do que me foi tirado!

Tanya... Será que foi mesmo tão certo assim o que aconteceu entre nós dois? E por que eu me sinto tão culpado?

Levantei-me de onde estava sentado e acenei para todos.

- Vou indo, galera.

Não dei tempo para que me impedissem.

Andei apressado para casa e uma vez lá me tranquei em meu quarto.

Na terceira gaveta do guarda-roupa, escondida entre caixas de objetos pessoais, estava uma foto. A foto do meu pai.

Toquei seu rosto sobre a foto com dificuldade. Era sempre difícil pensar sobre meu pai e nossas desavenças em seus últimos dias vivos.

- Espero que esteja feliz Charlie - sussurrei, enquanto não conseguia conter as malditas lágrimas que escorriam por meu rosto. - Eu estou pagando por tudo o que fiz a você, pai. Sei que ainda não me perdoou e que eu tenho culpa nisso. Antes quando eu tinha você, mal ligava. E agora eu estou sozinho, eu só... - Não consegui completar a frase. Um vazio se apoderou de mim.

Atirei-me sobre minha cama, ainda olhando a foto com remorso e culpa.

- Desculpe pai. Desculpe - foram as últimas coisas que murmurei antes de cair na inconsciência.

 

Ponto de vista: Alice

 

Eu estava me sentindo o pior ser humano do mundo com aquelas roupas e o Jazz ainda me aparece... Assim?

Vestido de cowboy? Fala sério! O corpo magro do meu Ken não combinava nada com roupas que só destacariam músculos em homens QUE OS POSSUÍSSEM. Quer dizer, todo mundo tem, então, corrigindo, HOMENS COM MÚSCULOS MAIS DEFINIDOS.

E aquele chapéu... Rosa. Estava dando a Jasper um ar tão... Gay.

Eu devia mesmo ser esperançosa e acreditar que ainda existiria uma salvação para o meu Ken? Ou seja, EU, A BARBIE DELE?

 

Ponto de vista: Jasper

 

Alice parecia pronta para pedir esmola no sinal de trânsito com aquela roupa. Logo ela, sempre arrumada, linda, cativante... Agora está assim. Parecendo a mulher do... GTA! Será que o mendigo tinha dado um trato na minha fadinha?

Quando a mesma se afastou, para falar com Edward, prontamente perguntei baixinho a Rose:

- O que aconteceu com a Alice?

- Ah, o Gato do Arrocha deu um trato nela - Rose disse, sorrindo.

EU VOU MAAAAAAAAAAAAAAAATAR AQUELE EX-MENDIGO!

- Ele... Ele... - Sibilei, com raiva.

Rosalie me olhou com desaprovação...

- Xii... Não é nada disso que você tá pensando, Jazz! O cara só deu uma força, personalizando o visual da Allie - explicou.

Respirei aliviado.

- Obrigada Rose.

- De nada - deu de ombros com um sorrisinho malicioso.

(...)

 

Ponto de vista: Isabella

 

Ficara tão feliz por encontrar meu colar que mal percebera que nem estava o usando - finalmente - enquanto conversava com meus amigos. E o mais legal disso foi que o chato do meu pupilotário já tinha se retirado de lá. Isso com certeza ajudou nas boas vibrações ambientes.

Agora, sentada na beirada da cama e com o colar em mãos, sorri. Finalmente algo bom acontecera. Com cuidado e anseio, envolvi meu pescoço com o cordão celestial e o prendi com habilidade. E isso resultou em milhares de sentimentos misturados dentro de mim.

Confusa e atordoada me debati na cama, tentando me livrar das sensações ruins. Caramba, Ed-boy, o que está acontecendo com você e com suas emoções?

Depois de minutos de aflição, consegui me controlar, ainda com dor de cabeça. Definitivamente compartilhar sentimentos e intuições com meu pupilotário não seria algo saudável, mas sim uma coisa a que eu seria obrigada a fazer. Afinal, precisava de progressos para voltar ao céu, e até agora obtivera quase nenhum. Apelar para saber suas emoções era algo inteligente e esperto, definitivamente.

