Kingdom Come — Interactive escrita por Ártemis


Capítulo 4
Capítulo 3 ▬ Palhaçada


Notas iniciais do capítulo

OIIIIII ♥
Feliz ano novo atrasado!

Primeiramente, gostaria de agradecer a Clenery Aingremont pela recomendação. Suas palavras me deram forças para vir aqui, após quase um ano sem dar nenhum sinal, e me explicar.

2017 foi um ano muito confuso para mim, repleto de mudanças e eu não estava preparada para o que veio a seguir.
Me afastar das fanfics não foi uma decisão que tomei do dia para noite, eu fui me afastando lentamente, dia após dia e quando percebi, já nem entrava mais no site.

Peço desculpas pelo sumiço, mas eu não sabia o que fazer, não consegui escrever nada nos últimos meses e não sentia vontade de continuar com as minhas histórias.

Há algumas semanas, voltei a ter ideias e vontade de escrever. Estou organizando tudo para voltar com KC da maneira que eu havia planejado, lá em 2016. Hoje (06/01/2018), houve um incidente em minha família que me fez parar para pensar sobre a falta de aviso, uma enorme culpa me abateu e decidi "dar as caras" para dar uma explicação.

Este capítulo foi escrito em janeiro de 2017, não está revisado e nem possuí um banner, mas eu queria compartilha-lo com vocês mesmo assim. Muito obrigada pelo apoio, por todas as MP's e por não desistirem da fanfic ♥ ♥



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16/07, 21:00 Palácio de Illéa, Angeles.

Ele não entendia como milhares de garotas tinham tanto interesse em uma Seleção. É claro, eles e toda a família real eram conhecidos por todos em Illéa. Elas sabiam que ele não era um Príncipe Encantado e tinham conhecimento que a vida na realeza não era fácil. Porém, mesmo assim, elas haviam escolhido assinar a sentença de morte.

A Seleção era a chance de uma vida, era o que todos os jornalistas diziam ao divulgar o evento. 

Daniel observava cartas e mais cartas chegarem ao gabinete do pai, onde o mesmo, com a ajuda do Trio Fantástico, analisava a ficha de cada garota. É claro, ele não permitiria que um sorteio de verdade fosse realizado. Seria muito arriscado, pois apenas garotas das castas mais baixas poderiam ser selecionadas em um sorteio. O pai não queria isso, ele sabia. Ele sabia como funcionava o processo, garotas de boa família eram escolhidas a dedo, enquanto que as de castas mais baixas tinham todo o histórico de vida analisado.

Não poderia haver erro algum. Não era de uma princesa que o rei precisava, eram de duas.

Seguiu seu caminho, em direção ao seu quarto. Queria um pouco de paz, longe de qualquer pessoa. Não estava com vontade de estar no mesmo local que o pai, com os cachorrinhos do mesmo, ou com Henry. 

Dalgliesh deveria estar analisando cada garota escolhida pelo pai. Ele não tinha voz ou poder sobre o monarca para decidir quais garotas ele queria na Seleção, tudo o que podia fazer era se contentar com as pré-selecionadas.

Era patética a animação do irmão. Daniel não conseguia acreditar como uma pessoa ficava feliz com pretendentes escolhidas por Arthur. Larine era a prova viva. Mas lá estava o irmão, dando saltinhos de alegria com a Seleção.

— Suas atitudes são ridículas, garoto. — exclamou uma vez, não aguentando mais Henry. — Não aguento mais você falando de cada garota que se inscreveu nessa palhaçada. Faça algo além de ficar o dia inteiro enfiado no gabinete do rei!

Henry apenas sorriu, divertido com a explosão do irmão. Não parecia mais um garotinho assustado com a ideia de conviver com trinta e cinco garotas, como aparentava há uma semana atrás. Aparentemente, Arthur se tornara um verdadeiro general treinando o filho mais novo para a guerra.

— Sabe, Daniel… Eu acho que você tem medo de se apaixonar, por isso é relutante quanto a Seleção. Talvez, quem sabe, se você olhasse os formulários de cada garota, reconheceria a sorte que tem.

Daniel apenas o ignorou, como sempre. Porém, aquelas palavras o atingiram de uma maneira que nem ele próprio conseguia explicar. Dalgliesh, ele conhecia muito bem, só estava pensando na diversão que o jogo lhe proporcionaria, é claro, enquanto ele estava disposto a jogar suas melhores cartas na mesa de Arthur. 

Na verdade, ele não gostava de pensar que trinta e cinco garotas estariam morando em sua casa. Elas ficariam na área leste, um local muito perigoso em sua opinião, confinadas a permanecerem por lá até que Dasha Calin ordenasse algo. 

Dasha Calin era a mulher mais rancorosa que Daniel já conhecera. O rosto de doce senhora enganava muitos, os cabelos acinzentados e as rugas abaixo dos olhos eram seu convite de ilusão. Mas não à ele, ele nunca era enganado.