Respirei fundo e me dirigi ao parapeito da janela, como fazia todos os dias. Fitei o céu e sorri. Se tudo desse certo, Charlie me visitaria quando fosse meia-noite. Eu mal podia esperar!

Em frente ao meu quarto, com a janela aberta, Ed-boy descansava. Dormia. Seu semblante era sério e pesado, como se estivesse aprisionado a uma situação nada agradável. Tremi só em imaginar com o que estaria sonhando. Definitivamente nada com o que eu quisesse saber.

Como ainda era cedo, resolvi tirar um cochilo enquanto Charlie não chegava. Alguns hábitos humanos, entre eles dormir, foram facilmente pegos por mim. Caminhei até a cama, ajustei-me na mais confortável posição e adormeci.

 

Eu não vou negar
Que sou louco por você,
"Tô" maluco pra te ver;
Eu não vou negar.

Eu não vou negar,
Sem você tudo é saudade,
Você trás felicidade;
Eu não vou negar

Tapei os ouvidos, indignada com aquele absurdo. Só podia ser coisa de o meu pupilotário colocar um bando de desafinados para tocar em plena noite.

Furiosa, me levantei da cama e marchei até o parapeito da janela.

- DÁ PRA PARAR COM ESSA PALHAÇADA?! - Gritei, ainda com os ouvidos tapados pelas mãos.

À minha frente, Ed-boy apareceu, também com as mãos nos ouvidos, e gritou furioso:

- PAREM DE CANTAR, MEU OUVIDO NÃO É PINICO, CAMBADA! - Reclamou.

Infelizmente, os cantores caipiras continuaram com a canção desafinadamente.

Eu não vou negar,
Você é meu doce mel,
Meu pedacinho de céu;
Eu não vou negar.

Você é
Minha doce amada, minha alegria,
Meu conto de fadas, minha fantasia;
A paz que eu preciso pra sobreviver.

Eu sou o seu apaixonado
De alma transparente,
Um louco alucinado,
Meio inconsequente,
Um caso complicado de se entender.

E do meio dos cantores apareceu o médico caipira que tinha me atendido no hospital para cantar o refrão.

É o Amor,
Que mexe com minha cabeça
E me deixa assim;
Que faz pensar em você
E esquecer de mim;
Que faz eu esquecer
Que a vida é feita pra viver.

Cansada de ouvir tanta asneira desafinada, resolvi ser malvada e eficiente. Avancei para dentro da casa à procura de um balde, e, uma vez com o mesmo, o enchi de água.

Voltei para o parapeito da janela em seguida, mas não apareci, esperando o momento certo.

- Bella, meu amôr, minha musa di beleza invejacionár, apareça pra eu minha amada, que se o amôr fosse sua casa, eu taria dentru dela intregando a tu meu coraçãn! - Declamou.

Levei a mão à testa quando ouvi que meu pupilotário ria escandalosamente da minha situação. E eu nem podia culpá-lo e ameaçar expulsar o Gato do Arrocha, já que não havia sido o mesmo a provocar tal situação.

- Bella, Bellinha, frô de formosura, se ocê gosta de mim como gosto de ocê, apareça e diga que arceita casá cum migo! - Tentou.

Tremi consideravelmente só de pensar em me ver acorrentada a aquela criatura pelo resto da vida.

- Cruzes, prefiro ir para o inferno - disse sem pensar, me arrependendo logo em seguida de ter citado o local proibido.

Ouvi as risadas de Ed-boy pararem no mesmo instante.

- O QUÊ? VOCÊ QUER CASAR COM AQUELA GAROTA? - Voltou a rir horrores.

Furiosa, continuei a espreita, só esperando o momento certo para atacar.

- Se ela arceitá casa cum migo vou ser o hômi mais filiz da terra! - Garantiu. - Bella, arparece pra mim meu amôr, ou manda um sinár de que ocê qué casa cum migo! - Pediu.

Com um sorriso maquiavélico, imediatamente apareci e atirei toda a água do balde no caipira, ainda aproveitando um restinho para molhar os cantores desafinados.

- Espero que tenha entendido o recado, seu maluco! - Gritei.

O caipira abriu um sorriso inesperado.

- Claru que intendí! Vou ligar pros meu familiar hoje mesmo e pedir pra organizar nosso casório. Até loguinhu amôouuor! - Se despediu acenando e arrastando os cantores com ele.

Arregalei os olhos. Ele tinha achado mesmo que a água que o molhara fora um "sim" com relação a seu pedido de casamento?

Ed-boy ainda me olhava.

- O que foi? - Perguntei, derrotada.

- Você... - Murmurou lentamente. - SE FERROU! - E gargalhou alto.

Furiosa, bati a janela diante dele e me dirigi para dentro da casa, pensando em como aquele caipira tirara todas aquelas conclusões precipitadas. Precisava de uma idéia para dar o fora no cara, certo?

Mas como ele conseguira o endereço da casa se não havia me lembrado de o darmos em canto algum... Há não ser que... O hospital!

- ALICEEEEEEEEEEEEEE! - Gritei furiosa. A baixinha ia se ver comigo!

Ponto de vista: Edward

 

Rindo, e agora de bom humor pela confusão hilariante em que Isabella se metera, adentrei a casa. O mau humor da tarde me parecia bobo olhando agora, e minha vizinha com certeza se mostrava engraçada nessas situações falhas.

Passando pelo escritório, vi Emmett lá dentro. Como todas as vezes nos últimos dias.

- Emmett? - Chamei.

Ele se virou para mim, como se tivesse tomado um susto.

- Ah, oi, Edward! Tudo bem? Eu estou ótimo! Amanhã te mostro o que estou fazendo juro e...

- Emmett?

- Oi? - Respirou.

- Está tudo bem, você me mostra amanhã - disse de bom humor, mesmo sem ter a mínima noção do que o retardado estava planejando.

Emmett sorriu aliviado.

- Ah, ok! Você não se arrependerá! É claro que vai ficar um pouco chateado no começo, mas... - Parou abruptamente ao perceber que tinha falado coisas demais.

- Chateado? - Ergui as sobrancelhas.

- NADA. DEMAIS - sibilou com um sorriso amarelo.

Dei de ombros. Ainda que estivesse desconfiado, não queria perder o bom humor.

- Ok, vou dormir, temos faculdade amanhã - alertei.

- É eu sei, boa noite.

Com a deixa, voltei ao meu quarto e adormeci. Desta vez, mais tranquilo.

 

Ponto de vista: Bella

 

Após ter dado mil broncas em Alice e também me reconciliado com a mesma, voltei a meu quarto e fui recebida pela melhor visita do mundo.

- CHARLIEEEEEEEEEEEEE! - Berrei e fui correndo abraçá-lo. Meu tutor fez um pedido de silêncio, mas mal se conteve e me abraçou com a mesma intensidade.

- Senti sua falta, garota - murmurou emocionado.

Diante de tantas coisas acontecendo comigo, fui sincera e legal, pela primeira vez na vida, com Charlie.

- Eu sinto sua falta a cada minuto - admiti.

Charlie sorriu, formando ruguinhas em seus olhos. Retribuí o sorriso. Ele continuava do jeito que eu me lembrava.

Sentei-me ao lado de Charlie, que se encostara a cabeceira de minha cama e comecei a contar as novidades sobre minha primeira semana na Terra. Todavia, Charlie se deteve particularmente em um assunto.

- Você andou tendo sonhos com uma mulher chamada Renée? - Arregalou os olhos.

Sorri.

- Sim. Alguns, na verdade, foram pesadelos, mas outros... - Suspirei.

Charlie engoliu à seco.

- Você está...

- Lembrando do passado? - Sugeri. - É, a tal Renée disse algo relacionado a isso. - Dei de ombros.

Charlie levantou-se abruptamente da cama e começou a andar de um lado para o outro, como fazia no céu quando eu cometia alguma infração.

- Charlie? Está tudo bem? - Perguntei. - O que há de errado com meus sonhos? Não é algo que todos os humanos possuem?

Ele parou subitamente de andar e congelou seu olhar em mim. Em seguida, puxou-me para fora da cama e sacudiu meus ombros.

- Bella, pela primeira vez na sua existência, quero que me escute. Por favor, o que lhe peço é algo sério. - Olhou-me com firmeza. - Se essa mulher aparecer de novo corra para longe dela, está bem?