Os aposentos reais ficavam na área oeste do palácio, com a maior proteção possível. Quando adentrou o local, seu mordomo veio imediatamente lhe acompanhar, fazendo inúmeras perguntas sobre seu bem estar. Daniel apenas respondia sim e não, deixando que James organizasse seu quarto.

Sentou-se em uma cadeira na varanda, pensando em como sua vida acabara daquela forma. Os anos servindo ao exército o haviam mudado. Era um sonho distante seguir carreira militar. Enquanto todos viam uma coroa em Daniel, ele sonhava em portar uma arma. Desejava pilotar, queria a adrenalina correndo em suas veias. Quando a oportunidade bateu em sua porta, não hesitou em agarrá-la com todas as suas forças.

Suspirou, pensando na época em que considerava renunciar em nome de Henry. 

Ele não queria ser o fantoche do pai, não queria ser o imbecil que Larine pensava, não queria que o poder estivesse nas mãos de Henry.

Como tudo havia mudado? Ou melhor, quando tudo havia mudado?

Eram perguntas que ele não gostava de responder.

Estava tão absorto que não percebeu o passar do tempo. Precisava elaborar uma estratégia, urgente. Ele tinha as melhores cartas, mas não sabia exatamente qual seria o momento de lançá-las contra Arthur.

Era sua vida que estava em jogo. Por mais que odiasse a ideia de escolher uma esposa, principalmente por meio de uma Seleção, era necessário decidir. Duvidava que o coração escolhesse por ele, mas não deixaria que o pai tomasse essa decisão. 

Jamais.

Não teria que passar por isso se tivesse decidido se casar anos antes. Henry que sofresse escolhendo, entre trinta e cinco mulheres, uma esposa digna. Entretanto, não tinha tempo para pensar em casamento enquanto estava na Academia de West Point, a mais antiga e renomada escola militar de Illéa. E agora, sofrendo as consequências de todos os seus pecados, tinha que se casar para alcançar o poder. 

— Alteza, gostaria de desfrutar de seu jantar agora? 

— Claro, James.

Tentou imaginar no que Henry estava pensando e em seus próximos passos. Como o pirralho decidiria quem era a garota certa?

Observou o céu nublado, sem estrelas e sem vida. Daniel fechou os olhos e voltou no tempo, deixando que suas memórias o conduzissem ao trágico dia da morte de Anastiny, sua querida irmã. Era o primeiro ataque rebelde ao palácio, após anos de calmaria. Ele nunca se esqueceria dos gritos e do desespero das pessoas, o corpo de Anastiny sem vida na entrada do palácio tornou-se o marco da ascensão de um novo grupo rebelde. 

As pessoas de castas mais altas fingiam que os rebeldes não existiam, faziam-se de bobos e acreditavam que os atentados mostrados na televisão, eram de ingratos da casta 8 que pediam para morrer, por contradizer o governo de Arthur Ryeo. 

Tinha certeza que a maioria das Selecionadas iriam fingir, fingir ser algo que não eram, para alcançar o objetivo: Ele.

Estava muito inerte em seus pensamentos, que não percebeu a figura alta e autoritária se aproximar e sentar-se ao seu lado. 

— O que está fazendo aqui? — indagou, com a voz firme. O pai cruzou os braços e sorriu, não se importando com a falta de afeto nas palavras do filho. — Quem lhe deu autorização para entrar?

— Eu sou o rei, Daniel. Não preciso de autorizações.

— O que você quer?

— Receio que esta conversa não lhe agrade, mas ela é necessária. Precisamos deliberar sobre um assunto sério, Daniel.

Daniel franziu o cenho, cruzou os braços e sorriu sarcasticamente.

— Oras, se quer deliberar algo, procure Dalgliesh. Tenho certeza que ele o ouvirá com grande satisfação!

Ele não tinha vontade de estar ao lado do pai, não desejava manter uma conversa civilizada em particular com ele. Ele não queria nada, absolutamente nada.

— Você quer a coroa, moleque. Acredito que você deveria ter mais respeito com a minha pessoa, pois sou quem decidirá se ela estará em sua cabeça ou não. — o sorriso cínico em seu rosto o irritava, criando um formigamento em seu corpo que o fazia querer destruir algo. Daniel respirou fundo, tentando manter a raiva sob controle 

— Bem, acho que isto basta. Não é mesmo?

O seu silêncio foi suficiente para o rei prosseguir. 

— Agora que sua adorável irmãzinha está em terrenos franceses, podemos suspirar aliviados que encrencas não ocorrerão. Como se não me bastasse as dores de cabeça que a peste me proporcionou com os rebeldes... Você decide se casar com uma impura!

— Ainda este assunto?

Arthur se levantou, ficando de frente para o filho. O terno preto com listras cinzas combinavam com sua postura rígida e o olhar penetrante.

— Você deve mudar seu comportamento, seu sorriso falso em frente as câmeras não será suficiente. Cederemos nosso lar à trinta e cinco adoráveis jovens, — o sarcasmos era perceptível em sua voz. — e, caso ocorra tudo como planejado, menos da metade permanecerá. 