- Mas eu não consigo evitar! Ela disse que eu fiz a escolha! - Rebati igualmente nervosa. - Não posso controlar sonhos!

Charlie sacudiu-me mais uma vez.

- Tente, está bem? Dê o máximo de si! - Pediu. - Você não pode ter essas visões, Bells, elas te prejudicarão. Ainda não tem o discernimento necessário - argumentou.

Bufei indignada. Além de me pedir uma coisa impossível, me proibir de descobrir coisas sobre meu passado, Charlie me chama de incapaz? Já é demais, né?

- Não vejo por que não teria. Estou vivendo como humana, lembrar das emoções não me afetará mais - tornei.

Charlie balançou a cabeça negativamente.

- Não fale sobre o que não sabe, Bella. Por favor, só me escute, pelo menos dessa vez! - Implorou. - Termine logo esta missão. Ajude logo Edward. Rápido, o quanto antes! Será melhor para você...

- Ah, agora eu entendi o motivo desse nervosismo todo! - Ironizei, magoada com seu tom. - Você está com medo de que eu não dê um jeito no seu filho querido e ele vá pra o inferno, não é, Charlie? - Disse rancorosa. - Você deve estar pouco se lixando sobre mim. Seu único objetivo é salvar seu filho! E pra isso você venderia a minha alma - concluí.

Meu tutor arregalou os olhos, surpreso. Cogitei no mesmo instante que ele só estava assim por eu ter o pego no flagra.

- Achou mesmo que eu nunca ia descobrir que você é o pai de Rose, Alice e Edward? - Indaguei com veneno. Estava muito chateada com Charlie. - Você me acha tão burra assim? - Limpei as lágrimas que escorriam livremente sobre meu rosto.

Charlie não as merecia. Ninguém merecia.

- Juro pela minha alma que não é nada disso, Bells!

Sorri tristemente.

- E eu daria tudo pra acreditar em você. Mas não dá.

Meu tutor agarrou meus pulsos e me obrigou a fitá-lo.

- Escute-me, Bells. Você é como uma filha pra mim, nunca lhe faria mal! Isso aqui se chama destino, nunca planejei nada. Só estou a dando conselhos, Bella. Se quiser os ignorar, como sempre fez, ok. Mas vou devo avisá-la de que terá pesadelos cada vez piores. Nem sempre nossa vida humana é boa, querida. A verdadeira felicidade só é encontrada de dois jeitos ou lugares: no céu e no amor. - Fez uma pausa. - Você não encontrou sua alma gêmea em sua última vida, então, se deseja ser feliz, procure a felicidade no céu. Comigo, com Angela, com todos nós, Bells. Cumpra logo essa missão e volte para nós. Até o diretor do colégio para anjos anda sentindo sua falta - riu levemente. - Por favor, querida, faça o possível pra voltar.

Um pedido tão emocionado como o de Charlie, a única que pessoa que me compreendia em todo o mundo, me fez desabar.

- Vou fazer o que puder - disse, controlando-me acima de tudo.

O rosto de Charlie se iluminou.

- Se não fosse durona, não seria você - disse aos risos. - Sei que fará, querida. Utilize cada segundo de maneira apropriada. Andei a espiando de lá do céu, e vi que está se desviando da rota algumas vezes. - Comentou. - Agora que já sabe que sou pai de Edward, lhe darei umas dicas quanto ao temperamento do meu filho.

Boa, já estava na hora! Finalmente informada!

- Edward se irrita muito fácil, mas no fundo tem um bom coração. - Tão fundo que nem fica no próprio Ed-boy. - Passe mais tempo com ele, cole no mesmo, viva com ele. Precisará disso para descobrir como mudá-lo, Bells. - Em seguida, olhou para algo no teto.

Pisquei, sem entender. EU TENHO MESMO QUE TER ESSA PROXIMIDADE TODA COM MEU PUPILO?

- Escutou os anjos cantando, Bella? - Charlie me indagou esperançoso.

Suspirei. Não os ouvia desde que estava na Terra. Por isso sempre me encostava ao parapeito da janela e fitava o céu, hipnotizada pelas estrelas e à espera do som melódico dos cânticos celestiais. Mas eles nunca vinham.

- Não - murmurei.

- Que pena - Charlie sorriu tristemente. - Volte para nós, querida, e os ouvirá de novo. Tenho que partir, agora. Voltarei no próximo domingo e ficarei até a hora que ouvir os anjos cantando - me informou.

Assenti e o conduzi até minha janela. Uma vez apoiado na mesma, Charlie virou-se para mim, olhando por longos minutos, como se quisesse memorizar minha forma. Fiz o mesmo com meu tutor.

- É realmente uma pena que não tenha escutado, Bells - murmurou. - Eles cantaram a sua favorita.

Sorri com emoção.

- May the angels protect you... - Cantei, enlarguecendo meu sorriso com a lembrança de minha música favorita.

- Troubles... - Charlies deteve-se. - Desculpe, querida, realmente tenho que ir.

Suspirei com tristeza.

- Volte para mim no domingo - pedi e lhe abracei.

Charlie afagou meu cabelo antes de me soltar e dizer:

- Volte para nós o quanto antes.

E então ele pulou e sumiu no meio da noite.

Encostei-me ao parapeito, tentando ouvir os anjos cantarem. Mais uma vez, não consegui. Também não consegui ver Charlie abrir suas asas e voar até sumir de vista. Anjos, ao mostrar alguma evidência angelical não permitida, ficavam invisíveis aos olhos humanos. Era uma proteção a nossa imagem.

Recordando tudo o que passara, senti uma vontade imensa de cantar a música que sempre fora minha favorita. Charlie costumava dizer que quando alguém se sentia assim com relação a uma música, significava que a mesma tocava seu coração. Não duvidava. Minha música favorita realmente me emocionava.

Numa noite tão bonita, com estrelas brilhando no céu, decidi dar aos humanos o poder de ouvir um anjo cantar uma canção. A minha canção. Porque, mesmo na forma humana, eu ainda era considerada uma anja, certo?

Never Alone Lady Antebellum
May the angels protect you
Trouble neglect you
And heaven accept you
When it's time to go home
May you always have plenty
Your glass never empty
Know in your belly
You're never alone

May your tears
Come from laughing
You find friends
Worth having
As every year passes
They mean more than gold
May you win and stay humble
Smile more than grumble
And know when you stumble
You're never alone

Chorus:
Never alone
Never alone
I'll be in every beat
Of your heart
When you face the unknown
Wherever you fly
This isn't goodbye
My love will follow you
Stay with you
Baby you're never alone

Well I have to be honest
As much as I wanted
I'm not gonna promise
That cold winds won't blow
So when hard times
Have found you
And your fears surround you
Wrap my love around you
You're never alone

(Chorus)

My love will follow you
Stay with you
Baby you're never alone

So when hard times
Have found you
And your fears surround you
Wrap my love around you
You're never alone

http://www.vagalume.com.br/lady-antebellum/never-alone.html#ixzz1Bsj4ISNf

 

 

Ponto de vista: Edward

 

Havia sido despertado na madrugada com barulhos na casa vizinha e jurei reclamar isso a Isabella no dia seguinte. O que aquela garota estava pensando? Eu precisava estar bem para a faculdade, ora essa!

Vir-me-ei de um lado para o outro, sem conseguir retornar ao sono. Em seguida, decidi me levantar para beber um copo de água. Assim o fiz, e, quando retornei ao meu quarto, ouvi uma suave melodia vinda da casa vizinha.

Aproximei-me para checar e ter provas do que reclamar as garotas no dia seguinte. Mas fui pego desprevenido por Isabella novamente encarando as estrelas com intensidade.

O que ela estava esperando, que o céu caísse? Ri comigo mesmo.

Mesmo com toda a irritação que a garota da casa ao lado me causava, tinha de admitir, ela realmente parecia uma miragem, escorada no parapeito de sua janela enquanto fitava o céu sonhadoramente. Eu poderia desenhá-la algum dia, quem sabe.