— É claro, você não pode arriscar que uma ninguém seja escolhida.

— Devemos manter as aparências de um sorteio justo, moleque. Algumas indesejadas pisarão os pés imundos neste palácio e espero que o Criador me perdoe por tamanha audácia. 

— Aposto que Henry adoraria ouvir tais palavras, papai.

O rei estreitou os olhos em sua direção.

— É melhor você não sair da linha, moleque. Tivemos um enorme trabalho em abafar o seu casamento, você não sabe o quanto aquele assunto ainda me deu dor de cabeça.

— Posso imaginar, porque, bem, era esse o objetivo. — disse, desviando o olhar do céu para o semblante irritado do pai. — Afinal, um pouco de diversão nunca é demais. 

— Ela exigiu reconhecimento e o direito de ter acesso aos seus bens.

O silêncio permaneceu por alguns segundos, enquanto Daniel tentava entender as palavras do pai. 

Não era possível, não, não.... 

Ele tinha certeza que aquele juiz de paz era apenas um charlatão. Oriandel estava tão desesperada, e embriaga, para se casar com o Príncipe Daniel Ryeo, que nem reparou no homem que realizou o casamento. Tudo isso foi motivo de muita gozação no dia seguinte. 

— O quê? — gritou, descontrolando-se. Daniel não podia acreditar que ela teve a audácia de pedir parte de seus bens; era algo que ele não gostava de discutir com ninguém, o que era seu era seu e de mais ninguém.

— Ela exigiu o direito aos seus bens. — repetiu calmamente, tentando disfarçar um sorriso de satisfação.

— Filho, quantas vezes lhe disse para não assinar nada que não tenha o brasão de Illéa sem a aprovação do seu papai?

— Você só pode estar de brincadeira!

— Não era uma certidão e muito menos foi autenticado, pai!

Daniel sentia que o pai estava se divertindo com sua reação, mas não conseguia se controlar sabendo que quase colocara sua coroa em risco com a brincadeira. Como se não bastasse o sentimento opressor que sentia pelo pai, as reviravoltas e surpresinhas que apareciam em sua vida, tinha que lidar com mais essa que apareceu para lhe incomodar!

Ele sempre manteve os escândalos sob controle, a mídia tinha sua diversão com o príncipe rebelde, enquanto Arthur tomava seus remédios para dor de cabeça. 

Como pôde ser tão burro? Ele nunca se descuidou desta maneira, uma simples assinatura quase colocou tudo a perder.

A expressão de Arthur era de pura satisfação. Daniel fechou as mãos em punho, fervendo em ódio. Era isso o que o pai queria, fazê-lo se sentir um idiota por assinar um papel que, no início, não tinha importância alguma.

— E você acreditando que aquele casamento era brincadeira e apenas uma diversão. Se não fosse por mim você teria que dividir, quem sabe, o trono com ela e apenas Henry teria o privilégio de uma Seleção. Oh, Criador! Você nunca quis uma Seleção, não é mesmo? Quase que seu sonho se realizou e você não precisaria participar… Como é mesmo que você diz? Ah, palhaçada. Você não precisaria participar da palhaçada. 

Daniel levantou-se em um impulso e agarrou a gravata, rasgando-a com uma força que ele próprio desconhecia. O rei, entretanto, sorriu satisfeito.

— Parece que estamos chegando a algum lugar, afinal. Lembre-se, moleque, de quem limpa sua bagunça e as dívidas que acumula com cada deslize. Ser o primogênito, talvez, possa ser uma vantagem para você, mas suas ações poderão se tornar facadas em suas costas. Então, você andará na linha. — fez uma pausa, com seus olhos analisando o efeito de suas palavras em Daniel, que estava, aparentemente, em seu pior estado. —  Temos muito em comum, mais do que você pode imaginar, Daniel Arthur Ryeo.

— Eu não me pareço com você.

Não era nada fácil esquecer de todo o treinamento de paciência e calma que aprendeu no exército, porém esquecia-se de tudo quando o pai atingia seu ponto fraco. Ele mesmo não entendia sua mente e sentimentos de fúria, tristeza e arrependimento.

— Sua fúria se parece tanto com a minha. Temos os mesmos problemas de aceitação e controle. Ah, mas não se preocupe, Dalgliesh já revelou seu lado Ryeo uma vez. — disse, fazendo uma pequena pausa em seguida. — Bem, eu tinha algo a mais a tratar, mas deixarei para outro momento. Aproveite seu jantar, filho.


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Notas finais do capítulo

*Capítulo revisado e atualizado em 26/12/2019

Bem, esse capítulo responde e cria algumas questões hahaha.
O próximo já está em andamento, novas selecionadas à vista..... E uma surpresinha.
Comentem, comentem, comentem. Preciso saber se ainda tem alguém acompanhando, eu senti falta da sensação de postar um novo capítulo e esperar o feedback hehehe
Beijos, galera!



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