De repente, os lábios de Isabella mexeram-se suavemente e pude perceber que a doce melodia que havia escutado antes era a própria que cantava. Surpreso e inebriado, deitei em minha cama e fechei os olhos, imaginando como as notas musicais flutuariam se eu pudesse vê-las.

Ah, droga, pode ser um delírio da madrugada, mas NUNCA, JAMAIS havia ouvido uma voz tão doce e delicada quanto à de Isabella. Desconhecia a música que cantava, mas era bonita e fazia eu me sentir estranho por dentro, como se estivesse alfinetando meu coração.

Passei minutos extasiado com o belo canto de Isabella, e, logo após, adormeci sem dificuldade.

 

Ponto de vista: Alice

 

No dia seguinte, quando cheguei à faculdade, fui correndo para o banheiro, pálida de vergonha pelos olhares assustados com meu traje. Além disso, para completar o desastre total, Jasper continuava se vestindo como os cowboys gays do filme Back Broutlin Mountain... Ou seria... Ah, sei lá. Só sei que estou pirando com essa dúvida fatal. Preciso fazer alguma coisa.

E não é algo do tipo "Oi Ken, e aí, você é gay ou não é?".

 

Ponto de vista: Céu

 

O diretor Rudius escrevia como louco as ordens para os Influenciadores que aguardavam pacientemente.

- Aqui está - disse, por fim, erguendo o papel. - Quero Isabella e Edward mais juntos do que nunca, o caipira e o moleque se intrometendo, Alice e Jasper se estranhando cada vez mais com visuais bizarros, a cópia do jogo do Emmett que será lançado aqui com nossa marca celestial, que alguém descubra o maldito segredo do Jacob, GTA e vizinha em flertes intensos e Emmett cantando Rosalie - terminou com um suspiro. - FUI CLARO? - Berrou, fazendo as paredes tremerem. - E QUERO TUDO ISSO NA FESTA!

- Claríssimo senhor - responderam os funcionários, que logo se retiraram com o roteiro.

Nos dias seguintes, Rudius se divertiu assistindo o caipira combinar a decoração e o Buffet do "casamento" entre ele e Bella. Além dos planos de Alex para o encontro perfeito com, novamente, Bella.

O diretor do reality 90 dias com ela também acompanhou ansioso enquanto os garotos distribuíam os convites para a festa na casa e marcavam tudo com antecedência para o encontro entre a vizinha mal-humorada e o ex-mendigo. GTA ensaiava cantadas com Emmett, o que resultaria em boas gargalhadas, Rudius podia prever.

Ao perceber que Tanya, garota que odiava, marcaria presença na festa, Rudius franziu o cenho.

- Essa nojenta não participará da minha festa! Não no meu reality! - Fungou. - Vou dar um jeito de desbancar você gasolina adulterada de posto de esquina - resmungou. - Ah se vou.

No resto da semana, o diretor ainda acompanhou algumas pesquisas de Jacob, ansioso para descobrir o que o fazia sempre procurar a lua do dia seguinte. Também viu - finalmente - o jogo de Emmett ficar pronto.

- Vou lucrar muito vendendo seu jogo por aqui, humano - riu.

E então, finalmente, chegou o dia anterior a festa. Rudius pipocava ansioso, como se esta fosse sua festa e não dos garotos. Utilizava os influenciadores para fazer os humanos decorarem a casa dos garotos do jeito que ELE queria e contou até com a ajuda das garotas para contratar Buffet e bebidas boas. Sim, além do reality, SUA festa TAMBÉM seria um sucesso.

- Sou mesmo um visionário - murmurou para si mesmo, enquanto fitava a tela e aguardava ansioso pelo fim da decoração. - Amanhã teremos audiência alta, RÁ, RÁ, RÁ. Principalmente com tanto romance, ação, drama e... FESTA! - Comemorou, batendo palmas.

 


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews! Tomei um susto quando não encontrei as indicações... Nyah mudou muito! Quanto mais reviews, mais rápido posto o próximo capítulo. Ah, e dêem uma olhada no meu blog de resenhas literárias: http://www.resenhasdacarol.blogspot.com/

Enquanto não posto o próximo capítulo, vocês também podem começar a ler minhas outras fanfics. Indico principalmente a "Diário De Uma Garota Má"